O conhecer(parte dois)

Depois que almoçamos juntos, ficamos conversando um pouco, ele não é tão intimidador como pensei. 

Descobri que ele é 13 anos mais velho do que eu, sendo que eu tenho 20 anos.

Ele disse que se eu aceitar ser sua submissa vou ter mais duas irmãs de coleira.

São outras submissas, eu acho que não me importarei com isso, não vou ter contato com elas. 

No BDSM as sessões não são voltada ao sexo, mas pode haver se a submissa concordar.

ー Quer saber alguma coisa pessoal minha? - ele me perguntou me tirando dos meus devaneios. 

A verdade é que eu tenho mil perguntas mas isso não é uma entrevista. ー deixa fluir naturalmente. -falei e ele concordou com a cabeça.

ー Por que dança naquela boate? - ele perguntou pegando um cookies do prato.

Saímos da mesa e sentamos em um sofá de couro com uma mesa de centro em sua frente.

O escritório dele é bem aconchegante, descobri que ele é um dos donos da rede de hotel Ferri's, o outro dono é o tal Jonathan que é primo dele e que também faz parte da comunidade. 

ー Se eu não danço morro de fome, como não tenho experiência nenhuma é difícil arrumar emprego. - é a verdade.

No Rio de Janeiro é muito difícil arrumar emprego para quem não tem experiência nenhuma, minha única coisa no currículo é a dança e a faculdade de psicologia que não está terminada.

ー Seus pais não te ajudam? - ele estava pensativo.

ー Não. E não quero falar sobre eles. - falei ríspida.

ー Tudo bem, pais é uma área proibida. - ele falou mais pra si do que pra mim.

ー Você tem um relacionamento baunilha? - ele arqueou a sobrancelha.

ー Não, eu não estou envolvida com ninguém emocionalmente. - bebi um pouco do suco de maracujá.

ー Me surpreende você saber os termos, mesmo que sejam os mais conhecidos. - ele diz sorrindo.

ーVocê costuma recrutar garota que não é do meio da comunidade? - ele me analisou por um tempo e depois respondeu ー A verdade que não costumo me relacionar com pessoas fora da comunidade, principalmente submissa. - ele tirou uma mexa do seu cabelo que estava caindo no seu olho. 

ー Você realmente me instigou. - meu rosto esquentou de vergonha,

me assusta ele ser sincero com as palavras. 

ー Você não se importa de não te chamar de senhor? - pergunto um pouco retraída.

ー Não vai me fazer menos Dom se você não se referir a mim como senhor no momento, mas quando você for minha vai ter que se referir a mim como eu desejar. - ele disse e seu celular começou a tocar.

Pediu licença pra vê quem era e desligou. ー Jonathan é bem irritante as vezes.

- dei um risinho tímido.

ー Você verá que ele é irritante. - ele disse voltando sua atenção pra mim.

ー Ou você que é ranzinza. - provoquei.

ー Você feriu meus sentimentos. - ele disse com um drama colocando a mão no coração.

revirei os olhos e ri.

Ele ficou sério me olhando e eu parei de rir na hora, será que eu fiz algo de errado? ficamos por um tempo se encarando e isso estava me matando.

ー Você tem que vê sua cara de "oh meu Deus, eu fiz alguma coisa errada?" - ele disse rindo de mim. 

Cutuquei ele e comecei a rir aliviada. 

ー Isso não se faz com quem acabou de conhecer. - digo fingindo que estou brava. 

Saber que ele não é um escroto fora do BDSM me reconforta bastante. 

Ele me deixa a vontade e isso é ótimo.

ー Você deveria vê a sua cara, sério. - ele deu uma gargalhada e isso me fez rir também.

São poucas pessoas que conseguem me fazer se sentir confortável.

Eu sou uma pessoa tímida apesar de tudo, não gosto de muita conversa.

Acho que por causa da minha infância, meus pais não permitiam que eu falasse muito, o pouco que eu conversava eram com a minha prima.

A verdade é que meus pais são muito tóxicos. A religião fez a cabeça deles e com isso eu sofri as consequências.

Me viro sozinha desde os 16 anos, já dormi na rua, passei fome mas nunca desisti de mim.

Fiz coisas que eu não gosto de lembrar, mas a vida na rua não tem limites para os jovens. Posso dizer que eu dei sorte de ter sobrevivido a ela. 

ー Você quer que eu arrume um trabalho para você? mas se quiser não precisa parar com a dança, eu não vou me meter na sua vida. - ele diz ficando sério novamente.

ー Eu não tenho experiência com nada além da dança e a psicologia, estou tentando arrumar algum consultório que pague pra estagiários. - falei um pouco sem graça.

ー Se você quiser eu posso ver isso, tenho alguns amigos que são psicólogos. - ele disse.

ー Você faria isso por mim? - perguntei sem demostrar minha emoção.

ー Claro, vou treinar você, então quero o seu bem e também gosto de ajudar. - ele deu um sorriso doce.

ー Obrigada!

ー Não por isso. - ele disse chegando perto de mim. ー Me agradeça quando eu te der o primeiro orgasmo. - ele sussurrou a última parte perto do meu ouvido e isso me fez arrepiar toda. ー Me lembre de fazer isso. – digo ficando frente a frente com ele. 

Nossos rostos estavam tão perto um do outro que se eu me mexer acabo beijando ele.

O celular dele tocou novamente e eu me afastei. 

A surpresa no rosto dele é tão nítida que chega a ser engraçado. 

Então ele acha que eu não iria reagir dessa forma? achou errado, não é só porque sou mulher que não posso provocar também.

Ele pediu licença pra atender o celular, enquanto isso chequei minhas mensagens também.

Tinha muitas de Joanna querendo saber quem era o Vicente e o que eu estava fazendo com ele. Dei uma desculpa esfarrapada, óbvio que não vou falar o que ele queria comigo. 

ー Querida, Vou ter que te deixar por hoje, tenho uma reunião de negócios. - ele diz vindo em minha direção e eu fico de pé. 

ー Não tem problemas teremos tempo pra conversar. - dei um sorriso a ele. ー Sim teremos. - ele sorriu de volta. ー Posso te levar em casa? 

ー Não é necessário. - digo pegando minha bolsa.

ー Então vou pedir um dos motoristas do hotel para te levar. - ele insistiu.

ー Por mim tudo bem. - digo. 

Nos despedimos depois que ele pediu pra algum funcionário me levar. 

Eu não estou acreditando que eu vou ser treinada para ser submissa. 

Acho que vai demorar um tempo pra me acostumar a idéia, mas eu também não tenho nada a perder já que tenho muita curiosidade no assunto.

Quando cheguei em casa tomei um banho relaxante e fui fazer os trabalhos da faculdade.

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