7 - Cidades

~Pov. Eris~ 


Era tremendamente estranho andar pelos corredores da academia, todas pessoas eram duas vezes maior que eu e a maioria não me via. Meu ombro já estava dolorido de tando bater nos braços pesados dos alunos.

Entrei na sala de Tavarres e ele não estava lá - novidade - peguei uma caneta e alguns papéis. Enquanto perambulava notei algumas escadas estreitas nos fins dos corredores que ninguém utilizava, comecei a subir por ela. A escada era velha e feita de lata parecia uma saída de incêndio, ela fazia um barulho escandaloso sob meus pés e meus ouvidos protestavam.

Depois de subir quase cinco lances de escada cheguei ao telhado, o vento soprava tranquilo aqui e não parecia ter pressa em nada. Me sentei próximo ao parapeito vendo todas as cidades de Oncep daqui, comecei a desenhar no papel tudo que eu conhecia sobre o novo mundo.

Não posso negar que sentia falta dos meus professores, dos meus colegar e de Erion. Eu sabia qual seria o nosso futuro daqui a três anos e agora eu não sei nem se estarei viva amanhã. Será que ele sente minha falta? Como reagiu ao ter outra parceira? As perguntas invadiam minha mente como um furacão e algumas lágrimas despencaram em resposta. Ele agiu como um futuro governador agiria, eu tenho certeza.

Olhei para o desenho que eu tinha concluído e passei os dedos delicadamente sobre cada cidade lembrando do professor Leonard, ele era um Ilusório renomado no governo e já tinha visitado a maioria das cidades do novo mundo quando mais jovem.

{···}

Eu estava sentada como sempre ao lado de Erion, ele segurava a minha mão de uma forma doce. O professor tinha acabado de chegar na aula e desenhava um mapa no quadro branco, a revisão das cidades, a tatuagem Dois Negativo estava bem visível em sua nuca ele tinha um orgulho enorme por ela.

- Hoje vamos revisar tudo que aprendemos sobre as cidades, em breve vocês seram soldados importantes para o governo e eu quero ser lembrado como o professor de vocês. - ele era gentil, animado e a turma o respeitava.

- Até por mim? - Louise perguntou em meio ao silêncio da sala.

- Menos por você. - todos rimos, Louise tinha as piores notas da turma e o pior seus pais não tinham escolhido seu parceiro ainda. - Vamos lá, a cidade mais importante da rosa-dos-ventos é Tirion. Alguém pode me dizer o porque?

- É a cidade que produz os alimentos orgânicos para Oncep e as demais cidades com conglomerado, também conhecida como a cidade dos Hipnóticos. - Erion era muito inteligente, passava seus momentos livres estudando e treinando para ser o melhor. Ele estava na lista para sibstituto do governador.

- Muito bem Erion. Rápido como sempre. A segunda cidade é Sedie, alguém que não seja o Erion pode responder? - algumas pessoas riram.

- É a cidade que fornece aço, sem ele as grandes construções de Oncep seriam destruídas facilmente por qualquer cataclisma. Também é conhecida como a cidade dos Silenciadores - Andrei tomou a palavra debochando do seu rival.

- Lacro, quem sabe sobre essa cidade? - o professor adorava competição, só nessa sala tinha oito garotos competindo para a vaga de futuro governador.

- Lacro fornece tecnologia, a cidade dos Intelectos. - Ronny se pós em pé mostrando todo o seu potencial. Se Erion não fosse meu parceiro, ele seria. Tinha ouvido algumas conversas dos meus pais sobre isso.

- Próxima cidade? - sentado sobre a mesa o professor admirava seus alunos brilhantes. Na porta podia ser visto a câmera que o governo usava para nos observar.

- Vrieno comercializa as armas usadas em batalha contra Rebelion. A cidade dos Ilusórios, também são conhecidos por serem os melhores soldados por terem conseguido impedir que Rebelion avançasse com seu exercito de Elementares e sem números. - dei de ombros respondendo a pergunta, quando levantei a cabeça os olhos de todos estavam sobre mim, senti minhas bochechas esquentarem e afundei no banco.

- Parece que alguém anda visitando a biblioteca. Parabéns, Erisabella. Todos sabemos que Rebelion é uma cidade em ruínas construída por pessoas que odeiam nosso governo, o objetivo deles é matar cada um de nós. Temos que ser fortes, um soldado da rosa-dos-ventos não desiste e tão pouco se entrega. - era o seu discurso diário, ele tinha tatuagens nos braços contando o número de Elementares que ele tinha aniquilado. - Lembram o que eu disse sobre Aruna e Arcaria?

- Fiquem longe. - uma onda de risadas foi ouvida na sala mas foi exatamente isso que ele disse, embora não seja isso que os livros falam. A biblioteca era o meu local favorito e eu gostava de ler sobre as outras cidades, descobri que Aruna é rodeada por uma floresta e seus moradores contém números desconhecidos no DNA. Arcaria era mais que uma cidade, era um reino de sem números onde eles vivam em paz. O professor odiaria saber que eu andei procurando sobre isso então ficar calada era a melhor opção.

{···}

- Eu te procurei pela academia inteira! - Tavarres estava em pé atrás de mim reclamando sem parar, eu não iria ficar trancada em uma sala esperando ele ter a disponibilidade de voltar e me buscar.

- Eu não morri, ta bem? Senta ai, eu odeio aquela multidão de pessoas altas que não enxergam. - massageei meu ombro dolorido e sentei virada para ele.

- Você acaba se acostumando. - ele sentou em minha frente sorrindo, parecia realmente aliviado em me ver, os cabelos castanhos ondulados estavam invadindo sua face o deixando alguns anos mais jovem. - Então, sou todo seu agora. O que gostaria de aprender?

- Gostaria de crescer e bater em todos que machucaram hoje. - murmurei, eu estava realmente dolorida e com o ego machucado. Ele gargalhou e se pos em pé se afastando.

- Não prometo te fazer crescer, mas posso te ensinar a bater em um Elemental. - fiquei encarando ele por alguns minutos pesando suas palavras e degustando o sabor delas em minha boca.

- Serve. Temporariamente. - me levantei tirando o capuz da cabeça e deixando que os meus cabelos invadam meu campo de visão. Eu tinha um treinamento pesado em luta e por isso eu acabei gostando mais do que o necessário.

- Você é pequena, use isso ao seu favor. Elementares são treinados para bater no que podem encarar. - que piadinha sem graça. Revirei os olhos e me aproximei tomando uma postura de ataque e esperando que ele viesse em minha direção. - Concentração. Sua atribuição é a maior aliada que vai ter em uma luta, sem ela você já era.

- Obrigada pelo voto de confiança. - ele avançou com um soco baixo e eu desviei rapidamente para o lado oposto usando meu joelho para bater em seu estômago o que resultou em uma dor terrível. Cai no chão massageando minha perna. - Você é feito de pedra?

- Não, eu disse que usasse sua atribuição. - debochou se abaixando e segurando meu joelho, uma massagem mais forte acabou fazendo ele parar de latejar.

- É facil falar não é? - revidei bufando, eu iria sair daqui aos cacos.

- Você tem uma ótima técnica em luta, mas contra um Elementar experiente te falta força. Além de ser uma Telecta é mulher o que diminui consideravelmente suas chances de vitória. - explicou.

- E o preconceito até onde vai? - me levantei testando meu joelho machucado.

- Não é preconceito, Eris. É inteligência. Use o que você aprendeu lá e use o que tem dentro de você. - sorriu, esse cara só vive rindo por acaso?

- Acontece que eu não faço a minima ideia do que eu sou! - os livros e registros sobre Zeros foram queimados de Oncep.

- Você é uma Psionica, Neutra. A negatividade e positividade não se aplica a você, é como se os dois mundos se fundissem em um corpo só. -

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