Capítulo 2

“E se soubesse que tudo ia ficar bem no final, não me importaria em nada com o que acontece agora. Mas é horrível passar um dia depois do outro sem ter certeza de nada.”

The Vampire Diaries

Chegando lá, percebo que já tem algumas pessoas sentadas nas cadeiras e conversando como se já se conhecessem há muito tempo.

— Olá, como é o seu nome? — uma menina que sentou ao meu lado pergunta simpática.

— Oi, meu nome é Elena — eu digo e ela estende a mão.

— Prazer, Natalie! — ela fala com um sorriso. — Você vai fazer moda?

— Sim, você também?

— Sim! – Ela abre um sorriso maior ainda. — Você não sabe como estou feliz de ter falado com alguém da minha turma, pois até agora só conheci pessoas de outros cursos.

Ela é muito simpática, não tem vergonha de nada e tem um estilo maravilhoso. Não preciso nem falar o quanto fiquei feliz de conhecer alguém. Seu cabelo é castanho escuro e ondulado, tem uma franjinha que combina com seu rosto, é magra e uns cinco centímetros mais alta que eu.

— Me fala sobre você, até porque se vamos ser melhores amigas aqui dentro temos que nos conhecer melhor — ela fala e não consigo evitar um sorriso.

— Deixe eu pensar... — escuta atenciosamente sem nem se importar com o barulho que as pessoas estão fazendo. — Tenho dezoito anos, uma irmã de seis anos, um irmão de vinte e três. Tenho uma melhor amiga que tá fazendo administração nesse mesmo campus e minha vida é bem parada, então não tenho muito o que contar!

— Ah, não acho que ela seja parada, talvez só falte um pouco de emoção! Olha, eu cheguei pra trazer emoção pra sua vida! — ela diz e faz cara de convencida.

— Ótimo! — fico tão feliz de ter conhecido alguém legal — me fala também sobre você.

— Eu tenho dezoito anos também, moro com meus pais e sou filha única, mas amaria ter irmãos. Sempre adorei moda e estar aqui é a realização de um sonho – eu concordo e deixo ela continuar. – Adoro uma festinha no final de semana e gosto muito de saber que agora vou ter uma nova companhia! – Ela fala a última parte batendo palminhas.

Depois disso conversamos até o primeiro professor chegar, na verdade nem demorou muito. Tivemos as três primeiras aulas e em seguida foi o intervalo. Aprendemos muito sobre a história da moda, como tudo começou a se profissionalizar, entre outras coisas que eu amei saber.

— Nat, — já comecei a chamar ela pelo apelido – você me ajuda a encontrar uma amiga?

— Claro — responde e saímos andando.

— Encontrei você! — não demora muito pra Sophia aparecer na minha frente. — Oi! — Esse “oi” é dirigido à Nat.

— Olá! — Nat responde.

Sophia está acompanhada de um garoto bem bonito, ele tem sardas, seu cabelo é de um jeito que não sei muito bem explicar, e parece ter um ótimo gosto pra roupa. (Meu espírito já é de estilista, então me perdoem por analisar o estilo das roupas das pessoas).

— Olá — ele estende a mão pra mim e depois pra Nat — qual das duas é a Elena?

— Essa aqui — Sophia diz me abraçando.

— Prazer — eu respondo. — Essa aqui é a Natalie, minha amiga que faz moda.

— Eu sou Jason, prazer — fala por fim.

— Gente, por favor, chega de formalidades — Sophia se intromete. — Ninguém merece... quando que vamos sair? — Ela passa um dos braços pelo meu pescoço e o outro pelo do Jason e começamos a rir da situação.

Nós quatro começamos a andar pelo campus e em poucos minutos eu já sei quase tudo da vida de Jason e Natalie. Eles são engraçados e o Jason dá umas boas olhadas pra Natalie, já estou prevendo coisas aqui.

— A gente pode criar um grupo pra conversarmos — Sophia fala do nada fazendo todo mundo parar.

— Podemos! — Nat concorda.

— Me passem os números de vocês, eu crio assim que chegar em casa — Sophia pede e todos falam os números.

— Coloca como Jason gostosão — Jason fala e rimos dele.

— Que errado, gente... — Sophia diz salvando os números.

— Errado seria a gente não admitir o óbvio — Nat comenta e todos começam a gritar.

— Valha, vocês são doidos — digo ainda me recuperando.

— Gente, preciso ir ao banheiro, já volto — falo saindo.

— Eu vou com você, Elena — Sophia me acompanha. — Não falei que ia ser mais fácil do que você imaginava! — Afirma quando nos afastamos um pouco das pessoas.

— Sim! — respondo feliz girando no corredor.

Estamos tão distraídas na volta que sem querer Sophia esbarra em um garoto e acaba derrubando algumas coisas que estavam em suas mãos.

— Ah, me desculpe, foi sem querer. — Sophia se abaixa para pegar as coisas.

— Garota, você é louca? Olhe por onde anda! — Ele reclama com ignorância.

— Não foi porque quis, pode acontecer com qualquer um, inclusive com você! — Eu falo no mesmo tom ajudando a Sophia.

— A conversa ainda não chegou em você, não se meta onde não é chamada! — O garoto retruca se dirigindo a mim.

— Se chegou nela, chegou em mim também, seu idiota! — Até agora ainda não tinha sido grossa com ninguém, mas mexeu com minha amiga, mexeu comigo.

— Deixa ele, Elena — Sophia segura a minha mão e vamos saindo — não vale a pena discutir com esse tipo de gente.

Eu ainda estou com muita raiva, cara sem noção, idiota, metidinho de merda.

— Por que um garoto gato daquele tem que ser tão metido? — Pergunta e começa a rir, fico impressionada como ela consegue pensar na beleza dele depois disso.

—Você está pensando na beleza dele depois de ter sido grosso daquele jeito com você? Achei graça nenhuma.

— Amiga, você não reconheceu o Thomas Miller? — Ela questiona como se fosse um absurdo.

— Quem é esse? — pergunto realmente sem saber.

— O garoto que eu acabei de esbarrar! — Eu faço careta. – Ele faz vídeos pra internet, de covers, está bem famosinho, não acredito que você nunca ouviu falar, Elena.

— Ah, não curto muito essas coisas não... — ela faz uma cara de insatisfeita, mas muda de assunto.

— Ei, acho que minha aula termina umas meia hora depois da sua, onde posso te encontra?

— Pode ser no estacionamento mesmo — digo e ela assente.

Quando chega perto da próxima aula, voltamos pra nossas salas e ela se despede com um beijinho no ar. Chego lá e Nat está conversando com outra menina.

— Elena, essa é a Charlotte! — Nat apresenta uma garota muito bonita, têm olhos castanhos claro e cabelo ondulado, é baixinha que nem eu e parece ser fofa.

— Oi, Charlotte! — digo.

— Oi, Elena! — acena da sua cadeira perto da nossa.

O restante das aulas passam rapidinho e quando terminam, me despeço das meninas e vou para o estacionamento esperar a Sophia. Fico lá em uns banquinhos, pensando sobre meu dia e mexendo no meu celular, até uma pessoa estragar meus devaneios.

— Olha, a garota defensora de amigas — o menino que segundo a Sophia se chama Thomas senta ao meu lado sem nem pedir permissão.

— O que você quer, metidinho de merda? — pergunto sem paciência.

— Que educação essa, em?  Não pode nem sentar ao seu lado pra conversar? — ele questiona dando um sorriso de lado só pra chamar atenção.

— Eu nem te conheço! E quer saber, nem estou interessada em conhecer também.

— Nossa, você é chatinha mesmo, em... sabe nem brincar — fala e levanta virando de costas.

— Não é porque você é um famoso que todo mundo tem que gostar de você e aguentar suas grosserias! — Ele dá uma piscadinha com um sorriso de lado e sai. Idiota.

Assim que ele sai a Sophia brota na minha frente.

— Elena, não acredito que ele veio falar com você! — Ela diz dando pulinhos.

— Grande coisa — respondo levantando indo em direção ao banco do passageiro do carro.

— O gato vem falar com você, e você simplesmente ignora!

— Não estou interessada, nem apressada, Sophia, não vi menor graça no que ele fez — sou sincera.

— Desculpa, só queria te animar.

— Tudo bem, já estou animada com meu primeiro dia de faculdade e meus novos amigos — sorrio. — Não preciso de um metidinho de merda pra atrapalhar — ela sorri e batemos nossas mãos.

Mudamos de assunto e não voltamos a falar daquele garoto até chegarmos em minha casa.

— Tchau até amanhã — me despeço dando tchau.

— Tchau!

            Dei uma olhada no relógio antes de entrar em casa e são quase sete horas da noite.

— Elle, você chegou! — Emily vem em minha direção e pula em meus braços.

— Oi, meu amor! — Digo e lhe dou um beijinho. — Cadê o Eric?

— Ele disse pra eu te esperar aqui embaixo — fala se sentando no sofá.

— Mas cadê ele? — pergunto e obtive resposta vendo ele descer as escadas com uma garota. EU NÃO ACREDITO QUE ESTOU VENDO ISSO, AI MEU DEUS, EU DEVO TÁ DORMINDO, QUE VERGONHA, VOU BATER NESSE GAROTO!

— Oi — ele fala somente e vai abrir a porta para a menina sair, que não falou nada durante o silêncio que se formou.

— Emily, você pode ir lá em cima deixar sua boneca pra gente jantar? — Peço olhando pra uma boneca que está no sofá. — O que significa isso? — Pergunto exasperada quando a Emily já tinha subido as escadas.

— É só uma garota do trabalho, relaxa Elena — ele fala como se não fosse nada de importante.

— Tá namorando, Eric? — Dou um sorriso malicioso e bato de leve no braço dele que me olha fazendo bico sério e começo a rir.

— Me deixa! — Ele responde segurando o riso e caio no sofá rindo mais ainda. — Olha só, eu vou fazer pior com você se continuar assim — joga uma almofada na minha cara, mas continuo rindo.

— O Eric tá namorando, o Eric tá namorando, o Eric tá namorando... — começo a cantar e ele cruza os braços na minha frente com cara de reprovação. — Que foi, maninho?

— Elena, será que você pode esquecer isso? Por favor! — Pede e volto a rir, ele sai do meu campo de visão e paro quando vejo a Emily se aproximando.

— Acho lindo você pensar que me engana, Eric Marin — retruco com o olhar cerrado pra ele, que apenas olha pra baixo e ri.

O Eric nunca foi de namorar desde que nossa mãe morreu e nosso pai foi embora, quer dizer, não que tenha sido algo importante a ponto dele me contar ou trazer aqui em casa. Sorrio me lembrando da cara vermelha dele, esse meu irmão...

Tudo está silencioso, o silêncio só é quebrado de vez em quando por alguma pergunta da minha irmã.

— Eba, Lasanha! — Emily comemora quando eu coloco a comida em seu prato.

— Só hoje viu, mocinha! Não pode todo dia — realmente só comemos essa coisas de vez em quando, pois nada menos saudável do que macarrão cheio de molho, queijo e presunto. O que não quer dizer que não seja delicioso, quem não gostam de lasanha precisa ser estudado pela NASA o quanto antes, é esse tipo de gente que começa a matar pessoas.

— A Elle é chata, não é Eric? — Emily pergunta, apoio minha mão no queixo em cima da bancada, franzo o cenho e fico só observando o que o Eric vai responder.

— É sim, até demais as vezes — ele fala sem ao menos olhar pra mim.

— Engraçadinho você... — mostro a língua e ele faz o mesmo.

— Não pode fazer isso! — Emily reclama betando na mesa.

— É verdade, não pode mostrar a língua, desculpa viu, Emily! — Digo olhando com cara de deboche pro meu irmão e ele faz o mesmo. — Olha só, vocês dois sabem que não viveriam uma semana sem mim.

— Muito confiante da sua parte pensar assim — Eric fala colocando uma garfada de lasanha na boca.

— Alguém tem que colocar ordem nessa casa, se vocês dois são duas crianças, não posso fazer nada — balanço os ombros comendo minha lasanha e eles riem de mim.

Ficamos sem fazer nada por um tempo, a Emily me chamou pra brincar e fui dar atenção a ela. Algumas horinhas depois ela ficou cansada e levei ela pra cama. Quando voltei o Eric estava colocando algo na TV pra assistirmos, pulei do outro lado do sofá e fui escolher o filme.

— Como foi o primeiro dia? — ele pergunta assim que me sento.

— Foi ótimo!

Começo a contar todos os detalhes a ele. Conto que fiz amigos, que estou amando as matérias e até a parte do garoto metidinho que veio se meter comigo e com a Sophia.

— Que bom que você gostou! — Ele olha pra TV e pra mim, então resolve desligar, não sei exatamente porque. — Me desculpe pelo que houve quando você chegou, não foi minha intenção, na hora eu não pensei como seria.

— Tudo bem, não precisa pedir desculpas, foi engraçado — respondo e ele sorri pra mim.

— Ela se chama Sara, trabalha no mesmo setor que eu, é muito simpática e especial pra mim, nunca conheci alguém como ela — ele olha pra baixo claramente envergonhado. — Desculpe mesmo, maninha.

— Relaxa, mesmo às vezes eu te odiando, eu te amo também.

— Mentira, você me ama sempre que eu sei! — Ele começa a ficar se achando.

— Amo nada!

— Ama sim! — Diz me cutucando e eu mostro a língua.

— Não faz isso na frente da Emily, está ouvindo?

— Você que fez e eu levo bronca, eu vou sumir! — Rimos e fico feliz pelas coisas estarem como estão. Acho que coisas maravilhosas estão vindo por aí.

Ficamos conversando por bastante tempo sobre várias coisas. Pergunto sobre como foi o dia dele, o que almoçou e quando já era tarde fui para o meu quarto. A Emily estava deitada lá, então fiz o máximo de silêncio possível.

Esse dia foi tão bom, fazia muito tempo que eu não conhecia pessoas novas, apesar de algumas delas eu não fazer tanta questão assim, reviro os olhos só de lembrar do idiota. Ah, Elena, mas o que ele fez tanto? Não sei, não fui com a cara de metido dele, foi arrogante sem necessidade com minha amiga e comigo, desnecessário.

Vi que a Sophia criou o grupo com as pessoas que conhecemos hoje, estão conversando e aproveito pra fazer o mesmo também.

A Nat é incrível, ela tem um senso de humor invejável. O Jason parece que conhece a gente desde sempre, começou a soltar umas indiretas pra Nat e é muito engraçado as reações dela. Até o Justin entrou no grupo, infelizmente não vimos ele hoje, porque o bonito está viajando e perdeu o primeiro dia de aula, mas já fez amizade com o povo mesmo antes de ver. Ah, a Charlotte ERA tímida, até as primeiras meia hora na companhia desse povo. Acho que sou a única normal que ainda resta.

Quando já estar tarde, levanto bem devagar, vou beber água, escovo os dentes e vou dormir, espero que amanhã seja ainda melhor do que hoje.

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