Capítulo 2 

- Bom dia Ardhie! O que é tão importante que não pode esperar eu descansar um pouco? E o que eu faço na cena do crime? Pelo que sei não posso estar aqui.

- Bom dia, percebe-se que não dormiu ainda! Sua transferência chegou. Preciso da sua ajuda aqui, encontrei mais dois e-mails, mas ainda não são suficientes.

- Onde encontrou isso? O Luidi disse que não tinha mais nenhum equipamento.

- Depois que você saiu, encontraram jogado atrás do muro dos fundos no meio de um mato.

- AAAH! Faz sentido. O que quer que eu faça?

- Mexa nele, você parece que tem uma mão mágica.

- Não, eu tenho os programas certos!

- O que podemos fazer depois que você terminar aqui?

- Você irá trabalhar e eu dormir.

- Nossa! Está precisando mesmo...

- Ardhie, por que eu?

- Como assim? Não entendi.

- Não foi só por eu ser quem eu sou, teve algum motivo para o Geissom ter pedido para eu vir para cá. Qual foi?

- Não começa Nia! Sabe que a sua técnica de interrogação não funciona comigo! Trabalhamos tempo suficiente para eu te conhecer também.

- Não, não estou interrogando. Quero saber como amiga, você falou alguma coisa?

- Não. Foi o diretor, eu só confirmei o que ele falou de você. Não está feliz aqui? Quer voltar?

- Não, eu não quero voltar. Só achei que fosse ser igual à Nova York, lá eu fui a campo.

- E quase tomou um tiro!

- Cara, eu fui preparada para trabalhar no México... Acha que isso me assusta?

- Devia! Aqui não é tão fácil assim.

- Bom dia Luidi!

- Achou algo mais?

- Ainda não, estamos esperando recuperar os arquivos deletados. Irá levar mais uma hora.

- Irei dar uma olhada melhor lá na rua. Quando terminar me chame.

- Nia, quando trabalhamos em Nova York era diferente, estávamos sob responsabilidade do FBI, agora é da inteligência. Veja, você ainda tem tempo de sair do laboratório.

- Eu não quero sair do laboratório, sei que nosso trabalho é tão importante quanto o deles. ACHEI!

- Não perdeu isso ainda? Que susto.

- Encontrei, por isso não encontramos, está no celular dele. Imaginou que destruir o celular iria impossibilitar de encontrarmos. Há! Não conseguiu... - Virei de frente para ele. - Ardhie, eu quero ir a campo para que as coisas não se percam você sabe muito bem que um HD pode estragar com uma simples batidinha, um pen drive pode sumir e um celular pode ser destruído. Eu não quero dar chance para essas coisas acontecerem!

- Eu adoro o jeito que você pensa e trabalha, mas aqui é diferente. Terá que acostumar. Um conselho de amigo, não espere elogios, o Geissom é igual a você, só não é tão arrogante, isso você ganha dele, acho que só não ganha do Roger mesmo... Mas pode tentar competir com ele, vocês se dariam bem neste ponto...

- Sai daqui, vai chamar o Luidi!

- Também te amo querida!

Trabalhar com uma pessoa que conhece você é bom, mas tem horas que isso importuna. Luidi chegou.

- Ótimo, irei levar para o laboratório, vamos Ardhie! E você, irá dormir, hoje a noite ajudará na interrogação!

- Que? Irão deixar? Eu?

- Seu currículo diz que tem um jeito incomum de fazer isso quando encontra as evidências necessárias. O Geissom disse para colocá-la junto na sala que saberá quando e como agir.

- Ela tem um jeito bem incomum... Essa é a descrição? – Ardhie começou a rir.

- Fica quieto. Certo, irei me preparar para isso então.

- Tudo bem, irei pedir para um dos policiais te levar em casa.

- Obrigada.

- O que? Ela agradeceu?

- Tchau Ardhie!

- Se cuida, come algo antes de dormir...

Chegou a bendita hora do interrogatório, eu estava ansiosa para entrar na sala. Tudo corria dentro do normal, Kathiane e Luidi estavam conduzindo a entrevista enquanto eu aguardava o tropeço dele para entrar na sala. Pouco mais de uma hora... Agora. Entrei divando na sala com meu chapéu e meu salto doze, interrompendo tudo que estava acontecendo... Depois me pergunto o motivo de não ir a campo e me quererem dentro do laboratório, será que eu ser excêntrica ajuda? Enfim...

 - Boa noite! Eu me chamo Lavínia, irei fazer algumas perguntas para o senhor! Na verdade irei começar com uma afirmação. - Blefe é um dos meus maiores aliados, passaria em um detector de mentiras sem ele mexer, nem mesmo se eu ficar pulando e respondendo ao mesmo tempo.  – Eu acredito que é inocente! - Kathiane e Luidi me olharam, foi quando minha expressão mudou. – Eu só gostaria de saber, onde está seu celular?

- Pois já disseram, está com vocês!

Puxei um celular destruído e coloquei na mesa. – Este é seu celular?

Cheguei a ver o brilho nos olhos dele quando avistou. – Não, não é este!

- Pois bem, então estamos com o celular errado, de quem é este? O senhor sabe me dizer?

- É, eu não faço ideia.

- Não mesmo? Este é o celular da vítima!

- Não é não, jogu... – Ele parou subitamente.

- Jo... O que? Não precisa parar de falar.

- Quero meu advogado...

- Pronto! É com vocês, só arranquem a confissão!

Os dois se olharam enquanto eu saia.

- O que foi aquilo?

- Meu jeito de interrogar!

- Você não interrogou, você o encurralou.

- Não gostou Greg? Na próxima vez você vai no meu lugar! – Certo, tenho que admitir que sou um pouco arrogante, mas acho que não tanto quanto acham que sou.

- Desculpa, é que você faz muito diferente.

- Vai para o México que você aprende.

Sentei na minha sala e achei uma barra de chocolate do Ardhie, ele não ficará bravo, troquei por um bilhete. Tirei meu sapato, meu chapéu e joguei no sofá.

- Como fez aquilo?

- Estudando ele enquanto os dois o interrogavam, percebi que sendo direta eu conseguiria mais em menos tempo.

- Não aprendeu isso nas suas faculdades, como aprendeu?

- Com um dos melhores agentes que o FBI já teve, desde meu estágio, meu pai, morto junto com minha mãe por um maldito assassino que o juiz disse não ter provas suficientes para prendê-lo. Tendo em mãos a arma, testemunhas e as digitais nos óculos da vítima. O desgraçado foi subornado. Não descansei enquanto não consegui provar. Meu irmão e eu não conseguimos nos conformar com isso.

- Seu irmão está em Nova Jersey?

- Sim, ele pediu transferência para lá, a namorada dele é de Jersey.

- Entendo... Bom trabalho!

- Geissom. – Ele parou e virou para mim. - Obrigada!

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