3º Capitulo

Assim que o dia amanheceu eu comecei a limpar freneticamente as janelas, Jack desceu as escadas e caminhou calmamente até a cozinha.

- Deixei seu café na sala de refeições.

Eu disse assim que o vi, ele me olhou por alguns segundos e concordou com a cabeça dando meia volta, logo voltou.

- Não precisava fazer isso, na verdade eu apenas queria alguém para cuidar da casa, você não precisa agir como uma empregada...

- Mas é o que eu sou senhor Belmont.

Ele se aproximou de mim sério e com as mãos nos bolsos.

- Tudo bem, faça como quiser, mas cuidado com essas janelas, não vá se machucar.

Eu sorri e assenti com a cabeça.

- Ok, pode deixar.

Ele se afastou indo para a sala de refeições, assim que chegou lá ele percebeu a mesa posta o café quente e torradas integrais com iogurte natural, até parecia que ela conhecia os seus gostos, teria perguntado a Hortência?  Ele balançou a cabeça negativamente, devia ser coincidência, só podia ser coincidência.

Jack saiu indo para a empresa.

Jack possuía uma multinacional farmacêutica, a empresa tinha sido de sua família e quando seus pais faleceram ele herdou tudo, como nunca tivera tido irmãos cuidava sozinho de todas as posses da família, acreditava que se casando com Simoni estaria protegendo seu patrimônio, porém tudo tinha dado errado ainda na lua de mel, talvez fossem males que tivessem vindo para o bem, mas ainda assim não deixava de ser ruim.

Eu terminei de limpar a cozinha e decidi subir as escadas e limpar os quartos.

Entrei no quarto de Jack e percebi que ele tinha feito a própria cama e arrumado o próprio quarto, as roupas não estavam mais na mala como o esperado, pelo contrario estavam no guarda roupas bem organizadas e dobradas, pelo visto ele não era o tipo de homem que gostava de dar trabalho para alguém, me concentrei em tirar o pó da mobília e ao me aproximar da cama notei a aliança em cima do criado mudo.

Por que ele tinha tirado a aliança? Ele tinha se casado na sexta, será que os dois já tinham se separado? Hoje era segunda feira... Isso era bem estranho, primeiro ele não tinha ficado para a lua de mel e agora não estava usando a aliança, alguma coisa tinha acontecido na vida conjugal do senhor Belmont, mas seja lá o que era, aquilo não era da minha conta.

Decidi que limparia as vidraças da varanda do quarto então subi no beiral da varanda e comecei a limpar os vidros com a ajuda de um rodo, porém acabei me desiquilibrando, assustada com a ideia de acabar caindo daquela altura joguei meu corpo para a frente e cai sobre a grande janela de vidro espatifando a vidraça, cacos de vidro voaram para todos os cantos do quarto e o pior foi que eu cai de mal jeito sobre meu pulso que precisou suportar todo o peso do meu corpo.

Tentei me levantar, mas meu pulso doía demais, precisei fazer força com a outra mão que estava toda cortada assim como minha perna, o sangue escorria pela minha pele, me levantei com muito cuidado sentindo uma dor infernal, peguei o telefone ligando para a vidraçaria, se Jack descobrisse que eu tinha quebrado a vidraça ele me mataria justo a vidraça do quarto dele.

- Bom dia, Vidraçaria São Mateus?

- Sim, quem gostaria?

- Meu nome é Nataly eu precisaria de um conserto de uma janela na varanda com extrema urgência.

- Desculpe estamos lotados, senhorita, podemos agendar para a semana que vem?

Desesperei-me, Jack não podia ver aquilo, engrossei a voz e usei meu melhor trunfo.

- É para a mansão Belmont, seria bom que o senhor fizesse um esforço, meu patrão pode não gostar dos seus serviços se não houver esforço da parte de vocês.

- Mansão Belmont? Estamos indo agora mesmo.

Apavorei-me com a mudança de tom, lembrei-me do que Hortência tinha me dito, então era verdade Jack devia causar arrepios em muita gente.

Arrastei-me até o andar de baixo e limpei meus ferimentos, porém meu pulso estava começando a inchar e doía muito, respirei fundo e ouvi o telefone tocando, calmamente me levantei arrastando a perna e fui atender, era Jack.

- Nataly?

- Sim senhor?

- Não voltarei para o almoço, não precisa se preocupar com comida, tenho alguns compromissos e só chegarei à noite.

O telefone pesou em minha mão e senti uma fisgada, gemi sem querer.

- Cla... Claro. – gaguejei, ele estranhou.

- Algum problema? Sua voz esta estranha.

- Não, tudo tranquilo.

Menti.

Os homens da vidraçaria vieram rápido mesmo e logo tiraram a medida e trocaram o vidro, eu os paguei com meu dinheiro e assim que saíram decidi que precisava tomar algum remédio para dor, optei por tomar dois relaxantes musculares, aquilo funcionou, por algum tempo não senti tanta dor, mas depois de algum tempo a dor voltou.

Decidi comer qualquer coisa e tomei um terceiro remédio um pouco mais forte, mas depois disso senti muito sono e acabei apagando no sofá mesmo.

Jack encostou o carro e destrancou a casa, olhou tudo em volta e não viu Nataly, a casa estava silenciosa, ele caminhou calmamente até a sala e a viu deitada no sofá apagada, suspirou e balançou a cabeça, sua primeira reação seria ficar incomodado por ela estar dormindo no serviço e na sua sala, mas depois de um tempo decidiu que não era motivo para brigar com a pobre garota, dava pra ver que ela tinha limpado toda a casa e ele bem sabia que não era nada fácil limpar aquele lugar, ainda mais sozinha.

Aproximou-se do sofá com cuidado e limpou o rosto dela onde o cabelo caia sobre a face, bonita, bonita até demais um verdadeiro problema para ele no estado em que se encontrava, com muito cuidado a levantou no colo precisava tira-la dali, não seria legal se Daniel chegasse para falar do divórcio e visse sua empregada dormindo na sala, assim que ele levantou Nataly no colo ouviu alguém destrancar a porta, quem poderia ser?

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