Quando Eles Choram
Quando Eles Choram
Por: M.L. Paula
Os grupos

Na Universidade de Lawrence, Christian estudava cinema, era o típico nerd que vemos nos filmes, digamos que ele estava na melhor fase de sua vida. Mesmo tímido, teve facilidade em encontrar amigos, e sua tão idolatrada namorada, Aimée, peço que deixe isso entre a gente, mas sua beleza pode ter ajudado bastante nisso.. Diferente da maioria, nenhum deles moravam na faculdade.

Era mais uma manhã nublada de terça-feira. Christian se prepara para mais um dia de aula, um dos últimos por sinal, embora ainda tivesse dúvidas do que faria após a faculdade não via a hora de tudo isso terminar. De frente para o espelho, ele tentava manter seu cabelo arrumado quando recebeu a mensagem em seu celular.

"Já está vindo?" Aimée diz.

"Chego em dez minutos" Ele responde.

Christian fazia de tudo para não andar de ônibus, sempre que precisava ir até a casa de Aimée preferir ir andando mesmo. Enquanto se olhava no espelho pela última vez antes de sair, se lembrou de quando entrou na faculdade, tinha certeza que jamais faria amigos por ser nerd e apaixonado por super heróis, agora com 21 anos tudo havia mudado, tinha amigos, uma namorada tão incrível que nem nos seus melhores sonhos foi capaz de imaginar. Foi comparando o presente e o passado que saiu de casa

 A rua estava totalmente vazia, o que era muito estranho para uma terça de manhã, mesmo com o frio que fazia, as pessoas deveriam estar indo para suas aulas e trabalhos. Christian coloca as mãos dentro do bolso do casaco e segue em direção ao seu destino. 

Mas algo o incomodava,tinha a estranha  sensação de estar sendo observado, chegou a olhar para trás diversas vezes durante o caminho, acelerou e diminuiu seu passo, e nada parecia mudar, chegou a se questionar se estava louco, não havia ninguém na rua, às casas todas fechadas, certeza que tudo isso se tratava apenas da tensão por causa do fim das aulas. Quando chega à casa de Aimée, a encontra saindo junto com seu irmão Carlos.

– Mesmo depois de quatro anos, não sei como eu ainda acredito nos seus 10 minutos. – Diz Aimée com ironia enquanto vai em sua direção. Ela fica na ponta dos pés para beijá-lo.

– Que nojento... – Carlos diz olhando pra baixo

– Demonstrar amor por alguém é nojento pra você, Carlos? – Christian provoca

– Se tratando da minha irmã, é sim. – Carlos responde

Christian não responde, apesar de ser o mais novo Carlos era o dono do carro, e perder essa carona até a faculdade não era nada agradável. 

- Então, dá pra gente ir logo, ou os pombinhos preferem ficar ai? – Carlos grita

– Bem que seria uma boa ideia. – Diz Aimée com um sorriso malicioso

– Me arrependo de ter apresentado vocês. – Carlos comenta entrando no carro.

– Não se arrependa. Foi a única coisa útil que você fez na vida. – Christian responde.

– Idiota – Carlos resmunga

Eles entram no carro e vão em direção a Universidade, como qualquer dia dos últimos quatro anos, poucas palavras foram trocadas, Carlos preferia sempre deixar o som um pouco mais alto que o necessário para não correr o risco de ouvir sons de beijos ou conversas melosas demais.

Depois de um tempo procurando uma vaga para estacionar, o que já era complicado e estava ficando mais ainda, graças ao fim do ano letivo. Eles foram juntos em direção ao prédio de cinema da faculdade, um enorme prédio vermelho com vidraças, sem dúvida o mais moderno, o que tornava impossível a desculpa de ter se perdido ao chegar atrasado. 

As turmas de cinema eram as que davam mais retorno à faculdade, trabalhos com filmes traziam dinheiro, que era usado para manutenção do próprio prédio.

– Achei que vocês não viriam mais. - Julieta os esperava perto da entrada.

– A  gente nem está tão atrasado assim. – Aimée disse

Os pais de Aimée e os pais de Julieta são amigos de longa data, por isso os três são amigos desde de que conseguem se lembrar

– Oi Ju! – Carlos diz, cada dia era mais difícil tentar esconder que ele é louco por ela. 

– Oi lindinho – Julieta responde, ela é tão apaixonada por Carlos, quanto ele é por ela, mas nenhum dos dois nunca comentou a respeito. 

– E depois vem falar que nós dois que somos nojentos né. – Christian diz rindo junto a Aimée.

– Idiota – Carlos dá um soco no ombro de Christian sem graça.

Dentro da sala de aula, a euforia das últimas semanas predominava, eles eram a turma mais nova a se formar.

– Gil, hoje vão ser definidos os grupos do TCC? – Christian perguntou assim que entrou na sala e viu seu amigo.

– Espero que sim. Quero fazer isso logo. – Gil respondeu

Gil era o alegre do grupo de amigos, e especialmente hoje estava bem mais alegre que o necessário para uma manhã fria de terça feira.

Raphael entra na sala e como de costume chamava mais atenção do que um desfile de carnaval em novembro, se é que me entendem, ele é do tipo filhinho de papai, acredita-se que nunca ouviu um "não" na vida, tinha tudo que queria e uma chuva de garotas pareciam se jogar aos seus pés. 

– O Raphael tá um arraso hoje – Gil sussurra pra Christian.

– Menos Gil, menos... – Christian diz rindo

Raphael vai em direção a Julieta, que está sentada ao lado de Carlos.

– Oi Ju – Raphael diz parando em frente a Julieta que lhe retribuiu um olhar recheado de indiferença.

– Pra você é Julieta e só –  Ela revira os olhos ao dizer

– Não tem problema, gata. Posso te chamar de tantos nomes. – Raphael responde sem perder a pose, em seguida tenta abraçar Julieta, como se fosse algo normal, mas como tem acontecido nos últimos anos ela só tenta desviar já de saco cheio de tudo isso. 

– Não toca nela. – Carlos empurra o braço de Raphael, que lhe encara semicerrando os olhos. 

– Quem vai fazer eu parar? Você? – Raphael pergunta com ironia para provocar Carlos 

– Eu não bato em gente menor que um metro e setenta – Carlos responde com um leve sorriso no rosto

– Você não bate ou não consegue? – Raphael tenta provocar novamente

Carlos levanta e fica de frente para Raphael, mostrando como ele era mais forte e mais alto, Raphael dá um soco em Carlos, que com o impacto acaba virando um pouco o rosto, mas não perde a postura. 

– Nem fez cócegas. – Carlos revida o soco e Raphael cai no chão já com o nariz sangrando.

A turma começa a correr para assistir, formando uma multidão em volta deles, metade dos presentes gostaria de bater em Raphael, mas nunca tiveram coragem suficiente para isso, Raphael mesmo sangrando se levanta e tenta mais uma vez dar um soco em Carlos, que acaba desviando e torce o braço de Raphael, como se quisesse quebrar.

– Carlos, para! – Julieta grita, Carlos estava preparado para dar quantos socos fossem necessários, mas foi impedido por Christian que segurou seu braço

– Para com isso agora – Christian diz sério.

Todos sabiam que provocar Carlos nunca era uma boa ideia, ainda mais quando se tratava de Julieta, mas Raphael que nunca soube lidar com o desprezo de Julieta, fazia com frequência. 

Carlos ainda estava em uma junção de adrenalina e raiva quando Julieta surge na frente dele, e não foram necessárias palavras para ele se acalmar, só o olhar dela já dizia tudo. Carlos sentiu seus músculos se relaxarem e se deu conta do que tinha feito.

Julieta já tinha contado uma vez que odiava essas coisas, pessoas que perdiam a paciência não eram confiáveis. Naquele momento, Carlos percebeu que ele podia ter vencido uma briga contra Raphael, mas perdeu parte da admiração de Julieta.

– Desculpa... – Foi a única coisa que Carlos conseguiu sussurrar para Julieta, antes que o diretor William chegasse.

Carlos não tinha o costume de ter problemas na faculdade, o que mais lhe preocupava era Julieta. Ele buscava outra coisa para prestar atenção, era uma técnica para se acalmar depois de uma crise de nervos. Quando estava saindo do auditório, olhou pro canto, e viu um garoto um tanto estranho. 

 "Esse cara me dá arrepios" – Ele pensou.

Breno era um garoto um tanto quanto estranho, não se enturmava com ninguém, desde que se mudou para Lawrence, não sabiam muito sobre o passado dele. Ele escondia segredos e talvez até traumas do seu passado. Quando era criança, assistiu a mãe morrer pelas mãos do padrasto e desde então ele se isolou. Teve depressão, crises de pânico, pesadelos constantes, andava sempre vestido de preto. E ninguém sabia como ele tinha conseguido entrar na faculdade.

Enquanto Carlos e Raphael saiam acompanhados do diretor e de Julieta, que seria uma testemunha, Bella chegava no auditório, como sempre atrasada, e com um short mais curto do que a paciência de Carlos.

Bella era uma garota popular, mas por um motivo ruim, talvez por ser muito vulgar, muito desbocada e explosiva, era muito fácil levá-la até um motel qualquer, Bella não tinha a menor noção sobre fidelidade e até julgava careta quem tinha. Gostava muito de ter atenção, achava fantástico dormir com um cara por noite às vezes até mais, era uma garota bonita isso é impossível negar, loira dos olhos verdes e um corpo que muitas das vezes era comparada com alguma obra de arte. 

– O que foi que eu perdi? - Bella pergunta enquanto caminha pelo auditório, um pouco espantada com a cena

– Nada que interesse a você -  Aimée fala com desprezo.

Aimée e Bella eram inimigas mortais, não se sabe totalmente o porque, mas acredita-se que por Bella ter namorado com o Chris no primeiro ano de faculdade, atingindo a incrível marca de 5 dias até que ela o traiu, conforme já era esperado por muitos.

– Eu não estava falando com você, sua intrometida, eu estava falando com o meu pudinzinho. - Bella responde enquanto pisca para Christian para provocar

–Não me lembro de ter jogado milho aqui, pra você está ciscando perto do meu namorado. - Aimée responde e dá um beijo no Christian como se dissesse "É meu".

–Ta bom, meninas não briguem e Bella já falei pra você parar de me chamar de pudinzinho. – Christian diz demonstrando estar um pouco irritado.

– Desculpe pudinzinho -  Bella fala e dá uma risada, depois ela vira de costas e vai embora, olhando para Christian por cima do ombro.

Nesse momento Aimée já estaria roxa de ciumes se mudar de cor fosse algo possível, para ela, essa insistência de Bella com o Chris não passava de uma técnica falha em conseguir a atenção dele. Enquanto isso Carlos estava sendo interrogado na sala da direção.

Assim que Carlos saiu do gabinete do diretor, Julieta estava sentada no sofá da sala de espera, ele não sabia como agir com ela após o que tinha acontecido. Ainda constrangido, ele se sentou ao seu lado, não sabia o que dizer ou como dizer, preferiu o silêncio, era mais garantido assim, sua postura demonstrava sua tensão, vez ou outra olhava pra Julieta pelo canto do olho

Julieta por sua vez pensava nele e no que ele tinha feito. Embora estivesse com raiva, o que mais sentia era medo. Carlos era temperamental, às vezes parecia ter bipolaridade mas era difícil saber. Ela pensava em alguma coisa que pudesse ser dita. Será que ele estava arrependido? Com que frequência ele teria essas crises? 

Ela queria quebrar o silêncio. 

Ele queria se desculpar. 

Nenhum dos dois sabia fazer nada disso.

– Julieta eu... – Carlos tentou dizer alguma coisa, mas foi interrompido pela porta se abrindo. Eram os pais de Raphael.

Ambos se pareciam muito com o filho. O homem era baixo e tinha o cabelo exatamente igual ao de Raphael, se não fosse pelas roupas e poucas marcas de expressão, seria impossível diferenciar um do outro. 

A mulher tinha cabelos curtos e cacheados, parecia ser a mãe dos dois, o pai e o filho. O casal tinha uma certa sintonia, ambos com trajes formais. Pareciam ter saído do trabalho às pressas, mas não perderam a pose diante da situação de conflito do filho.

Depois daquilo, o clima parecia ainda mais pesado entre Julieta e Carlos, ela não precisava estar ali, mas queria estar ao lado dele, ouvir qualquer coisa que ele pudesse lhe dizer. Mesmo decepcionada, Julieta não tinha forças suficientes para sair e deixá-lo sozinho.

Carlos por sua vez estava sentindo o amargo gosto da culpa se intensificando no fundo da garganta, era difícil controlar seu ciúme, ainda mais com as investidas frequentes de Raphael. 

Eles tinham uma paixão platônica um pelo outro, mas juravam que não, ou tinham medo de assumir que sim, se conhecem desde sempre e com a proximidade a amizade, admiração, rapidamente se transformaram em amor, ela sempre muito simples, sorridente e de coração puro, enquanto ele completamente estourado e impaciente. Era quase como se um completasse o outro, com o tempo aprenderam a sonhar juntos e admirar as manias um do outro.

O peso do silêncio já estava torturante, o que causou uma inundação nos olhos de Julieta que lutava para não deixar que nenhuma daquelas lágrimas escorresse. 

– Me desculpa. – Ele disse

Ela suspirou. E ele também sentiu seus olhos ficarem marejados 

– Tudo bem. – Ela disse sem ter muita certeza.

– Não, não está. – Carlos disse

Julieta olhou nos olhos dele, pode notar que ele realmente estava arrependido, então o abraçou. 

Carlos percebeu o quanto um abraço podia mudar o dia dele e eles ficaram assim por algum tempo.Julieta se sentiu segura enquanto Carlos pela primeira vez nas últimas horas se sentiu em paz. 

Enquanto isso no auditório, a turma já tinha contido a euforia e o professor explicava o que seria o trabalho de conclusão de curso.

– Serão organizadas cinco equipes, cada uma com oito membros e os temas serão sorteados. – Adam começou explicando.

O professor Adam era um senhor de idade, caminhando para sua aposentadoria. Ele tinha cabelos brancos, e um currículo grande na participação de filmes importantes. Era extremamente focado quando se tratava de cinema, mas na sala de aula, era diferente, ele era um pouco mais lento.

– A criação de uma equipe de gravação é um processo complicado. O gênero explorado será  documentário, espero que vocês estejam prontos para lidar com os investimentos. Como vocês já sabem, vai ser necessário em cada equipe, dois cinegrafistas, um continuísta, um contador, um editor, um repórter, um operador de som e logicamente, um diretor. Vocês se candidataram às funções que gostariam de ter na gravação dos documentários. Dez alunos se candidataram à função de diretor, mas somente cinco podem ser. Então, fiz uma lista e coloquei aqueles que tiveram maior nota na média total. E somente os cinco melhores poderão ser os diretores. – Adam continuou

Christian estava nervoso. Ele tinha se candidatado a diretor e editor. Duas das mais concorridas e ele não tinha certeza se conseguiria. A turma tinha alunos muito inteligentes. 

– Boa sorte. – Aimée disse, dando um beijo na bochecha dele.

– Obrigado, eu vou precisar. – Ele respondeu

– Então... Sem mais enrolação... – Adam clicou em algum botão do notebook e fez o slide mudar atrás dele. E lá estava a lista dos cinco diretores.

Christian estava de olhos fechados, estava com medo de se decepcionar caso seu nome não estivesse ali, só voltou a abrir os olhos quando ouviu a voz da Aimée novamente.

– Parabéns! – Aimée disse ao lado dele.

Sem acreditar no que via, Christian quase gritou. Ele tinha conseguido, mesmo sendo o último da lista seu nome estava lá e só isso importava nesse momento.

– Aplausos para os cinco melhores! – Adam disse – Venham aqui na frente, por favor.

Christian se levantou enquanto era aplaudido, e recebeu tapinhas nas costas de seus colegas de turma.

 "Eu vou dirigir um documentário!" Ele pensou enquanto caminhava e pela primeira vez caiu a ficha da responsabilidade que estaria carregando.

Aimée assistia orgulhosa enquanto observava Christian se afastar, ela acreditava no potencial do namorado e tinha certeza sobre sua capacidade de criação e liderança, ele não conseguia acreditar em seu potencial, mas Aimée estava disposta a fazer isso pelos dois. Nesse momento o auditório inteiro já estava cochichando sobre qual seria a melhor equipe para fazer parte. 

– Cada um de vocês vai receber a mesma quantia para pagar as despesas com a gravação do filme e deverão prestar contas ao contador. - Adam voltou a explicar assim que o silêncio se fez presente outra vez.

Gil havia se candidatado a contador e a continuísta, ele sabia que conseguiria alguma vaga, por causa de Christian. Mas ainda assim havia uma ponta de preocupação em seu olhar e seus pensamentos, ele foi criado em uma família tradicional, seus pais tinham expectativas de um filho empresário e bem sucedido, ficaram frustrados ao descobrir que ele iria cursar cinema e declarava seu amor pela arte para quem quisesse ouvir. 

Ele nunca contou aos pais que era gay, não queria decepcioná-los mais ainda. Seus planos eram de contar depois da formatura, quando tivesse certeza que poderia seguir a vida mesmo depois da desaprovação dos pais, coisa que tinha certeza que aconteceria mas cedo ou mais tarde.

– Diretores, vocês estão em ordem pela classificação das notas. O número um, deverá escolher primeiro e assim por diante. Boa sorte a todos - disse Adam enquanto se afastava um pouco

O auditório ficou em silêncio, a aprovação na faculdade dependia daquilo. A equipe certa era a linha tênue entre se formar ou perder tudo. Adam folheou alguns papéis em cima da mesa.

– Alguns candidatos não estão presentes agora, devido a um pequeno incidente, por isso, peço que vocês lembrem deles na hora de fazer suas escolhas. – Adam disse aos alunos diretores. – Os candidatos às vagas de contador, fiquem de pé.

Oito alunos ficaram de pé, entre eles, Gil. Christian observava as opções, mesmo sendo muito amigo de Gil, ele precisava considerar todos os outros alunos, mesmo sabendo do potencial de Gil, ele sabia que pessoas mais experientes em administração poderiam fazer uma diferença maior. 

Porém, Gil precisava de um grupo e escolher outro aluno em vez de escolher o melhor amigo podia custar a amizade de infância. Se Gil entrasse para uma equipe ruim, ele poderia não ser aprovado e de certa forma Christian carregaria a culpa por isso.

– Então, por ordem de classificação... Podem escolher seus contadores. - Adam disse enquanto fazia algumas anotações

O primeiro diretor era Stuart, depois Caroline, em seguida Rebecca, Flávio e então Christian, cada um escolheu seu contador, e Christian decidiu escolher seu amigo Gil, mesmo que um pouco inexperiente, não iria suportar uma possível culpa. Gil sorriu quando ouviu seu nome sendo chamado, embora não tivesse dúvidas de que seria escolhido havia ficado apreensivo, haviam muitos concorrentes bons ali. O professor fez as anotações necessárias em sua prancheta e voltou a falar.

– Uma das posições mais importantes em uma reportagem, é o entrevistador. Ele obedece às ordens do diretor, mas age como o repórter principal. Podem fazer suas escolhas.

Os candidatos a repórter ficaram, mais da metade da turma. Mas para isso, Christian já sabia sua escolha, aguardou até que todos fizessem suas escolhas entre os que estavam presentes.

– Vou escolher uma pessoa que não está presente aqui, mas tenho certeza que será o melhor repórter. Carlos. – Christian disse

O auditório todo estava sem acreditar, com tantas opções ele escolheu Carlos. Que não era um estudante tão bom quando comparado com as outras opções. Mas de qualquer forma, eles eram cunhados. Então, a amizade deles também era importante.

– Certeza disso? – Adam perguntou

– Absoluta.

– Bem, então vamos a uma parte interessante. A escolha do editor é muito importante. O editor da reportagem gravada é aquele que vai montar as partes no computador, em forma de vídeo. É necessária muita inteligência para essa parte, e paciência também. Fiquem de pé os candidatos a editor.

Christian também não tinha dúvidas. Ele sabia a quem escolher.

– Aimée. – Ele disse assim que chegou sua vez, tinha certeza quando dizia que sua namorada era melhor em edição de vídeos.

Adam escreveu o que precisava na sua prancheta e partiu para Operadores de Som. Dessa vez, poucos se candidataram. Apenas quatro, para cinco diretores.

– Eu escolho a Julieta, ela não está aqui, mas sei que ela quer essa vaga. – Christian diz.

– Fiquem de pé, os candidatos a continuísta. – Disse Adam.

Todos os alunos ficaram de pé, a escolha poderia ser óbvia, qualquer um estava apto para ser continuísta. Mas Christian sabia quem precisava escolher. Mesmo sabendo que isso causaria muitas brigas com Aimée, ele tinha que escolher essa pessoa, ela era boa nisso, criativa e costumava ter boas ideias.

– Eu escolho a Bella. – Ele disse

E o auditório explodiu em gargalhadas enquanto Aimée parecia querer explodir ou matar Christian o que acontecesse primeiro. Mas Christian respirou fundo e pensou numa explicação boa para aquilo.

– Candidatos à cinegrafista, fiquem de pé... – Adam disse

Só restaram dez alunos. Dois para cada diretor.

E a única pessoa que sobrou foi Breno, Christian estremeceu. Tinha alguma coisa no Breno que o incomodava muito, ele chegava a ter medo, e outro era Raphael. Christian suspirou. Ele teria que dar muitas explicações para seus amigos.

–Já que os grupos estão formados, eu quero que vocês se reúnam na hora do intervalo para discutir o tema do documentário. - Os diretores fizeram sinal de positivo com a cabeça e o professor completou –Pois bem estão liberados

Todos levantam com uma perfeita sincronia, exceto Aimée que se manteve sentada com os braços cruzados. Christian sobe as escadas pensando no que iria dizer, mas ele sabe que não importa o que diga nada iria mudar o humor dela naquele momento.

– Então você não vai pro intervalo, amor? –Disse Christian

– Se eu fosse já teria levantado, não é? –Respondeu Aimée

– Olha me desculpe, eu sei que agi errado em ter chamado ela para o nosso grupo, mas sei que ela é boa, criativa, pode ser útil.

–Jura? Que essa é a sua desculpa para isso?

– É a verdade, tente me entender

– Não vou e nem quero, fique longe de mim ok! Não suporto brigar com você e se você continuar aqui isso vai acabar acontecendo.

Christian abaixa a cabeça, afinal ela estava certa e desce as escadas deixando Aimée para trás.  

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