4º Capitulo

O dia amanheceu pesado, sobre uma camada muito densa de nuvens que anunciavam ventos e chuva, Emanuel entrou cumprimentando todos na empresa e passou pela mesa de Tiago notando sua falta, olhou para Suzy que digitava alguma coisa no bate papo rindo.

- Suzy?

Ele precisou chamar pelo menos mais duas vezes até que finalmente ela levantou os olhos para ele, ficando um pouco incomodada por não tê-lo visto entrar.

- Desculpe, estava concentrada nessa planilha.

Disse ela dando uns cliques fora da janela, como se ele já não tivesse percebido que sua atenção estava em outro lugar e não na planilha.

- Você sabe do Tiago?

Ela se levantou chorosa.

- Óh não você não soube?

Emanuel piscou algumas vezes sem saber se ela estava debochando ou se tentava falar sério, ela não era uma pessoa ruim, mas às vezes o tirava do sério, se não fosse uma secretária tão boa certamente já a teria substituído.

- O que eu deveria saber?

- O acidente que ocorreu na Avenida Ipiranga ontem? Era a mãe dele, aliás, a mãe e a irmã, as duas estão hospitalizadas em estado grave, ele ligou hoje mais cedo para avisar, pediu um dia de folga, eu não sabia se o senhor permitiria, mas acabei dizendo que ele deveria ficar com elas.

Emanuel esfregou o rosto, se sentindo culpado por nunca assistir os noticiários, pobre garoto, pensou em silêncio, seus olhos revelavam sua preocupação, algo que Suzy percebeu.

- Eu fiz mal?

- Não, é claro que não Suzy, fez bem... Logo hoje que eu tinha um assunto para tratar com ele, lhe trouxe até um presente pelo seu aniversário ontem.

Disse ele largando um envelope sobre a mesa de Tiago, Suzy espichou os olhos observando o envelope, Emanuel fez um sinal qualquer.

- Vou para meu escritório, estou disponível para qualquer coisa que aconteça se tiver novidades sobre Catherine quero ser informado, quero que busque as planilhas de Tiago e as termine, sei que ele estava trabalhando em um projeto importante e seria bom dar uma olhada nele.

Suzy concordou com a cabeça, e assim que Emanuel entrou no escritório ela bufou, dando a volta na mesa de Tiago e sentando-se em frente ao computador dele, ela não conseguia acreditar que ele não tivesse o bate papo instalado, como um cara tão bonito podia ser tão alienado ao trabalho?

Seven acordou mais tarde do que de costume, tinha um dor imensa nas costas por ter dormido sentando, se levantou e andou de um lado parta o outro no escritório, passavam das nove horas, desceu para tomar café e pela primeira vez naquela semana se encontrou com Sebastien.

- Bom dia, filho...

Seb levantou os olhos sem acreditar no que via o pai não estava com gravata, à camisa estava um pouco amassada, os cabelos bagunçados e o rosto mostrava que a noite não tinha sido muito boa, ainda assim parecia normal...

Normal... Tudo aquilo que Seven não era.

- Bom dia, pai, dormiu no escritório?

- Pois é, tinha tanto trabalho que adormeci por lá.

- Você não costumava trazer tanto trabalho para casa.

- Estou sem secretária, preciso de alguém para organizar as coisas no escritório. Não quer trabalhar para mim?

- Que? Planilhas, contas administrativas, juros? Não obrigado pai.

- Do jeito que fala parece um escritório contábil, fazemos muitas coisas, além disso, as viagens, por exemplo, tenho certeza de que gostaria de organizar os pacotes de viagem e desenvolver o site da empresa.

Dessa parte Sebastien gostou.

- Isso parece interessante, tem alguém que trabalha só nisso?

- Sim, na verdade seu amigo Eduardo é o responsável por isso, poderia falar com ele sobre algo além de música e descobrir que a empresa é mais do que um escritório chato, que tal?

- Vou pensar, falando em música, posso ensaiar na garagem hoje?

Seven fez um sinal de desagrado, mas concordou com a cabeça, ele sabia que não conseguiria tirar aquilo do filho, desde pequeno Sebastien gostava de música, tocava diversos instrumentos e parecia ser a única coisa na qual ele realmente se esforçava, até não acreditava que ele tinha mesmo conseguido entrar para a faculdade de jornalismo.

A cirurgia de Catherine demorou pelo menos 5 horas, Tiago estava sentado na sala de espera, não tinha conseguido dormir nada, os barulhos do hospital, as pessoas conversando, famílias tão preocupadas quanto ele, tudo aquilo o parecia irritar, e aquele silêncio perturbador, ninguém vinha dizer como tudo estava, ninguém se importava, ele via as pessoas correndo e um lado para o outro, mas ninguém parava para falar se estava tudo bem, até que finalmente se levantou e passou as mãos no cabelo, ele tinha que ligar para Nicholas, o pai de Érika, ele era um sujeito desagradável e só de pensar em ter que falar com ele sobre um assunto como esse ele se sentia incomodado, se havia no mundo alguém desprezível para Tiago certamente esse homem era Nicholas Vagoll, talvez fosse bom buscar por informações antes de ligar, pelo menos saber sobre Érika.

Lílian saiu da sala de cirurgia, apesar de tudo ter corrido bem, ela sabia que as chances de recuperação de Cat não eram boas, e agora vinha a pior parte, dar o aviso para a família, dar o aviso para ele, a primeira vez que ela finalmente olharia nos olhos de seu filho, Por que Deus tinha sido tão cruel com ela? Ela tinha imaginado por anos esse momento, fantasiado em sua cabeça um reencontro feliz, com abraços, comemorações... Ela mostraria o quarto que há anos tinha montado para ele, com os presentes de cada aniversário que não tinha sido comemorado, cada carta que não tinha sido entregue, recordações antigas... Mas agora, ela finalmente estaria lá, frente a frente com ele, para mentir, mentir que ela se salvaria mentir que em uma semana ela voltaria para casa, mentir que eles seriam uma família feliz... Não ela não podia mentir, ela tinha que ser justa com ele.

Ela foi andando de cabeça baixa e sem perceber esbarrou em algo, Tiago se virou ficando de frente para ela.

- Ah, finalmente, finalmente alguém... – Ele disse sorrindo como se procurasse há horas por alguém que lhe desse informações. Ela olhou aquele sorriso, como podia ser tão parecido, aquele rosto, aquela boca, até mesmo o formato dos dentes, era como ter Seven novamente na sua frente, a sobrancelha, o nariz tudo... Ela empalideceu, ficando congelada onde estava.

 – Oi? Tudo bem com você?

Ele estava tocando seu ombro e o riso tinha desaparecido, parecia preocupado, ela tinha que dizer algo, qualquer coisa, mas por que as palavras não saiam, por que falhavam com ela? Deus! Era seu filho! Diga alguma coisa Lílian! Ela gritou para si mesma ficando com raiva.

- A doutora está bem?

Ela balançou a cabeça em sinal negativo e esfregou as mãos.

- Es... Estou. – Gaguejou no começo. – Desculpe, se eu o assustei... Eu... – Ela pareceu voltar a ficar nervosa e perdida.

Tiago abaixou os olhos para olhar para ela, Deus os olhos daquela mulher eram lindos, aliás, tão azuis quanto os seus, quem seria? Parecia jovem demais para ser médica, mas as roupas diziam o contrario, os cabelos estavam presos, mas aparentavam ser longos, longos cabelos negros, ele fez uma graça para distraí-la tentando descontrair.

- A senhora é médica? Por acaso tem alguma informação sobre a mulher que foi trazida para cá? Ela sofreu um acidente, precisou passar por uma cirurgia... – Ele fez uma longa pausa. – Por favor, qualquer informação já ajudaria, ela é importante para mim... É minha mãe.

Lílian levantou os olhos quando ouviu a palavra “mãe” sair da boca dele, não ela queria gritar, ela não era sua mãe, sua mãe era essa que estava na sua frente e que não conseguia falar uma frase completa sem gaguejar, por outro lado sim, aquela mulher era sua mãe, era a mãe que o tinha criado, que tinha dado o amor que ela não deu, era a mãe que ele conhecia e certamente a que merecia cada misero sentimento de gratidão que ele pudesse sentir.

- Sim, sim na verdade sou a médica responsável pelo caso. – Ela estendeu a mão para ele. – Lílian Maciel, neurologista. – Ele aceitou o cumprimento, um pouco acanhado com a situação, Lílian era bem mais baixa que ele, mas sua postura era firme. – A senhora Catherine, precisou passar por uma cirurgia bastante complicada, ela teve um traumatismo craniano grave, e necessitou da retirada de um coágulo, ela respondeu bem a cirurgia, mas optamos por deixa-la em coma induzido para que ela consiga se recuperar melhor, as próximas 24 horas serão de total importância para ver como o corpo dela vai reagir a tudo, o estado é muito grave, além do traumatismo, ela sofreu muitos impactos que resultaram em danos na coluna vertebral, mas infelizmente não posso informar mais nada, já que agora precisamos aguardar para ver como o corpo dela vai responder.

Ele esfregou as mãos nervoso, como se tentasse processar tudo, Lílian se preocupou, teria sido fria demais? Profissional demais? Como estaria a cabeça dele agora?

- E a minha irmã, eu quero dizer, a menina que estava com ela no acidente, o nome dela é Érika, ela deu entrada junto com a minha mãe...

Mesmo a tendo chamado de irmã, Lílian pode ver que havia um certo distanciamento entre eles, Tiago não enxergava Érika como irmã, não da mesma forma como via Catherine como sua mãe.

- O Caso de Érika é mais simples, ela não estava no acidente, então seu corpo não sofreu impactos, por isso não quebrou nenhum osso ou sofreu algum trauma, ainda assim o caso dela inspira cuidados, por causa da fumaça tóxica que ela inalou, ela permanece desacordada.

- Espera, ela não estava no acidente? Então...

Tiago não sabia, certamente tinha ficado tão perdido com a noticia do acidente de Cat que não deu ouvidos a explicação dos policiais, ele não sabia o que Érika tinha feito pela mãe.

- Sua irmã foi muito corajosa, apesar de um pouco estupida, todos nós sabemos que não se deve invadir um local de acidente, mas ao que parece ela estava no lugar certo na hora certa, ao ver o carro da mãe de vocês ela correu até o veículo e tentou retirar a mãe de dentro do carro, obviamente ela não conseguiu.

Então era isso que tinha acontecido, Érika tinha visto o acidente, Érika não era a culpada, pelo contrario, tinha feito o que podia para salvar a mãe, Kurt saiu para o lado cobrindo os olhos por um minuto, ele não queria chorar na frente daquela desconhecida, mas tinha se segurado a noite toda, e agora as lágrimas pareciam estar fora de controle, ainda assim ele olhou para cima e respirou fundo se controlando pela 10º vez desde que recebera a noticia.

Lílian queria falar mais, queria ficar ali e conversar com ele, mas ela não sabia o que dizer, não queria ser inconveniente, não queria que ele a achasse enxerida.

- Eu sinto muito, elas parecem ser muito importantes para você.

- Sim, elas são... São tudo o que eu tenho para chamar de família.

Aquilo tinha sido pesado ela pensou, ouvir que aquela era sua única família a fez se sentir mal.

- Bom, temos uma pequena capela dentro do hospital, caso queira rezar, não sei você tem alguma religião?

- Sim, sou católico, eu... Eu acho que vou dar uma passada lá, hã tem algum telefone que eu possa usar?

- Sim, há sim, na recepção, pode usar aquele.

Ele concordou e saiu lhe dando as costas, Lílian queria gritar para que ele ficasse mais, falasse mais, mas como o prenderia ali? Que assunto puxaria com ele? O que ela poderia dizer a ele de relevante? Ela era apenas uma médica, e já tinha cumprido seu papel ali, ela suspirou longamente se sentindo desanimada, precisava descansar.

Suzy se remexeu na cadeira se sentindo desconfortável, ela tentava se concentrar na planilha na sua frente, mas seus olhos não saiam de cima do envelope que Emanuel tinha deixado de presente para Tiago, droga! Aquilo era tão tentador, o que teria ali dentro? Uma bonificação? Um cheque?  Antes que ela pudesse se repreender estava com o envelope nas mãos, ela abriu com cuidado para não rasgar o pacote e retirou a carta de dentro, ficou abismada ao perceber que era uma carta de recomendação, uma carta de recomendação? Mas... Então Tiago seria demitido? Finalmente! Ela pensou entusiasmada, ela adorava Tiago, mas não podia negar que ele era o único impedindo sua ascensão ali dentro, ela tinha a plena certeza de que assim que Tiago saísse à promoção seria dela, explodindo e felicidade, terminou a planilha e saiu para o almoço, naquele dia se deu o prazer de comer em um lugar diferente, mais requintado e depois passaria no hospital para dar um apoio a Tiago, afinal ele estava passando por problemas e logo teria mais pela frente, se fosse demitido, no fundo ela se sentia um pouco culpada e triste por ele, Tiago não era uma pessoa ruim, porém antes ele do que ela.

Ela chegou no hospital arrumando a roupa, Tiago estava sentado com as mãos na testa e parecia preocupado, quase não acreditou quando a viu entrar, era a ultima pessoa que ele esperava ver ali hoje, ainda assim se levantou e deu um sorriso torto, Suzy sentiu um pequeno tremor pelo corpo, Tiago era pelo menos 5 anos mais novo que ela, mas sem dúvidas deixava qualquer mulher madura em apuros, aqueles olhos, nossa aquele rosto... O que era aquele corpo então, ela mordiscou os lábios e caminhou até ele lhe dando um abraço.

- Como está querido?

- Indo, apesar de a cirurgia ter corrido bem, minha mãe não parece estar reagindo.

- E a sua irmã?

- Eles a colocaram sob observação, a principio está tudo bem com ela, mas devido à inalação da fumaça e de ela ter algumas queimaduras graves pelo corpo eles estão aguardando alguma reação.

Suzy não conseguiu não se assustar, ela não pensava que Érika tivesse se queimado, teria ferido seu rosto? Ela esperava que não, aquela menina tinha um lindo rosto, seria uma pena se tivesse ficado desfigurada.

Do outro lado da sala tentando fingir uma leitura Chuck cuidava a mulher que conversava com Tiago, Lílian parou ao seu lado.

- O que está olhando?

- Aquela mulher me da arrepios, estou me certificando que ela não esteja planejando acertar meu sobrinho com alguma coisa.

Lílian riu.

- Só você mesmo, para me fazer rir em uma situação como esta, acredite acho que Tiago sabe como se defender, ainda mais de uma mulher com salto agulha 17 cm e oncinha.

Ele olhou para ela e sorriu.

- Adoro o sistema detalhista dos cancerianos.

- E eu o humor negro dos capricornianos.

- É por isso que nos damos bem, doçura.

Disse ele mandando um beijinho no ar, Lílian fingiu que o pegou e depois deu meia volta, voltando ao trabalho, ela não tinha ideia de que quando reencontrasse Chuck os dois pudessem se tornar tão próximos, eles sempre tinham sido amigos, inclusive quando ela estava com Seven, mas nunca imaginou que ele teria largado tudo por ela e ainda ter vindo atrás dela e pagado seus estudos, apesar dele nunca ter falado com ela sobre relacionamentos e mulheres, as vezes ela se perguntava se o ciúme exagerado de Seven por causa dele pudesse ter algum fundamento, logo depois de pensar nisso ela afastou os pensamentos, Chuck vivia com ela a pelo menos 16 anos, era impossível que já não tivesse avançado o sinal, caso sentisse algo.

- Então Tiago, esse hospital é bem caro, sua mãe tem plano de saúde?

- Na verdade, ela acabou atrasando alguns meses, eu estou tentando resolver isso, mas não sei bem se eles vão aceitar.

- Oh, que pena, e como vai fazer se não aceitarem? Quero dizer, esse hospital é bem caro.

- Tem o seguro do carro, estou pensando em usar ele se for necessário e bom acho que vamos processar o caminhoneiro e a empresa para a qual ele trabalha, afinal ele atravessou no sinal vermelho.

- Mas você sabe que esse dinheiro pode demorar a entrar não é? Eu quero dizer, você tem alguma reserva para pagar o hospital?

- Sim, na verdade eu tenho umas economias que estava guardando para a faculdade.

Depois disso ela se sentiu mais aliviada, estava quase começando a ficar com pena dele, afinal se ele não tivesse dinheiro e ainda perdesse o emprego, não seria nada fácil, porém, ele tinha isso fazia ela se sentir melhor, ela retirou o envelope da bolsa e entregou a ele.

- Fico mais aliviada assim, afinal vai precisar de dinheiro agora, ainda mais depois disso. – Ela disse entregando o envelope. – Eu sinto muito.

Disse e então lhe deu as costas saindo do hospital, Tiago olhou o envelope por alguns segundos e depois voltou a olhar para ela que desaparecia no corredor, ele podia estar enganado, mas jurava ter visto um sorriso em seu rosto, ele abriu o envelope e retirou a carta de recomendação de dentro, a carta estava assinada por Emanuel, ele não acreditou no que estava lendo, seria mesmo demitido? Não... Ela não podia perder o emprego agora, isso era tão injusto! Ele esfregou as mãos no rosto e então saiu do hospital as pressas precisava tirar isso a limpo o quanto antes.

Tiago chegou à empresa muito antes de Suzy, até por que ela tinha resolvido dar uma volta pela nova sorveteria que tinha aberto no centro da cidade, seu dia parecia estar sendo maravilhoso.

Ele aguardou alguns segundos até que Emanuel estava livre para recebê-lo e então entrou na sala, pedindo com licença como sempre fazia e apesar de estar desesperado tentou manter a calma.

- Tiago meu filho, que bom que veio, queria mesmo falar com você...

- Sobre isso?

Disse Tiago largando o envelope na mesa.

Emanuel observou o envelope em silêncio e então sorriu.

- Isso, não sabia que Suzy já havia entregado a você, espero que tenha ficado boa, é a primeira carta de recomendação que escrevo e gostaria de impressionar seu novo patrão.

Tiago balançou a cabeça.

- Como? Novo patrão? Então vou ser mesmo demitido?

Emanuel piscou algumas vezes parecendo à confusão.

- Não, quer dizer não em partes, Suzy é mesmo uma destrambelhada, eu disse a ela para esperar, imaginei que você não compreenderia apenas por causa de uma carta, esta carta de recomendação é apenas um praxe, um presente na verdade, queria me certificar de que chegaria a São Paulo com uma boa impressão.

- Acho que estou confuso.

- Seu currículo foi aprovado, se inscreveu para a vaga da matriz não foi?

- Sim, mas eu...

- O próprio Seven Kirtman me ligou impressionado com seu currículo, disse que quer você trabalhando com ele imediatamente!- Disse Emanuel estendendo a mão para Kurt. – A Promoção é sua! Está sendo promovido, meu rapaz e não demitido! Parabéns!

Kurt apertou a mão dele e o puxou para o abraço, sua vontade era de rir e gradecer a Deus por uma oportunidade como essa, mas então voltou à realidade e balançou a cabeça.

- Não posso aceitar.

- Como? Mas você se inscreveu para a vaga, tem um excelente currículo, é meu melhor funcionário!

- Fico realmente lisonjeado de saber disso e de ver o apresso que tem por mim senhor Emanuel, mas não posso aceitar, minha mãe acabou de sofrer um acidente grave, imagino que tenha ficado sabendo, estou tentando resolver tudo, mas ao que parece ela vai ficar muito tempo de molho e minha irmã, que não estava no acidente, mas acabou se envolvendo também, ainda está desacordada, eu sou o que sobrou da família, não posso abandoná-las agora e ir para São Paulo.

- Entendo, entendo perfeitamente o que quer dizer meu filho, eu faria o mesmo se estivesse em seu lugar, afinal precisa cuidar das pessoas que ama, mas ainda assim vou manter sua vaga em aberto, ligarei para Seven e falarei com ele!

- Faria mesmo isso? Quer dizer será que ele aceitaria me esperar?

- Não tenho certeza, senhor Seven não costuma ser muito paciente, mas farei o meu melhor, eu prometo rapaz, quanto a sua família, qual o estado de sua mãe?

- Grave, muito grave, ela passou por uma cirurgia bastante complicada para a retirada de um coagulo, mas ainda não sabem como ela vai reagir.

- Fique no hospital o tempo que for necessário, não se preocupe com a empresa, gosto de você como gosto dos meus filhos, tem minha permissão para se ausentar.

- Obrigado, senhor Emanuel, também o admiro muito, é o pai que eu não tive.

Emanuel riu alto.

- É uma pena que sua mãe não possa ouvir isso, seria um ponto favorável!

Disse ele dando uma piscadela, só então Kurt entendeu por que ele era sempre tão simpático com Catherine, seu patrão tinha uma “queda” por ela e pelo visto não era de hoje, Kurt balançou a cabeça, assim que sua mãe acordasse lhe contaria isso, ela morreria dando risada, daquelas risadas histéricas que somente Catherine sabia dar, ao pensar nisso Kurt sentiu uma pontada no peito, não passará nem um dia direito e ele já estava com saudades de ouvir a voz dela, suas piadas e seus dramas.

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