Afro Beleza, parte II

- Não faz parte do processo em questão, mas Amélia Rodrigues e Arantes Humberto, os dois possuem um caso afetivo?

A negação de ambos foram efetivas.

Aquele jogo de conspiração contra o centro acadêmico estava acontecendo, não seria possível dar continuidade nesse instante, jogaram baixo com ambos, sabiam dos sentimentos de tais em questão, golpe baixo que o antigo mestre dos dois alegou, estar sendo movida a interesses afetivos e parciais.

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Depois que Arantes Humberto, ouviu a trajetória de Amélia expondo na mídia nacional, ficara conhecida rapidamente, porém trouxe inúmeros inimigos, a então advogada, esperava o estudo de caso se concluir, sem um escritório que pudesse ter privacidade, se encontravam em soverterias e lanchonete.

Humberto ouvia as palavras de Amélia com um êxtase indescritível.

Contara sua jornada, após ter abandonado seu sonho na carreira jurídica, conseguiu estudar jornalismo, aos poucos criou um web canal, que fora sensação trazendo riqueza e conforto, mas aquela pedra no caminho não tinha esquecido, deveriam lutar por dilemas de igualdade, não seria vingança, mas justiça que seria feita.

Já estava montando a peça para apresentar, e com a carteira da ordem em mãos, quando notou sua irmãzinha, triste, a dois dias não saía do quarto, mal se alimentava, muito inteligente igual a irmã, seguindo os mesmos passos, resolveu perguntar o motivo da tristeza, já que ela era bolsista em colégio particular.

Ouviu uma história da irmã, que chamou um amigo de classe de bonito, porém ele respondeu: “- Carvão só no churrasco”.

A irmã advogada, calou engolindo aquela desavença em seco.

Nosso país nem educação digna oferta aos seus pupilos, era o desejo dela, cuspindo fogo, fora até a direção do colégio, alegando o fato, desconversaram, alegando não estar sabendo dos fatos, de forma impulsiva ela pediu a transferência da criança.

Na volta do colégio, encontrou o jornalista no caminho, com dois refrigerantes, ofertou um à ela, que aceitou passivamente, contou o ocorrido.

- Dá vontade de desistir, como o sistema se formou nessa cadeia de preconceito.

- Amélia, existe um ótimo colégio perto da sua casa, eles fazem um serviço ótimo para a sociedade, o ensino és excelente, vamos lá?

- Não sei, tenho que levar minha irmãzinha para conhecer.

Se sentaram em um ponto de ônibus, ele ligou o celular em um vídeo de cinco minutos, Centro Educacional Libertador.

Era um vídeo que mostrava, crianças com problemas de inclusão social, sendo inserida na sociedade, da alfabetização até o ensino médio, era voltada a sociedade carente, ótimas aprovações em vestibulares, abriu mais dois ou três vídeos de cinco minutos, mostrando discursos de garotos vencendo no mercado de trabalho, na academia, graças a esse projeto, de Mãe Munita, que também sofreu grande carga de preconceito, tinha até grandes nomes da escala empresarial da cidade, colocando seus filhos em aulas complementares, para passar uma visão de dignidade.

Por um momento Amélia, pôs a perguntar, que homem é esse?

Pegou a lata de refrigerante vazia, na mão dela, jogou juntamente com a dele no lixo.

- Se quiser vamos lá conhecer?

- Agora não.

Estava muito confusa, era o estudo de caso dele que estava sendo montando, a irmã tão nova sofrendo racismo, a mãe doente, a incerteza do pão de amanhã.

Chegou em sua casa, tirou os saltos altos, deixando na entrada de casa, folgou os nós do vestido azul.

Explicou para sua irmã, brevemente, sobre a maldade dos senhores da casa grande, sobre os escravos, passando de geração em geração. Que iria estudar em uma nova escola, até brincando com as palavras, onde as pessoas não nos vejamos como carvão.

A irmã aceitou de imediato, entendeu pelas palavras delas, que teriam pessoas iguais, ao menos pelo fato da cor da pele, algo tão inocente para as crianças.

Ligou para o Jornalista.

- Posso tirar uma fotografia sua?

Falou rapidamente, sem saber o que se era preciso ouvir do lado de lá.

- Claro que pode, mas pra quê?

- Só para ficar olhando, quando perceber que nesse mundo não existe nada mais belo, que sua beleza.

Ela se acanhou, se sentiu tímida, os homens davam pouco em cima dela, não sabia lidar com isso.

Apareceu um lançamento de carro elétrico, dos mais caros na porta da casa dela, chamou-a, ela atendeu.

Ficou supressa.

Quis saber, por especulação.

- Este carro é seu?

- Sim.

Então não é questão financeira que ele está a correr do processo, és honra mesmo.

Deram uma volta pela cidade, no veículo, a irmãzinha ficava estupefata com qualquer fato, Amélia prestou atenção em uma coisa, por de trás dos vidros escuros do carro.

- Estão a nos olharmos de forma igual.

Como uma transmissão de pensamento, a irmãzinha ia falar, quando ela completou.

- Sim meu anjo, somos iguais.

A fotografia que ele desejava, não saiu exatamente como queria, depois de ter visito o centro educacional e as irmãs ter amado a instituição, de forma desprevenida, até covarde mas no ato fotográfico, ele presenciou uma demonstração de afeto, entre irmãs, sutilmente ele mostrou para Amélia Rodrigues, que achou linda a fotografia, já tinha resolvido a questão, mas algo a intrigava, como a particularidade daquele homem, adentrou em sua vida, a tornando íntima, seu pai sempre lutou pela dignidade e futuro das filhas, queria dar o que não teve aos filhos, pressionava as crianças para ter boas notas, mas fazia de forma educada, a mãe técnica de enfermagem, contraiu um vírus em um desses tratamentos com um paciente, ela não conseguia ainda entender a ligação entre aquele empresário na mídia, com ideias inovadoras, mostrando a verdadeira cara da nação, com uma simples mulher de auto estima baixa.

- No máximo daqui dois dias, darei entrada na papelada para o processo, deve demorar um pouco até o resultado final.

- Seja feita a vontade do Senhor e não a nossa. Redarguiu com esperança e fé Arantes Humberto.

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