4_ Entrando para o desconhecido

 A princípio foi deveras difícil de Luara White concordar com a ideia demasiada de sua mãe. Sara White queria que sua filha fosse selecionada, e para isso a garota ao menos necessitaria participar do sorteio. Lua não estava com vontade alguma de colaborar, entretanto se pegou surpresa quando Zara também passou a insistir que a irmã participasse do sorteio. Justo a mesma que era contra.

 Quando fostes fazer sua inscrição ela não se encontrava nos seus melhores dias, e para complicar ainda mais, sua mãe e prima não fechavam a boca um único segundo, elas se encontravam mais animadas do que a própria Lua. Na verdade, Lua estava achando tudo aquilo um exagero de sua mãe. Afinal, como em centenas de garotas justo o seu nome seria sorteado? Todavia, ela havia sido elegida, e essa notícia lhe viera como um soco acompanhado de borboletas no estômago. Ela tinha sido sorteada e estava na eleição. Agora teria de participar e tentar não ser expulsa antes do tempo, já que a eleição duraria um ano, e ela tinha isso como uma cola em sua mente, pois Sra.White deixara a filha a par da informação. 

 Em suas últimas semanas em Vennia, Zara a incentivara mais do que nunca. Ela dizia que Lua seria a melhor opção do Príncipe, e aí dele se magoasse sua irmã. Contudo, por mais que a pequena White tentasse mostrar grande alegria, falhava de modo miserável, mas conseguia convencer Lua de que não era nada grave, que era somente uma dor de cabeça que vinha-lhe atormentando. Amélia por outro lado se encontrava animadíssima juntamente a Sara, e as duas fizeram questão de deixar claro que Lua deveria ganhar a eleição. Ela deveria fazer o príncipe se apaixonar e ganhar sua confiança. Obviamente isso nem passara pela cabeça de Lua. Ela queria deixar o príncipe o mais longe possível, e se por acaso não conseguisse evitar isso, ela se daria no mínimo o trabalho de se tornarem amigos, e seria somente isso. Era o que ela desejava.

 No momento, enquanto se aproximava do salão principal do castelo junto a outras cinco selecionadas, Lua vagava a mente no momento que partiu, lembrava-se claramente do pedido feito por sua irmã mais nova.

 ''Por favor, eu preciso que tu tires a venda, nem tudo és como pareces, tire a venda. A previsão do tempo estás a passar. O tempo está acabando'' Após sua irmã lhe dizer isso, Lua tentou desistir daquela loucura de seleção, mas a pequena White insistiu que ela fosse. Afinal Lua houvera sido sorteada e deveria suprir de tal privilégio.

 Zara passou os últimos seis meses muito mais controlada, e de modo inusitado estava a passar mais tempo lendo. Em especial um livro bem grosso do qual Lua não recordava de já ter visto em lugar algum de sua casa. Zara passara até mesmo a dar breves sorrisos. Passara a obedecer e não discutir tanto com sua mãe e todas as noites antes de dormir ela sentava-se em sua cama fechava os olhos e permanecia um tempo assim, e quando os abria de novo dizia que estava apenas pensando em como houvera sido seu dia. Tinha algo errado ou talvez algo muito certo com Zara. Entretanto, sempre que Lua questionava seu comportamento estranho, ela apenas lhe respondia que não era nada demais. Afinal, ela sabia que se sua irmã mais velha descobrisse que, enquanto, arrumava o porão houvera achado uma bíblia nas coisas de seu pai, que agora se encontrava com uma nova capa para esconder o fato de ser uma bíblia, e lhe dissesse que andava orando, cantarolando a Deus, ou até mesmo se desconfiasse que além das aulas de etiqueta a senhorita Margo Sully estava a lhe dar estudos bíblicos às escondidas nos últimos seis meses, Lua surtaria e sua mãe a castigaria severamente.

 Há sete meses atrás quando Zara tivera aquela conversa com os príncipes, ela estava disposta a buscar por mais respostas e conhecer mais a Deus. Um mês depois ela conheceu a senhorita Margo, uma doce mulher de vinte e cinco anos e filha de uma das conhecidas de Sara. Elas estavam a tomar um chá enquanto Zara rodeava o jardim, quando de repente Margo apareceu e com apenas uma conversa ganhou o coração da pequena garota. Uma semana depois, a Sra. White disse que Zara começaria a ter aulas de etiqueta, e a surpresa de Zara foi tamanha quando descobriu que a sua professora seria a senhorita Margo Sully.  Duas semanas depois, Zara descobriu que a senhorita Sully era cristã. A princípio foi de grande susto a mulher. Ela tivera medo de Zara contar a Sara, e Sara por ser contra o cristianismo contar aos revoltosos e ela ser morta por eles. Todavia, a garota lhe surpreendeu quando disse que jamais cometeria tal ato, e que se fosse possível que a mulher lhe ensinasse mais sobre Deus.

 Os meses se passaram e a cada vez mais pequena White se interessava pelos assuntos.  Passou a controlar mais suas vontades e a se aproximar de Deus assim como Margo lhe ensinava, e fora Margo também que a convenceu de que seria melhor Lua participar da eleição, pois seria uma experiência bem divertida e totalmente nova a mais velha. Entretanto, antes que a irmã partisse para se aventurar no castelo, Zara não deixou de ao menos fazer um pedido à Lua.

  Lua, junto às outras sorteadas, já se encontravam no salão. O mesmo era exorbitante. Na verdade, a garota não imaginava que por dentro do castelo fosse mais lindo que o lado de fora. Antes de chegar ao castelo, tentara várias vezes imaginar como seria o local, e olhando agora ela jamais conseguiu imaginar um castelo tão belo quanto aquele. Lua nem ao menos conhecia o jardim dos fundos do castelo, e obviamente se encantaria ao conhecê-lo. O jardim era repleto de girassóis, lírios, botões de ouro, rosas brancas e árvores grandes e cheias. Em compensação Lua tivera a oportunidade de conhecer o jardim da frente. Ele de fato era lindo, mas não tanto quanto o anterior. Portanto, tinha um imenso labirinto e agora olhando aquele salão tudo parecia muito fascinante para ser real. Ela nem ao menos havia conhecido outros cômodos, contudo já sabia que eram dignos como tal.

 -Vossa majestade a rainha Eliz Lordien de Breamfox!_anunciou senhora Clark, a mesma que se apresentara como encarregada das eleitas. E logo após a rainha surgiu com um sorriso gracioso.

 -Sejam bem vindas . Estou maravilhada com a chegada de vós. Infelizmente teremos de esperar que as outras sorteadas cheguem para podermos recebê-las de maneira mais adequada. Entretanto elas devem chegar logo pelo nascer do sol de amanhã. Desejo que todas tenham uma noite agradável e um bom descanso. Sra.Clark lhes ajudará e informará o que necessitarem. Como vós já sabem a eleição terá a duração de doze meses, e durante esse tempo meu filho não terá envolvimento algum além de amizade com as senhoritas. Todas as senhoritas, terão direito de serem visitadas pelos parentes, a família real lidará com todas as despesas. E no baile de ano novo meu filho Izaac, dirá  quem será vossa escolhida. Com isso, desejo a todas uma boa noite._ e logo após isso a rainha se retirou. Ela era uma mulher linda, de cabelos claros e olhos verdes, e pareceu ser simpática aos olhos de Lua. De repente, várias mulheres de uniforme surgiram e passaram a receber as selecionadas, menos Lua que se encontrou perdida em meio aquela total confusão para ela.

 -Senhorita White, sinto em lhe dizer que seu estilista e ajudantes ainda não chegaram. Eles tiveram um pequeno problema. A senhorita veria problema em acompanhar a senhorita Pollyana Jones, ele será a encarregada de lhe ajudar sempre que necessário. _ informou Sra.Clark

 -Não teria problema algum._disse Lua, e logo após a senhora chamou uma moça que pelas roupas lhe mostrou ser algum tipo de empregada.

 -Certo, amanhã pelo amanhecer seu estilista irá ao seu quarto junto de suas ajudantes e ele lhe confeccionará suas roupas e lhe ajudará em sua aparência, com sua licença _ Clark logo tratou de se afastar e foi em direção a uma sorteada que estava a fazer um longo escândalo.

 -Senhorita White, queira me acompanhar._ Pollyana era uma mulher de dezenove anos, a mesma tinha uma voz um tanto rígida e uma postura autoritária. Lua imaginou por um breve momento que ela não era muito de conversa, já estavam subindo o final das escadas e nem ao menos uma palavra fora proferida _ Permita-me dizer que tu és uma bela moça, és mais bela do que qualquer moça que eu já viste.

 -Oh! nossa...me sinto agradecida _ Ambas as moças já se encontravam no corredor dos quartos, e tamanho foi o agradecimento de Lua por já não estar mais presa ao silêncio.

 -É um prazer enfim conhecer-te senhorita White.

 -Já ouviram falar de minha pessoa?

 -Sim, como sabes as inscrições ocorreram há seis meses atrás, e há cinco meses atrás se teve o resultado de quais eram as garotas sorteadas. Nós, os empregados, desde então passamos a preparar tudo para a chegada de vós, e alguns empregados em específicos foram designados a cuidar das selecionadas, e fomos informados qual seria a senhorita que serviriam . E também tivemos a oportunidade de conhecê-las pela pintura, já que foi exigido que as eleitas tivessem sua própria pintura em seu aposento. A sua chegou há uns quatro meses.

 -Compreendo. Lembro-me de ter sido pintada. Eu achei um desgosto ter de ficar tanto tempo parada, mas ao final quando olhei o quadro fiquei fascinada pelo talento do pintor, Sr.Brandos. Era esse o pintor, me recordo claramente.

 -O terceiro andar é extremamente proibido, é o local dos aposentos da realeza, então peço senhorita White, que não vá até ele.

 -Certo, e peço-te que não me chame de senhorita White. Ficarei tanto tempo aqui, não quero ter que lidar com tanta formalidade.

 -Como a senhorita preferir, como deseja que eu lhe chame?

 -Lua, ou Luara, como lhe for desejado.

 -Deveras... Srta.Lua, este serás o teu aposento _ Pollyana abriu uma porta e logo que atravessaram se depararam com penas para todos os lados e duas mulheres rindo a demasia _ O QUE HOUVES-TE AQUI?_ ambas as mulheres se assustaram e ficaram brancas como se tivessem usado um pote inteiro de pó de arroz sobre as faces. Rapidamente se endireitaram e ao se depararem com Lua abaixaram a cabeça em sinal de vergonha e repentinamente suas faces lhe adquiriram o tom vermelho.

 -Não sejas tão severa Polly. Estávamos apenas brincando enquanto eu esperava a chegada da senhorita White _ disse uma voz e logo príncipe Jaspian surgiu do meio das penas _ És um imenso prazer rever-te senhorita White.

 -Príncipe Jaspian _ Lua fez uma leve reverência, tentando miseravelmente esconder o sorriso por todo aquele alvoroço.

 -Alteza, creio que não haveria a necessidade de tamanha bagunça. Acaso não sabes esperar sentado?_ repreendeu Pollyana.

 -Creio que eu saibas, todavia qual seria a graça de esperar deste modo? Em nosso castelo não há muitas crianças, são raros os momentos em que me divirto de modo tão abundante.

 -Alteza, isso não justifica. logo tratarei de informar a rainha por essa bagunça _ disse Pollyana, e após se dirigiu as outras duas mulheres _ E vós deveriam ser exemplos. Espero que tal ato não venha ocorrer novamente.

 -Senhorita White, o que achas de me acompanhar a um passeio no jardim? _ disse Jaspian alegremente.

 -Creio que serás um passeio agradável, todavia esse passeio é permitido? _ Lua perguntou.

 -Sim, de fato. Minha mãe me permitiu. Eu já venho planejando desde que descobri que a senhorita tinha sido sorteada.

 -Lhe acompanharei então.

 Então ambos partiram para o jardim.

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