Meu eu submissa
Meu eu submissa
Por: anne oliveira
Introdução

       INTRODUÇÃO 

Toda vez eu paro e penso se o que faço é realmente certo, me pego pensando no quão minha vida mudou. Eu era apenas uma garota quando fui colocada pra fora de casa porque não esperei até o casamento para perder a virgindade. 

Meus pais são totalmente religiosos e preconceituosos tanto que eu tive que fazer minhas aulas de dança escondido. 

Se eles me vissem aqui estariam tendo uma ataque cardíaco.

          Quando uma música sensual começa a tocar e a luz foca em mim giro na barra de ferro com toda sensualidade que ensaiei em casa.

É sempre assim, todas as quintas eu danço na boate  Bird, não faço isso porque gosto de fazer, eu não odeio mas também não é o emprego dos sonhos. Porém foi o único trabalho decente que arrumei, então para não passar fome estou aqui dançando para um bando de homens bêbados e ridículos que traem suas esposas com o primeiro rabo de saia que vê pela frente.            Como eu sou a mais nova das garotas fico com a última apresentação, isso é um saco porque tenho que ficar até a boate fechar e sempre fico cansada para ir  na faculdade no dia seguinte. 

Quando termino minha apresentação e recolho o dinheiro jogado no palco para mim, vou para o camarim me trocar.

Essas micro roupas machucam de tão apertadas que são. 

Sento em frente ao espelho apenas com um roupão cobrindo meu corpo e retiro minha maquiagem. 

Fico me observando por um instante, sou a cópia perfeita da minha mãe, meus cabelos pretos de contraste com minha pele cor de amêndoas, olhos cor de mel, os lábios eu herdei do meu pai, carnudos com a cor vermelha clarinha.

Fico um tempo pensativa olhando pro espelho perdida em pensamentos confusos, presa na exaustão. 

Quando voltei a realidade tomei um susto com o homem que estava me olhando, me virei para ele já falando 

ー É proibido clientes nesse ambiente. - falei rude e com a cara fechada.

Odeio quando isso acontece. 

ー Calma senhorita, não vou fazer nada com você. - ele disse levando as mãos ao ar.

ー O que você quer? - Espremi os olhos e fechei meus punhos ao lado do corpo. Se ele tentar alguma coisa eu parto para cima dele.

Eu não me sinto confortável em ficar sozinha com algum homem mesmo que ele seja conhecido, tenho medo.

ーConversa, vou esperar você se vestir. - ele diz se retirando do quarto. 

Respirei e inspirei para me acalmar. 

Me arrumei rápido de mais antes que ele entrasse novamente. Pego minha bolsa e saio do local, ele estava parado no corredor encostado na parede mexendo no seu celular. Não aparenta está bêbado, acho que isso é um bom sinal. 

Ele aparenta ter trinta anos, branco, cabelos na altura dos ombros com algumas mechas douradas dando vida a suas ondas, sua barba por fazer. 

Por um momento eu fiquei com inveja do seu cabelo, como pode um homem ter o cabelo mais bonito do que de uma mulher? 

Eu sempre fico indignada com isso. Quando ele me olhou pude vê a cor de seus olhos. 

Nunca alguém me olhou com tamanha intensidade que ele me olhou, seus olhos Ônix me observou por tanto tempo que parecia uma eternidade. Enquanto mais eu olhava mais eu queria olhar, eu estava hipnotizada por aqueles olhos.

  

     Ele guardou o celular no bolso e eu passei direto por ele, senti que ele me seguia então eu saí da boate que já não tinha mais nenhum cliente, só havia o pessoal da limpeza.

  ー O que você quer? - pergunto olhando para ele e o mesmo parou a centímetros de mim.

Seu perfume masculino preencheu minhas narinas, sei perfume era amadeirado.

ー Te fazer uma proposta. - sua voz grossa saiu baixa o suficiente só para mim escutar. 

ー Eu preciso ir embora, daqui a pouco tenho aula. - ele ergueu uma sobrancelha. ー Então posso te dar uma carona, eu não sou um psicopata. - ele falou sorrindo. ㅡ mesmo que agora pareça. -ele tentou fazer uma piada.

ー Não tem como saber e eu não moro longe daqui. - digo retornando a andar.

ー Não seja por isso, eu amo uma caminhada noturna. - ele disse irônico.

Estava chegando quase em casa, eu moro uma quadra da boate em uma kitnet. Parei e novamente olhei pra ele ー Fala. - ordenei e ele tirou um cartão do bolso.

Tinha um número e o nome Vicente, ele esticou a mão e eu peguei. ー Espero sua mensagem. - ele disse e simplesmente virou e saiu andando.

É cada doido que me aparece que tenho que pedir proteção para todos os deuses que conheço. 

   Entrei dentro de casa não deu tempo de comer nada e me joguei na cama, eu tinha 4 horas para dormir e iria tentar acordar para ir na faculdade

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