Capítulo 2

O lobo é um animal carnívoro e um grande predador. Ele ocupa o topo da cadeia alimentar e a sua alimentação é bastante variada. Sendo comum se alimentarem de outros animais de grande porte como veados, alces, javalis, ovelhas e gados. No entanto, a sua alimentação também pode ser constituída de animais menores como roedores, entre eles coelhos. Saciado temporariamente, Tay Borden continuou a sua caminhada solitária pela floresta. Observando formas, sons e sensações desconhecidas, ele não fazia ideia de quem era ou o que acontecia ao seu redor.

A chuva cessou e o dia começou a amanhecer límpido. Pela primeira vez na vida, Tay olhou para o céu. Ao leste, o azul anil do crepúsculo deu lugar a um incrível espetáculo de nuvens alaranjadas. O sol havia nascido.

E junto com ele, Tay Borden. Era o início de um novo dia. Todas as espécies nascem com instintos que com o tempo se harmonizam com a natureza. Tay só precisava se adaptar ao seu novo mundo.

Buzinas estridentes e gritos foram ouvidos em uma das avenidas mais movimentadas de Los Angeles, Califórnia. A polícia foi acionada e não demorou a chegar. Tay olhou para os homens de uniforme e não viu motivos para temer aqueles animais que falavam.

- Acabou a palhaçada. Qual é o seu nome?

Uma manta marrom foi jogada sobre o corpo nu do número três e ele foi algemado com as mãos para trás e colocado dentro da viatura policial. Fascinado pelo azul do céu e o sol que tocava a sua pele, Tay não reagiu.

Na delegacia Tay foi jogado debaixo do chuveiro e em seguida ganhou um uniforme. Camiseta branca, calça preta e sapatos também pretos. Tudo ficou apertado. Aquilo o incomodou profundamente. Ele tentou se despir e parou ao ver dois animais falantes fazendo gestos. Eles estavam vestidos e Tay concluiu que também deveria ficar. Ele foi levado para o banheiro. Com curiosidade, Tay observou o lugar pequeno e quadrado. Ele olhou para o vaso sanitário branco e para a pia e não fazia ideia para que serviam. Tay se interessou pelo rolo de papel higiênico. Ele puxou a ponta e sorriu ao ver que aquilo se desenrolava. Um animal falante grunhiu e o puxou para fora.

Na delegacia não tinha lugar para um garoto estranho, que não falava e não tinha cometido nenhum crime grave. Tay foi enviado para o reformatório. Ele observou o lugar com grades. Tudo era novo para Tay e ele absorvia tudo com interesse. Ao seu ver, ele iria viver com aqueles animais que falavam e se vestiam. Então, ele teria que observar e aprender. No refeitório, em uma mesa isolada, Tay olhava para a bandeja de comida a sua frente. O seu olfato estava aguçado, porém, ele não sabia o que fazer com aquelas formas de aparências coloridas e estranhas. Tay olhou em volta. Nas outras mesas, grupos de animais levavam pequenas formas a boca. Ele fez o mesmo. Ao sentir a textura e o gosto de uma maçã, Tay a devorou em dois segundos. E todo o resto da comida que estava na bandeja. Seguindo o exemplo dos demais, ele levou o copo com suco de laranja a boca. Tay gostou do líquido frio e amarelo.

Um animal se aproximou.

- Ei cara, porque você está olhando para a gente e imitando tudo?

Tay inclinou a cabeça para o lado. Como um cachorro tentando entender o que um humano estava dizendo.

Gabriel Hogan, diretor do reformatório, se aproximou de Dylan e colocou a mão no seu ombro.

- Deixe ele em paz. Ele não entende uma palavra do que você está falando.

- Se ele não parar de olhar para mim, eu vou socar ele!

- Você não vai socar ninguém. A sua pena já está muito longa. Volte para a sua mesa.

Enfurecido, Dylan obedeceu. Tay sorriu para Gabriel. Um sorriso doce e meigo. Na sua mente, sorrir era uma forma de agradecimento. Tay sentiu que foi protegido. Por alguma razão desconhecida, ele se comportou como um daqueles animais. Ele não usou os seus instintos. Ele não viu razões para atacar. Estava saciado.

Porém, uma pressão na parte de baixo do seu corpo fez Tay se encolher. Gabriel se aproximou. Ele perguntou preocupado:

- Você está bem?

Tay fechou os olhos. Alguma coisa saiu de dentro dele e ele se sentiu bem novamente. Gabriel deu um longo suspiro e ficou olhando para o garoto albino, grande e forte. Ele tinha acabado de fazer xixi nas calças e sorria visivelmente aliviado. Gabriel pensou por alguns minutos. Um sorriso radiante iluminou o seu rosto negro.

- Eu conheço alguém que pode ajudar você.

Tay olhou para Gabriel e inclinou a cabeça. Uma palavra lhe era familiar. "Ajudar". O número três sorriu. Como um filhote recém nascido, ele ainda era dócil e manso. Mas logo a fera dentro de Tay Borden iria clamar por liberdade.

***

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