O que a vida nos proporciona
O que a vida nos proporciona
Por: Karolina A Sinihur
Julieta

2 ANOS ATRÁS

-Vamos vai, Julieta... – Lucas, meu irmão mais novo, que estava jogado em minha cama, tentava me convencer para ir com ele a um show de sua banda favorita.

-Pede para o pai. – Respondi sem tirar os olhos do livro que estava lendo, enquanto o mais novo gemia de frustração por não conseguir minha ajuda.

-Você sabe que se a mãe tivesse viva, ela gostaria que você me acompanhasse, não é? – Lucas disse indo até a porta e ele estava certo, nossa mãe pediria para que eu o acompanhasse.

-Espera... – abaixei o livro e ele se virou para mim – Eu vou com você.

Não demorou muito para um sorriso aparecer em seus lábios e ele se jogar em cima de mim. Essa era a nossa relação, que apesar de termos apenas um ano de diferença, somos muito unidos em qualquer situação.

Lucas tinha quinze e se parece muito com minha mãe, que faleceu há três anos, com seus cabelos morenos e olhos verdes que exalavam a intensidade de seu olhar. Apesar de sua aparência quase idêntica a ela, a personalidade do mais novo se igualava a de nosso pai... já eu, Julieta, sou o oposto.

Com dezesseis anos, tenho os traços mistos dos meus pais, cabelos castanho-claros como o de minha falecida mãe e os olhos caramelos do meu pai, já a minha personalidade e gostos, eu tenho que admitir que puxei minha mãe. Minha mãe era uma escritora conhecida, mas acabou falecendo no topo de sua carreira por conta de um câncer, mas meu sonho é manter esse legado dela vivo me tornando uma escritora tão boa quanto ela.

-Então saímos as sete pode ser? – Lucas já longe de mim perguntou sobre os horários de hoje à noite para o show.

-Primeiro temos que ver com o pai que horas ele pode nos levar e buscar... – O avisei primeiramente e ele saiu do meu quarto para combinar a hora com nosso pai.

Peguei o meu celular e deixei o livro de lado para m****r mensagem à Isabella, vulgo minha melhor amiga desde a infância, nunca nos separamos, sempre foi nós duas por nós duas e isso fez com que criássemos uma ligação muito forte. Mandei mensagem avisado que eu teria que ir no show Jota Quest com meu irmão e sua resposta me surpreendeu de um jeito negativo:

                        “Só toma cuidado, okay?”

Não entendendo muito bem o porquê, eu apenas concordei eu comecei a arrumar as coisas por ser já cinco da tarde e por ser em São Paulo o show, teríamos que pegar a estrada de campinas até a capital...

O show já havia acabado e confesso, a banda não é tão ruim quanto pensava e apesar do show ter atrasado um pouco, não havia terminado tão tarde. Eu e Lucas estávamos esperando nosso pai para irmos embora e não demorou muito para que Roberto, nosso pai, chegasse.

A estrada estava movimentada para um dia de meio de semana e de madrugada, meu pai olhava com cuidado o trânsito, enquanto Lucas contava animado sobre o show, no banco de trás. Eu tinha os olhos em meu celular, vendo se tinha alguma mensagem do meu namorado, Davi, mas nada nem mesmo de uma ligação... foi quando respirei fundo e olhei para frente e vi um carro na contra mão, não deu tempo do meu pai desviar e tudo se tornou um breu completo...

Não sei bem o que aconteceu, as únicas coisas que eu sabia naquele momento em que abri meus olhos era que eu estava em hospital com algo na minha garganta, quando me dei por mim, comecei a tossir e percebi que tinha alguém ao meu lado que saiu para chamar outra pessoa.

-Vamos remover o tubo para que possa respirar sozinha, tudo bem? – Uma voz grossa me perguntou e eu apenas concordei, quando o tubo foi removido eu consegui respirar fundo e olhei em volta, lá estava um homem de jaleco branco, possivelmente o médico, minha tia e a Isabella.

-Ju, você acordou! – Isabella se jogou em meu colo chorosa e notei minha tia sair com o médico da sala em que estávamos.

-O que aconteceu? – Não estava entendendo absolutamente nada, em um momento eu estava voltando de um show e no outro eu estava em um hospital com a minha melhor amiga e minha tia...

-Juli, precisamos conversar... – Minha tia, Lídia, irmã de meu pai era empresária de diversos músicos e isso a mantinha ocupada e vê-la naquele momento significava algo sério.

-Oi tia, o que está fazendo aqui?

-Eu vou precisar que você seja forte para o que eu vou te falar... – Senti Isabella apertar minha mão e ali eu soube... – Você, seu pai e o Lucas, sofreram um acidente de carro e você ficou em coma por dois meses.

Meu queixo caiu ao saber que fiquei desacordada por dois meses... dois meses de minha vida perdidos...

-E o Lucas e meu pai? – Perguntei sentindo um nó em minha garganta, ninguém se pronunciou naquele momento e eu percebi que eles já não estavam mais aqui conosco. Não tendo o que fazer naquele momento, eu apenas chorei, chorei sem medo algum de secar todas as minhas lágrimas naquele momento... eu estava sozinha agora.

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