O HOSPITAL

O Bruce se aproximou, e eu fiquei em silêncio esperando a sua reação, ele olhou para a televisão, a desligou e disse: — Ainda está chateada comigo?

— Você foi rude comigo, e invasivo. — Eu disse me sentando na cama com cuidado.

— Eu nunca conheci uma mulher como você. — Ele disse cabisbaixo. — Por isso agi como um idiota com você, eu sinto muito.

— Como soube que eu estava aqui? — Eu perguntei confusa.

— Eu estava visitando uma amiga, e vi você e o Lobo juntos.— Ele disse apontado para fora.

Ele estava mentindo para mim, eu conseguia sentir e ver nos olhos dele, mas entrei na onda, eu precisava continuar com o plano de seduzir ele, eu sorri para ele e segurei a sua mão, eu percebi o seu semblante mudar e eu disse: — Não consigo ficar zangada com você.

— Eu senti, tanta falta desses olhos. — Ele disse tocando em meu rosto, e eu fiquei corada.

— Eu preciso descansar. — Eu disse sem graça.

— Quando você terá alta? — Ele soltou o meu rosto e se afastou.

— Hoje a noite. — Eu respirei fundo, animada.

— Eu vou indo, então. — Ele disse cabisbaixo, e eu segurei a sua mão.

— Bruce. — Eu disse, o puxando levemente para perto de mim, toquei suavemente o seu rosto, e lhe dei um selinho.

Quando eu o soltei, ele me olhou de forma intimidadora, segurou o meu cabelo suavemente e me deu outro selinho intenso, e eu o interrompi e disse: — Eu acho melhor, você ir embora.

— Tem razão, desculpe. — Ele soltou o meu cabelo, e ajeitou o seu terno. — Irei visitá-la em breve. — Ele mordeu o lábio, e saiu com um sorriso estampado em seu rosto.

Toquei em meu lábio, e sorri envergonhada e disse: — É errado eu ter gostado disso? — Comecei a rir igual boba.

O Bruce poderia sim, ser um homem perigoso, mas ele tinha suas virtudes, e eu estava adorando correr riscos, sempre existiu lá, no fundo, uma Maya sombria, que estava adormecida há muito tempo, e eu temia despertá-la.

A minha tarde havia sido tediosa, olhei pela janela e já estava começando a escurecer, a enfermeira entrou no quarto e me auxiliou no banho, trocou os curativos, e me ajudou a trocar de roupa.

Eu estava pronta para receber alta, eu caminhei calmamente até a recepção e assinei meus papéis de saída, e fiquei aguardando o Mike próximo à recepção. Uma mulher muito nervosa me chamou a atenção, ela gritou derrubando alguns objetos da recepção e disse: — Por que deixaram a minha filha sozinha no quarto? — A mulher estava aos prantos. — Ela está morta agora, e a culpa é de vocês! — Ela gritou desesperada, e os seguranças a seguraram e a levaram para outra sala.

Ver aquela situação me deixou angustiada, me aproximei da recepção, e perguntei assustada para a recepcionista: — O que aconteceu?

— Desculpe, não posso dar informações a respeito. — A recepcionista disse séria, voltando os olhos para o computador.

— Minha mãe está hospitalizada aqui, se não for seguro para ela eu preciso saber. — Eu disse nervosa.

— Desculpe, mas não posso dizer nada. — Ela disse ríspida.

— Quer que eu grite para todo mundo, que este hospital é um risco para as pessoas? — Eu bati no balcão nervosa e algumas pessoas ficaram olhando.

— Está bem. — A recepcionista disse perplexa. — A filha dessa senhora faleceu a algumas horas.

— Isso, eu percebi. — Eu disse com desprezo. — Mas como isso aconteceu? — Eu sussurrei curiosa.

— Ela havia fugido com o namorado, e desapareceu há algumas semanas atrás, a polícia a encontrou ontem a noite, ela estava desmaiada próxima a um parque, eles trouxeram ela para cá, ela ficou entubada, mas não resistiu. — A enfermeira disse tristemente.

— O namorado foi preso? — Eu sussurrei, me aproximando.

— Ainda não foi encontrado. — Ela disse cabisbaixa.

— Obrigada. — Eu disse me afastando com tristeza.

Os relacionamentos sempre me assustavam, nunca poderíamos saber o que o outro, seria capaz de fazer, me sentei desanimada, e fiquei pensando no que aquela pobre garota, devia ter passado, com o namorado assassino. Avistei o Mike, que me tirou daqueles pensamentos ruins, e acenei animada para ele, que fez uma cara de desprezo, me levantei com cuidado e ele disse: — Fico feliz, que não foi nada grave!

— Olha só, você preocupado comigo. — Eu disse com ironia.

— Não seja boba, vamos. — Ele disse sério.

Fomos até o carro, e eu entrei com cuidado, o Mike entrou logo em seguida, e então ele dirigiu em direção a mansão do Lobo, no caminho fiquei observando as placas dos carros, era uma de minhas manias preferidas.

Ao chegarmos na mansão, e ver todos os seguranças em volta, me lembrou o quanto ficar ali era tedioso, desci do carro com cuidado, e fui caminhando devagar, até entrar na casa. Avistei o Lobo na biblioteca, que ficou surpreso ao me ver chegar, ele saiu da biblioteca, se aproximou e disse preocupado: — É melhor não caminhar muito.

— Não é nada de mais. — Eu disse ríspida.

— É melhor se cuidar. — Ele ergueu as sobrancelhas, e disse sério. — Não me faça ficar gastando, tempo e dinheiro com você.

— Não vou. — Eu disse ríspida, me sentando na poltrona da sala de estar. — O Bruce, me visitou no hospital hoje. — Eu sorri com desprezo.

— Como ele soube? — Ele disse surpreso.

— Ele nos viu na área de fumantes, enquanto visitava uma amiga. — Eu tirei meus sapatos e relaxei no sofá.

— Não acredito que foi coincidência. — Ele disse soltando a gravata nervoso. — E sobre o que conversaram?

— Ele disse que agiu como um idiota, blá blá blá... e depois nos beijamos. — Eu disse tocando meus lábios com um sorriso bobo.

— Aquele cretino passou dos limites de novo. — Ele disse nervoso.

Ele fez um sinal com as mãos para a empregada, e ela rapidamente pegou o copo de Uísque que estava na biblioteca, e o trouxe correndo. Fiquei chocada ao ver, que os empregados sabiam exatamente, o que ele queria, ele virou o copo de Uísque nervoso, e eu disse tentando acalmá-lo:

— Ele não fez nada. — Eu me levantei e segurei meus sapatos na mão. — Fui eu, que o beijei. — Eu disse envergonhada.

— Você o quê? — Ele me olhou furioso e segurou no meu braço com força.

— O que foi? — Eu gritei nervosa. — Você pediu para seduzir ele. — Eu soltei meu braço, de suas mãos.

— Seduzir, é diferente de ser acessível. — Ele disse ríspido, e balançou o copo, fazendo a empregada vir correndo para pegá-lo.

— Acessível? — Eu olhei com raiva. — Não foi nada de mais. — Eu gritei.

— Senhorita? — A outra empregada interrompeu com um buquê de rosas-vermelhas. — São para você. — Ela me entregou, e o Lobo tomou da minha mão.

— Só pode ser brincadeira. — Ele disse nervoso, olhando para o bilhete que estava no buquê.

— Quem mandou? — Eu tentei olhar, mas sem sucesso.

— Jogue-as fora. — Ele disse entregando para a empregada.

— Ei. — Eu disse nervosa. — São minhas. — Eu disse com tristeza ao ver a empregada levando-as embora.

— Você é patética, sabia. — Ele me olhou com desprezo.

— Quem mandou as flores? — Eu disse me aproximando dele com raiva.

— O Bruce. — Ele me entregou o bilhete com a ponta dos dedos, e me olhou ríspido.

No bilhete em papel azul-claro estava escrito: "Nunca conheci uma mulher tão incrível como você, se cuide, quero vê-la em breve". Eu soltei um grito animada, e disse: — Ele está apaixonado! Comecei a fazer uma dancinha com os braços, pois não podia movimentar a cintura, por conta da cirurgia, e eu disse novamente: — E olha que foi só um beijo bobo. — Eu balancei o bilhete para o Lobo, o provocando.

Ele segurou a minha mão a apertando, e me puxou para perto dele, e disse sério: — Nem pense, em dormir com ele.

— Eu não vou, estou apaixonada por outro homem. — Eu sorri, olhando em seus olhos.

— É melhor, ir descansar. — Ele me soltou, e me olhou com desprezo.

Concordei com a cabeça, e fui em direção a escada, tentei subir o primeiro degrau com cuidado, e o Lobo se aproximou e me pegou no colo, e eu disse o provocando: — Pensei que não fosse meu empregado.

— Se me provocar, eu jogo você escada a baixo. — Ele disse ríspido.

Eu conseguia sentir os seus músculos rígidos próximo ao meu corpo, sentir seu perfume me deixou hipnotizada, eu observei os seus lábios e a sua respiração irregular. Ao chegarmos na porta do quarto, ele me colocou no chão com cuidado, abriu a porta e disse ríspido: — Boa noite.

— Obrigada. — Eu sorri sem jeito, colocando o cabelo atrás da orelha. — Ainda tem dificuldades para dormir? — Eu disse puxando assunto, enquanto ele se virava de costas para ir embora.

— Às vezes. — Ele se virou de frente, e ergueu a sobrancelha como se lembrasse de algo. — Sempre que lembro daquela história boba que me contou, eu sinto sono. — Ele deu um sorriso de canto.

— A história da mamãe urso, não é boba. — Eu sorri mordendo o lábio. — Você devia sorrir mais vezes, fica mais bonito assim. — Eu disse entrando no quarto.

Ele balançou a cabeça e sorriu sem jeito, eu fechei a porta do quarto, e comecei a rir feito boba, e disse: — Ele ficou sem jeito, que fofo! — Senti uma dor na barriga. — Ops..., melhor não exagerar.

Andei com cuidado, e fui até closet colocar o pijama, eu afofei os travesseiros para dormir, e logo apaguei de sono. Eu havia tido um sonho, muito estranho com o Lobo, ele estava deitado ao meu lado, e me abraçava enquanto eu dormia, parecia bem real.

Acordei na manhã seguinte mais leve, as dores no abdômen havia diminuído, me arrastei até o banheiro e escovei os dentes, limpei meu curativo, e coloquei um vestido solto.

Abri a porta do meu quarto animada, e me deparei com dois seguranças, e eu disse surpresa: — Bom dia, o que fazem aqui? — Eu tentei olhar para fora do quarto.

— A senhorita não pode sair. — Um dos seguranças disse fazendo uma barreira.

— O quê? — Eu disse nervosa. — Posso saber por quê? — Eu cruzei os braços.

— São ordens do Lobo, você precisa ficar em repouso. — O Mike disse aparecendo na porta.

— Isso é cárcere. — Eu gritei nervosa, tentando sair mais sem sucesso, com os seguranças a minha frente. — É só uma cirurgia de apêndice, não é nada de mais. — Eu disse esfregando o cabelo, com raiva.

— Imaginei, que faria um escândalo. — O Lobo disse massageando as têmporas, enquanto aparecia na porta, e rapidamente os seguranças abriram caminho para que ele entrasse no quarto.

— Se eu saísse desse quarto, aliás desse forte que você chama de casa, eu não estaria fazendo um escândalo. — Eu disse cutucando seu ombro nervosa, e os seguranças se aproximaram, e ele fez um sinal com as mãos, e eles pararam imediatamente.

— Você desconhece a palavra limite, não é mesmo?! — Ele sorriu, e segurou a minha mão com força. — Eu preciso ter uma conversinha, com a senhorita. — Ele me olhou furioso. — Saiam agora. — Ele disse ríspido, e os seguranças ficaram paralisados na porta. — Eu mandei, vocês saírem. — Ele gritou nervoso, e os seguranças saíram imediatamente, ele me soltou e bateu a porta do quarto com força.

Eu olhei assustada para a sua reação inesperada, e ele foi se aproximando com os olhos em chamas, e eu fui andando para trás, até encostar em uma das paredes. Ele apoiou as suas mãos na parede, me fazendo ficar presa e disse friamente: — Eu avisei para não passar dos limites. — Ele me olhou fixamente, e as minhas pernas bambearam.

— Eu não gosto de ficar presa. — Eu disse trêmula, olhando os seus lábios.

— Você tem que fazer o que eu m****r. — Ele se aproximou e sussurrou no meu ouvido. — Enquanto não pagar a dívida, você é minha.

— Não pode me manter, prisioneira. — Eu disse desviando o olhar. — Eu não sou, um animal.

— Devia ter pensando nisso, antes de fugir com um dinheiro que não é seu. — Ele segurou o meu queixo. — Não acha? — Ele deu um sorriso de canto.

— Está bem, vou fazer o que quer, agora pode ir embora — Eu o olhei com desprezo, e tirei as suas mãos do meu rosto.

— Eu não terminei. — Ele segurou o meu queixo novamente, e me deu um selinho suave.

— Nick. — Eu disse olhando para os seus lábios, hipnotizada. — Porque fez isso?

— Porque está me chamando de Nick? — Ele perguntou me pressionando contra a parede, me deixando sem reação. Ele segurou o meu rosto e disse: — Não gostou? — Ele sussurrou no meu ouvido. — Eu posso parar, se quiser.

Ele beijou o meu pescoço suavemente, e eu fiquei em silêncio apreciando suas carícias, ele me olhou com malícia, e eu foquei os meus olhos em seus lábios rosados, e ele sussurrou: — Foi o que eu pensei.

Ele me beijou novamente, e eu acariciei seus cabelos e ele foi subindo as suas mãos pelas minhas costas, por debaixo do vestido, e rapidamente soltou meu sutiã, ele mordeu o meu lábio e disse: — Você, quer mais? — Ele sorriu olhando para meu corpo, e eu concordei com a cabeça, e ele disse novamente: — Eu não sou seu, Maya. — Ele deu um sorriso sádico, segurou a minha cabeça, e sussurrou no meu ouvido: — Agora sabe como é a sensação, de querer algo que não pode ter.

Ele me soltou, me deixando em transe, e ajeitou a sua gravata e disse: — A empregada vai trazer o café da manhã.

Ele me olhou novamente de cima em baixo, e eu desviei o olhar sem graça, e ele sorriu e disse: — Divirta-se.

Ele saiu do quarto sem muito cerimônia, e eu queria matá-lo naquele momento, e ele estava se vingando de mim, eu queria puni-lo de alguma forma, porque eu o desejava, e ele tinha razão, eu odiava desejar algo que eu não pudesse ter, e eu queria ele.

Coloquei o meu sutiã, e respirei fundo para aliviar a tensão, a empregada entrou no quarto com o café da manhã, e colocou na escrivaninha, eu olhei com desprezo ao ver que novamente, tomaria sopa, mas mesmo assim, eu a agradeci, e me sentei para tomar a sopa.

A sopa estava mais saborosa, do que a do hospital, após tomar a sopa, me levantei e olhei pela janela, e lá estava o Lobo na piscina tomando sol, com seu corpo esculpido. Ele me olhou por cima dos óculos escuros, tirou os óculos e deu uma piscadinha para mim com um sorriso sacana no rosto, eu olhei com a cara feia e fechei a cortina com raiva.

A empregada pegou a bandeja com as sobras, e eu me deitei na cama, e fiquei ali criando teorias sobre mim e o Lobo, esperando o tempo passar, até que o escutei batidas na porta, e logo avistei o Bruce abrindo a porta com cuidado, um sorriso apareceu no meu rosto, mas logo sumiu ao ver o Lobo entrar com ele.

— Como está? — O Bruce se aproximou e se sentou na ponta da cama, e segurou a minha mão.

— Estou bem, na verdade, me sinto ótima. — Eu sorri com ironia. — Eu nem precisaria ficar presa em quarto. — Eu olhei com desprezo para o Lobo, que me olhou com reprovação.

— Está mantendo ela presa? — O Bruce olhou sério para o Lobo.

— Ela está exagerando. — Ele sorriu forçando a mandíbula. — É que me preocupo, que ela caia da escada. — Ele me olhou sério.

— É você tem razão. — O Bruce me olhou preocupado. — Eu senti a sua falta. — Ele me deu um beijo na testa, e eu sorri olhando para o Lobo, que parecia furioso.

— Logo, poderemos sair e fazer muitas coisas juntos, a sós. — Eu sorri para o Bruce, e olhei cínica para o Lobo.

— Se o Lobo concordar, eu topo. — Ele disse sorrindo para o Lobo, que ergueu as sobrancelhas.

— Não vejo problema, nenhum. — Ele disse se aproximando do Bruce, dando um tapinha em suas costas. — Minha priminha, está tão apaixonada por você, ela é incapaz de desejar outro homem. — O Lobo disse me olhando com malícia.

— Fico feliz em saber disso. — O Bruce sorriu, acariciando as minhas mãos.

— É verdade. — Eu dei um sorriso forçado. — Meu primo querido, até apoia se você e eu nos casarmos. — Eu me levantei da cama com cuidado. — Não é mesmo, priminho? — Eu sorri com ironia para o Lobo, que me olhou furioso.

— É bom saber disso. — O Bruce disse sem graça. — É melhor eu ir embora, você precisa de repouso. — O Bruce se levantou, e se aproximou de mim. — Se cuida. — Ele me deu um selinho, me deixando sem jeito.

— Vou me cuidar. — Eu olhei com malícia para o Lobo, que sorriu forçando a mandíbula para o Bruce.

O Lobo acompanhou o Bruce até o andar de baixo, aproveitei a deixa, e tentei trancar a porta do quarto, mas sem sucesso, pois a maçaneta estava quebrada, desde que o Lobo havia arrombando a portada da última vez, andei rapidamente para o banheiro e tranquei a porta, o Lobo estava furioso por conta da minha imprudência. Me sentei no vaso, e fiquei ali trêmula, até que escutei ele entrar furioso no quarto, dava para escutar ele abrir a porta do closet, ele se aproximou do banheiro, tentou abrir a porta, e ao ver que estava trancada, deu socos e disse furioso: — Se não sair, eu vou arrombar a porta.

— Por que está bravo comigo? — Eu gritei nervosa. — Eu fiz o que você queria, fiz ele acreditar que pode entrar para a família.

— Abre a porta Maya. — Ele disse dando socos fortes.

Respirei fundo, e envergonhada eu abri a porta, ele segurou o meu braço com raiva e disse: — Eu disse, para você fazer o que eu m****r. — Ele sacudiu o meu braço, e eu gemi fingindo estar com dor no abdômen, para que ele me soltasse.

— Está bem. — Eu menti, colocando a mão na barriga. — Farei o que você quiser! — Eu gemi.

— Está tudo bem? — Ele me soltou, e me olhou preocupado.

— Só estou com um pouco de dor. — Eu menti andando devagar em direção a cama.

— Não fique andando. — Ele me pegou no colo, e me colocou na cama.

— Obrigada. — Eu menti cabisbaixa.

— Descanse. — Ele disse sem jeito, e eu concordei com a cabeça.

Ele respirou fundo, e saiu do quarto, e um sorriso bobo surgiu em meu rosto, por sorte eu havia escapado das garras furiosas do Lobo. Depois que ele saiu, fiquei a toa caminhando pelo quarto, esperando o tempo passar, até que entrei no closet, e comecei a organizar as roupas que estavam nas sacolas, até que senti algo pequeno, preso na prateleira de cima. Curiosa, peguei a cadeira da penteadeira, e arrastei até o closet, e subi para olhar o que havia na prateleira de cima, ao olhar fiquei surpresa, havia um botão vermelho.

Olhei para o botão com dúvida, e fiquei me perguntando se seria uma boa ideia apertá-lo, respirei fundo e apertei o botão, e uma parte da prateleira subiu, e eu disse surpresa: — Um compartimento, secreto. — Eu puxei a parte de cima, e havia um caderno preto dentro.

Escutei batidas na porta, e então escondi o caderno entre as roupas, e empurrei a prateleira no lugar, quando desci da cadeira, tomei um susto, dando de cara com o Mike.

— O que está fazendo? — Ele disse analisando tudo em volta.

— Arrumando a roupas. — Eu disse animada. — É que eu estava entediada. — Coloquei a mão na cintura ofegante.

— Estava subindo na cadeira? — Ele disse nervoso ao ver a cadeira.

— Eu não alcançava a parte de cima. — Eu disse sem graça. — Mas, já terminei.

— Vejo que se sente melhor. — Ele disse com desprezo, olhando as roupas jogadas.

— Que ótima notícia. — O Lobo disse aparecendo atrás do Mike como um fantasma, me assustando. — Vejo que está bem apta.— Ele disse sério, soltando a gravata.

— Apta, eu? — Eu sorri trêmula. — Claro que não. — Eu disse acoada em meio as roupas.

— Mike, nos deixe a sós. — Ele disse sério, fazendo um sinal com as mãos.

— Sim, senhor. — O Mike disse obediente.

O Lobo se aproximou de mim, e jogou no chão as roupas que eu estava segurando e com um olhar frio, ele disse: — Eu tenho sido muito paciente com você.

— Se é sobre o casamento, eu só fiz o que você pediu. — Eu disse com ironia, me afastando para trás.

— Que bom que tocou nesse assunto. — Ele deu um sorriso maléfico tirando a sua gravata a jogando no chão, ele se aproximou de mim, me fazendo ficar contra a parede do fundo do closet. — Você quer casar com ele? — Ele apoiou o seu braço próximo a minha cabeça.

— Se for preciso, para pagar a minha dívida, eu caso. — Eu disse séria, olhando em seus olhos.

— Não foi essa a pergunta. — Ele acariciou o meu rosto, e em seguida segurou meu queixo. — Perguntei, se você quer casar com ele. — Ele trouxe o meu queixo para perto dos seus lábios. — Você quer?

— Estou apaixonada, por outro homem. — Eu disse séria.

— Boa menina, é uma ótima resposta. — Ele sussurrou, e me deu um beijo suave, e novamente eu não resisti, ele puxou o meu corpo para perto e eu pude sentir os seus músculos contraídos. Eu passei a mão no seu peitoral, e desabotoei alguns botões da sua camisa, e acariciei as suas costas, eu podia sentir o desenho da sua tatuagem.

Seus lábios macios desceram até o meu pescoço, e ele foi subindo a sua mão por baixo do meu vestido, ele apertou a minha bunda com força, me olhou sedento e disse: — Vai fazer, o que eu m****r a partir de agora. — Eu sorri para ele, e fiquei em silêncio. — Você escutou? — Ele segurou o meu rosto e me olhou sério.

— Eu não sou, seu brinquedinho. — Eu sorri e tirei a sua mão do meu rosto, e acariciei a sua barriga com a ponta do dedo.

— Que pena. — Ele pegou a minha mão, me olhou com malícia e deu um beijo suave, nas pontas dos meus dedos. — Eu ia adorar, brincar com você.

— Pensando por esse lado, talvez eu goste disso. — Eu mordi o lábio, e ele puxou o meu corpo de novo para perto, e me deu um beijo intenso, ele acariciou meus seios e deu uma mordida suave no meu lábio.

Escutamos batidas insistentes na porta, ele parou o beijo, e deu um sorriso de canto, e eu disse: — É melhor você, ir.

— Essa conversa, não acabou. — Ele disse passando a mão no meu lábio, e eu concordei com a cabeça.

Ele sorriu, e abotoou a sua camisa, eu peguei a sua gravata do chão, e coloquei em volta do seu pescoço, e fiz um nó torto, ele olhou para a gravata torta e começamos a rir, e ele disse: — Você é péssima nisso. — Ele bagunçou o meu cabelo me deixando corada, e depois eu fiquei admirando ele sair do quarto, enquanto tentava ajeitar a gravata.

Quando ele saiu do quarto, eu voltei o meu foco para o livro que eu havia encontrado, eu o procurei desesperada em meio as roupas, até que o encontrei.

Me sentei na cadeira para ler, e ao abrir o livro me deparei com a foto da mulher que assombrava a casa, com uma criança, e embaixo da foto estava escrito: "Margareth e Nicolai Sánchez."

— É a mãe, dele mesmo. — Eu disse em choque.

Eu queria muito saber, o que havia acontecido com ela, mas não tinha coragem de perguntar ao Lobo, peguei o diário e me deitei na cama para lê-lo, havia muitas fotos soltas dentro dele. Com cuidado, eu li o primeiro trecho que estava escrito: "Querido diário, venho dizer que o meu tempo neste mundo será passageiro, a doença está tomando conta de mim, eu já não me reconheço mais. Me isolei totalmente das pessoas, inclusive do meu filho querido, que não entende muito bem o que está acontecendo, eu me sinto desolada, mas guardo no meu coração apenas as boas lembranças, apesar das circunstâncias."

Ler aquele trecho partiu o meu coração, o Lobo deve ter sofrido muito com a partida de sua mãe, continuei folheando o diário que havia poucas escritas, e muitas fotos coladas, de momentos bem descontraídos de sua mãe, com várias datas em cada foto.

Eles faziam muitos bailes em sua casa, em uma das fotos era possível ver o Lobo com os seus 8 anos, de terno e gravata borboleta, abraçado ao lado de sua mãe, ela sorria apertando a sua bochecha, eles pareciam muito felizes.

Ver aquelas fotos de momentos tão felizes, me fez entender o porquê do diário ser tão curto, e ter muitas fotos. Ela queria uma lembrança viva de tudo aquilo.

Peguei as fotos e guardei-as de volta no diário, me levantei da cama e guardei o diário na gaveta da penteadeira, eu queria mostrar ao Lobo, mas no momento certo.

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