Capítulo 4

James

Eu acordo com um sobressalto, e quando solto o suspiro cansado tento voltar a dormir, não vou muito longe nesse processo, pois a Tiana, começou a chorar. E odeio escutar seu choro. Corta meu coração, toda vez que a escuto chora.

Saiu do meu quarto, e entrei no seu, que fica ao lado do meu. Não quero que ela fique muito longe. As coisas são mais fáceis assim.

Eu a encontro deitada com os grandes olhos azuis presos nos meus, é igual a sua mãe. E, me dói um pouco ao pensar que ela nunca vai conhecê-la, mas vou cuidar dela, e amá-la e quando enfim ela entender as coisas, explicarei o que aconteceu. Mesmo odiando isso.

Ela chegou de surpresa, eu não sabia de sua existência, até a agente social, me liga e avisa o que estava acontecendo, e a sua guarda foi entregue para mim, afinal sou seu pai. Não sabia o que fazer com um bebê recém nascido, mas estou aprendendo, ela merece o melhor.

– Oi, minha princesinha – Eu falo sorrindo, e a pego, e seu cheirinho de bebê me faz sorrir, mas logo, o motivo por ela ter acordado, chegar ao meu nariz. – Você fez cocô. Papai vai cuidar de você.

Eu a levei até a cômoda, e peguei uma fralda, lenços umedecidos e tudo que preciso para limpar minha menina. 

Levo para o meu quarto e deixo no colchão, e comecei a limpá-la, ela definitivamente soltou uma bomba aqui. Eu sorrio quando vejo que as assaduras já estão se curando, graças a recomendação de Ella.

Essa moça estranha, está nos meus pensamentos, mesmo eu não querendo, eu não sei o que me fascinou, mas ela conseguiu nas duas vezes que a vi. Ela é diferente das mulheres que me envolvi.

Mas mexo minha cabeça não tentando pensar nela, todas as vezes que nos encontramos, ela saiu chorando e fugindo, acho que ela não foi com a minha cara, ou deve está com problemas.

– Sim, ela não é a única. Você é um problema bem fedorento. – eu digo beijando sua barriga, e ela rir. Uma risada gostosa, que aquece meu coração frio.

Tiana Rodríguez chegou na minha vida quando eu pensei que não teria mais ninguém, meus pais morreram em uma acidente de avião, quando tinha quinze anos, e deixaram para mim uma grande fortuna, que me ajudou a viver, mas dinheiro não compra amor.

Acabei me formando em administração, e comecei a liderar as empresas que era minha por direito, foi anos de só trabalho, e aumentando ainda mais minha fortuna. Nada de relacionamentos sérios, não tinha tempo.

Mas as vezes eu tinha que libera a tensão de alguma forma, o sexo era só para o prazer, e necessidade, nada mais que isso. Então, decidi o celibatário, mas tive uma recaída com uma das donas de uma empresa que estava fazendo negócios. Aí nasceu a Tiana.

Bom, a sua mãe não queria me falar, e ficaria assim por muito anos, se ela não tivesse morrido no parto, eu fiquei com raiva no começo por ela ter tomado minha decisão, mas agora não tem mais jeito. E o que passou, passou.

–Vamos dormir – eu falo, e ela faz uma careta. E eu sorri, parece que ela me entende tão bem, ou deve ser delírio meu, não falo com outro ser humano a dois dias. Um ser humano que pode me responder com palavras, não com barulhos confusos, em uma língua que pertence só aos bebês.

– Então vamos comer. – eu digo a pegando e vou em direção às escadas. Eu amei essa casa quando vi em um anúncio de venda, estava procurando uma casa onde pudesse recomeçar com minha filha.

Aqui estamos.

A coloquei na cadeirinha, e vou em direção ao armário, e pego o leite em pó, e sua mamadeira, depois água, e em poucos minutos depois de levar ao forno para deixar morninho. Está pronto.

– Vai menina gulosa, comer. – Eu comentei indo para sala e a pego, e se sento na poltrona de couro.

Coloco ela na curva no meu braço, e levo a mamadeira aos seus lábios, e vejo ela comer, ela sempre foi uma devoradora de leite.

Olhando ela assim com quatro meses, não fazia ideia que ela podia crescer tanto em poucos meses. Ela é minha bolinha de ouro.

– Tiana – eu digo seu nome e vejo seus olhos se fecham, e aos poucos ela dorme. Não tiro a sua mamadeira e deixo no centro e volto para seu quarto, e a deito no seu berço, depois que ela arrota. E sem ter coragem de deixá-la sozinha, se sente na poltrona branca que tem no seu quarto.

Eu fiquei feliz em comprar essa casa,  ainda mais por ela estar toda mobiliada e isso ajudou bastante. Não tenho nenhum talento para decoração. Mas tenho que admitir que o quarto do bebê, foi o que mais me conquistou.

É um quarto digno de uma princesa. E, minha filha merece.

Eu acabo cochilando, e meus sonhos são repletos de imagens com Ella, e eu acabo acordando, muito assustado com o desejo que sinto por essa mulher.

Nunca aconteceu isso comigo. Nunca mesmo.

Eu saí do quarto da minha filha, e peguei a babá eletrônica, e o livro sobre bebês com menos de um ano. E volto para sala, não quero mais sonhar com aquela mulher, que deve ser comprometida. Mulheres como ela não estão solteiras.

                   -*-*-*-*-*-

     

Eu acordei com a campainha tocando, acabei dormindo no quarto de Tiana, quando ela acordou pela última vez na madrugada. Ela estava querendo brincar.

Eu levo minha mão ao rosto, e levanto, e passo meus olhos, por minha filha que está olhando para mim. Ela acordou sem fazer nenhum barulho, mas posso ver pelo seu rosto rosado, que ela estava pronta para me acordar.

– Papai já pega você. – eu digo quando ela faz biquinho de choro. Mas, mesmo em meus braços, ela chora.

Eu escuto a campainha novamente, e me movo em direção da sala, em poucos passos estou na porta, e abro. E, fico surpreso quando vejo Ella.

– Oi, bom dia – ela diz com um sorriso. Um sorriso que me faz ficar sem fôlego, desde que eu conheci, ela nunca sorriu assim para mim, e pensar em ser o motivo do seu sorriso me deixa um pouco fora do compasso.

– Oi. Me desculpa, mas... O que está fazendo aqui? – eu perguntei. Tenho medo que fui grosso, mas não tinha como saber sem perguntar.

– Oh desculpa. Eu sou a babá substituta. A Aurora acabou ficando doente, e não é certo ficar ao redor de bebês nessa condição. – ela fala.

– Sim. Então pode entrar  – eu digo balançando a Tiana, e aos poucos ela se acalma.

–Ela é minha irmã. – ela continuou a falar.

– Uma das princesas, devia ter associado mais cedo – eu comentei sorrindo, e ela sorri olhando para Tiana, que está a encarando com curiosidade.

– Não tem problema. Oi, princesinha – ela fala olhando para minha filha, que lhe dá um sorriso babado. Ela nunca foi assim com estranhos. Para Aurora conseguir um sorriso precisou de um certo tempo.

– Eu tinha esquecido da babá. – eu admito um pouco envergonhado. Com tudo que estava acontecendo.

– Oh normal. Posso pega-la? – ela pergunta, e eu concordo e logo a Tiana está em seus braços, e tenho que admitir que essa imagem mexe com meu coração. O que está acontecendo comigo? – Você está com um cheiro de bebê.

– Vou fazer sua mamadeira. – eu digo caminhando para a cozinha. Coloco os pratos sujos de ontem a noite na pia. E pego uma nova mamadeira.

E coloco uma panela com água no fogo, e esperei ferver. Quando fico satisfeito em ver as bolhas borbulhando na panela, coloco a mamadeira.

–Você tem uma bagunça aqui. – ela fala, eu viro para olhá-lo e vejo um sorriso em seu rosto.

– Sim. Lava louça não é minha atividade preferida. – eu admito indo para pia, e lavei as cinco mamadeiras que usei ontem. E as panelas. E jogo o resto de comida chinesa que sobrou de ontem no lixo,  o cheiro não é um dos melhores.

– Eu gosto – ela fala desligando o forno, e pega a panela quente, e depois coloca na pia e tira a mamadeira e deixa na mesa.

– Você sabe que está quente. – eu digo apontando para a panela olhando sua mão, para ver se tem alguma queimadura.

– Não estava quente – ela fala virando com Tiana nos braços. Eu olho para a panela, vejo o vapor subindo e sei que não está quente, está quentíssima. Estranho.

– Ok – eu falo fazendo a mamadeira e entrego para Ella, que pega, e logo começa a alimentar minha filha.

– Ela é tão linda. E ela se parece com você. Só olhos são diferentes – comenta ela, me olhando. Os meus são azuis e os dela são castanho escuro.

– Sim. Os olhos são iguais aos da sua mãe. – Eu falo me encostando na pia. E olho ela com minha menina nos seus braços, me faz sentir que é tão certo. Mais uma vez me pergunto: que merda está acontecendo comigo? 

– Ah... Aurora me contou que ela morreu no parto – ela deixa escapar, e vejo seu rosto cora com vergonha. – Só sinto muito.

– Está tudo bem. Você vai saber de uma forma ou de outra. A mãe de Tiana, ela era uma dona de uma empresa que estava tentando firmar um contrato comigo. Nós acabamos se envolvendo, foi algo casual. E, ela acabou  engravidando, mas não me contou, ela ia dá Tiana para adoção sem me consultar... – eu suspiro quando olho para minha filha, que agora está me olhando como se estivesse me confortando. Não sei por que estou dizendo tudo isso para ela, mas me sinto confortável com Ella.

– Que vaca – fala Ella, e ela arregala os olhos quando me olha, mas eu acabo rindo, ela é uma lufada de ar fresco.

–... descobri quando uma assistente social falou comigo, e me informou sobre ela. Já que a irmã de Lúcia, não queria ficar com a sobrinha, então contou quem era o pai. E conheci minha filha. Mas agora estamos bem.

– Com certeza. Não consigo imaginar quem pode abrir mão desse anjinho. – Ella sussurra.

– Nem eu – eu falei. Essa mulher pode está ganhando o meu coração. E tenho medo disso. Pois ela tem que me aceitar com minha filha. Não aceito nada menos que isso.

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