Capítulo 4

     Sinto então o chão voltar, meus olhos estavam fechados por medo, mas então ouço a voz dele calma.

-Abra os olhos, está tudo bem agora.

     Quando abro meus olhos suas roupas mudaram e não estávamos mais na floresta.

     Quando abro meus olhos suas roupas mudaram e não estávamos mais na floresta

-Bem-vinda ao meu reino, minha adorada.

-Onde estamos ?

-Aqui é o submundo, o meu domínio.

-Você é....Hades.

-Sou, isso a amedronta ?

-Não, deu sua palavra e eu não menti quando disse que confiava em você.- disse com um sorriso.

-Que bom, vamos, vou levá-la ao meu palácio.

     Ele me estende a mão e eu a pego, andamos pelo submundo, ele me mostra e explica com calma sobre tudo e apesar do lugar onde estamos eu não sinto medo, a presença dele me deixa tranquila e sua voz me envolve de tal forma que nem vejo quando chegamos ao palácio, as grandes portas se abrem para nós e um vasto salão é iluminado por tochas, entramos e então vejo uma mesa farta.

-Com fome ?- Ele me estende uma fruta e eu aceito de bom grado.

-Obrigada.

   Como as sementes da fruta e o sabor é diferente de tudo que eu já tenha provado.

-Gostou ?

-Sim, muito.

      Ele sorri suavemente e então me mostra os cômodos, o lugar é enorme e eu poderia facilmente me perder, mas uma dúvida surge enquanto andamos.

-Você vive sozinho aqui ?

-Sim.

-E não se sente solitário ?

-Não mais, a muitas eras eu estou aqui, esse é meu domínio e não me importo mais sobre ter pessoas em volta como é no olimpo.

-Mesmo que não se importe, agora eu estou aqui, nenhum de nós dois ficará sozinho nunca mais.

   Pego as mãos dele nas minhas e aperto suavemente, ele me olha e dentro de seus profundos olhos negros eu vejo algo gentil, um calor que me faz ignorar o frio de sua pele. Ele sorri minimamente de lado e diz em tom cálido.

-Agora eu tenho você, quero que se sinta livre para me pedir o que quiser, para falar sobre o que quiser comigo, eu a ouvirei com muito gosto.

-Você está sendo tão atencioso e gentil comigo, por qual razão ?

-Você para mim é como eu havia dito, uma flor delicada que me deu a vontade de protege-la assim que coloquei meus olhos em você.

     Senti meu rosto aquecer, ser nenhum jamais havia falado daquela forma comigo e tais palavras faziam meu coração palpitar como as asas de um pássaro em pleno voo, eu parecia ter borboletas na barriga e essa sensação me distraiu por alguns segundos, Hades em momento algum desviou os olhos de mim e devagar tirou uma de suas mãos das minhas e a levou a minha bochecha, parando antes de encostar.

-Posso ?

     Eu assenti devagar e então carinhosamente ele acariciou minha face com o polegar, era um toque lento e cuidadoso, como se ele medisse o que fazer e as minhas reações, da minha parte eu apenas aproveitava o que me era dado e envolvida pelo carinho fecho meus olhos.

-É a mais bela de todas, nem mesmo Afrodite possui tanta beleza e graciosidade como você.

-Por favor não diga tal coisa, pode ofendê-la- disse abrindo meus olhos em preocupação.

-Não tema ira alguma, aqui minha palavra é ordem e lei, deus algum tem o poder de saber o que se passa aqui, este lugar é afastado de tudo e todos então seja livre para dizer o que desejar e agir como bem quiser minha adorada.

 -Por que me chama assim ?

-É como você é para mim, minha adorada, minha musa, minha luz em meio à escuridão, não tenho palavras para descrever minha admiração e adoração por você Perséfone.

    Sua voz grave era tudo em que eu conseguia focar, jamais me senti tão feliz e aérea como agora, suas palavras me enchiam de alegria e carinho, mas de repente somos interrompidos por algo que passa rente aos meus tornozelos me fazendo tomar um susto e quebrando o contato entre nós, eu olho para baixo e vejo uma sombra trêmula vagando ao redor, instintivamente eu aperto a mão de Hades e ele me responde tranquilamente pondo a mão em meu ombro.

-Isso é apenas uma sombra, muitas delas rondam o palácio evitando que qualquer intruso passe despercebido, mas não se preocupe ela não pode lhe fazer mal algum, aliás, ninguém aqui lhe fará mal, você é minha protegida.

    Eu concordo e me acalmo olhando para aquela criatura incorpórea que logo se vai com um gemido baixo e triste.

-Há muito que eu gostaria de lhe mostrar, mas você deve descansar, vou lhe mostrar seu aposento.

    Ele solta minhas mãos e então me guia até onde eu ficaria.

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