SEU MUNDO

Caminharam por pouco tempo na escuridão, até Antônia perder os sentidos, ainda caminhava e respirava, e tinha consciência disso, mas nada mais em seu entorno parecia perceptível, como se estivesse sob efeito de alguma droga, como se observasse tudo de um lugar distante, não conseguindo saber onde exatamente estava. Sentiu uma dor forte na cabeça e então tudo parou, uma espécie de anestesia geral tomou conta de seu corpo. A sensação durou pouco tempo, ao menos foi o que pareceu, logo depois ela sentiu-se despertar, sentia seu corpo novamente, via e ouvia tudo, participava novamente do seu entorno, digamos assim.

Viu luzes brancas e azuladas em uma rua de calçamento com postes antigos, casas grandes rodeavam uma praça iluminada. No meio da praça, uma espécie de castelo imenso e todo iluminado. 

-O que é isso?

-A universidade.

-Ao menos não é uma igreja, normalmente no meio de praças ficam igrejas ou templos religiosos.

-Ah não, não temos religião aqui. Estudamos o movimento dos planetas e as viagens a outras dimensões. As demais universidades espalhadas por outras cidades se especializam em outras coisas. Vamos pegar um carro e ir até o castelo. Entrou em uma espécie de garagem e pediu que ela aguardasse do lado de fora, em pouco tempo Antônia ouviu um ronco alto e os faróis de um lindo carro, uma espécie de Impala, mas diferente, parecia mais moderno, sorriu e entrou no carro, o painel era de última geração e os bancos de couro.

-Você vai ter que me deixar dirigir essa beleza!

-É claro, quando você quiser. Você pode fazer tudo o que quiser aqui, é a governante deste mundo.

Antônia fez uma careta, “governante” parecia um pouco demais, por outro lado, até que seria bom comandar alguma coisa, seria a primeira vez.

-Eu estou cansada, nem parece que acordei a pouco tempo.

-Já se passou um dia Antônia, a viagem entre os mundos é longa e cansativa.

Rodaram por algum tempo por uma estrada de pedras lisas e brancas. Dobraram em uma rua estreita e em meia hora cruzavam os imponentes portões do castelo, rodaram ainda por alguns minutos em uma estradinha lisa cercada por árvores baixas e bem cuidadas, fizeram uma pequena curva e Antônia avistou a construção imensa no final do caminho.

-Isso é o castelo? – deu um assovio – É meio grande pra um casal sem filhos.

-É seu agora, e você pode encher ele de crianças se quiser.

-Vamos com calma com essa história de crianças.

Lukos parou o carro na entrada e entregou a chave para uma moça jovem e muito bonita, com cabelos curtos e negros que deu um sorriso franco para Antônia e fez uma espécie de reverência.

-Senhora, é uma honra finalmente tê-la conosco.

 -Obrigada! Mas pode me chamar de Antônia. Você quem é?

-Sou Gilda, responsável pelos veículos.

-Prazer Gilda. 

Entraram pelas portas imensas de madeira grossa, que Antônia evidentemente não sabia de que tipo eram, e uma senhora de uns cinquenta anos com olhos iguais aos de Lukos foi recebê-los sorrindo.

-Senhora! Eu pensei que não viveria para ver esse momento, sua mãe ficaria muito orgulhosa e feliz se visse o quanto a senhora ficou linda. Eu sou Maitê, chefe da segurança do castelo e governante interina.

-Muito prazer Maitê, obrigada.

-Acredito que vocês devem estar muito cansados, a viagem entre os mundos pode esgotar qualquer um. Seu quarto está pronto senhora, Lukos você deve vigiar o sono da senhora, com você por perto ele não consegue se aproximar.

-Pode deixar, senhora. Vamos? – colocou a mão nas costas de Antônia e subiram uma escada larga até o terceiro andar do castelo, entraram em um quarto com portas duplas no final de um corredor.

-Caramba! Isso é meu quarto? – Era imenso, em formato retangular, uma cama escura com dossel, uma porta grande que dava para um closet cheio de roupas e um banheiro moderno, uma escrivaninha com um computador e tapetes grossos no chão, poltronas confortáveis e flores recém colhidas em vasos sofisticados, as paredes eram revestidas com tecidos escuros muito bonitos.

-Sua mãe decorou pouco antes de falecer, disse que a filha ia gostar.

-Ela estava certa. – encarou ele – Eu por acaso tenho algum pijama naquele closet?

-Você tem tudo de que precisa neste quarto. – começou a tirar as roupas e entrou no banheiro, saiu pouco depois com uma toalha enrolada na cabeça e outra em volta da cintura.

Antônia não disse nada, entrou depois dele no banheiro, tomou um banho e vestiu uma camiseta grande que encontrou em um canto, com algumas roupas masculinas.

-Essas roupas são para mim também?

-Não, essas são minhas, o pessoal arrumou enquanto eu estiver aqui dormindo com você. Para fazer sua segurança é claro.

-E pegar no meu peito enquanto eu estiver dormindo. Bonita cueca por falar nisso.

-Me desculpe por aquilo, eu também peguei no sono e passei dos limites, mas não vai acontecer novamente. Eu costumo dormir assim, mas se preferir posso vestir algo.

-Não, não. Por mim tudo bem. – encarou ele por um tempo, era bonito demais, aqueles cabelos longos e aquela pele lisinha, os músculos todos em seu devido lugar. Ele chegou perto dela e a abraçou, ela beijou o estranho e pulou em sua cintura, ele a abraçava com força e a levou até a cama, deitou sobre ela e correu as mãos em seu corpo, lentamente, quase com adoração.

Subitamente, se afastou e levantou ficando vermelho e caminhando até o outro lado do quarto.

-Me desculpe, eu passei dos limites, mas não vai se repetir. Ao menos não até nosso casamento.

-O que? – ela sentou na cama com os olhos arregalados – Como assim casamento? Eu só queria, você sabe... As pessoas não podem fazer sexo antes de casar aqui?

-As pessoas até fazem, mas eu sou um homem sério. Isso não pode acontecer, temos que fazer tudo conforme as tradições, mesmo com a certeza de nosso casamento não podemos antecipar nada.

-E quem disse que eu vou me casar? Olha, numa boa Lukos, esse negócio de casar já não me agrada muito, agora casar antes de fazer um test-drive é meio antiquado você não acha? E se você não gostar de mim? E se eu não gostar de você?

-Isso é impossível, é nosso destino. – sentou ao lado dela na cama, passou a mão em seu rosto e beijou sua testa.

-Isso é sacanagem não é? - Sorriu e passou a mão na perna dele, subindo lentamente.

-Senhora... isso não é certo. Nós devemos seguir as tradições.

-Que se danem as tradições, você não disse que é nosso destino? Então vamos seguir ele. – Ela não costumava se comportar assim, mas também não costumava ser a chefe de um mundo azulado que a esperava para salvá-lo.

-Não! Após nosso casamento poderemos fazer tudo o que quisermos, antes disso não seria certo.

Ela desistiu e deitou na cama, infelizmente ele era um garoto de família. Infelizmente para ele, jamais se casariam.

-Tudo bem, se você não quer, não posso te obrigar. Me conta sobre esse seu irmão que invade meus sonhos, por que ele faz isso? Como ele faz isso? E mais importante, por que eu preciso derrotar ele?

-Ele trabalhava, como eu e todos os de nossa espécie, para o rei e a rainha, especificamente para sua mãe, que era a rainha até sua morte. Mas traiu a coroa, desrespeitou as tradições e se aliou aos rebeldes. Quanto a entrar em seus sonhos, ele provavelmente contratou os serviços de feiticeiras, especialistas nessas artimanhas de dominação.

-Mas você disse que não existiam religiões aqui.

-E não existem, realmente, mas existem profetas, que realizam algumas coisas, eles costumam agir dentro das leis da coroa, mas alguns começaram a se revoltar, e trair seus objetivos.

-Como é possível? Não existir religião, mas existir misticismo?

-Não é misticismo, é apenas a dominação de artes antigas, ancestrais. Há a possibilidade de terem se utilizado da imagem dele para realizar essa espécie de ritual, afinal, somos gêmeos, mas eu sou seu prometido, não ele. Conforme a profecia, os prometidos devem conseguir se comunicar por sonhos, estando acordados ou não. 

-Então você também consegue se comunicar comigo por essas visões, ou sonhos? Quem me garante que não era você fazendo aquilo?

-Eu dou minha palavra, Antônia, jamais faria esse tipo de coisas sem lhe explicar quem sou. Provavelmente não consigo, por enquanto, me comunicar com você dessa forma, porque os malditos rebeldes fizeram algo, eles são terríveis, ardilosos!

-Quem são esses rebeldes? - Antônia não gostava muito da ideia de ser inimiga de rebeldes, sempre se considerou rebelde, contra o sistema, e agora deveria brigar com eles? Não parecia certo.

-Maite saberá explicar melhor, saiba apenas que eles querem destruir a sociedade, acabar com tudo que sua família construiu, por muitas gerações de trabalho para o povo. - Deitou ao lado dela sorrindo e se cobriu mantendo distância. - Alguma outra pergunta?

-Não, eu estou cansada, boa noite. - Sorriu amarelo e fechou os olhos, mesmo sabendo que não conseguiria dormir. 

Era tudo muito surreal ainda, tudo impossível de acreditar, sequer tinha certeza da realidade ou fantasia das coisas que experimentou até o momento. Nada parecia verdade, e havia a possibilidade, sempre presente em seus pensamentos, de estar apenas alucinando, e talvez, um dia, acordar em um hospital psiquiátrico público. Não se lembrava de muito depois deste último pensamento, se sentia cansada, e dormiu tomada pela exaustão, não sonhou.

No dia seguinte saíram cedo do quarto, Lukos a levou até um escritório repleto de livros onde Maitê os esperava.

-Bom dia, dormiram bem? Eu vou m****r servir o café aqui, precisamos conversar.

-Senhora Maitê, acredito que seja importante acelerar nosso casamento. Ambos nos desejamos e não há motivos para adiar.

-E aquela história de que um cavalheiro nunca conta? – Antônia ficou vermelha e encarou o homem – Isso não é um assunto para ser tratado dessa forma Lukos, acredito que possamos resolver isso em outro momento.

-Mas minha senhora, o correto deve ser feito, ontem à noite nós quase fizemos...

-Ok! Já chega, eu sei o que quase fizemos ontem à noite e agora a Maitê também sabe, vamos parar de discutir nossa intimidade e falar sobre esse negócio de derrotar inimigos que é muito mais importante. 

Maitê respirou fundo e sorriu sem jeito para Antônia.

-Perdoe meu filho, ele segue as tradições de nosso mundo com exagero por vezes. - Pareceu repreender o filho com o olhar.

-Filho? Que ótimo, agora você disse pra sua mãe, e eu me sinto uma espécie de defloradora de homens. Por favor Maitê esqueça o que foi falado até o momento e vamos passar ao que interessa está bem?

-É claro. - Sentou novamente e fez sinal para que ela sentasse em sua frente. - Ontem eles fizeram contato, pediram uma audiência com você Antônia. Eu respondi que isso não ocorreria e que se eles não se entregarem significa que aceitaram a guerra.

-Certo, e porque não devemos ter uma audiência com eles, afinal é seu filho não é?

-Eles pregam a anarquia completa, querem que você entregue o reino para eles, que aceite condições impossíveis de serem aceitas. Vilka quer negociar a paz e promete que se casa com você caso aceite governar ao lado dele.

-Qual o problema dos seus filhos com o casamento, afinal? Essa não é a única forma de negociar. - respirou fundo e mordeu o lábio -  O que exatamente é essa anarquia que eles pregam?

-Algo que dê todo o poder ao povo, que destrua o governo deste mundo e que transforme todos em animais que não se respeitam! 

Antônia começou a entender a situação, o governo não era, afinal, um mar de rosas, o povo não tinha poder. E provavelmente quase nenhum direito.

-Onde eles ficam? Quem os apoia? - Olhou impassível para Maitê, nem sabia que conseguia se comportar assim.

-Setores miseráveis da sociedade, eles se escondem entre os excluídos, criminosos condenados, fugitivos ou prostitutas. Lamento falar assim, mas meu filho traiu a família e agora luta contra tudo o que defendemos.

-E porque ele invadia meu sonho, queria me matar ou algo do tipo?

-Não sabemos muito bem, eles a localizaram, e começaram a tentar entrar em contato com você, e confesso que tivemos vantagem com essa manobra deles, conseguimos detectar seus movimentos e fomos defendê-la deles.

-Eu preciso pensar no que vou fazer, vi um computador em meu quarto, a internet funciona igual no meu mundo?

-Esse agora é seu mundo querida, mas sim. Temos tanta tecnologia quanto no mundo onde foi criada.

-Me deem um tempo então, apenas até o início da tarde, por favor.

-É claro, Antônia. Mas Lukos ficará por perto todo o tempo, temo que ele consiga um contato maior agora que vocês estão no mesmo mundo.

-Tudo bem. Por favor, peça para servirem o café em meu quarto. - Saíram da sala e subiam as escadas quando Antônia se deu conta da fome que sentia, e de que Lukos não havia ingerido nada desde que o viu.  - O que você come?

-Minha linhagem é uma evolução dos primeiros lobos, nos alimentamos de carne crua.

-E quando isso acontece? Porque eu estou perto de você há quase dois dias e você não comeu nada!

-Vou comer agora, mas não queria deixá-la sozinha, e não sabia como reagiria a isso.

-Você abriu um buraco na parede por onde passamos. Por que me surpreenderia com você comendo carne crua? A carne está viva ainda quando você a come?

-É claro que não! Apenas nossos antepassados faziam isso. Vou descer e pedir para servirem minha comida junto com a sua.

-Ok. – continuou subindo as escadas e pensando no tom com que Maitê se referiu ao filho e seus aliados, conhecia aquele tom, aquele ódio ao diferente. O sentimento de superioridade sobre outros seres, mesmo que fossem seus iguais. Vivia em um país dividido entre uma elite preconceituosa que convencia alguns miseráveis a apoiá-la de um lado, e de outro alguns que apoiavam o que era correto, a igualdade entre todos. Resolveu pesquisar sobre isso e tentar tirar as próprias conclusões. Sentou na frente do computador e fez algumas pesquisas.

-O que você está fazendo? – Lukos a olhava com curiosidade, em sua frente no computador, fotos de jornais daquele mundo, mostrando manifestações onde a violência por parte do governo deixava mortos e feridos. Algumas outras fotos mostravam a situação de extrema pobreza em que grande parte da população vivia, sem acesso à educação ou saúde. – Essas são notícias sensacionalistas, Antônia. Você não deve dar ouvidos a elas. 

-É mesmo? Porque essas fotos parecem bem reais. – encarou ele com os olhos apertados, a boca formando um bico devido à raiva que sentia. – Avise sua mãe que eu exijo uma explicação sobre a situação deste mundo. Agora!

-Não é assim que funciona, querida, você precisa entender que existem razões para isso acontecer. Não há nada que se possa fazer a esse respeito.

Ela levantou e saiu batendo a porta, passou por uma jovem bonita de bochechas rosadas que a encarou e baixou a cabeça, empalidecendo e fazendo uma reverência. Carregava uma bandeja grande cheia de comida. Antônia sorriu para ela e continuou caminhando decidida, desceu as escadas e entrou novamente no escritório onde Maitê tomava café e lia um jornal com tranquilidade.

-Qual a situação política daqui?

-Me desculpe, como é?

-Qual o regime político deste mundo, e como são tratados os pobres aqui?

-Ora! Que pergunta estranha, o regime como você diz, é monárquico, quer dizer, existe um parlamento que vota algumas questões e ajuda a rainha a governar com sabedoria. Ajudará você em seu governo. Mas quem comanda tudo é você por poder familiar, passado de geração em geração de sua família.

-E quanto aos pobres, aos trabalhadores e seus filhos? Qual educação eles recebem, como funciona o sistema de saúde daqui? Como alguém que nasceu em uma família sem posses acessa aquilo que precisa para viver bem?

-Não entendo, você parece um rebelde falando Antônia! Existem classes sociais e os cidadãos de bem as respeitam e trabalham para manter nosso mundo funcionando. Como sempre funcionou, como deve ser, e sempre será.

Antônia sentiu um ódio profundo de tudo a sua volta, aquela mulher, aquele homem que a seguia por onde ia, e que agora estava parado a seu lado sorrindo para sua mãe e concordando que essa era a melhor forma de governar, e finalmente dela e do fato de ter que assumir aquele governo terrível. Respirou fundo, pegou o pão do prato de Maitê, deu uma mordida e devolveu fazendo uma expressão de aprovação. Depois sorriu e olhou com cumplicidade para a mulher à sua frente.

-Chame seu filho ou quem quer que esteja no comando dos rebeldes, eu quero uma reunião com eles.

-Mas senhora, eu não acho que isso seja uma boa ideia.

-Eu sei – continuava sorrindo – Mas como você disse isso é uma monarquia, eu comandarei. E estou dizendo, como rainha, que exijo ver os representantes dos rebeldes para conversarmos. Marque a reunião para amanhã pela manhã sim, por favor. Eu preciso fazer algumas pesquisas para poder argumentar e negociar com seu filho rebelde. Tenha um bom dia!

Saiu decidida e foi para seu quarto, a internet daquele mundo era parecida com a de seu mundo, mas com velocidade e capacidade de informações maiores, se é que isso pode ser possível. Tudo o que descobriu a deixou ainda mais decidida a negociar com os rebeldes. Estudou por todo o dia, e à noite pegou um volume grande na biblioteca, com as leis que regiam aquele mundo, era interessante a forma como foram escritas, parecia a mistura do medieval com o moderno. A pior parte de ambos.

-Você não vai vir deitar? – Lukos sorriu e passou a mão na cama a seu lado. – Precisa descansar.

-Não, eu vou ler mais um pouco, você pode ir dormir. Amanhã o dia será longo.

-Você está pensando em aceitar as condições deles?

-Você quer dizer casar com seu irmão? Para usar uma expressão universal, nem fudendo meu caro. Assim como não vou casar com você, ou com quem quer que pense em negociar sobre este tipo de coisa. Mas pretendo conversar com seu irmão e chegar a um acordo satisfatório para todos, não acredito que guerras ou lutas possam resolver o que quer que seja.

-Você não vai casar comigo? – ele parecia ofendido – E por que não?

-Porque não é o correto. Você disse que estava escrito que éramos almas gêmeas ou sei lá o que, que deveríamos ficar juntos. Eu não sinto assim, talvez você devesse pensar em me conquistar ao invés de me dar informações sobre acordos de casamento. – piscou para ele e voltou a ler.

Lukos a olhou chocado, parecia ter sido ofendido gravemente, mas precisava refrear seu gênio, ela deveria se apaixonar então, o quanto antes. Pois não tinha certeza de quanto tempo levaria até que Vilka a roubasse dele, tirando seu futuro glorioso de suas mãos. 

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