Um momento a dois

Acordei com um peso em cima das minhas pernas. 

Abri meus olhos e Vicente estava com as pernas em cima de mim.

Seus cabelos estavam soltos com algumas mechas tampando seu rosto. 

Ele parecia um anjo dormindo, não falo por ser bonito mas a tranquilidade da sua respiração e seu rosto sereno é relaxante de se olhar. 

Empurrei ele devagar e fui para o banheiro.

Tomei um banho, peguei a escova que eu sempre levo na bolsa e escovei meus dentes, coloquei meu vestido e voltei pro quarto.

Vicente estava sentado na cama com a cara amassada.

ー Bom dia! - falei e fui pegar o salto que deixei perto da cama.

ー Bom dia, que horas são? - ele perguntou e eu dei de ombros.

Coloquei meu salto ー Eu vou embora. - comuniquei.

ーAntes você vai tomar café. - ele falou se levantando e indo em direção ao banheiro.

ー Não precisa, tomo em casa. - por alguns minutos não tive resposta mas depois ele saiu.  ー Sem negociação para isso, vamos tomar café. - ele disse chegando perto de mim.

ー Ok! Mas depois eu vou embora. - falei.

ー Por mim tudo bem. - ele falou e saímos do quarto, deixei a bolsa em cima do sofá e fomos para a cozinha. 

Quando entramos tinha uma menina cozinhando, o cheiro estava delicioso mas eu não deixei de reparar nela.

Negra, seus cabelos eram cacheados e grandes, seu corpo tinha lindas curvas. 

Quando ela olhou pro Vicente  baixou o olhar e cumprimentou ー Bom dia meu senhor. 

Reparei em seu pescoço mas não tinha nenhuma coleira, suas roupas era simples e comportadas.

Fiquei surpresa ao saber que acabei  encontrando com outra submissa dele. 

ー Tiffany, minha menina. - Ele passou a mão em seu rosto e acariciou, ela sorriu meio tímida e voltou a mexer a panela.

ー Eu prefiro ir embora, Vicente. - disse um pouco incomodada.

ー Entendo, deixa eu trocar de roupas. - ele disse me olhando. ー Não precisa eu vou sozinha, Obrigada por ter me apoiado ontem. – digo séria.

ー Eu faria por qualquer pessoa. - deu de ombros.

ー Ok, agora já vou indo. – falei  me retirando da cozinha e ele veio atrás de mim, peguei minha bolsa e ele estava na frente da porta. ー Eu esqueci completamente que hoje é o dia da Tiffany. - ele disse pensativo.

ー Não precisa se explicar, ela chegou bem antes do que eu, entendo perfeitamente. - disse sendo sincera.ー Só que  não acho justo eu atrapalhar o tempo dela com você. 

Ele ficou em silêncio por um tempo e depois falou ー  Compreensivo.

ー Agora eu tenho que ir. - falei.

Ele saiu da frente da porta e abriu ela. ー Janta comigo hoje? - ele perguntou.

ー Tenho compromisso. - falei saindo do apartamento, eu não tinha nenhum compromisso ー Tenha um ótimo dia. - eu disse e ele resmungou alguma coisa antes de eu sair de lá.

Chegando em casa  tomei meu café e fui arrumar a casa.

Até que foi tranquilo porque quase não sujo nada.

Terminei o trabalho e quando foi pela tarde Joanna me mandou uma mensagem com um e-mail dizendo que era para mim m****r meu currículo junto com os dados que comprove que eu faço psicologia e foi o que fiz.

Ela falou que quando foi a uma festa com o pai dela conheceu alguns psicólogos e já que ela não tem necessidade de começar agora acabou cedendo o lugar pra mim.

Eu realmente não esperava isso dela e isso me emocionou um pouco.

Quando estava saindo do banho  uma mensagem do Vicente chega, perguntando se eu estava bem, respondi e ele me chamou para jantar novamente.

Falei a ele que não queria sair de casa que estava cansada e ele insistiu em jantar comigo aqui mesmo, então acabei aceitando.

     Desde o ocorrido mais cedo eu não penso nele, fiquei constrangida e sem reação. 

Eu não iria atrapalhar o momento daquela menina com ele, o relacionamento em uma Dominação/submissão é muito importante para os envolvidos e eu não queria estragar isso naquele momento.

Eu não sei dos sentimentos dela, muitas D/s envolve sentimentos e isso realmente torna tudo mais intenso. Eu não iria querer ficar assistindo o meu Mestre com outra mulher, eu sei que isso é um pensando egoísta meu mas é a verdade. Mesmo que não demonstramos, não é porque somos submissas que não teremos um sentimento de posse.

Ele vai ser meu dono mesmo tendo outras submissas e quando ele estiver comigo vai ser inteiramente meu.

     A campainha toca e eu fui atender, eu tinha passado a localização para ele. 

Vicente entrou e sentamos no sofá.

ー Como foi seu dia? - ele perguntou me olhando.

ー Trabalhoso e o seu? - ele sorriu de lado e disse ー Prazeroso.

ー Que bom para você. - revirei os olhos. Ele deu uma risadinha ー Você quer comer o que? 

ー Pizza. - falei

ー preferência de sabor? - neguei com a cabeça e ele fez o pedido.

ー Estou exausto. - ele disse tirando os sapatos e deitando com a cabeça no meu colo. ー Você nem é acomodado. - digo irônica.

ー Isso não é nada, já dormimos juntos. - ele olhou para mim e piscou. 

Eu realmente não consigo imaginar ele sendo um sádico por causa do jeito dele, ele é muito aberto e eu não consigo imaginar isso.

    Acho que isso é culpa dos filmes, neles o Dom sempre é frio e calculista e que conheceu o BDSM por causa de alguém ou por algum trauma.

A pessoa não pode entrar no BDSM sã ou porque ela gosta das práticas?

Acho que tudo que foge do padrão da sociedade é tratado como doença e isso é um puta preconceito.

  Fiz um carinho em seus cabelos e ele fechou os olhos involuntariamente ー Seus gestos me surpreende. - ele falou num sussurro.

ー Por que? - Fiz um carinho no rosto dele e ele sorriu. ー Você é ousada, não tem medo de se impor, mesmo eu sendo quem sou não pede permissão para fazer o que está fazendo em mim. - ele abriu seus olhos e me olhou com intensidade. ー Isso é um desafio para mim, vai ser difícil de se tornar seu Dono e eu gosto de um desafio. 

ー Você não sabe aonde está se metendo. – falei dando uma risadinha.

ー Eu só perco se você falar que não vai ser minha. - ele fechou os olhosー Fora isso tudo que vier de você é bem vindo.

ー Claro, você terá prazer e um belo corpo para explorar. - contornei o polegar em seus lábios. ー Eu adoraria fazer isso agora mesmo. - ele falou fazendo meu corpo estremecer.

ー Faça. - falei.

Ele levantou um pouco ficando quase sentado, seu rosto estava próximo do meu, nossas respirações estavam se encontrando.

Seus olhos tão penetrante em mim fez com que eu ficasse nervosa, fiquei balançada quando os seus lábios tocaram o meu cautelosamente.

Entreabri meus lábios e ele me deu um beijo lento e eu correspondi no mesmo ritmo.

Apreciei cada segundo do seu beijo e cada sensação eletrizante que passava pelo meu corpo.

Seu toque era firme em minha pele e suas carícias mexeram com a minha libido.

Eu sentei em seu colo e de leve puxei seu cabelo e com resposta ele mordeu meu lábio inferior.

Ele estava com as mãos de baixo da minha blusa e cada vez seu toque me deixava excitada, quando ele ia levantar minha blusa, a campainha tocou.

Ele encostou sua cabeça na dobra do meu pescoço e  soltou uma risada me fazendo rir também.

ー Salva pela campainha. - falei saindo do seu colo.

Ele foi atender a porta e eu fiquei igual uma adolescente sorrindo para o nada.

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