Capítulo 6 | Dívidas?

Já correram cinco meses desde a minha chegada ao Rio De Janeiro. Eu já estava morando com Manu em seu apartamento e nós nos dávamos perfeitamente bem. 

O meu problema é bem pior. Estou atolada em dívidas, dívidas altas e não tenho como pagar. Meu trabalho em uma lanchonete não cobre sequer os juros da dívida e estou a ponto de explodir. 

Eu não quero ir embora do Rio, e é por isso que não posso pedir mais de três mil reais para o meu pai. E o pior, estou sofrendo milhares de ameaças desse tal de Carlos, e não consigo entender ainda, como cheguei a esse ponto. 

Limpei a última mesa do estabelecimento, eram três da manhã e já havíamos fechado. Fiz um coque frouxo no topo da cabeça, me despedi dos outros funcionários e caminhei até a minha casa, que não era muito longe. 

Eu não posso dizer, na verdade, que não entendo como cheguei a essa situação. Eu entendo e entendo muito bem. 

Tudo começou quando Carlos começou a aparecer muito lá em casa, Lucas sempre o recebia e ambos ficavam conversando na cozinha, enquanto eu, ia para o quarto para não ficar na presença do mais velho. 

Quando porém, queríamos fazer uma viagem incrível para Fernando De Noronha e não tinhamos um centavo no bolso, descobri que Carlos emprestava dinheiro e que eu poderia pagar depois, com um pouco de juros, mas depois... 

Grande erro! A viagem foi ótima, aproveitei muito, mas, as dívidas começaram a bater na porta e Lucas ficou sem trabalho, e para que eu não sofresse as duras consequências de Carlos, tentava dar os juros da dívida todo mês.. o problema era que a dívida só aumentava e isso estava me deixando maluca. 

— Oi, amiga. — Manu disse animada. — Você tá bem? 

— Oi, estou um pouco cansada, e você? Tá acordada a essa hora? 

— Tô assistindo uns filmes e nem percebi a hora voando. — Ela riu, ligando a tela do celular. — Acho melhor eu dormir, está tarde. 

— É, eu também já vou. — sorri, deixando o chinelo no canto. — Boa noite, Manu! 

— Boa noite, Bru! — Ela disse, desligando a TV e se levantando. 

Aproveitei ao máximo cada minuto do meu banho, permitindo a água gelada lavasse todo o meu corpo. Suspirei, fechando os olhos e encostando a testa no piso frio do banheiro.

Será que era certo eu ter vindo para o Rio? Eu fiz certo em largar tudo? Qual seria meu futuro daqui para frente? Pensei. 

Sai do banheiro rapidamente, já vestida e me joguei em minha cama macia, pegando no sono rapidamente. 

Acordei com o meu celular berrando ao meu lado, resmunguei. Era cedo, eu acho. 

— Alô. — Atendi ao terceiro toque. 

— Bom dia, Bruna. — A voz grossa de Carlos invadiu meu ouvido, despertando o meu corpo de imediato. — Te acordei?

— Ah, Carlos.. — Murmurei. — Como você está?

— Bem, mas, não quero conversar amenidades.. — ele suspirou e outro lado da linha. — Preciso encontrar você, tenho uma proposta. 

— Proposta? — Franzi a testa. — Onde quer me encontrar? 

— Você escolhe. 

— Tudo bem, podemos nos encontrar na casa do Lucas. — Decidi. 

— Tudo bem, as três. — e desligou. 

Continuei olhando para o nada por alguns segundos, antes de me levantar rapidamente e correr para o banheiro. Já eram duas da tarde de um domingo de sol. 

Não demorei muito em casa, atravessei a cidade voando e quando cheguei a casa de Lucas, Carlos já estava lá, sentado no sofá, conversando algo com Lucas. 

— Que bom que chegou! — Carlos sorriu, me olhando de cima abaixo. 

— Vamos ao que interessa, Carlos. — Cruzei os braços. — Qual é a sua proposta? 

— Calma, senta aí. — Mandou e eu obedeci, queria acabar logo com esse assunto. 

— Você deve saber que eu tenho negócios fora do Brasil, e se não sabe, agora está sabendo.. enfim, eu tenho um bordel na Colômbia e estamos precisando de pessoas novas, se é que me entende.. — Explicou e eu o encarei com a testa franzida. 

— Está me chamando para ser prostituta? — Falei com raiva.

— Sim, basicamente. — Ele sorriu nojento. — Você escolhe se quer ou não.. você ficaria até a sua dívida monstruosa estiver paga e depois some do mapa. — Ele disse, batendo os dedos delicadamente no braço do sofá. — E então, que me diz? 

— Eu não posso aceitar uma coisa dessas! — Falei Alto, chocada demais para acreditar. — Eu não fui criada para isso. 

— Nenhuma é. — O homem deu os ombros antes de se levantar. — Propus para não ter que matar você, está me devendo a quatro meses e não paga nada além dos juros.. está me irritando! — Falou calmo, segurando meu queixo. — Você tem quarenta e oito horas para decidir. 

Carlos saiu rapidamente da casa, me deixando estática na sala de Lucas e com a cabeça fervilhando de possibilidades. 

— O que você decide? — Lucas se pronunciou, chamando a minha atenção. 

— Você não pensa que eu vou aceitar, não é? — Perguntei, fazendo uma careta. 

— Eu não sei, só que isso resolveria as nossas vidas. — Ele deu os ombros, não conseguindo olhar nos meus olhos. 

— E você acha que vendendo o me corpo, vai resolver? — Falei alto, jogando os braços para o alto. 

— Eu. Não. Sei! — Disse pausadamente, e então olhou para cima, seus olhos estavam vermelhos. — ele vai me matar! 

— Ele vai o que? — Franzi a testa. 

— Me matar, eu estou devendo muito, durante muito tempo e não tenho como pagar.. — deu os ombros. 

— Ele não pode.. — Falei perplexa. 

— Não pode, mais vai! — Exclamou. — É assim que as coisas no Rio funcionam, tudo muito injusto.. eu aceitei as condições! 

— Lucas.. eu.. — Me joguei no sofá, jogando a cabeça para trás e passando a mão no rosto. — Eu não sei o que fazer. 

— Não quero me meter nas suas decisões, faça o que achar melhor! — Disse, antes de se levantar e ir para o quarto. 

Passei o resto da tarde na casa de Lucas, na sala, tentando tomar uma decisão. Não era fácil, mas, eu não podia deixar que o homem que eu amava fosse morto covardemente por dinheiro.. 

As ideias correram pela minha mente e por um segundo, pensei em deixar tudo para trás e votar para a casa dos meus pais. Dificilmente o homem me acharia em um lugar tão pequeno, que chega a ser desconhecido no mapa. 

Entrei na casa silenciosa e me tranquei pelo resto da noite, tentado tomar uma decisão que não afetasse Lucas e nem a mim.. mas, não existia! Um dos dois não sairia ileso, porém, Lucas morreria e eu sairia do país de qualquer maneira. 

Bufei, pegando o celular e disquei o número nervosamente, tentando me manter concentrada e não demonstrar o meu nervosimos.

No terceiro toque o aparelho foi atendido, e eu senti minhas mãos molhadas pelo suor. 

— Oi, Carlos? — Falei, antes de continuar.. — Já tenho uma resposta para você! 

Esse poderia ser o pior erro da minha vida, mas eu não podia deixar Lucas morrer, não se eu pudesse evitar! 

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