Aceitação

Yoon Hee ficou parada com os cartões em sua mão, mas ao ver a sua irmã parada a olhando, tentou sorrir.

–O que o príncipe de Abu-Dhabi estava fazendo aqui? – So-Yeon perguntou a sua irmã.

–Como sabe que ele era o príncipe?

–Eu vi uma matéria dele na internet. Todo mundo quer saber o motivo da vinda dele a Coréia. Há muita especulação na mídia e juntando isso com o jeito calado dele cria-se um alvoroço.

–Quando descobriu que ele era ele?

–Quando ele disse o nome dele e logo depois o lugar de onde tinha vindo, foi fácil – disse dando de ombros – mas o que ele queria com você, unnie?

–Nada, apenas me fazer uma proposta.

–Que proposta?

–Nada que seja da sua conta, mas o que sabe sobre ele?

–Hum – parou para pensar um pouco – sei que ele é conhecido pela beleza e pelo seu senso de justiça. Tem alguns irmãos, mas particularmente um famoso, conhecido como playboy árabe ou algo assim. Por ser o mais velho cuida de todos os negócios da família. Nunca é visto em escândalos, mas há alguns anos houve um boato de seu relacionamento com uma modelo, mas nada foi confirmado.

–Você me pareceu uma repórter agora – falou sorrindo – mas... Ele é uma pessoa confiável para... Fazer negócios?

–Não há ninguém tão confiável quanto ele em toda Abu-Dhabi.

–Hum.

–Pelo menos é o que dizem – falou sorrindo. – mas qual a proposta que ele lhe fez?

–De casamento.

–É sério, o que ele falou com você?

–Nada, apenas... Pediu-me para ser a guia turística deles.

–Hã?Porque ele pediria a você isso? – indagou com a expressão confusa – Unnie está me escondendo algo?

–Claro que não – dizendo isso saiu da sala rapidamente para evitar mais alguma pergunta. Entrou no quarto e deitou-se na cama. Ficou olhando para o teto afim de encontrar uma resposta para a questão que lhe afligia. Pegou no sono tarde da noite, mas seus sonhos foram povoados de imagens desconexas e lembrava-se apenas de uma coisa, ao acordar, do olhar frio e intimidador que Hassan lhe lançava. Acordou com a luz do sol entrando pela janela do quarto, olhou para o seu celular e deparou-se com as horas. Percebeu estar atrasada. Pulou da cama e arrumou-se rapidamente. Chegou à lanchonete atrasada. Desculpou-se com o gerente e logo se encontrava atendendo os clientes, entretanto uma coisa lhe tirava a concentração: a proposta feita por Hassan. Ela sabia que se aceitasse estaria se vendendo, mas admitia que ele tinha razão em relação a sua irmã. Ela queria que So-Yeon tivesse o melhor, mas do jeito que as coisas iam ela duvidava muito que a sua irmã fizesse faculdade. Continuou trabalhando com afinco, mas a cada segundo que se passava a proposta de Hassan lhe parecia mais tentadora.

Secretario Jihad não conseguia evitar a surpresa ao saber que Park Yoon Hee não havia aceitado a proposta do Sheik Hassan. Ele ainda estava parado no meio da sala de estar do quarto do Sheik em estado de choque. Olhou para Hassan, o qual se encontrava de frente para a janela.

–Devemos escolher outra agora? – Jihad perguntou sem jeito.

–Não. Vamos esperar ate amanha.

–Certo, mas o senhor acha que ela virá?

–Acho – disse com um sorriso no rosto – aquela criança me parece ser a alegria dela. Ela virá porque o futuro de So-Yeon está em jogo.

–O senhor a... Ameaçou? – perguntou incrédulo.

–Não. Apenas mostrei dois lados de uma historia. Tenho certeza que ela virá, enquanto isso quero que marque uma reunião com os meus advogados daqui. Tenho algumas coisas para colocar em ordem.

–Sim senhor – falou saindo do quarto.

Hassan ficou sozinho olhando pela janela, imaginando se ele estava realmente certo em dizer que Yoon Hee iria atrás dele.

Yoon Hee parou em frente ao enorme hotel localizado próximo ao rio Han. Respirou fundo antes de entrar e ir à recepção.

–Estou procurando pelo Sheik Hassan – informou nervosa.

–E a senhorita é?

–Park Yoon Hee.

–Um momento – disse sem expressão. Pegou o telefone falando em árabe – Pode subir. Suíte presidencial. Fica no ultimo andar no final do corredor.

–Obrigada – agradeceu indo em direção ao elevador. Apertou o botão e esperou as pesadas portas abrirem, entrou e se olhou no espelho do elevador. A sua calça jeans, sua blusa branca e seu casaco pareciam ser mais gastos do que eram naquele hotel. Tudo exalava riqueza. Não foi difícil encontrar a suíte presidencial. Ficou parada olhando para a porta, tomou coragem e bateu, ficando a espera de alguém abri-la.

–Entre – Hassan falou ao abrir a porta.

Yoon Hee passou por ele, ficando parada no meio da sala de estar.

–Sente-se – ele disse sentando-se no sofá próximo a janela – já tem a sua resposta?

–Já tenho – falou ao sentar-se de frente para ele – mas antes quero saber se o que me prometeu ainda está valendo.

–Não costumo mudar a minha palavra.

–Certo. Quero que assine um documento onde se responsabiliza por tudo o que disse.

–Não vejo problema algum.

–Esse casamento... Qual a duração dele?

–Na minha religião o casamento é considerado uma união, a qual não deve ser desfeita, há menos que o homem repudie a esposa, o que é algo raro de acontecer.

–Então terei que ficar com você para sempre?

–Basicamente.

–Se... Eu aceitar você promete cuidar da minha irmã e da minha mãe, não é?

–Sim.

–Elas poderão vir comigo?

–Não.

–Poderei visitá-las? – perguntou com voz triste.

–Sim. Você não será uma prisioneira em Abu-Dhabi. Você será a princesa de lá.

–Quanto tempo até nos casarmos?

–Uma semana talvez.

–Eu aceito me casar com você, príncipe – falou encarando-o – mas antes terá que assinar um documento onde se responsabilize pela minha família.

–Tem preferência por advogado ou preferi usar um dos meus? – perguntou frio.

–Já tenho um.

–Ótimo. Amanhã mando o secretario Jihad a sua casa. Pode falar o que precisa a ele. Ele irá lhe explicar tudo que necessita saber. – olhou em seu relógio de pulso – sua mãe estará em casa que horas?

–Acho que já está – falou confusa.

–É melhor continuarmos essa conversa no carro – levantou-se – vamos. – disse indo em direção a porta.

–Hã? – o seguiu calada. Passou pelo saguão onde muitos olhares foram em sua direção. O príncipe Hassan não costumava ser visto com nenhuma mulher. – espere – disse segurando-lhe o braço – para onde estamos indo?

–Para a sua casa – falou soltando-se dela – apresse-se, temos que resolver outras coisas ainda.

–O que vai fazer lá?

–Vamos logo – falou sem paciência indo na frente, deixando-a para trás.

–Como aceitei me casar com um homem como esse? – murmurou ao segui-lo. Saiu do hotel e o viu entrando no carro. O motorista sorriu para ela, mantendo a porta aberta. Ela entrou sem jeito e sentou-se ao lado dele. – Por que vamos à minha casa?

–Precisamos da permissão da sua mãe para nos casarmos.

–Você... Pretende dizer a verdade a ela?

–Sim.

–Posso fazer um pedido? – perguntou sem olhar para ele.

–O que seria? – a olhou curioso.

–Não... Diga a verdade a o-mmo-ni – pediu sem jeito – eu não quero que ela fique triste por mim. Não quero que pense que estou sacrificando a minha vida por ela. – seus olhos começaram a encher d'água. – apenas... Diga que nos encontramos no restaurante em que eu trabalho quando veio para cá, meses atrás. Diga que se apaixonou por mim – olhou para ele sem conseguir evitar que as lagrimas caíssem – por favor, só lhe peço que fale isso.

Hassan olhou para a pequena mulher ao seu lado sem conseguir evitar um aperto em seu coração. Colocou a mão no bolso, retirou um lenço e entregou a ela.

–Não se preocupe. Eu direi que estou apaixonado por você e por isso vamos nos casar. Fique tranquila.

–Obrigada – agradeceu ao enxugar as lagrimas – terei que me mudar para Abu-Dhabi, não é?

–Sim.

–Mas... Não sei falar árabe. Como poderei ir para lá?

–O inglês é muito falado também, fique tranquila. Quando chegarmos posso arranjar algum professor para você.

Yoon Hee limitou-se a assentir, olhou pela janela tentando desviar a atenção. Ela sentia-se nervosa e inquieta. A sensação que sentia era de estar se vendendo por míseros trocados, mas ela estava decidida a ir adiante com isso, pois queria um futuro para So-Yeon. E foi com esse pensamento que chegou em casa acompanhada por Hassan.

–Cheguei – Yoon Hee disse sem vontade ao entrar. Logo na sala sua irmã a olhava com curiosidade enquanto a sua mãe encarava Hassan – Este é Hassan al-Rashid.

–Muito prazer – cumprimentou se curvando – Sou Príncipe Sheik Hassan al-Rashid de Abu-Dhabi. – disse sério – vim pedir a mão de sua filha, Park Yoon Hee em casamento.

Todos na sala encararam o estranho casal. Yoon Hee tentava sorrir, mas sentia que havia vendido a sua alma ao aceitar se casar com Hassan enquanto ele apenas se mantinha impassível a espera das perguntas feitas pela mãe dela.

–Você disse que quer se casar com a minha filha? – perguntou sem acreditar.

–Sim.

–Você está bem? Quero dizer... O senhor é um príncipe, o que pode querer com ela?

–Príncipes também se apaixonam. Estou apaixonado por ela e por isso quero me casar o mais rápido possível.

–COMO?- a mãe de Yoon Hee gritou perplexa.

So-Yeon mantinha-se impassível. Ela sabia que algo estava errado, nunca tinha visto a sua irmã com expressão tão fúnebre quanto a que estava.

–Desde quando estão juntos? – So-Yeon perguntou encarando-o.

–Há alguns meses. A primeira vez que a vi foi no restaurante em que trabalhava. Posso dizer que foi amor a primeira vista.

–Ela nunca me falou sobre você e ontem a noite parecia não saber muito sobre ela.

–Está certa. Eu não sei muito sobre ela, por isso quero me casar com ela e assim poder conhecê-la mais, dia-a-dia. – disse com um sorriso.

A mãe de Yoon Hee suspirou ao ver o príncipe se declarar de tal forma para a sua filha, mas ao olhar para ela sentiu que algo não estava bem.

–Yoon Hee está tudo bem? – perguntou preocupada – você está me parecendo triste.

–Estou bem – disse tentando sorrir – só pensando que terei que me separar de vocês.

–Ah querida – disse a abraçando – não fique assim, mas você o ama?

–O amo – disse sem acreditar em suas próprias palavras – não consigo pensar em viver sem ele – Quando me tornei uma mentirosa tão boa? Pensou ao retribuir o abraço de sua mãe.

–Eu vou permitir o casamento de vocês – a mãe de Yoon Hee disse minutos depois – para quando pensam em se casar?

–Daqui a uma semana – Hassan disse frio.

–UMA SEMANA?

–Isso. Não posso me ausentar durante muito tempo de Abu-Dhabi – sorriu – mas não se preocupe, sempre poderá visitar a sua filha. Quando quiser é só me avisar que irei disponibilizar o meu jato.

–Você... Tem um jato?- perguntou interessada e incrédula ao mesmo tempo.

–Na verdade tenho uns três – disse dando de ombros – meu secretario virá falar com você mais tarde – falou olhando para Yoon Hee – diga a ele tudo que precisar. Arrume as suas coisas para viajar em uma semana, aproximadamente. Preciso de seu passaporte e de alguns outros documentos para dar entrada nos papeis do casamento. Entregue tudo ao secretario Jihad hoje.

–Certo – assentiu sem vontade – vamos nos casar aqui ou em Abu-Dhabi?

–Teremos duas festas. Não se preocupe. – aproximou-se dela e sussurrou em seu ouvido – pode ficar tranqüila que vou manter a minha promessa. – afastou-se e a olhou nos olhos – Adeus – disse indo embora.

Yoon Hee ficou parada vendo ele se afastar e não conseguiu evitar uma pequena palpitação em seu coração ao lembrar-se de sua voz, de seus olhos e de sua frieza.

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