2 Michelle

2

Michelle

Michelle era a filha  mais nova de Paulo, consequentemente seu xodó, a companheira e confidente de todos os seus segredos mais íntimos, não havia absolutamente nada que um escondesse do outro, tinham uma ligação que transcendia o fato de serem pai e filha, eram amigos, confidentes, companheiros e acima de tudo, parceiros de vida.

     Michelle estava cursando a faculdade de medicina, principalmente por causa do pai, que estava pensando em passar o bastão e aproveitar a vida um pouco, descansar depois de mais de trinta anos de serviço, e por mais que amasse o que fazia, simplesmente o foco agora era outro, pois já tinha conquistado tudo o que um homem poderia sonhar, agora estava na hora de desfrutar de tudo isso, e ao mesmo tempo, dar lugar para a chegada dos mais novos.

     Mas ao contrário do pai, Michelle era uma pessoa volúvel em seus relacionamentos, nunca foi e pelas circunstâncias, jamais seria uma santa, adorava sexo em todas as suas vertentes, não havia nada que não encarasse, pois em sua mente, sexo era uma experiência tanto carnal quanto transcendental, algo espiritual, era a sua religião, era onde encontrava o verdadeiro prazer de se viver, o dia era outro quando começava com sexo e era um desperdício quando não havia, o que raras vezes era um dia desperdiçado.

     Apesar disso, não se achava uma mulher vulgar, não, simplesmente gostava e não via nisso um fator que a sociedade gosta de taxar como imoral, claro que tinha seus limites na questão de onde fazia, não era o tipo de pessoa que gostava de expor isso para todos como algumas pessoas faziam, era o ato em si que a atraía e não aonde isso acontecia, pois, para fazê-lo, para soltar a fera indomável que existia dentro dela, tinha que estar o mais distante da sociedade possível.

Michelle estava deitava nua na cama do motel onde passara a noite com um rapaz que conhecera em uma balada, não era o homem dos seus sonhos, mas chegou a lhe dar certo prazer.

     Ele estava tirando um cochilo com um leve sorriso no rosto quando ela pegou seu celular, o ligou e percebeu que tinha mais de vinte ligações perdidas de seu pai.

     Será que alguma coisa grave aconteceu?

     Ela retornou a ligação e, de repente o mundo sob seus pés caiu como um meteoro, sem aviso prévio sem nada, tudo o que ela conhecia como a vida simplesmente deixou de existir do dia para a noite.

Michelle chegou ao apartamento de Renata e viu o pai desfalecido no chão.

     –– Meu Deus, o que aconteceu?

     Renata estava tremendo, completamente aterrorizada com o que havia acontecido.

     –– Ele... ele...

     Michelle apertou seu pescoço e aferiu se ainda havia batimentos cardíacos, mas só de encostar nele já era mais do que comprovável que ele havia morrido, ela tentou manter-se serena, sua mãe jamais poderia saber daquilo tudo e só existia uma única pessoa que ela poderia contar.

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