Capítulo 4

Depois do horário daquele lanche, o dia teve o seu horário avançando rapidamente, assim como os dias consecutivos, fazendo com que chegasse logo o dia da viagem de Maria Paula e Olivia.

Na noite entre o dia anterior e o dia da viagem, a mãe de Olivia não conseguiu dormir, pois estava com pressentimentos muito negativos com relação à viagem que a sua filha estava prestes a fazer, então ela se levantou de sua cama, acendeu o abajur que ficava sobre o criado mudo ao lado de sua cama e foi até o quarto de Olivia verificar se a filha ainda estava acordada. Caso ela estivesse, a mãe tentaria mais uma vez fazer com que ela desistisse da viagem, ainda que já estivesse tudo pago. Caminhando lentamente pelos corredores do segundo pavimento da casa, a mãe de Olivia deu duas leves batidas na porta do quarto, mas como ela não ouviu nenhum som sequer, ela girou a maçaneta lentamente e abriu a porta se deparando com a escuridão, que indicava que a filha já tivesse pego no sono.

Com os olhos marejados de preocupação, ela fechou a porta novamente e voltou para o seu quarto caminhando em passos leves para não acordar, nem preocupar, o seu marido ainda que às vezes ela pensasse que deveria ter uma conversa com ele a respeito desses pressentimentos que constantemente a dominavam, como estava acontecendo naquele exato momento.

A mãe de Olivia, a senhora Kimberly, entrou no seu quarto e se deitou novamente em sua cama a fim de que o travesseiro confortável a fizessem esquecer-se de todos os seus medos, mas nada a fazia pensar em outras coisas ou até mesmo tentar anular os seus pensamentos, a fim de dormir um pouco e descansar. Algumas horas depois, seus olhos foram confrontados por uma forte luz dourada que atravessava as cortinas e entrava pela janela, iluminando e aquecendo todo o cômodo, indicando que um novo dia tinha nascido, e que ela teria mais uma oportunidade para fazer com que a sua filha desistisse de viajar com Maria Paula.

Decidida a investir nessa tentativa, mas de forma cuidadosa para que a jovem não se sentisse acuada nem entristecida por uma possível intromissão de sua mãe, a qual é causada e agravada pela imensa preocupação, Kimberly se levantou, lavou o rosto e foi imediatamente para a cozinha preparar o café da manhã de toda a família.

A fim de agradar a sua filha, ela preparou o café e um misto quente, organizou junto com três folhas de guardanapo em uma bandeja e o levou até o quarto de Olivia.

Chegando em frente à porta do quarto, como ela estava fechada, Kimberly bateu três vezes com a parte da frente do sapato, mas depois de aguardar alguns segundos, ela ouviu apenas o silêncio vindo daquele cômodo. Então ela resolveu deixar a bandeja sobre uma pequena mesa de flores, no corredor, que ficava enfeitando a pequena parede entre o seu quarto e o quarto de Olivia, e voltou para girar a maçaneta do quarto da filha. Quando ela abriu a porta, teve uma grande surpresa, pois não a viu deitada na cama. Mas felizmente Kimberly escutou o som da voz de Olivia saindo do banheiro enquanto cantava uma música doce e instrumental como aquelas que possuem tanta profundidade que entram pelos ouvidos e atingem a alma, transformando e dando alegria ao semblante de qualquer pessoa.

Sentindo as batidas do seu coração se tranquilizarem, Kimberly saiu novamente do quarto a fim de pegar a bandeja que tinha ficado sobre a pequena mesa no corredor e voltou para o quarto. Quando Olivia viu a sua mãe com a bandeja na mão, ficou emocionada com o simples, porém atencioso gesto. Ambas se sentaram na cama, e enquanto Olivia se deliciava com o misto quente, a sua mãe desabafava a respeito daquelas premonições que ainda insistiam em lhe atormentar.

Mas quanto mais Olivia a escutava, mais ela dizia:

– Mãe, você não deve se preocupar com isso. Eu já viajei tantas vezes! Você também já viajou com o meu pai e nada de mal aconteceu com nenhum de vocês dois. Eu não sabia que você tinha tanto medo de avião!

– Não é questão de ter medo de avião. É alguma preocupação que eu estou tendo e que não sei te explicar. Mas eu gostaria muito que você não fosse a essa viagem.

– Fica tranquila, mãe, pois vai dar tudo certo. E outra coisa as passagens e o hotel já foram pagos. Não posso desistir agora.

– Você pode desistir, sim. Eu pago todos os gastos. Não se preocupe com relação a isso.

Vendo que não adiantaria nada continuar respondendo a sua mãe, Olivia resolveu parar de discutir e continuar tomando o seu café da manhã, pois ele estava delicioso.

Mais tarde, o pai de Olivia que estava sentado no sofá da sala lendo um jornal, foi surpreendido com uma leve batida na porta. E quando ele levantou para abri-la, viu que era Maria Paula que já estava com a mala pronta esperando Olivia para ambas irem juntas até a rodoviária, pois elas ainda precisariam pegar um ônibus que as levasse para outra cidade a fim de pegar o avião na capital gaúcha no horário certo.

O pai de Olivia sendo sempre muito receptivo, disse a Maria Paula que ela poderia entrar e que Olivia estaria em sue quarto. Maria Paula fez conforme o pai de Olivia havia dito e, deixando a mala no chão da sala próximo ao sofá, subiu correndo as escadas em direção ao quarto de Olivia.

Chegando lá, elas se abraçaram forte e Maria Paula disse:

– Temos que ir à rodoviária, pois ainda temos que chegar a Porto Alegre a fim de pegar o avião. Daqui para lá são duas horas, então temos que ir o quanto antes.

Olivia que não se atentou a distância que ainda deveria ser percorrida entre a serra gaúcha e a cidade de Porto Alegre, apresentou um semblante de surpresa, enquanto Maria Paula mal cabia dentro de si de tanta ansiedade e medo de que elas perdessem o avião. 

– Verdade! Eu tinha me esquecido desse pequeno, porém importante, detalhe. Então temos que ir agora mesmo. – Respondeu Olivia. – Mamãe, meu pai poderia me levar na rodoviária? Pois assim chegaremos mais rápido.

– Se ele não estiver ocupado, acho que ele não se importaria. – Respondeu Kimberly, a mãe de Olivia.

– Quando eu cheguei, ele estava lá embaixo lendo jornal.

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