Capítulo 4   

Mesmo ficando com a sensação estranha de que algo era omitido ali, Sara tentou se focar no que necessitava urgentemente naquela noite. Um sítio para dormir. Ficando um pouco apreensiva por nada ainda ter aparecido , olha Marta, ficando consciente em segundos de que  Rafael a olhava de novo, pensativo por momentos. Observou-a dos pés á cabeça lentamente, o que a fez revirar os olhos subtilmente. "Por favor!!!  "Realmente tinham que parar de avaliar as pessoas desta maneira, ela não era gado para ser vendido só queria um sitio para ficar para procurar trabalho pela manhã.

__ A senhorita tem alguma experiência em hotelaria? - Rafael perguntou com expressão séria, mas estudando seu rosto atentamente.

Começando a ficar farta das emoções que a invadiam no momento, cansaço, desilusão, atração, Sara ia começar a protestar, mas no momento que percebeu as palavras de Rafael, ela  exalou o ar que sustentava mesmo sem notar.

__ Por favor me chame só Sara! - Respirou fundo para acalmar os batimentos de seu coração  no momento que a esperança a invadiu. __ Aceito qualquer trabalho que tenha para me oferecer, mesmo que não tenha experiência lhe garanto que sou rápida a aprender.

Sara esboçou um sorriso terno e de suplica para o estranho e atraente homem. Apesar de não ser uma boa ideia andar perto dele muito tempo, naquele momento teria que deixar isso para trás e só se preocupar em conseguir algo para se sustentar além de sitio para ficar essa noite. Não sabia porque reagia assim com ele. Já tinha socializado com  homens atraentes antes, mas não sentia nenhuma emoção mais forte do que resignação. Sabia que um homem daqueles nunca olharia para ela com luxúria, mas ele  despertava um fogo intenso dentro dela, um fogo que nem sabia que existia.

 Devido a ter sido traída por seu ex-marido, a auto estima foi muito para baixo. Só há pouco tempo tinha começado a perceber que sempre fora bonita e atraente mesmo com curvas voluptuosas, bonita. Alguns homens apreciavam seu corpo, mas também sabia que um homem como Rafael teria um monte de mulheres atrás dele e não olharia para ela duas vezes, se não fosse somente a nivel profissional. E mesmo que olhasse,  ser traida novamente ? "Não obrigada!" Com tanta oferta ao redor de Rafael e sua beleza , mais valia obrigar seu coração a estar quietinho no seu canto .

__ Certo! Eu e o meu irmão Marco. - Apontou para o homem ao seu lado que acenou com um sorriso maroto. __ Temos um negócio de madeira e uma pousada. A sede do escritório é lá. Se estiver disposta a ser polivalente, ajudar no que for necessário, tanto na pousada como no escritório, então... está contratada.

Os olhos de Sara brilharam com a ameaça de lágrimas de alegria, não podia desejar mais do que isso, era sorte , muita sorte ter uma proposta daquelas no mesmo dia em que chegara a cidade.

__ Eu... nem ...sei o que... dizer...

A minha voz falha ao tentar agradecer, Rafael me olha  apreensivo por um momento acrescentando.

__ Ofereço-lhe um quarto, todas as refeições e um salário adequado a função. Então... o que  me diz?

Nem mesmo ela se apercebeu que um segundo depois tinha saltado do banco e estava abraçada a ele , sem palavras pela emoção. Rafael lhe oferecera tudo o que necessitava para começar uma nova jornada em sua vida, uma que ela tentaria que fosse feliz.

__ Rafael... obrigada, muito obrigada !– Enquanto envolvia os braços a volta do pescoço, um suspiro sai de seus lábios, minha mente relaxava finalmente pelo alivio de algo dar certo na minha vida, num sussurro declara aquilo que realmente sentia no momento.__ Acabou de me salvar a vida.

Imediatamente sentiu um agradável aroma que lhe deu vontade de roçar o nariz no pescoço dele e respirar fundo. Tinha um cheiro tão agradável. Um cheiro a macho e a canela. Sara adorava canela!

Só se deu conta que estava com seu corpo praticamente colado ao seu, os seios completamente pressionados contra o peito musculoso de Rafael quando viu Marco de queixo caído e olhos arregalados, os encarando.  Os seus quadris estavam encaixados entre as pernas dele, fazendo quase impossível evitar de notar o volume que sua virilha ostentava.

Sara sentiu Rafael ficar tenso, sua respiração ficou mais  mais acelerada. Seu rubor foi visivel na hora , sua atitude foi um pouco impulsiva, afinal não o conhecia para fazer algo tão intimo, mesmo que fosse por gratidão ,como uma adolescente.

__ Peço desculpa. Foi...foi um impulso de alegria. - Ela mordeu o lábio, o encarando constrangida. Estava á espera de uma expressão furiosa, mas só encontrou um olhar perplexo e quente...muito quente.

__ Sem...problema!-Rafael declara com voz rouca enquanto Marco soltava uma risada enigmática.

__Nós cuidamos de quem quer fazer parte da nossa comunidade.- Rafael sabia o que a risada  de seu irmão significava. Ele  percebera o quanto tinha sido afectado pelo corpo de Sara . Como Rafael lhe tinha dito que não precisava de mulher nenhuma nos próximos 50 anos,  que só traziam chatices, teria que aguentar piadas de seu irmão o resto da noite. Marco fez lhe uma careta, enquanto agarrava as sanduiches  que Marta acabara de trazer.

__ Está pronta para ir já connosco? - Rafael perguntou a Sara dando uma rápida olhada em suas malas. __ Assim já pode ficar instalada e começar amanhã.

Exibindo um tímido sorriso Sara acenou, realmente feliz.Marta rodeou o balcão e  Sara de imediato deu-lhe um grande abraço.

__ Muito obrigada Marta, de coração!

__ Oh, querida. Não precisas de agradecer. Rafael está há muito tempo só. Precisava de alguém ... tal como tu. Acho que foi o destino. - Piscou-lhe o olho e sorriu. __ Não podias estar entregue em melhores mãos.

"E que mãos." Pensou Sara. Ela caminhou até á porta de saída junto com eles não pensando muita nas palavras estranhas da velha senhora, provavelmente se referia a falta de pessoal para os ajudar em seu trabalho. Acenou a Marta ao sair com a promessa de voltar mais vezes. Enquanto os seguia para a camioneta ela reparou nos ombros largos de Rafael, com a camisa preta justa que lhe moldava as costas e que lhe acentuava o corpo forte. Dava vontade de o abraçar como antes e desfrutar de seu calor, seu perfume, sua proteção, pois com seu tamanho , qualquer mulher se sentiria protegida em seus braços fortes. Mas o pior era aquele traseiro, e que traseiro! Bem firme naqueles jeans , se ele as usasse mais apertadas seria pecado.

Enquanto Sara ia naqueles devaneios sobre o seu futuro empregador,  Marco abriu a porta do veiculo  para que entrasse. Antes de chegar á pousada, tinha que colocar a cabeça no lugar. Sentia-se como se este dia inteiro tivesse sido um sonho e não queria nada que a fizesse acordar. Não podia estragar tudo, só porque  seu salvador despertava os seus mais profundos desejos.

Não, não se podia viver de paixão. Ela já tinha tido a prova disso na sua vida e não cairia nessa mais uma vez...

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