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Venha viajar no tempo comigo!

Oriente médio, 1192 D.C

Sempre fui criada para ser uma boa esposa seguindo os preceitos do Alcorão, fui educada e ensinada para esse momento a vida inteira por isso não tinha medo ou pânico do meu futuro marido. Ele ocupava um cargo alto no exército de Saladino e era um sheik em sua tribo, seria a décima esposa dele apesar de nunca tê-lo visto fui criada para ser sua esposa quando o tempo chegasse, além de ser á décima seria a mais jovem de todas com apenas 16 anos.

– Senhora Hana, suas coisas já estão prontas podemos ir!

Minha criada, Maria era uma cristã deixada para morrer quando os francos fugiram de Jerusalém, o rei do Egito foi misericordioso em permitir que alguns permanecem aqui mas eles teriam que ser escravos como no caso da minha criada que veio viver conosco quando ainda era uma menina, eu e ela nos tornamos muito unidas pois foi na mesma época que mamãe morreu enquanto dava a luz ao meu irmão caçula. Sou a única mulher de quinze filhos homens que meu pai teve mas pelo menos gostava de saber que meu casamento traria negócios vantajosos ao senhor meu pai.

– A irmã do meu futuro marido já está pronta?

A jovem Jasmine estava aqui para aprender a ser uma esposa obediente e devota as regras do Islã, apesar de nova ela é muito esforçada e como eu estava comprometida. Iria junto com ela para o casamento com seu irmão, meu pai iria depois junto com meus irmãos e suas 20 esposas, minha mãe foi a primeira e pelo que ouvia no harém a mais amada pelo meu pai afinal de contas dos 15 filhos dele, sete eram da minha mãe incluído eu. Lembro do seu sorriso e até das vezes que penteava meus cabelos com óleos perfumados, sinto saudades dela e sei que teria orgulho de mim.

Meu pai foi até nossa caravana junto com meu irmão mais novo, com Samir sempre fui mais apegada porque como eu, ele havia perdido a mamãe muito jovem. Sentiria falta de todos mas dele com certeza sentiria mais. Fui até ele abraçando forte, é difícil viver longe de tudo aqui mas Alá já tinha determinado meu destino.

Depois de nos despedimos a caravana seguiu seu caminho pelo deserto, o clima quente e sufocante não dava trégua em nem um segundo. A viagem era perigosa pois estava levando o meu dote além de vários outros presentes para meu futuro marido por este motivo meu pai enviou junto conosco vários soldados de sua guarda pessoal, são homens habilidosos com a espada e que qualquer salteador que entre no nosso caminho irá se arrepender amargamente.

Ainda faltava muito deserto para chegar até Damasco mas tanto eu como Jasmine conversávamos sobre a festa de casamento e a noite de núpcias claro com bastante respeito e discrição afinal de contas não devemos comentar de coisas tão íntimas uma da outra. Maria apenas sorria enquanto cuidava de mim e de Jasmine, ela como sendo escrava não teria dote para um bom casamento algo que me deixava triste e ao mesmo tempo alegre já que ela nunca iria se afastar de mim, à amo como se fosse minha irmã, sei que é egoísmo meu mas não quero que ela se afaste de mim jamais.

Continuamos a viagem com bastante tranquilidade mas em uma certa parte do caminho senti uma dor muito forte nas costas, meu pai já havia chamado todos os melhores médicos do Oriente para me examinar mas nenhum deles soube dizer porque sentia essa dor, apenas sentia isso quando algum acontecimento muito grande fosse mudar minha vida foi assim quando mamãe morreu, devo estar sentindo isso por causa do casamento é algo que vai mudar minha vida com toda certeza.

Mas não era isso, escutamos barulhos dos soldados que faziam nossa proteção foi tudo muito rápido, quarenta homens foram mortos em questão de minutos apenas restando eu, Jasmine e Maria foi horrível ver todos aqueles corpos mortos ao nosso redor e mais horrível ainda foi ver os homens que fizeram isso, todos usava véus que escondiam seus rostos eles começaram a pegar tudo que havia de valor em nossa caravana inclusive meu dote e os presentes do meu pai ao sheik Omar mas quando eles nos viram foi bastante assustador, o líder falava uma língua que não conseguia entender e não tirava os olhos de mim e das outras mesmo com o véu que cobria nossos rostos conseguia notar o jeito estranho que nos olhavam. Maria parecia assustada ao ouvir o que eles diziam, ela os entendia muito bem.

– Eles não podem fazer isso! Não sabem quem são as senhoras, estão loucos. Vão acender a ira dos homens dessa terra!

Paulina

Acabei acordando de mais um sonho mas dessa vez estava sentada no banco do ônibus à caminho do centro da cidade para ir até a empresa do tal Augusto playboy metido Tavares. Consegui sair mais cedo do trabalho com a desculpa que amanhã iria até mais tarde e claro com ajuda de Liliane que ficou no meu lugar, se fosse usar meu horário de almoço com certeza não daria tempo de ir e voltar para lanchonete, as vezes Lili quebra meu galho ficando no meu lugar quando preciso claro que isso acontece raramente pois Isa não pode ficar sozinha, minha sorte é que hoje dona das Dores pode ficar com ela, é Liliane ficou no meu lugar.

Não sei se seria o fato de ter cochilado no banco do ônibus ou o cansaço de sempre mas minhas costas estavam doendo muito, comecei a ter essa dor no dia que meu pai morreu  e desde de então as dores ficaram cada vez mais presentes na minha vida, as vezes os analgésicos tem uma ação eficiente mas tem vezes que nem adianta tomar pois não resolvem a dor, também não adiantaria ir no médico o que eu não tinha era tempo pra cuidar ou pensar nas minhas costas além disso ficaria horas esperando por atendimento no hospital público, algo que não podia fazer já que preciso trabalhar.

Olhei aquele enorme edifício me sentindo tão pequena e medíocre perante toda aquela riqueza e poder, não conseguia entender o porque de um homem tão poderoso como Augusto queria algo comigo. Ele poderia ter á puta mais linda, a modelo mais requisitada ou até mesmo uma socialite milionária mas por alguma razão que desconheço esse homem quer encher minhas paciências. Além disso depois de conhecê-lo não paro de ter sonhos estranhos com pessoas que sinto ter conhecido mas não me lembrava de onde ou de sensações que sentia mesmo não sendo eu no papel da mulher açoitada e da nobre jovem muçulmana, elas era tão diferente de mim mas algo nos unia somente não entendia o que era.

Fui até a recepção me sentindo mal por não estar com roupas adequadas, vestia uma calça velha, camiseta larga, meus tênis velhos e meu cabelo estava preso em um coque para evitar que a gordura da comida deixasse cheiro nos meus fios. A moça da recepção foi educada mas sei que ficou prestando atenção com meu jeito todo desajeitado e ainda por cima com roupas não muito formais mas que culpa eu tenho do chefe dela querer encher minhas paciências?

Quando fui autorizada à subir até a sala do grande poderoso Augusto fui à passos lentos parece que minhas costas doíam a cada passo que dava, tive que encostar na parede para poder continuar, a dor é insuportável como se tivesse sendo açoitada, naquela hora a imagem da moça judia veio em minha mente e sua voz implorar por misericórdia.

– Por favor, pare! Está doendo, mestre!

Meu rosto estava coberto de suor como se estivesse realmente sentindo tudo que ela sentia, mas preciso ter força para continuar sem olhar pra trás vou arrastando até a sala de Augusto chamando atenção dos funcionários pelo caminho, respirei fundo quando finalmente cheguei ainda sentia dor porém já estou aqui seria besteira voltar pra trás.

– Bom dia, sou Paulina Mendes.  Acho que seu chefe me espera!

– Claro, senhorita! Está bem? Quer um copo de água ou alguma coisa? Está pálida!

Sei que é nítido meu estado de dor mas preciso resolver isso logo, antes que esse tal Augusto torne minha vida mais complicada que já é.

– Estou bem! Por favor posso entrar?

A senhora me guiou até a porta da sala abrindo a mesma para que eu pudesse entrar, o homem estava concentrado em alguns papéis em cima da mesa que não pareceu notar minha presença, algo de estranho aconteceu comigo como se fosse uma ilusão da minha cabeça ou alguma memória, Augusto estava vestido com uma roupa diferente parecia roupas árabes mas ele não tinha a fisionomia de um, seu rosto não era o mesmo, os cabelos agora eram loiros e longos, tinha olhos azuis e um sorriso que me transmitia sentimentos diferentes, como amor, paixão, desejo e um medo terrível que não entendia o motivo. Por que estou sentindo isso?

– Vejo que é pontual, Lina, gostei disso!

Somente depois de ouvir sua voz sou despertada daquela visão de antes, não sei se era a dor, cansaço ou até a falta de paciência que estava tendo com esse homem que fizeram a minha cabeça ficar atrapalhada mas o que sei é que tudo que não pode acontecer é eu ficar louca.

– Vamos logo com esse assunto que quer tratar comigo, tenho pressa e como sabe bem mais tarde preciso ir trabalhar!

– Ainda não almocei, se quiser me fazer cia ou até mesmo podemos lanchar. O que acha? Seu semblante não está dos melhores, sei que tirou seu horário de almoço pra vir aqui por isso faço questão de que almocei comigo!

Como se esse babaca se preocupasse comigo, é pra acabar com a minha paciência mesmo.

– Agradeço o convite mas não precisa, tudo que menos quero é almoçar com você. Realmente quero resolver isso logo! O que quer comigo?

– Tudo bem, vou ser o mais rápido e direto possível com você. Á quero na minha cama até me cansar de você!

Como esse homem é presunçoso e abusado como fala isso pra mim como se fosse uma qualquer? Idiota!

– Por um acaso isso é algum tipo de brincadeira? Não pode estar falando sério! Augusto, já tinha falado antes e vou falar novamente não sou prostituta, pare de me perseguir! Tenho problemas demais para ter que lidar com um homem que não é capaz de lidar com nãos na vida. Se era só isso, vou embora!

Já estava indo em direção à porta quando ele segurou meu braço com bastante força tentei me soltar do seu aperto mas sem sucesso nenhum, a dor nas minhas costas continuava e agora além da dor minhas costas começaram a arder com o toque dele.

– Seria muito triste seu irmão pequeno e mãe doente dormirem debaixo da ponte,  não é mesmo?

Fiquei um tempo sem entender o que estava acontecendo quando ele resolveu me soltar indo até a sua mesa pegando um papel e entregando pra mim, notei que era escritura de uma casa, à minha casa! Só que estava no nome dele, o que estava acontecendo?

– Imagino que saiba o que é esse documento, parece que seu pai hipotecou a casa mas não vinha pagando, resolvi comprá-la pra mim. A oferta que tenho pra fazer é simples, venha viver comigo em minha casa, abandone aquele puteiro e seja minha todas as noites até que enjoe de você e despeça seus serviços. Assim seu irmão e mãe continuaram vivendo bem na casa enquanto você vai ser minha putinha! É simples assim, é só dizer que sim que todos os seus problemas serão resolvidos pois sou bastante generoso com quem me agrada.

Augusto tentou tocar em meu rosto mas recuei, se esse maldito pensa que tenho medo dele ou de suas ameaças, ele está muito enganado. Vou mostrar pra ele quem é Paulina Mendes!

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