Sensual

A noite havia chegado e eu já estava cansada, tinha feito dois trabalhos e estava concluindo mais um.

Resolvi tomar um banho e comer alguma coisa.

Hoje será uma daquelas noites em que eu fico em casa lendo ou assistindo alguma coisa.

A arrumação da casa está em ordem e isso me tranquiliza.

Tinha colocado o meu pijama de ursinho quando o celular começa a tocar, é o dono da boate ou sócio dele. 

ー Alô! - atendi.

ー Tem como você vim cobri a Marilza? - ele nunca cumprimenta vai logo direto ao ponto. 

ー Tem sim. - digo.

ー Ótimo, venha logo que hoje teremos uma festa de aniversário aqui. - ele disse e desligou.

Fiz um sanduíche correndo e comi com café.

Coloquei meu vestido preto colado ao corpo e peguei meus pertences.

Antônio sempre me liga para cobrir alguém pois moro perto da boate, então entra mais dinheiro para mim.

Ele diz que minha obrigação é deixar os homens sedentos por mim que a boate ganha mais e eu também. Apesar dele ser um dos chefes ele é bem enturmado com as meninas. Ele é gay, um gay maravilhoso que se eu não conhecesse diria que era hetero. Ele é muito sério mas é uma ótima pessoa.

Chego na boate e entro pela entrada dos funcionários.

Vou direto ao camarim, as outras meninas estavam lá se arrumando.

ー Boa noite! - falei desanimada.

Elas responderam mas continuaram se arrumando.

ー Como você vai cobrir a Marilza terá que fazer o que ela faz  - Jéssica uma morena alta dona de um corpo de tirar o fôlego veio falar comigo. 

Esqueci completamente que a performance da Marilza envolve nudes.

ー Não faça essa cara, você não precisa ficar totalmente nua, só instigar eles, ok? - ela disse compreensiva.

Confirmei com a cabeça e ela foi se arrumar.

Peguei uma roupa de couro, melhor dizendo micro roupa.

Um sutiã, um short que tem uma liga pra encaixar as meias, ele tem uma fenda na frente com detalhes de tiras e argolas pequenas, o cós alto dele modela meu corpo magro porém com curvas. 

Me troquei rapidamente e me maquiei. Hoje fiz um esfumado preto com um batom vermelho sangue.

Coloquei o salto agulha e peguei um chicote como acessório. 

Meus pensamentos me traem e me levam até o Vicente.

Fantasio ele me tocando e estimulando nas sessões com o chicote, a ardência que ficará na minha pele com o impacto  e o toque dele que cessará a dor e me trará o prazer.

Eu não sei se gosto da dor, não tive minha iniciação ainda, mas só de pensar que ele usará ela pra me proporcionar prazer me deixa excitada e cada vez minha expectativa aumenta.

ーVocê vai ter que dançar pro aniversariante, ele vai está sentado na cadeira. - Jéssica me instruiu. 

ー Eu não acredito que eu fui me esquecer dessa parte. - resmunguei. ー O que pode dar de errado? - perguntei pra mim mesma.

ー Relaxa, pelo menos o aniversariante é um gato. - Sandra disse, ela é gordinha, mas não deixa de ser linda.

Aqui na boate não te contratam por padrões de beleza, eles te contratam pela sua performance e eu acho isso muito bom.

ー Me acalmou muito em saber disso. - falei irônica.

ー Ainda bem, pois você vai abrir o show. - ela disse no mesmo tom.

Ok, agora sim estou nervosa.

Os minutos foram passando e eu estava treinando um pouco em uma sala separada.

A música escolhida foi a Do It for me- Rosenfeld.

As apresentações com ela me deixa relaxada e por eu ser a atração principal hoje, quero ser totalmente segura e sedutora.

Estou trabalhando nessa minha insegurança, mesmo dançando na boate as vezes eu fico tímida e acabo me fechando.

Acho que hoje vai ser o primeiro passo pra jogar essa timidez no lixo.

Jéssica apareceu na porta e fez um gesto para me alertar que está na hora.

Respirei fundo e soltei o ar tranquilamente, o chicote já está na minha mão então fui em direção a entrada do palco. 

Algumas meninas estavam perto e me desejaram sorte. 

O palco estava escuro ainda, hoje não vou usar a barra de ferro, hoje o instrumento vai ser minha sedução. 

A música começou a tocar e alguns homens ficaram um pouco agitados, o palco começou a ficar preenchido de fumaça sintética e a luz parou em mim quando eu já estava posicionada. 

Comecei a me movimentar com leveza e determinação.

Nessa apresentação eu estou no comando e eu sou a Deusa que eles tem que se ajoelharem para adorarem.

O aniversariante subiu no palco com um sorriso no rosto, não posso negar que ele é lindo. Acho que foi um dos homens mais bonito que eu já vi. Negro, alto e dono de lábios carnudos que só de ver tenho vontade de provar.

Quando cheguei a um metro da cadeira que ele estava sentado fiz um giro bem sensual e estalei o chicote no chão, ele sorriu e os homens em nossa volta uivaram como se eu fosse o único pedaço de carne na mesa, na verdade eu sou.

Quando eu sentei no colo dele seu membro estava rígido, mordi meu lábio inferior e rebolei em cima dele.

ー Você é uma delícia! - ele apertou minha cintura com força. 

Sorri quando me levantei e comecei a dançar mais uma vez.

Eu só não esperava de ver o Vicente no meio daqueles homens, isso me balançou um pouco mas não demonstrei.

Voltei meu olhar para o homem que estava sentado naquela cadeira e passei as mãos em meu corpo me fazendo arrepiar com o meu próprio toque.

Eu não vou ficar nua, mas irei provocar  muito.

Cada passo e gesto que ia fazendo, mais os homens ficavam alvoroçados.

Quando dei por mim o chicote estava na mão do aniversariante e quando mau esperei senti o impacto na minha costas, eu não senti a dor de imediato meu sangue está quente. 

Mas quando Antônio percebeu o que aconteceu mandou parar a música e veio ao meu encontro. ー Você está bem? - afirmei com a cabeça e ele foi de encontro ao rapaz. 

Vi quando ele pegou o chicote  e chamou os seguranças. 

Quando eu ia sair do palco esbarro em alguém que segurou meus braços com delicadeza.

ー Como você está? precisa de um médico? - ele me perguntou agitado demais. ー Estou bem, não precisa se preocupar. - falo e Vicente me solta.

Outro homem bem parecido com ele porém o cabelo não é grande chegou perto de nós dois. 

ー Desculpa pelo que aconteceu, meu amigo não sabe controlar seu instinto. - ele ficou sério quando Vicente olhou feio pra ele. 

ー Eu vou ir fazer uma ocorrência contra ele, isso é agressão. - falei e passei pelos dois.

Senti que alguém veio atrás de mim mas não me virei.

Quando cheguei no camarim as meninas estavam lá. 

Me encheram de perguntas, não consegui responder nenhuma antes de beber água. 

Vi que Vicente estava na porta me observando coloquei meu vestido, não tirei a roupa do show.

Quando Antônio veio falar comigo, ele disse que era pra mim ir na delegacia da mulher, mas não poderia ir comigo por causa da boate.

Vicente se ofereceu pra ir como testemunha, então peguei minhas coisas e fomos.

                 ✖️✖️✖️

O caminho foi silencioso, conforme a adrenalina normalizava em meu corpo eu sentia a dor da chicotada e isso estava me incomodando.

ー Você precisa ir em um hospital. - Vicente falou parando em frente a delegacia da mulher.

ー Ok, depois que eu sair daqui. - falei saindo do carro.

Entramos dei meu nome para uma policial e ela disse que iriam me chamar para pegar meu depoimento. 

Exatamente 30 minutos esperando sentada ao lado de Vicente e com outras pessoas na sala de espera, quando eu fui chamada contei o que ocorreu, descobri que o homem era amigo do Vicente e que se chamava Daniel.

Vicente deu seu depoimento e falaram que vão "averiguar" e pegar o depoimento do meu agressor.

Como tinha a marca e testemunhas, não precisou fazer corpo de delito.

Não contei quanto tempo eu passei na delegacia mas eu já estava doida para ir embora. 

ーAcho que não tem necessidade de ir em um médico. - digo quando saímos da delegacia.

Vicente me olhou e fez cara de poucos amigos. ー Posso pelo menos cuidar de você? - ele perguntou um pouco autoritário demais.

ー Eu sei me virar sozinha. - Não entendo o porque dessa preocupação, nos conhecemos não tem nem uma semana.

ー Você mal me conhece, não deve se preocupar. - terminei de falar quando chegamos no carro.

ー Desde o momento em que você aceitou ser treinada por mim eu tenho a obrigação de cuidar de você. - Ele parou na minha frente.

ー Vai fazer o que? - olhei em seus olhos.

Ele é uns trinta centímetros maior do que eu, pareço uma criança ao seu lado.

Ele tirou uma mexa do meu cabelo que estava em meu rosto e colocou atrás da orelha. 

Seu toque me transmitiu uma energia boa mas me deixou nervosa ao mesmo tempo.

ー Tudo bem ranzinza você pode cuidar de mim. - falei por fim torcendo para não me arrepender depois.

Ele deu um sorriso de lado e falou ー Ranzinza é você, nem parece ter a idade  que tem.

ー Ei... Você que é todo agitado e eu sou normal. - disse fazendo um biquinho.

ー Não, eu sou o tipo normal de ser humano, você que é a ranzinza aqui. - ele disse bagunçando o meu cabelo o que me deixou extremamente puta da vida.

ー Viu só? quem é a ranzinza aqui? - ele provocou.

ー Ninguém gosta de ter o cabelo bagunçado. - falei enquanto eu tentava arrumar a bagunça que ele fez ー Isso não se faz seu nojento. - falei quando entramos no carro.

Ele soltou uma gargalhada ー De ranzinza a nojento, está ótimo para mim. - revirei os olhos. ー Vou tentar não te irritar mais. - ele disse tentando segurar o riso.

ー Haha..... Você é muito infantil. 

ー Já conversamos sobre isso ou terei que mostrar? - ele arqueou uma sobrancelha.

ー Me mostra. - desafiei ele. 

Eu não sei o que está acontecendo comigo, ele me faz ter a impressão que nos conhecemos a muito tempo. Ele me faz querer ser ousada.

Ele ficou me olhando por um tempo mas logo deu a partida no carro.

Ele ficou sério a viagem toda, foi quando percebi que ele não estava indo em direção a minha casa e isso me preocupou.

ー Pra onde está me levando? - tentei manter a calma, eu ainda não confio nele.

ー Minha casa. - ele foi monótono.

ー Não tenho nada pra fazer lá. - falei.

ー Eu disse que iria cuidar de você. - ele entra no estacionamento do apartamento. ー eu não vou te fazer mau.

Confesso que eu estava com medo.

Ninguém sabia que eu estava aqui, ninguém iria notar meu sumiço.

Chegamos rápido no apartamento, já era madrugada e eu estava cansada. 

O apartamento dele é espaçoso e bem elegante. Os tons de preto e azul marinho deixava o ambiente misterioso.

Era tudo muito perfeito e nada estava fora do lugar.

ー Você pode tomar um banho e eu irei pegar uma roupa pra você. - ele me olhou ー Meu quarto fica no final do corredor. - ele disse apontando na direção e depois saiu.

Fui para o quarto que estava impecável de arrumado.

O quarto também é grande com as paredes brancas e sua decoração em tons neutros.

Na mesa tinha aquela "bagunça organizada" e um porta retrato na foto ele estava com o rapaz que vi mais cedo.

Os dois são muito parecidos, diria que são irmãos.

Acabei de olhar e entrei no banheiro, me despi e entrei no Box.

Foi relaxante quando a água quente teve contato com minha pele.

Eu não sei quanto tempo fiquei no banho mas quando sai dei de cara com um Vicente sem camisa, com calça de moletom e com o cabelo preso sentado na cama.

Segurei a toalha com mais força quando ele me olhou dos pés a cabeça.

ー Você pode vestir essa blusa minha. - ele diz vindo em minha direção com uma blusa preta nas mãos ー Ou se preferir pode ficar sem roupa. - ele sussurrou a última parte o que fez com que meu corpo esquentasse.

Peguei a blusa e voltei pro banheiro, eu já tinha colocado uma calcinha que sempre guardo na bolsa por emergência.

Vesti a blusa que ficou parecendo um vestido e o cheiro do perfume amadeirado de Vicente preencheu minhas narinas.

Tomei coragem pra sair e ele estava sentado na frente do notebook. 

ー Eu só tenho que enviar um e-mail e vou ser todo seu. - ele disse sem me olhar.

Sentei na cama deixei minha bolsa do meu lado e peguei meu celular.

Respondi as mensagens que Antônio me enviou e outras das meninas, falando que eu estava bem.

Não demorou muito e eu senti um peso afundar o colchão, terminei o que estava fazendo antes de voltar minha atenção a ele.

ー Posso ver  suas costas? - ele perguntou e eu afirmei com a cabeça.

Me virei e ele se ajoelhou atrás de mim, suas mãos levantaram lentamente a blusa e isso reagiu em meu corpo de um modo positivo.

Ele passou o dedo levemente aonde foi atingido e estava dolorido.

ーEssa marca roxa vai demorar a sair. - senti ele levantar e ir em direção ao banheiro, ele retornou com uma pomada.

Passou em cima do hematoma que estava dolorido e eu trinquei os dentesー Sinto muito pelo o que aconteceu, Daniel é irresponsável. - ele falou fazendo carícias na minha costas. 

ー Eu não imaginava que ele iria fazer isso, se não eu não tinha pego o chicote como instrumento. - falei sendo sincera.

A cada toque dele eu ficava mais relaxada e solta.

ー Infelizmente tem pessoas sem controle até mesmo na comunidade, mesmo tendo regras e tudo sendo na base do SSC existem os abusivos e o Daniel se enquadra neles. - ele explica. 

ー As D/s que ele teve todas as submissas saíram sequelas. 

ー E não fizeram nada? - perguntei perplexa.

ー Ele atua com contrato, então é meio difícil alguém afirmar que não foi pelo SSC. - ele parou de fazer carinho. SSC são, seguro e consensual, qualquer relacionamento no BDSM é baseado nessas regras e se não forem baseadas é uma relação abusiva.

ー Eu não quero você perto dele, nem em eventos nem na sua vida baunilha. - ele disse sério e então eu me virei pra ele. 

ー Sabe que eu não vou chegar perto dele. 

ー Ótimo. - ele me olhou intensamente ー Vou te dar alguns livros e enviar alguns artigos pra você estudar.

ー Tudo bem. - sorri.

Ficamos deitados conversando até que o sono me tomou pra si.

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