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Khrona, 1722.

Castelo Sartori

Tadeu, o vampiro que espionava o clã lunar, chegou afobado no castelo. Procurou imediatamente por James. Ele seria muito bem recompensado pelo êxito nas suas espionagens.

–Eu preciso falar com o líder. –Alegou para o vampiro que fazia a vigilância da reunião do clã. –Eu achei a garota.

Nesse momento a porta é aberta e James está com um olhar maravilhado para Tadeu. Perante boa parte do clã, foi encorajado a falar o que sabia. Afonso observava tudo calado.

–...e então eu fugi ou acabaria sendo pego por ela. Quase morri com a explosão que teve. A garota parece não ter controle sobre seus poderes. Tive medo dela me matar. É isso, líder.

–Como não estranhei o sumiço repentino do Otto?–James perguntava a si em voz alta.–É um grande dia para nós do clã Sartori. Encontramos a garota. Agora vamos destruí-la e tomar em definitivo o país de Khrona.

Gritos eram ouvidos enquanto Afonso estava calado. Tadeu foi bem recompensado ganhando um quarto na ala dos conselheiros do líder e outras mordomias. A reunião terminou e então Afonso viu uma oportunidade de conversar mais abertamente com o pai.

–Não acho que destruí-la agora seja uma boa ideia. Não acho que será tão fácil assim.

–O que sugere então?

–Eu preciso enfraquecer a garota para então matá-la. Deve ter um gatilho natural ali dentro em relação à mim. Se eu tentar matá-la agora, morrerei.

James entende o raciocínio do filho e logo tem uma ideia. Arriscada, mas muito boa.

–Conquiste-a então. Ela está sem os pais e com um irmão para criar. Faça ela vir pro nosso lado. Você é bom em manipulação, Afonso. Se ela se deixar apaixonar por você, vai enfraquecer pois estará deixando em segundo plano sua missão. Fraca, será um alvo fácil.

–Exatamente! Ela está sensível e carente agora. Vou usar disso para entrar na sua vida. Tenho que prestar minhas condolências pela morte de Otto. Afinal, ele era um membro muito querido. Como é o nome da ratinha?

–Layla. Boa sorte!

John escutava tudo atentamente por trás da parede. Sorriu ao entender de vez o quebra-cabeça que estava tentando montar a um tempo. Escutava conversas aqui e acolá do seu pai com Afonso e foi juntando as informações. A salvadora era a mulher que pertenceria ao seu irmão por obra do destino. Só que John não ia deixar esse plano seguir em frente. Iria fazer a garota se apaixonar por ele primeiro.

Afonso sentiu uma coisa estranha ao ouvir o nome da garota, mas ignorou. Procurou por Tadeu e pegou as coordenadas do local onde ele viu a garota pela última vez. Ao chegar no lugar, inalou o ar atrás de algum vestígio do cheiro da garota. Ele sabia que o cheiro dela seria diferente e notório pra ele.

–Você não foi muito longe, ratinha. Eu vou te achar.

John também tinha saído atrás de Layla. Ele conhecia bem aquela área e tinha uma noção onde tinha um bom esconderijo. Para a sua sorte, ao longe ele vê um garoto tentando acender uma fogueira enquanto uma mulher está desacordada.

–Quem é você?–O garoto aponta uma faca para John.

–Sou como você, garoto.–John mostra os olhos vermelhos.–Eu soube que teve uma explosão aqui por perto e vim atrás de possíveis sobreviventes.

Adrien abaixou a lâmina vagarosamente e enxugou rapidamente lágrimas que insistiam em cair. Cautelosamente, John foi se aproximando.

–Ei, tudo bem. Não vou fazer nenhum mal. A garota está bem?

John olha para Layla e se vê encantado com seus traços faciais. Ela mais parecia estar em um sono bom.

–Ela não acorda e está começando a ficar frio. Ela é humana.

–Eu posso ajudar. Aqui perto está a minha carruagem. Vamos, não moro muito longe. Confia em mim ou a garota vai acabar morrendo.

John já tinha ganhado a confiança de Adrien no momento em que mostrou os olhos. O garoto assentiu e permitiu que John pegasse Layla nos braços. Nesse instante, Afonso surge com uma cara nada agradável. Adrien fica assustado novamente.

–Esse é o meu irmão chato.–John fala de Afonso para Adrien.–Encontrei sobreviventes. Você encontrou mais alguém?

–Não, você teve mais sorte, John.

–Vamos levá-los para casa. A garota está muito gelada.

Começaram a caminhar em direção a carrugem sendo seguidos por Adrien. Durante o trajeto até o castelo, John ficava fazendo perguntas para Adrien afim de fazer o garoto sentir-se à vontade. Afonso observava tudo calado.

Direcionou seu olhar para a garota desacordada por um instante. Alguns fios estavam grudados no seu rosto e seus lábios bem avermelhados. Viu também vestígios de sangue seco em partes do seu rosto. John só observava de longe a análise visual de Afonso.

Era início de tarde quando chegaram ao castelo. John seguiu para o andar de hóspedes com Layla nos braços. Adrien e Afonso seguia o vampiro. Escolheu um dos quartos e depositou a garota em uma das camas.

–Eu vou mandar preparem algo para vocês comerem. Enquanto isso, vá ao banheiro e pegue álcool pra fazê-la acordar.–John diz para Adrien que assente.–Quando ela acordar, explique toda situação para que ela não fique assustada. Voltaremos depois. Fique à vontade.

–Obrigado, John.

John assente e sai deixando os irmãos sozinhos. Assim que estão em uma distância segura, Afonso empurra o irmão contra a parede. John sorri.

–O que foi, irmão? Não está feliz pela boa ação que eu fiz?

–Não sei como você descobriu, provavelmente ouvindo por trás da porta como velha fofoqueira, mas fica longe dos meus planos. É um aviso, John. Não me atrapalhe.

John mostrou os braços em sinal de rendição e então Afonso o soltou. Esse gesto trouxe um grande significado para John. Ele estava no caminho certo. Teria a vingança que tanto planejou. O irmão sentiria a dor que tantas vezes o proporcionou. Ajeitou sua roupa e seguiu para a enorme cozinha do andar.

No quarto, Adrien conseguiu acordar sua irmã. A garota levantou-se um pouco atordoada repetindo constantemente que não lembrava de nada. Adrien explicou toda a situação e assustada Layla exclamou.

–Estamos entre vampiros?!

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