5_ O começo do florescer

 Luara se encontrava deveras encantada com o extenso jardim abundante a flores e todos os tipos de plantas possíveis. Jamais vira coisa igual aquilo. Seus olhos tinham um intenso brilho e seu rosto refletia um imenso sorriso. Sorriso esse que lhe era verdadeiro e revelava sua grande admiração.

 -Nunca vi olhos tão brilhantes _ disse príncipe Jaspian que estava parado a frente de Luara. O pequeno príncipe imaginava que a garota fosse gostar do jardim, contudo não imaginou que a moça teria tal reação. Ela já admirava o jardim a quase dez minutos.

 -Desculpe-me alteza. Eu jamais presenciei tal coisa. Esse jardim não lembra-te de um belo conto de fadas?_ disse luara ainda perdida no grandioso jardim.

 -Fadas não existem, todavia tens razão. Se elas existissem certamente morariam em um lugar como este...a rainha gosta de natureza, ''As plantas refletem paz. Sossego. Algumas delicadezas. Outras transmitem força...todavia todas mostram como a vida é um processo.'' Mamãe sempre diz isso alegremente, chega a contagiar-me com tamanha alegria.

 -Não compreendo ao que ela se refere sobre processo..._ comentou Luara voltando seu olhar ao príncipe, e ambos voltaram a caminhar.

 -A princípio são simples sementes antes de se tornarem lindas flores. Precisam passar tanto pelos dias de sol quanto pelos dias de chuva, para no final transmitirem sua beleza. O mesmo acontece conosco. Temos dias de sol e de chuva em nossas vidas, entretanto se não desistirmos nos dias de sol e nem nos de chuvas, se persistirmos até o fim e tivermos coragem de passar pelo processo, no final seremos uma linda flor.

 -O senhor tens razão...mas nem todos tem a força de lutar e persistir até o fim...

 -Ninguém tem essa força. Essa só terá aqueles que buscarem por ela. Aqueles que entenderem o verdadeiro significado da vida. A senhorita entende o significado da vida?

 -Eu? Bem...Alteza, por qual motivo trouxe-me ao jardim? Nem ao menos nos conhecemos direito, e provavelmente isso gerará boatos entre as outras sorteadas.

 -Que comentários poderiam ser gerados?Afinal vossas senhoritas estão aqui pelo meu irmão, não por mim sou apenas uma criança, tenho só dez anos. Sinceramente espero jamais ter de me opor a fazer uma eleição. Torço para que Izaac não venha a magoar alguma das eleitas e que ele próprio não venha a magoar-se...tanto pode lhe acontecer se ele não guardar seu coração...Mas trouxe a senhorita aqui para lhe conhecer melhor. Fiquei feliz quando descobri que tu serias uma sorteada. Não nos conhecemos em um belo momento, todavia tu me pareceu uma boa moça aquele dia na ponte, e a rainha não viu problemas em me deixar ter um passeio com a senhorita já que nos conhecemos e estaríamos no jardim do castelo. Imaginei que a senhorita poderia sentir-se deslocada em seu primeiro dia no castelo.

 -Agradeço-te por tamanha recepção, e tens razão eu realmente estava a me sentir em total desconforto. É tudo mui diferente ao que estou-me acostumada.

 - Permita-me dizer que terá ainda mais desconforto quando suas empregadas lhe sufocarem com vestidos, laços e saltos. Ao menos desconforta-me quando os meus me colocam em roupas formais, gravatas e uma coroa tão pesada na cabeça.

 -Então a teoria da coroa ser pesada está em total confirmação. Pesa tanto assim?

 -Como um elefante._ o príncipe fez-lhe uma careta, o que levou os dois ao riso.

 -Agora compreendo o motivo que fez Zara começar a agir de maneira tão tranquila _ Jaspian repentinamente deu um grande sorriso, Luara percebeu e retribuiu o mesmo.

 -Então ela realmente o seguiu…?

 -Ao que se refere? A quem Zara seguiu? Pensei que tu podias ser o motivo da mudança dela.

 -Acredite, não sou nem de longe o motivo...e creio que a senhorita logo descobrirá isso. Estou feliz pela senhorita Zara...

 -Sou grandemente grata por terem a salvo. Muitíssimo obrigada príncipe Jaspian. O senhor será um bom rei.

 -Não sou digno de tamanho agradecimento e nem meu irmão, só estávamos no lugar e na hora certa. Foi graças a Deus que Zara foi salva e...

 -De qualquer forma lhe agradeço _ Luara não suportaria ouvir sobre Deus. Não quando na mente dela Deus era o culpado pela morte de seu pai. Ela não acreditava na certeza de que Deus era o culpado, todavia ela queria acreditar, queria ter alguém para culpar e culpar a Deus lhe parecia o justo, já que seu pai houvera sido morto por acreditar e depositar toda sua vida nEle.

Perto do jardim alguém assistia aquela cena em total surpresa e alegria. Era a segunda vez que príncipe Izaac presenciava seu irmão conversar com alguém. A primeira fora quando aquele dia na ponte ele e Jaspian ajudavam a garotinha a qual Izaac apelidara de 'pequena Zara'. Jamais vira seu irmão socializar com outras pessoas. Principalmente com outras crianças, depois do atentado de revoltosos que tiveram no castelo há uns dois anos atrás. Naquele dia foram muitas mortes e no meio delas, um grande amigo de Jaspian morrera também.

 Edmundo era uma criança alegre e tinha a mesma idade de Jaspian, os dois eram como irmãos. Viviam brincando pelo castelo juntamente as outras crianças e falando de Deus com os empregados, que achavam aquilo fascinante, entretanto a vida do alegre Edmundo lhe foi tirada durante o atentado. Seu corpo nunca fostes encontrado, e todos sabiam que o garoto já se encontrava morto. Desde então Jaspian passou a não conversar mais tanto com as pessoas, e todos do castelo lamentavam por isso, mas tinham a fé de que o príncipe Jaspian um dia voltaria a sua alegria. Izaac percebera que Jaspian se encontrava mais alegre desde a conversa com Zara, e depois de tantos meses nesse momento se pegava observando seu irmão pela segunda vez conversando com alguém que não fosse de sua família.

 -Izaac, meu irmão, venha até aqui! _  chamou-lhe Jaspian assim que viu seu irmão os observando do outro lado do jardim. 

 Enquanto Izaac se aproximava reparou uma rosa branca jogada ao chão, se abaixou pegou-a e continuou a andar, e assim que se encontrou de frente para seu irmão, Jaspian disse-lhe:

 -Lembra-te da senhorita Luara White?

 -Sim, estou feliz em lhe ver senhorita White, como tu estás?_ disse Izaac enquanto pegava a mão da moça e depositava-lhe um beijo acompanhado de uma reverência.

 -Assustada e encantada, se permite dizer alteza _  Lua retribuiu a reverência.

 -Encantada pelo jardim creio eu, ele é realmente muito deslumbrante, todavia não compreendo o motivo de assustar-se _ confessou o príncipe mais velho

 - És tudo muito novo. Um tanto pavoroso. Não me vejo vivendo em um castelo. Não deveria estar aqui.

 -Não compreendo. Se não se sente a vontade no castelo, o que levou-a a se inscrever na seleção? sejas sincera comigo, senhorita._ Que Lua lhe desse qualquer resposta menos que estava a fazer parte da seleção pela coroa.

 Izaac imaginava que algumas moças estivessem por esse motivo, todavia desejava que fosse o menor número de garotas possíveis. Ele não queria se ver em uma competição pela coroa. Orou tanto para que isso não viesse a acontecer, queria que ao menos no meio daquelas garotas existisse uma única mulher que lhe amaria acima da coroa.

 Luara se viu perdida. Não poderia contar que estava lá somente pelo dinheiro, ou até mesmo pela coroa, contudo não queria mentir ao príncipe. Ele parecia um homem justo e bom, que certamente se chatearia ao descobrir sobre sua mentira. O pai de Lua, Jeremy White, sempre lhe disse que mentiras causavam discórdia, e que a verdade tinha um grande valor que era recheado de amor.

 -Não se zangue alteza, todavia não tive outra escolha. Minha mãe me obrigas-te a vir a eleição. Precisamos do dinheiro, minha mãe é viúva. Estamos vivendo uma situação muito complicada...sinto muito, alteza _ Luara se encontrava em vergonha. Já houvera imaginado que talvez algo assim acontecesse , todavia seria melhor revelar a verdade agora, assim evitaria sofrimento e evitaria do príncipe se apaixonar por ela. Ela não queria isso._ Perdoe-me príncipe Izaac.

 - Não se envergonhe. Farei o possível para lhe ajudar. A começar lhe enviarei de volta a sua família e lhe darei uma quantia boa de dinheiro, boa o suficiente para se reerguerem. 

 Luara se surpreendeu, príncipe Izaac lhe era um homem bom, ela não compreendia. Ele não lhe precisava dar o dinheiro. Se quisesse poderia simplesmente expulsá-la do castelo e a mesma seria quase como uma desonra para a família.Todavia a proposta de Izaac lhe pareceu a respostas para seu problema, mas sua mãe a fizera prometer que deveria ficar até o fim da eleição. E de repente os problemas vieram novamente.

 -NÃO! Por favor, alteza. Não me mande de volta. Serei uma desonra para minha família se voltar antes mesmo da eleição começar. Por favor, ao menos permita-me permanecer.

-Ela tem razão Izaac. Isso mancharia o nome da família dela, e o reino criaria boatos. A eleição deve durar um ano. Se a m****r embora eles desconfiaram que houve algo. Tu sabes que eles podem acabar com a imagem da senhorita White e até mesmo de sua família. _ disse Jaspian, tão preocupado quanto a garota.

 -Vós tens razão. Perdoe-me senhorita White. Não tive sabedoria ao lhe dar essa opção. Faremos o seguinte: lhe ajudarei com o dinheiro, todavia conversarei com o rei e informarei a senhorita assim que tivermos uma decisão.

 -Obrigada alteza.

 -Não se preocupe, lhe ajudaremos da melhor forma possível. _ disse Izaac, e ambos começaram a olharem-se .

 -Vós seriam ótimos amigos. A senhorita White és uma dama deveras agradável Izaac. _ disse Jaspian, lhe dando um sorriso.

 -Creio que sim. Se me permite, gostaria de ser teu amigo, srta.White, o que me diz? _ pediu Izaac, lhe estendendo a rosa como um convite.

-Permita-me lhe avisar que meu irmão costuma fazer piadas sem graça. Ele é um desastre na cozinha. Já colocou incendiou-a, apenas tentando ajudar a cozinhar ovos. Na verdade, desastrado deveria ser seu nome. Nem me pergunte como, mas ele já fez um dos empregados cair com uma bandeja de comida na cabeça do papai, e também já derrubou suco de uva nas roupas do rei da França.

-Jaspian, não tinha necessidade de revelar minhas vergonhas a senhorita White_ As faces de Príncipe Izaac estavam vermelhas e desejou se enfiar no meio dos arbusto para evitar ver senhorita White por um longo tempo. Tudo bem que Jaspian revelara a verdade, mas soou tão vergonhoso, principalmente quando Luara começou a rir a ponto de chorar. Ela jamais se viu tendo tais revelações sobre o príncipe.

-Ves-te  Jaspian? Manchaste a minha imagem a senhorita White.

-Se ela pretende ser tua amiga, tinha de ter conhecimento sobre estas coisas._ disse Jaspian com certo humor. Izaac estava prestes a correr até o seu irmão e lhe encher de cócegas. Jaspian odiava cócegas e assim que olhou para o irmão percebeu o que ele estava prestes a fazer._ Não Izaac, nem pense nisso.

-Tarde demais irmão...

-Na verdade, creio que seria bom aceitar teu convite, Príncipe Izaac _ disse Lua com um sorriso sincero.

-A senhorita falas seriamente?_ Izaac não imaginou que Lua aceitaria essa ideia louca. Não depois do que seu irmão confessou sobre ele.

-Sim. Desta forma poderei descobrir mais vergonhas tuas e ajudarei o príncipe Jaspian a contá-las por todo o reino _ Respondeu Lua com humor, segurando-se para não cair em outra crise absurda de risos.

-Eu já deveria imaginar _ disse Izaac, revirando os olhos como não há tempos.

-Seria uma honra tê-lo como amigo, príncipe Izaac. O senhor és um homem desastrado de fato, mas de grande coração.

-Bem, já que aceitaste ser minha amiga. Creio que deva aceitar essa rosa também.

-De fato _ disse Lua que tratou de pegar a rosa _ Acho que já podemos começar a colocar nos jornais Breamfox que o príncipe Izaac colocou fogo na cozinha tentando cozinhar ovos. O que me diz, príncipe Jaspian?_Lua olhava com humor para os príncipes.

-Seria melhor colocar que ele derrubou suco de uva no rei da França e que depois disso ele derrubou sem querer uma vela na mesa que acabou pegando fogo na manga do vestido da princesa, que por coincidência era filha do rei!_ disse Jaspian rindo e já se preparando para correr.

-Seu..._ E Izaac nem ao menos se deu ao trabalho de terminar a frase, apenas correu atrás de seu irmão.

 Lua olhou tudo aquilo com divertimento. Os príncipes iam muito além do que ela imaginava. Apenas ao lembrar-se, que outrora, pensara e julgara a família real antes de conhecê-los, lhe causava uma certa tristeza. Entretanto, se via feliz em pensar que eles eram boas e divertidas pessoas. E pensou que talvez, só talvez, ter ido para o castelo não tivesse sido uma má ideia.

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