Afro Beleza
Afro Beleza
Por: Micael Pinto
Afro Beleza, parte I

Nossas virtudes enfraqueceram, nos tornamos seres que defendem a escravidão tecnológica, quisera também, já que existiram abolicionista e escravocratas, divergem de opiniões sensatas sobre a vida, sobre o quinhão do saber, sobre a igualdade, nossas escolas estão lotadas de seres funcionais para o mercado de trabalho, mas não formam pensadores, aptos a desenvolver novos paradigmas, educacionais, sociais, somos seres que aceitam as modas que mídia dita, em seu padrão de beleza, onde o caucasiano és o mais belo, entre os belo, e em um senso de beleza, tal qual o de justiça, nos perguntamos, será válido, nossa sobrevivência se erguemos dilemas contra preceitos estabelecidos, da cor da pele, da segregação da classe social, ou até mesmo dos últimos dias, que convalescem nossas opiniões, somos seres que ergueram um império liberalista, excluindo irmãos, deixando-o com seu prato de alimento vazio e ainda levantamos dizeres, tais quais, como: - “Viva a Democracia”.

Se somos democratas, pois então o sentido da política de cotas, idem parecidas com os sistemas de castas, somos seres persuasivos, que no dilema do irmão, encontra a felicidade, mesmo que mesquinha, se ainda sobreviveremos, em uma ordem nefasta, ao qual os neo nazistas dizimaram uma civilização, justamente, por não aceitar a beleza afro.

Até quando poderíamos exprimir a beleza, de uma bela mulher, ou um belo homem, sem nos importarmos com os quesitos pré estabelecidos, somos uma sociedade preconceituosa, queira quando ligamos a televisão, demonstrando no cotidiano, apresentadores televisivos, de alta classe liberal, com o mesmo circulo de atores, fomentando esse teatro mágico.

Os empecilhos dos elementos de vinculação global, de informação, sutilmente nos demonstra a trajetória, de uma civilização, que tem como lema miscigenação, porém excluí seus irmãos dessa trajetória, somos seres dos subúrbios, descendo ao centro, conquistando seus empregos, suas moradias, suas possíveis e futuras namoradas, não poderíamos ser diferente, se no sangue pulsa, o sangue dessa gente, açoitada, para construir uma nação, tendo em troca somente o pão, não é um discurso inflamado em prol do abolicionismo, ou até mesmo de novas virtudes nas hierarquias comunitárias, somos cidadãos, que enfraqueceram com a virtude do belo, onde já se viu, dizer que tais seres são inferiores, se o mesmo sangue pulsante, pulsa nas veias, dos privilegiados, não seria a sodomia, ou até mesmo a prenuncia de um novo tempo, se também evitarmos a palavra que lança ao inferno dos sentimentos, uma discórdia, o afro és belo, és intelecto, és virtude, és igualdade.

Amélia Rodrigues, universitária do curso de direito, entrou através da política de cotas, regida pelo governo Brasileiro, porém, ao longo de sua trajetória, enfrentou vários preconceitos, estava em frente ao juiz, naquele caso, que daria o conforto para todo o fim de sua vida, em quesito material, mas não era isso, presenciou na palavra sarcástica do magistrado, tanto quanto dos professores e alunos, onde as mulheres belas, recebiam inúmeras cantadas de professores, colegas de classe, ela se retraía, nunca fora enamorada.

O flerte do juiz, em um tom sádico, sentenciou não o caso em questão, mas o preconceito que ela sempre vivera desde sua infância, os país sempre lutaram para ela ter uma boa educação, sempre bolsistas integral nos colégios de ensino fundamental e médio, esforçava-se ao máximo para tirar boas notas, sucedeu de forma automática, até sua aprovação na ordem dos advogados, onde deixou-se por um momento entrar na zona de conforto, preserva em seu íntimo, um sentimento puritano e a virgindade, engajou em lutas sociais, expôs alguns de seus dilemas em estrofes e versos, guardou na gaveta, sua personalidade era mais radical, de ir a luta ao combate, mesmo demonstrando fraqueza e uma baixo auto estima, quiseram sufocar na graduação, comentários soltos no ar de professores, inquiram ela uma praga, seu sistema nervoso entrava em colapso.

- “Ela não irá longe”.

Era o que falavam, mas por que a condenavam, sentia-se tal igual, mas na sua classe, só ela não pertencia a uma pequenez sem fim, a cor da pele, pré julgavam, pré condenavam, e tudo que ela fazia, era desmanchar as arapucas criadas pelo meio acadêmico, aquilo fora ficando tóxico para ela, no último ano estava a flor da pele, monografia, exame da ordem, estágio, o que mais poderiam esperar dela?

Estava subindo as escadarias da ascensão, pessoal, financeira, em sua colação de grau, sua família, muito retraída, prestou atenção no meio em que ela viver cinco anos estudando, um lugar de filhinhos de papai, que nunca precisarão dar um prego em um mamão, se formando, como também fizesse parte de um teatro mágico, mas não era isso, lágrimas vieram aos olhos de João Guilherme, pedreiro, que vira sua filha se formando, com muito labor, ela se desdobrava, em cuidados a idosos e aos códigos das leis, a mãe havia adquirido uma doença, o que não pôde presenciar, a irmã Guilhermina de sete anos, falava para o pai, e para quem quisesse ouvir.

- “Papai, o próximo será eu, em medicina”.

Não houve muito tempo para comemoração, eles não iriam participar do baile de formatura, já estava exausta, a mesma não pôde contribuir para tal festividade, saíram do recinto da colação, o jornal da cidade, já tirando votos.

- Senhor, senhor, uma entrevista.

- Pois não. Respondeu Guilherme.

- Foi difícil para sua filha se formar, considerando sua classe e os meios?

Amélia Rodrigues tomou as palavras, já havia tido êxito na prova da ordem, soltou as palavras, sem meia boca, para sociedade, os percalços, o preconceito invisível, o descrédito, o repórter também um afro belo, ouvia a tudo passivamente fazendo umas anotações, aquele discurso em frente a filmadora parecia estar sendo inspirado pelo espírito de Luther King.

Depois, de dez minutos contando sua trajetória, onde os demais saíam para sua casa, para comemoração particular, ela expôs sua cara.

O repórter do jornal, em lágrimas sem o motivo vai até o encontro dela.

- Sabe, três anos atrás, nessa mesma faculdade encontrei os mesmos problemas, porém, desistir.

Aquilo fora uma facada no coração de Amélia, um sonhador desistindo dos seus sonhos, alegou dar respaldo jurídico, afinal o que parecia inóspito, iria acontecer, a academia que ela se formou, entraria na justiça em uma briga, pela carga de preconceito que ela suportou, processaria seus mestres, mas em favor da honra de outrem.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados