1- COMPANHEIRO

A miúda criança sentada em frente a estante empoeirada de madeira, sorria alegre enquanto contava uma história para suas irmãs dentro de pequenos potes de vidro, mas agradecia uma em especial, aquela a quem a manteve viva até o momento, a quem deu seu pequeno coração em seus últimos suspiros. 

Ignorando sua mãe que acaba de pôr uma bandeja de madeira sobre a mesa com alguns grãos, ela retoma sua história de onde parou. Era o único momento que a menina se sentia bem para tirar o tapa olho de seu olho esquerdo. Mesmo com um outro coração, ela ainda tinha sobre o corpo o sangue de alguém corrompido, o sangue de um demônio. O mesmo demônio que castigou a criança sobre o castelo nomeada como Liam. 

— Venha minha filha, você precisa comer. — Ela não aguentava mais ver o estado de sua menina. Não dormia por dias, e os grãos estavam acabando. Por baixo dos grandes trapos negros existia uma menina em pele e osso. 

— Quando o papa volta? — Antes que a mulher de vestidos de seda empoeirado pudesse dizer algo, a porta se abre e a menina se levanta com um extenso sorriso. 

Com bolsas sobre o corpo, o homem caminha porta a dentro esperando que sua filha corra até seus braços cansados, mas no primeiro passo a menina cambaleia e o homem corre a pegando sobre os braços. 

— Papa. — Ela sorrir. 

— Está desobedecendo sua mãe. Disse que precisava se alimentar bem e dormir. — Passando a mão sobre os cabelos negros da menina ele observa a bagunça de sua esposa. 

— Não encontro a flauta! — Afirmou desesperada. Erguendo as sobrancelhas a menina pede que sua mãe nunca a encontre. Havia a escondido muito bem. Gostava da música, mas não das coisas que via em sua cabeça. 

Trazendo um pano molhado sobre as mãos, Huan a mãe da criança, a pega sobre a cabeça e apoia em suas pernas, e enquanto isso seu marido corria para guarda os grãos sobre os sacos e pegar uma das suas melhores criações, era uma linda espada curta de prata. 

Murmurando Akame fechava seus olhos para não enxergar as faces feias e sombrias das pessoas e demônios ambulantes no ar. Sua falta de compreensão a levou a isso; estava fraca, quase doente, sua áurea estava morrendo, e a única maneira era alimentá-la, não mas de grãos, mas de outra áurea. 

Quando Huan colocou o pano sobre o nariz ea boca da criança, um calafrio percorreu sua espinha, tinha medo de machucar sua criança, mesmo já tendo feito aquilo por algumas vezes. Era rebelde demais para entender que era apenas para o bem da mesma. 

Ao recuar sua mão após sentir a menina se debater ela respira fundo pronta para caçar mais uma vez sua flauta, mas a mão de Akame rodeia a dela, e a dando forças ela permanece, até que a criança adormeça. 

Com a ajuda do marido, a criança foi para sobre um pedaço de pano no chão de madeira russo. 

Parando sobre a frente da porta Huan se senta por cima de seus joelhos e sussurra uma música calma, calma como uma prece. 

Ao ouvir o relinchar do cavalo, ela parou, e olhando para a porta ouviu uma rápida batida. Era agora. Olhou para o marido preparado atrás da porta, a abriu mesmo não vendo uma sombra pela fenda abaixo. 

Fitando o sorriso curto de uma jovem mulher de kimono longo florido, cabelos longos na altura da cintura e pequenos olhos castanho ela gelou. Era um demônio, e estava ali por Akame. Ultrapassando a porta, ela caminha se virando na direção da menina, ao dar um passo na direção dela, ela sentiu uma aproximação ligeira em sua direção e sem se virar jogou Chun para longe apenas com seus cabelos. 

Huan não pensou duas vezes e correu até o marido, mas avançou quando viu a mulher ir até sua criança. Correu até ela com a pequena espada de se marido, mas foi jogada para trás, com mas uma tentativa de Chun ele conseguiu ferir o demônio que se virou o pegando com os longos cabelos. 

Enquanto fitava Chun preso pelos membros, seus cabelos rastejavam pelo chão a caminho das pernas de Huan.  

— Que patético, o que acham que eu sou? Uma humana? — Perguntou retirando a espada do corpo com uma das mãos. Enquanto ainda pensava no que fazer com os dois, seus cabelos subiram por seu corpo entrando em seu ferimento, e se envolvendo ao redor de seu corpo, passando a lâmina pelos mesmos ela os corta. Agora seu sangramento estava controlado. — Deveriam se lembrar que algo assim não nos destrói, pelo contrário, nós deixa com raiva! — Afirmou em um berro levando sua mão que empunhava a espada sobre a face de Chun. 

Ao ver o sangue descer pela face do homem, rapidamente levou sua unha em direção e se deliciou no sabor doce do líquido. 

“Papa”. Com a voz rouca ela chamou a atenção da demônio que se virou em sua direção, mas se afastou novamente ao ouvir a voz de Huan. As lágrimas corriam por suas bochechas, tudo iria se acabar diante de seus olhos? Sua menina a quem clamou com todas as forças que voltasse para seus braços, Chun, o homem a quem negou dar amor a sua irmã do meio para que vivesse ao lado dela, a quem ele amava. Ela não poderia, não deixaria. 

Tentou com sua melhor intenção achar um modo de acabar com tudo, tinha medo de olhar para o rosto sangrento de seu marido, começou a gritar e se debater até que foi jogada contra os fetos, sem equilíbrio e com suas roupas pesada pela água que encontrou em seus linhos, ela tenta ir até a criatura que já tocava a face de Akame. Ignorando os vidros que penetravam sua pele e com o maior cuidado para não pisar em seus bebês ela pegou a espada e correu, mas foi surpreendida pelo demônio. 

Seu pescoço estava envolvido pelos cabelos negros, eles apertavam aos poucos, assim como os pulsos e calcanhares de seu marido, mas por fim ela parou e olhou para baixo onde encontrou a mão de Akame segurando suas roupas, tentava sussurrar algo mas era muito baixo para que pudesse ser ouvido , curiosa a jovem mulher se abaixou e colocou seu ouvido sobre os lábios da menina, porém quando tentou recuar foi agarrada pelos cabelos e através de sua boca toda sua áurea foi engolida pelos lábios da menina e no mesmo instante a linda dama criou rachaduras como um vaso fino, e como um vaso fino se quebrou se transformando em pó e sendo levada pelo deserto. 

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Tudo estava bem novamente, Akame corria sobre o deserto com seus pés descalços a procura de bagunça. Chutava a terra e a jogava para o alto deixando os grãos cair por seus cabelos, e por algumas vezes abria sua boca colocando a língua para fora. 

Entre uma corrida e outra, Akame se pegou olhando para um pequena redemoinho na areia. Sorridente colocou seu dedinho no meio do redemoinho e seguiu seu ritmo até que um pequeno rabo de cor vermelha subiu. Não pensou duas vezes e pegou a coisa revelando em seguida uma pequena criatura peluda que se debatida choramingando. 

Admirada pela beleza do bichinho de cor vermelha e listras preta, ela corre batendo a porta de casa e parando diante de seus pais com a criaturinha nos dedos. 

— Posso ficar com ele?! — Pediu o expondo. Reparando bem a criatura Chun sai da mesa e caminha até a menina pegando a criatura e a acolhendo em suas mãos. — Posso ficar com ele? Ele é um demônio como eu? Posso ficar com ele? Posso? — perguntava sem cessar. 

— Eu não quero demônios nessa casa. — Declarou Huan colocando duas vasilhas sobre a mesa. — Quantas vezes preciso dizer que você não é um demônio? Andou comendo terra de novo? — Questiona limpando o lado da boca da criança que a olhava baixo enquanto negava. 

— Onde o encontrou filha?  

— Na rodinha lá fora. — Respondeu abrindo bem seus olhos minguados. 

— Rodinha? 

— É. Ela rodava bem rápido, assim ô. — Se agachando ela posiciona seu indicador no chão e começa a fazer movimentos circulares até que seu pai possa entendê-la.  

— Eu lamento filha, mas ele é um guardião. — Observando a criatura um pouco mais ele continua — provavelmente se perdeu. Nunca vi essa espécie andar por essas terras. 

— Por que papai? Por que não posso ficar com ele? — Tristonha ela se aproxima de seu pai olhando a criatura limpar seus pelos. 

— Guardiões são criaturas que precisam ser conquistadas e quando conquistadas se unem a pessoa como nem uma outra. Eu lamento, mas não pode ficar com ele. — Limpando o suor que escorria de sua testa ele se ajoelhou colocando o guardião com cuidado nas mãos da criança. — Sabe o que fazer. Suspirando ela concorda por muitas vezes. 

Andando arrastadamente, ela segura a porta atrás de suas costas e só a solta quando a ouve se fechar. Parando ajoelhada em frente a porta ela coloca suas mãos sobre a areia e vê a criatura correr por entre seus dedos, não aguentou muito e desabou em lágrimas. Chorava baixinho para que seus pais não a ouvissem, queria a pequena criatura, mas não sabia como. Chorou e chorou até que sentiu algo subir por um de seus braços e entrar em seus cabelos. Limpando as lágrimas ela levou a mão até os cabelos e quando a abriu em frente aos olhos um grande sorriso se formou em sua face. Não conteve a grande alegria e correu mais uma vez em direção a casa até que um alto barulho tomou conta do ambiente. 

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