Capítulo 5

Enquanto Olivia, Kimberly e Maria Paula desciam as escadas, o pai de Olivia já estava dobrando as folhas, guardando o jornal e ficando de pé na sala aguardando pegar as malas e colocar no carro, pois já tinha ouvido parte da conversa onde se questionavam se ele poderia dar uma carona a elas.

Pegando a chave do carro, bem como os documentos, o pai de Olivia foi até o veículo abrir o porta-malas a fim de colocar as bagagens das meninas. Depois de acomodar tudo, Olivia deu abraço bem apertado em sua mãe, que por sua vez disfarçou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, deixando o pai de Olivia perdido em tais atitudes. E depois que Maria Paula também se despediu da mãe de Olivia, ambas abriram a porta e se entraram naquele espaçoso veículo que as levariam até a rodoviária.

Quanto mais o carro se afastava, mais as lágrimas de Kimberly insistiam em descer, como se aquela viagem fosse um pesadelo que tanto ela quanto Olivia teriam de viver.

Alguns minutos depois, o pai de Olivia estacionou o carro em frente à área de embarque da rodoviária e as deixou, desejando que ambas tivessem uma boa viagem e que elas tivessem juízo como sempre tiveram em todas as outras que fizeram anteriormente.

Pegando as suas bagagens, elas se dirigiram até o guichê da rodoviária, e por sorte não tinha uma grande fila, fazendo com que a sua vez chegasse bem rapidamente. Depois de comprar as passagens, Olivia e Maria Paula foram caminhando até a plataforma onde o ônibus estaria estacionado.

Tanto Olivia quanto a Maria Paula sentiram que estavam com sorte, pois logo quando entraram no ônibus, elas ouviram o ronco do motor e rapidamente perceberam que ele estava engatando a marcha à ré para sair da vaga onde estava estacionado na rodoviária. Sentando-se na poltrona que estava mais próxima à janela, Olivia foi contemplando as paisagens, as quais eram repletas de florestas que devido a altura estavam com um pouco de neblina, ainda que não fosse mais tão cedo. Do vidro embaçado da janela do ônibus, ela conseguia observar a imensa altura onde ela estava passando, o que estava começando a causar efeitos que não eram muito positivos, pelo menos naquele momento.

Felizmente, as duas horas passaram tão rápido como um flash e logo o seu ônibus estava estacionando na rodoviária de Porto Alegre. A partir dali, elas teriam que pedir um carro no aplicativo a fim de que fossem levadas para o aeroporto da mesma cidade.

Quando elas chegaram na área de desembarque, cerca de cinco minutos depois, um carro preto estacionou em frente a elas, com o motorista sinalizando que seria ele o responsável pelo transporte de ambas até o aeroporto. Quando entraram no carro, não enfrentaram muito trânsito, o que era um ótimo sinal, pois o avião não as esperaria. E logo, elas estavam pagando a corrida ao motorista e descendo. Ao se aproximar das portas automáticas, elas deslizaram entre si, mostrando que detectavam a presença de ambas. E liberando a passagem, elas entraram com um largo sorriso no rosto, pois sentiam que iriam se divertir muito em mais uma viagem.

O coração de Olivia disparou ao ouvir uma voz feminina que avisava a respeito de seu vôo, convocando os passageiros para a fila do check-in. Tomadas pela ansiedade, Olivia e Maria Paula foram caminhando em passos rápidos e se posicionaram ao final da fila, aguardando a sua vez para mostrar os documentos ao funcionário responsável pelo embarque. Elas se sentiram amedrontadas, pois o funcionário levou alguns segundos observando os documentos, mas logo se sentiram aliviadas quando ele liberou a passagem e indicando que elas deveriam passar pelo raio X. Percebendo que o rosto de Maria Paula mostrava uma expressão de insegurança ou medo, o funcionário disse que esse procedimento se tratava apenas de questões de segurança e que ela não deveria ter medo.

Olivia também estranhou o comportamento de Maria Paula quando ele informou que elas deveriam se submeter a esse procedimento de segurança, mas resolveu ficar em silêncio para não deixar a amiga ainda mais nervosa.

Chegando ao setor de verificação das bagagens, elas foram convidadas a passar por um portal, cujo objetivo era fazer uma possível detecção de metais, e de possíveis armas. Enquanto Maria Paula passava por esse local, de repente todos ouviram um som que parecia um alarme sendo disparado, fazendo com que tanto Maria Paula quanto Olivia ficassem assustadas, pois isso nunca tinha acontecido.

Diante desse som emitido pelo sensor, os funcionários e seguranças se aproximaram de Maria Paula e disseram que ela teria que aguardar por alguns minutos, pois eles deveriam chamar uma mulher policial para revistá-la. Nesse instante, os olhos de Olivia ficaram marejados, pois ela se lembrou de tantas vezes que a sua mãe disse para que ela não fizesse essa viagem devido aos inúmeros pressentimentos que ela estava tendo, os quais estavam tirando o seu sono de tanta preocupação. Por um instante Olivia pensou em desistir da viagem, mas logo quando a policial chegou, foi feita uma revista em Maria Paula, onde foi encontrada uma pequena lâmina que Maria Paula utilizava para fazer as sobrancelhas, o que deixou Olivia se sentindo aliviada. Mas a policial disse:

– Se a senhorita quiser embarcar, deve colocar esse aparelho dentro de uma bagagem despachada. Ou a senhorita pode jogá-lo fora, mas não poderá entrar com ele no avião.

No mesmo instante, Maria Paula se desfez da lâmina, e caso precisasse fazer a sobrancelha, ela iria até um salão de beleza.

Como elas não portavam mais nenhum instrumento que pudesse oferecer perigo, elas foram rapidamente liberadas, bem como as duas bagagens.

Ao passar pelo caminho que conectava o aeroporto até o avião, elas caminhavam puxando as suas bagagens e percebendo que estavam cada vez mais próximas de conhecer o parque de diversões que tornava a cidade de Merlim tão famosa, no estado do Rio de Janeiro.

Entrando no avião, Olivia estava sentindo confusa sobre os seus sentimentos, pois ainda que estivesse feliz de estar tendo condições de viajar com uma pessoa de quem ela gostava, ela não parava de pensar em sua mãe. E frequentemente sua mente recebia alguns flashs a respeito de lembranças dos pressentimentos que a sua mãe estava tendo, além de visões de seu rosto com expressão facial amedrontada, como se ela tivesse certeza de que algo ruim poderia acontecer a ela. Mas rapidamente Olivia foi tirada de seus devaneios quando Maria Paula perguntou:

– Qual é o nosso acento?

Olivia por um segundo não soube o que responder, pois estava com a cabeça longe, tento que retirar a bolsa de seu ombro e procurar, dentre os muitos compartimentos, onde estavam as passagens. Vendo que Olivia não parava de revistar a bolsa, Maria Paula estranhou esse comportamento e disse:

– Amiga, você está procurando as passagens? Se estiver, você pode olhar no seu celular, através do e-mail do check-in.

E com os olhos marejados, Olivia respondeu, fechando o zíper da bolsa e deslizando a mão pelo bolso de sua calça jeans a fim de pegar o aparelho telefônico: – Boa ideia.

Desbloqueando a tela e clicando no ícone do e-mail, Olivia conseguiu encontrar facilmente o documento que se referia à compra das passagens aéreas. E ao fazer um pequeno movimento de pinça com os dedos, deu um zoom na imagem, onde ela pôde observar com mais clareza que as poltronas ficavam na fileira vinte e sete, nas colunas A e B.

Caminhando para a parte posterior as asas do avião, elas pegaram as duas bagagens e, levantando-as, abriram o compartimento superior do avião e acomodaram-nas no interior.

Acomodando-se em seus assentos e afivelando os seus cintos de segurança, elas ficaram admirando o céu azul do lado de fora do avião, e observando os outros aviões estacionados na pista do aeroporto aguardando os passageiros e o seu horário de partir.

Depois de ouvir atentamente as instruções dos comissários de bordo, que explicavam com palavras e gestos os passos que os passageiros deveriam seguir em caso de turbulência, ou de um pouso de emergência, eles recomendaram que todos deveriam se sentar, pois o avião já iria decolar. Alguns segundos depois, Olivia e Maria Paula sentiram que a aeronave estava se movimentando e posteriormente, ela começou a pegar velocidade, até que elas viram que estavam ficando cada vez mais distantes do solo, o que estava causando um pouco de medo em Olivia, que mesmo já tendo andado de avião outras vezes não conseguia fazer uma viagem que se sentisse completamente tranquila.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo