Capítulo 4 | Calor, bebidas e..

O calor do Rio de Janeiro era intenso e por um segundo, senti saudades do verão do interior.

Minha cidade tinha tantas árvores, que o Verão era agradável e podíamos nos sentar no jardim do parque para ler ou fazer qualquer besteira que adolescente faz. 

Puxei meus cabelos em um coque no topo da cabeça, deixando alguns fios soltos. Passei um rímel nos olhos e me olhei no espelho. 

Meu short Jeans recém comprado por minha mãe estava um pouco curto e o cropped preto me deixava confortável. Espirrei um pouco de perfume e um desodorante, hidratei as pernas e peguei meu celular em cima da cômoda do quarto de Lucas. 

Sai do quarto e voltei para a sala, percebendo os amigos de Lucas jogando FIFA no Xbox montado no meio tapete. Abri as janelas, antes fechadas para que o ar corresse pela casa e bebi um copo com água bem gelada, antes de pegar meu aparelho celular e chamar por um carro no aplicativo. 

- Pra onde você vai? - Lucas perguntou sem me olhar. 

- Vou ver aquele apê que eu falei pra você! - balancei as mãos em frente ao rosto, tentando diminuir o calor. 

- Eu já disse que você não precisa disso. - Lucas não gostava da história de eu ter a minha própria casa e minha independência. Ele queria que eu ficasse aqui, com ele.. 

- Preciso sim! - rolei os olhos. - Quero meu próprio canto. 

Ele me encarou sério, respirou fundo e voltou a sua atenção para a televisão. Dei os ombros, não entraria nessa conversa de novo. 

O carro parou na frente de um prédio grande e bonito. Desci do Uber, e parei na frente do portão. 

- Bom dia, Senhor! - Cumprimentei o porteiro. - Pode me ajudar? 

- Bom dia. - Ele sorriu e se levantou da mesa, apoiando o celular ali. - Que deseja? 

- Eu estou aqui por causa do anúncio da Amélia, do quatrocentos e três. - falei, lendo as informações no celular. - Eu marquei uma visita.

- Vou ver se liberam a sua entrada. - O homem se afastou, e após balbuciar algumas poucas palavras no interfone, ouvi o clique no portão. - Ela está te esperando. 

- Obrigada. - Falei me aproximando e comecei a subir o elevador. 

Me admirei no espelho por algum tempo antes da porta pesada se abrir na minha frente. Suspirei e entrei no corredor, olhei para os dois lados e percorri o corredor com os olhos até os números 4 0 3 brilharem em uma porta fechada. 

Caminhei até ela nervosamente e toquei a campanhia, esperando que alguém a abrisse para mim. 

- Ah, oi! - Uma moça branca, com cabelos lisos e magra me atendeu sorrindo. - Entra! 

- Obrigada. - Sorri sem graça e entrei na casa. - você deve ser a Manu. - Dei minha mão para que ela pudesse apertar. 

- Sim, bom, eu estou procurando alguém para dividir o apartamento..- Manu fez um coque no cabelo, antes de apontar o controle para o ar-condicionado no teto. - Meus pais pagam o apartamento sozinhos, mas, você sabe.. é muito grande pra uma pessoa só. 

- Entendo. - me limitei a dizer, olhando para a sala perfeitamente arrumada. 

- Vem, vou te mostrar o apê. - Manu estava animada, e enquanto ela falava sem parar, começamos a andar pelo apartamento. 

O lugar era mediano, tinha dois quartos mobiliados, três banheiros, uma cozinha espaçosa, uma sala ampla, duas varandas e uma pequena área de serviço. 

- E então, o que achou? - Manu perguntou, apoiando a xícara no balcão da cozinha. 

- Eu achei incrível. - Sorri abertamente. 

- O apartamento sai a oitocentos por mês, então, a gente pode dividir quatrocentos para cada uma, mais o acréscimo da alimentação. 

- Quando posso me mudar? - Perguntei e o rosto de Manu se iluminou. 

- Quando você quiser. 

- Vamos, Bruna! - Lucas bufou impaciente. 

- Espera! - Disse irritada. 

Estávamos nos arrumando para a festa de aniversário de um dos amigos de Lucas. O moreno segurava um engradado de cerveja em uma das mãos, enquanto eu passava o gloss nos lábios. 

Olhei-me no espelho e me senti feliz com a roupa que eu estava usando, o vestido preto sem mangas ia até a metade da cocha e era justo, valorizando todas as curvas do meu corpo. 

- Já estou pronta. - Bufei, pegando a bolsa que dispunha do meu celular e dinheiro. 

Saímos em silêncio, aliás, ficamos assim o dia todo. Lucas estava bravo pela minha ida, mas eu precisava disso, era minha escolha e meu futuro. 

- Vai ficar me ignorando até quando? - Bufei, olhando para a janela do Uber. 

- Até eu achar que devo. - Seu tom de voz foi rude e eu o ignorei. 

- Não precisa ser assim. - Disse baixo, sentindo meu rosto esquentar e meus olhos arderem.

- Claro que preciso. - Lucas se afastou mais de mim e encostei minha testa no vidro. 

Eu deixei minha cidade, a minha família e todos os meus amigos para vir para um lugar novo e acabar deixada de lado por sair da casa do homem que jurava que me amava. Será que ele me amava mesmo? Ou tudo isso era uma bela cena? 

Funguei um pouco e permiti que uma lágrima solitária escorresse pelo meu rosto, antes de pingar em meu vestido, fazendo um pequeno círculo escuro no tecido. 

- Você está chorando? - Lucas perguntou, puxando meu rosto em sua direção. - Por que você tá chorando? 

Puxei meu rosto bruscamente de suas mãos e me afastei de seu corpo, eu não queria ele tão perto. 

- Não estou chorando. - Disse seca e voltei a encarar a janela que passava rápido entre meus olhos. - continue me ignorando, você estava fazendo um belo trabalho me ignorando. 

- Bruna.. - ele me chamou e se aconchegou do meu lado. - Amor, me desculpa. 

- Lucas. - Disse e levantei minha mão na frente do seu rosto. 

— Ok. - ele respirou fundo e voltou para o outro lado do banco, mantendo silêncio depois disso. 

Descemos do carro em frente a um clube, o lugar estava lotado de pessoas e por um momento e me peguei pensando em quanto amigos o aniversariante poderia ter. 

Nós esprememos no meio do pessoal, até chegarmos a um pequeno bar improvisado. A cerveja de Lucas havia sido entregue na entrada, e diferente dele, acabei optando por uma bela latinha de Coca-Cola. 

Começamos a rodar o lugar, enquanto procurávamos o pequeno grupo de amigos de Lucas e assim que os avistei, percebi que Giovanna se fazia presente e revirei os olhos. Eu não estou com paciência. 

Nos aproximamos calmamente do pessoal, e após cumprimentar a todos eles, me sentei em uma das cadeiras de ferro do pessoal e abri a minha lata de coca, entornando o líquido em um copo de plástico. 

- amigo, como você está? - Ouvi Giovanna perguntar ao meu lado, abraçando meu namorado de lado. 

- Tô bem e você? - Lucas perguntou, deu um sorriso e levantou seus olhos para mim. O encarei sem expressão. 

- tô ótima, e com saudades. - Giovanna se afastou, sentou em uma das cadeiras e virou seu copo de uma só vez. 

- É, eu sei. - Ele suspirou, se sentando ao meu lado e apoiando a mão na minha cocha. - você está maravilhosa nesse vestido. - Sussurrou no meu ouvido, antes de beijar meu rosto e voltar a conversar com os outros da mesa, ignorando totalmente a morena. 

A noite estava ótima e enquanto eu conversava animadamente com Amanda e Josi, Lucas apareceu ao meu lado, dizendo que teria algo importante para tratar, apenas assenti e voltei para o meu diálogo animado. 

- Eles estão demorando. - Suspirei, correndo os olhos pelo clube. - e já está ficando tarde. - Falei, bloqueando a tela do aparelho. Já se passavam das três da manhã. 

- E eles vão demorar mais. - Amanda disse, tomando um gole da sua água.

- Eu quero ir para casa. - Bufei, batendo os pés no chão. 

- vamos procurar eles, se não encontrarmos, avisamos a baba ovo da Giovanna que vamos embora. - Josi se levantou da cadeira e puxou seus shorts para baixo, ajustando-o no corpo. 

Andamos a festa toda e após eu reclamar de dor nos pés pela milésima vez, voltamos para o nosso lugar de partida. Nada dele. 

Avisamos ao pouco das pessoas que sobraram que iríamos para casa, e que era para deixar o recado para o resto do pessoal. 

Nós nos esprememos no meio das inúmeras pessoas e após muita insistência, acabei convencendo as duas que a minha casa era mais próxima e que seria a melhor opção para nós. 

- Tem toalha aqui, caso queiram tomar banho! - avisei, colocando-as no sofá. Josi estava deitada no colchonete, brigando com o sono e Amanda teclava incansavelmente no celular, com a testa franzida e os lábios juntos demais. 

- Aconteceu algo? - perguntei preocupada. 

- Não é nada demais. - eu não conseguia acreditar. - mesmo. - Garantiu e eu assenti. 

Desejei boa noite a ambas e voltei para o quarto de Lucas, me despindo e me deitando na cama seminua na cama confortável. 

Meu sono foi interrompido por barulhos fortes na porta de entrada, olhei para o lado e Lucas não estava, me deixando preocupada com o seu sumiço repentino. 

Me levantei, vestindo apenas uma camiseta grande do rapaz e cheguei a sala, podendo escutar mais uma série de batidas frenéticas. 

- Lucas! - o homem gritou. 

- Já vai! - Bufei, destrancando a porta. Quando finalmente a abri, encontrei um homem de aproximadamente trinta anos, que me olhou de cima abaixo e deu um sorriso de lado. - Quem é você e o que quer? 

- Sou um amigo do Lucas.. - O homem se afastou um pouco, e passou os olhos pelas minhas pernas. Me senti constrangida de imediato, e mudei a direção do olhar. 

- Você quer alguma coisa? O Lucas não está. - Me apressei a dizer. 

- Gracinha, diga a ele que o Carlos veio aqui e que volto depois. - O homem disse, se virando e saindo da minha visão. Me deixando sozinha e com uma má sensação. 

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