Capítulo 4

Quando já estamos quase chegando, a Sophia baixa o som e começamos a conversar.

— Alguma de vocês sabe quem é o amigo do Jason que ele tinha falado? — Sophia pergunta.

— Não — Nat e eu falamos juntas.

— Pra que amigo do Jason, se temos o próprio Jason? — Nat diz e arregalamos o olho pra ela. — Gente, temos que aproveitar as oportunidades, ora mais...

— Esse casal é o tipo que coisa que preciso ver — provoco e ela ri.

— Vocês dois derrubam o campus, se sozinhos já são como são, imagina juntos — Sophia completa e rimos mais ainda.

— Minha meta hoje é conseguir alguém pra Elena — Nat retruca e me aproximo exasperada.

— Vocês precisam parar com essa besteira de arranjar gente pra mim, entendam, não aceito menos que um Ian Somerhalder — falo convencida.

            — Acho que um Iam não, mas quem sabe um Thomas Miller — Sophia baixa o tom e a Nat abre a boca surpresa, eu só me escoro no banco e reviro os olhos com esse comentário desnecessário.

            — Como assim o Thomas Mille? O Thomas Miller, aquele Thomas Miller famoso? — Nat pergunta e a Sophia concorda.

            — Aquele salafrário, idiota, metidinho de merda... — cruzo os braços lembrando da cara perfeita dele, por que ele tem que ser bonito?

            — Ele foi bem babaca mesmo com a gente, realmente você merece o Ian, Elena — Sophia acrescenta.

            — Ah, que bom que você sabe disso!

Chegamos ao local e era tudo lindo e bem decorado. A batida do som é alta e tem muita gente chegando.

— Vamos encontrar os meninos — Sophia fala assim que conseguimos entrar no local.

Por dentro é bem escuro, iluminado apenas pelas luzes coloridas de boate. A pista de dança é enorme, mas tem a parte onde ficam as mesas, onde é um pouco mais claro. Tem um bar de cada lado e o ar-condicionado não é suficiente pra não deixar o local quente.

— Olá garotas! — Não demorou muito até o Jason aparecer. — A boate até se iluminou quando vocês chegaram.

— Esse tá querendo alguma coisa — Sophia fala sem nenhuma vergonha e todos caímos na gargalhada.

— Posso nem ser gentil? — ele pergunta de braços cruzados.

— Claro que pode, Jason. — digo.

— Elena, que arraso, em... — ele me avalia e provavelmente estou vermelha nesse momento.

— Obrigada!

— Nat, você tá estonteante — ele dá uma rodadinha nela.

— Até parece que é cavalheiro — Nat responde e ele fica com cara de bunda.

— Cadê o resto do pessoal? — Sophia corta o assunto.

— Ali numa mesa, vi que vocês estavam meio perdidas, então resolvi encontra-las pra irmos — começamos a segui-lo bem perto uma da outra já que está cada vez mais lotado.

O cheiro da boate é misturado, tem um aroma mais forte, mas que se mistura com outros perfumes, o cheiro de bebida e da fumacinha que sai de alguns pontos do local.

Fomos se aproximando e quando cheguei meu coração quase parou quando vi o único “estranho da mesa”, ou seja, amigo do Jason. Thomas Miller.

— Gente, esse é meu amigo da faculdade que eu falei que viria, Thomas — Jason fala e a Sophia olha pra mim com cara de "fica clama".

— Prazer — diz após dá um gole em alguma bebida.

Não demora até olhar todas as pessoas e me reconhecer. Ele apenas fica me apreciando e engole seco, não age diferente, nem fala nada. Fiquei feliz por isso, seria péssimo se ele dissesse algo, então apenas sentei na cadeira entre a Sophia e o Jason.

No começo a conversa estava fluindo muito bem, desde que cheguei o Thomas não falou quase nada, ele está bem concentrado em algo em seu celular, eu até prefiro que seja assim. A Sophia e o Justin fazem todo mundo segurar vela, o interesse da Nat no Jason é perceptível, ainda bem que ele está adorando isso. Eu e a Charlotte ficamos bebendo e rindo do povo na pista de dança.

— Meninas, vamos dançar? — Sophia pergunta já levando e puxando minha mão.

— Bora! — levanto, já estou doida pra sair desse clima estranho com esse metidinho me olhando torto.

Fomos todas nós e o Jason junto com a gente, começamos a dançar loucamente com nossos drinks. Nunca me senti tão à vontade com outras pessoas como com essas. Talvez todos eles estejam certos, eu preciso me divertir, sair dessa minha bolha, viver sem pensar no que pode acontecer depois disso.

Em certo momento, uma música mais lenta começou, todos que estão na pista de dança colocam os braços pra cima e começa a chover papeizinhos coloridos. Aos poucos a música foi aumentando o ritmo e começamos a pular, nunca me senti tão livre, leve e com vontade de mais. Essa é minha hora, meu espaço, minha vez de ser feliz.

— Cadê a Elena tímida, em Sophia? — Nat pergunta alto pra conseguirmos ouvir.

— Ela nunca foi tímida, são algumas pessoas que deixam ela assim — ela diz revirando os olhos.

— É o amigo gato do Jason? Thomas Miller? — Charlotte questiona.

— Todo mundo conhece esse cara mesmo? — É minha vez de revirar os olhos.

— Eu curto algumas músicas que ele faz cover — ela responde.

O Justin veio dançar com a gente também. Depois de um bom tempo, estou com sede e minha bebida acabou, olhei pra mesa e vi bebidas lá, então me afastei um pouco e fui até lá pegar algo pra mim.

Cheguei, peguei um dos drinks com gelo e me sentei pra beber, só aí percebi o Thomas me olhando com uma cara estranha.

— O que tem de errado comigo? — Pergunto, cruzando as pernas dando atenção pra ele.

— Nada, agora olhar pra você é crime? — Fala no mesmo tom de voz.

— Não, mas sei que você quer alguma coisa, pois você não gastaria seu precioso tempo me olhando — digo com a maior voz de deboche que consigo fazer, ele dá um sorriso de lado e ignora o que eu falei.

— Não imaginei encontrar a garota barraqueira, protetora de amigas aqui hoje — ele diz e como eu queria estampar minha mão na cara dele.

Ah, Elena, mas o que ele fez de mais pra você? Ele foi arrogante sem necessidade, ninguém fala comigo desse jeito, ele não tem esse poder todo só porque tem dinheiro e fama não. Não gosto do jeito que ele fala, da ironia em sua voz e dos seus olhos em mim.

— Eu não sou barraqueira e não ouse a me chama assim de novo, não te dei abertura pra isso — falo com ignorância e ele apenas sorriu.

— Olha, seus amigos estão bem ocupados — ele se vira me mostrando meus amigos "se pegando" no meio de todo mundo. — Nós dois somos os únicos sem ninguém, eu poderia ir atrás de alguma garota pra me divertir, mas estou te dando uma chance pra termos uma conversa civilizada, já que você também não tem nada melhor pra fazer — termina e dar o último gole de sua bebida.

Eu tinha poucas escolhas, mas com certeza não vai ser ficar conversando com aquele mauricinho que se acha a última bolacha do pacote. Não suporto pessoas assim. Até o olhar dele incomoda.

— Thomas, você se acha muito, mas não é nem metade — digo e saio o deixando sozinho.

— Eu não me acho, Elena, eu sou! — Ouvi perfeitamente, mesmo já estando um pouco longe, minhas pernas param, mas me forço a continuar andando e ignorar ele.

Por um momento eu quis voltar e fazer ele sentir uma dor bem dolorida, mas tudo que eu queria era chamar menos atenção possível, então sentei em um banquinho no balcão do bar e fiquei apenas olhando o cardápio. A noite estava perfeita, por que mesmo eu fui pra aquela mesa?

— Vai querer alguma coisa, moça? — Alguém me chama e eu tenho um susto. — Desculpa, não queria te assustar!

— Não tem problema — olho pro barman e não consigo evitar um sorriso (que cara gato). — Vou querer só uma água mesmo.

— Você parece um pouco tensa, aconteceu alguma coisa? Você está sozinha? — Ele pergunta e dou uma risada.

— Desde quando é obrigação do barman perguntar como os clientes estão se sentindo? — Ele baixa a cabeça constrangido e acabo me sentindo mal pelo que disse. — Estou brincando, obrigada por perguntar. Eu estava com três amigas, mas elas nesse momento devem estar pegando algum cara por aí... — olho em volta.

­— E por que você não foi com elas? — ele parece muito interessado em alguém que nem sabe o nome.

— Não é muito minha praia, sabe? — Entrei na brincadeira.

— Entendi. Vai querer só a água mesmo?

— Com gás, por favor — ele assente e em menos de dois minutos chega com a água, e duas taças com alguma bebida em cima de uma bandeja, dá a volta no balcão e senta ao meu lado como se já me conhecesse há anos.

— Posso sentar aqui durante meu intervalo? — Ele pergunta educadamente com muito charme.

— Pode — não consigo evitar uma risada, ele retribui sorrindo.

— A bebida é sua.

— Ah, muito obrigada, mas não estou a fim de bebidas alcoólicas — eu disse afastando a taça.

— Eu trouxe uma especial pra você — olho pra ele com uma cara desconfiada e ele ri com o mesmo charme de sempre. — Ela não vai te deixar bêbada, garanto.

Eu posso tá cometendo um grande erro aceitando essa bebida de alguém que não conheço, mas algo me faz confiar nele. Talvez o olhar intenso, o charme em suas palavras, chega a ser engraçado. Ele tem uma beleza exótica, não sei explicar, uma beleza que só ele tem, é diferenciada. Seu cabelo penteado pra trás ficaria horrível em qualquer outra pessoa, igualmente ao terno azul, impossível alguém ficar tão bem usando um terno azul. Mesmo estando meio longe consigo sentir seu cheiro amadeirado e forte, chega a ser sexy.

— Tá bom — seguro a taça e ele brinda com a dele.

Passamos uns quarenta minutos conversando sobre qualquer coisa, eu nunca imaginei que isso fosse possível, pois eu nem sei o nome dele, mas foi uma conversa tão agradável. Nunca me possibilitei a viver momentos assim, talvez agora comece a aproveitar mais as pequenas coisas que acontecem na minha vida.

— Agora eu tenho que ir — ele olha no relógio e pro bar na nossa frente.

— Foi muito bom conversar com você — sou sincera.

— Foi melhor ainda estar contigo — ele dá um beijo na minha mão.

— Posso saber seu nome? — Pergunto.

— Dylan Smith, e o seu?

— Elena Marin, foi um prazer — digo me levantando.

— O prazer foi todo meu — dessa vez ele beija minha bochecha e se afasta, dá uma piscadinha e volta ao trabalho.

Talvez eu nunca mais veja o Dylan, mas com certeza nunca vou esquecer do barman charmoso que melhorou ainda mais minha noite.

Volto para mesa que já está cheia novamente e sou acompanhada por vários pares de olhos.

— Eu já estava quase indo atrás de você — Sophia diz exagerada.

— Eu disse que você só tinha ido flertar com alguém por aí, mas ela é um pouco preocupada, sabe como é né, Elena? — Justin fala e rio.

— Cheguei, não precisavam sentir saudade! — Digo e sento na minha cadeira.

— Conta tudo — Nat se vira pra mim.

— Não aconteceu nada, só fui lá no bar pegar uma água e aproveitei pra passar pelo banheiro — minto.

— Finjo que acredito — Sophia alfineta.

— Estou com fome, vamos pedir comida? — Falo olhando o cardápio que tem em cima da mesa.

— Eu quero pizza — Jason comenta e a maioria das pessoas concordam, então começamos a escolher os sabores.

O Thomas não para de me olhar, mas eu não estou mais nem aí. Fui dançar de novo com as meninas, aproveito bastante, fui até o bar pra pegar outra bebida (e ver se encontrava o Dylan novamente, mas não rolou). Chegou uma hora que eu estava exausta, todos nós na verdade. Nunca dancei tanto na minha vida, comemos pra caramba, pois a comida era maravilhosa. Agora estamos jogados na cadeira cada um com a cara mais péssima que o outro.

— Chegou nossa hora, pessoal — Sophia fala juntando toda força que ainda resta nela.

— Estou morta — Nat diz escorando a cabeça no Jason, ele coloca a cabeça em cima da dela e quase caem pra frente provocando risadas de todos.

— Tchau meninos — digo dando um abraço no Jason e no Justin (apenas dei uma olhada bem ameaçadora para o Thomas) e fomos embora.

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