Love on the back cover
Love on the back cover
Por: driag
Apresentação

Os dias estão cada vez mais curtos, a correria do dia a dia, da rotina, as vezes nos impede até mesmo de sonharmos. Mas esse não era o caso de Alicia.

Tinha dentro de si tantos sonhos e desejos, que era exatamente isso o que a fazia viver.

Por mais difícil que parecesse realiza-los, sonhar ainda não custava nada.

- Alicia! – Ela simplesmente suspirou, forçando um sorriso para seu chefe, que se aproximou com o mesmo sorriso malicioso de sempre – Seus textos são totalmente incoerentes – Alicia assentiu, pegando as folhas que ele tinha em mãos – Não podemos publicar algo assim, totalmente sem nexo – Apontou mal humorado – Refaça isso.

E lá estava ela, recomeçando pela enésima vez, mesmo sabendo que seu artigo estava muito bem feito e estruturado, e que tudo isso não passada de implicância de seu arrogante chefe.

Os sonhos estavam todos guardados na gaveta, e naquele momento ela era apenas a redatora de um pequeno jornal na capital.

Há cinco anos tinha deixado seu pai no interior do estado ao passar em jornalismo na tão desejada Universidade de São Paulo.

Uma coisa que sempre teve muito forte dentro de si era o desejo de ser mais. Sempre apegada a uma boa leitura, desde criança, viveu grande parte da infância e adolescência com a cara enfiada nos livros e na revista, e assim, soube logo cedo o que queria pra sua vida.

Estudou, batalhou e venceu. A aprovação veio assim que ela completou seus dezoito anos, fazendo assim que ela deixasse sua casa em Ribeirão Preto e mudasse para a grande São Paulo e começasse do zero.

Mas a vida não estava sendo tão gentil assim.

- Romeu – Sorriu abrindo os braços, recebendo várias lambidas no rosto que a fizeram sorrir – Só você pra me animar agora, meu amigo – Sorriu afagando os pelos de seu cachorro, que sempre a esperava com toda a empolgação do mundo.

Parou em frente a pequena janela de sua sala, olhando São Paulo se iluminar aos poucos e desejando, por um momento, que estivesse no caminho certo, que estivesse, mesmo que a passos lentos, caminhando na direção de seu sonho, mas sabia que não.

Seu trabalho como redatora no jornal da cidade era praticamente insignificante e Fábio, seu chefe, fazia questão de lembra-la todo santo dia desse fato.

Pegou as correspondências que havia recebido mais cedo, dando agora a devida atenção e sorriu ao ver que tinha mais uma correspondência de sua mãe.

Ela ainda era a moda antiga e preservava o que a filha mais gostava: a escrita. Por isso, toda semana ela recebia uma carta escrita a mão, tendo assim, toda a emoção que sempre sentia quando seus olhos grudavam em um pedaço de papel escrito.

O conteúdo? Era o mesmo de sempre, um convite para visita-la, para passar uns dias com ela e a resposta de Alicia era sempre a mesma: não posso, não tenho tempo, quem sabe nas minhas férias.

Mas essas férias nunca chegavam, os dias iam passando e ela cada vez se atolava mais em desculpas. Faziam anos que não via a sua mãe, a saudade já machucava o seu peito. O único cheiro que reconhecia dela, era a que vinha no pedaço de papel, onde continha a assinatura da mãe.

Pegou um papel almaço, sua caneta e se inclinou sobre a mesa, pronta para dar a mãe mais uma de suas desculpas e se pegou pensando: por que não?

O seu emprego era medíocre, e estava muito longe de leva-la a uma das grandes editoras. Mal podia assinar os textos que redigia e todos os dias, era humilhada por seu chefe.

Por que não? – Pensou novamente e sorriu, marcando a data no canto direito da folha, queria se lembrar desse dia, o dia em que mudaria a sua vida.

Minha mãe, a saudade está gigante, e cresce tanto a cada dia que nem cabe mais dentro do meu peito. Prepare um café e coloque os livros sobre a mesa, estou chegando. E não tem mais nada nesse mundo que vai me fazer viver mais um dia sequer longe da senhora.

E aquele, era o seu primeiro passo em direção a mudança.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo