Brenariel

Brenariel se encontrava debaixo da cerejeira no centro do jardim de cristal, ocupando-se com uma espada qualquer. Não-Nomeada se encontrava ao seu lado, apoiada sob a pedra que se sentava. O vento soprava frio, pétalas de cerejeira caíam suavemente sob o chão e seus cabelos, longos e prateados acompanhavam o vento gélido do palácio. Sempre rodeado por seus dois irmãos e uma hoste de soldados pagos. Não mais do que uma companhia de mercenários, todos guardando o recinto. O jardim de cristal se tornara o coração do Palácio de Draesill.

Nos ultimos tempos, diversas revoltas aconteciam pelos arredores de Draesill. A insatisfação crescia na população, o povo tinha fome, e  miséria assolava a cidade ao redor do castelo. alguns queriam o início de uma guerra, dominio dos elfos sobre a nação humana, era o que se houvia por aí, mas a verdade era completamente diferente.

–A cidade se rebela! Não estão contentes.— comentara Amphoros. O que passa em sua cabeça, irmão?

Bren não respondera ao comentário do irmão. Demonstrava-se enfurecido, ou inquieto, seja o que fosse, não era comum, acontecia raramente. Largou aquela espada velha e segurou Não-nomeada, encarando-a sob seu colo. Aquela altura, não sairiam do palácio tão cedo, os elfos enfrentavam uma crise diplomática, o que obrigara a família real se isolarem no castelo.

A divisão do povo fez com que dois grupos surgissem na sociedade, àqueles a favor da familia real, e àqueles contra.

O banquete estava luxuoso, encontrava-se ao grande salão mais de cem tipos de pratos, dispersos em diversas mesas menores. Encontrava-se sentando ao trono rainha Ahlura, com um colar de lua, trabalhado em ouro puro, delicado demais. Sob sua cabeça encontrava-se a caroa de Bellion, toda prateada com requintadas pérolas minúsculas. Sua pele era clara como leite e vestia-se completamente de seda, com o vestido segurado apenas pelos seios e uma fina linha bordada no ombro direito seguindo a diagonal.

Mais abaixo encontrava seus três filhos. Anphoros usava uma única camisa de seda branca, com algumas joias enfeitando seu pescoço pálido. Mostrava à cintura uma espada cerimonial, toda forjada em aço draeselliano e punho ornamentado com safiras. A lâmina ficava a mostra, não havia perigo, pois era somente de enfeite sem que houvesse fio.

Pherasmo usa um manto prata de cetim muito bem refinado, e uma presilia ao manto trabalhada em forma de uma lua crescente. Com calções de seda, de um tom preto-acinzentado com luxuosos fios de ouro sobrecozidos nos lados.

–Talvez devessemos falar do enorme problema aqui nesta mesa?! Estamos todos inquietos.—sugerira o irmão mais novo.— Há noticias de que o navio de guerra das ilhas pratas fora derrubado. Houve uma revolta de escravos. Alguns falam que Klaus estava neste navio, aprisionado.

–Você diz matar, mas não conseguimos nem caminhar em nossa cidade sem que alguém nos mande ao inferno, quem dirá em outros territórios.—citou Amphoros.—teme o humano, irmãozinho?

–Não o temo...e não temerei.—afirmou com repúdio.— Mas não deveriamos deixa-lo vivo. Eliminando-o nos dá uma clara vantagem, se é guerra que queremos.

–Vocês dois estão bem falantes.—comentara Brenariel.

–Você que têm falado pouco irmão. Achei que tinha perdido a voz.

–Suas piadas estão passando da graça irmão. Tome cuidado com  a língua, ou arrancarei ela da sua boca.

Brenariel deixara a raiva transparecer no salão, com todos a sua volta reparando no que dissera. Não parecia contente com o banquete. Há dias não estara contente com nada além de passar o tempo sozinho no jardim de cristal.

Estava muito bem vestido, com um manto de peles, todo acinzentado, camisa de cetim e um colete sobrecozido de malha, uma luxuosa corrente de prata com um pingente de um dragão comendo a própria cauda. usava botas de coura cozido e calças de lã nobre.

–Não temos um exército e nem fundos para manter uma guerra. Mal conseguimos administrar esse reino. Nossas condições são precárias. Vivemos na merda, não muito diferente dos porcos que alimentamos aqui.

–Basta! Soou uma voz branda, mas com convicção.—Não começaremos uma guerra.

Era Ahlura, havia se cansado da discussão dos filhos e interveio.

–Primeiro precisamos reconquistar os nossos, ter sua lealdade e algo de valor que os mantenha na linha. Vê, ali no centro Bren?! Olhou de soslaio.—Aquela é Ártemis, filha mais velha de Helazdriazel. Propus esse banquete justamente para que vocês se conhececem. A garota tem a sua idade, e uma habilidade incrível com o arco. Além de ser muito bem encorpada. Helazdriazel me garante que sua filha ainda é virgem. Ambos queremos que vocês se casem. Isso firmaria o poderio da nossa família e a posição da família de Helazdriazel.

Brenariel olhara a jovem elfa de cima a baixo, de um lado ao outro. A garota usava um vestido de puro cetim, nobre e bordado de delicadas pérolas,  safiras e ouro,com o seio esquerdo desnudado do vestido e olhos esverdeados. Mesmo assim  transmitia uma pureza, com cabelos longos e cacheados, de um profundo prata, similar a luz do luar. E Mesmo sendo tão bela, Brenariel não fez questão de aquiescer ao pedido da mãe. Só após muito tempo de discussão, chegaram a um acordo que, com relutância, fez com que Brenariel caminhasse em direção a menina.

Pherasmo brindava sem parar ao lado de alguns outros bêbados, cantando sem parar. Encontrava-se já muito bêbado. Ahlura fez com que os guardas o retirassem do recinto.

– Um guerreiro teimoso e um filho que sempre sai do eixo.—disse.—Talvez no final, eu seja o único que preste.

–Continue assim, em breve precisarei de vocês três.—alertou-o.—sozinha jamais conseguirei manter a coroa. E precisamos de um exército.

–Tsc! Não somos diferentes de mendigos!

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