Capítulo 6

Lorena

– Você é louco! – Eu digo olhando ainda sem acreditar nas coisas que saem da sua boca.

Vampira. Lobo. Ele com certeza é um pirado, e não posso acreditar no que ele diz, muito menos que sou sua esposa.

Quando ele falou fiquei em estado de choque. Mas não sei quem sou, ou melhor não lembro de nada, além do meu nome, cogitei que ele podia estar falando a verdade quando me tirou do leilão, mas ainda estava incerta, mas seus lábios contra os meus parecem tão certos.

Minha cabeça dói ao tentar pensar em uma forma de lembrar de quem eu era, e como vim parar nesse lugar, mas está tudo em branco.

– Você com certeza precisa dos seus remédios – eu digo e quando vejo ele parando no sinal, e decidi fugir, não penso em nada, antes de abrir a porta do carro e corro para fora o mais longe dele.

A polícia, eles podem me ajudar, alguém tem que saber quem sou, em algum lugar eu tenho que ter uma família me procurando, penso enquanto corro e eu olho para trás e fico feliz quando não o vejo.

Mas algo em mim diz que ele não desistiu, eu xingo quando a merda do salto que estou usando prende no concreto do chão, e eu puxo para desprender e acabei caindo para frente, se não fosse dois braços eu teria se estatelado no chão.

– Cuidado moça. – O homem com bafo de cerveja diz contra meu rosto, eu me soltei dos seus braços e dei um passo para trás, quando vejo a sua intenção nos seus olhos. – Você não deveria andar sozinha, ainda mais nessa hora.

– Não estou sozinha. – Eu falo dando mais um passo para trás quando vejo mais um homem saindo do beco, ele tem um cigarro na boca, e suas calças estão abertas, e meus olhos se arregalaram quando vejo uma mulher atrás dele caindo no chão.

– Você parece sozinha, e bem nova também. Diferente da mercadoria usada que tenho aqui. – O cara que está fumando, a mulher que me olha sem se preocupar com nada além do que está fumando.

– Já disse que não estou sozinha – eu digo se afastando ainda mais dos caras.

– Não estou vendo ninguém por aqui. – Falou, o bêbado. Eu dei mais um passo para trás e acabei encostando em algo peludo. Penso que possa ser um cachorro, mas ele é muito maior que um cachorro, cachorros não atingem os ombros das pessoas, mas não posso olhá-lo para ter certeza, não quero tirar os olhos dos dois homens.

– Sua companhia é um cachorro grande, mas ainda é um cachorro! – o cara que ainda tem o cigarro rir e antes de pegar uma faca de um dos seus bolso.

O cara bêbado se aproxima e a próxima coisa que vejo, é algo preto e peludo, se jogando em cima dele, e o leva ao chão, ele rosna, e eu sei que isso não é um cachorro.

Deus. É um lobo.

O outro cara corre, mas não vai muito longe, já que o lobo dá um curto salto, e cai em cima dele, e sua pata ataca, e eu sinto o medo me consumir.

Não devia ter um lobo aqui na cidade, eles são da floresta, a minha mente deve está pregando uma peça, mas eu sinto que é real, quando ele vira a cabeça na minha direção, e logo está focando em mim.

Eu não penso nem duas vezes, eu corro de volta do caminho que vim, e quando encontro o carro aberto, eu corro e me fecho nele, e fico olhando abismada, o lobo se aproxima, e eu engulo em seco quando ele dá a volta no carro e vai para porta do motorista que está aberta e eu me movo rápido para fechar, mas o lobo é mais rápido e entra.

Quero fugir novamente, mas ele coloca uma pata no meu colo e mostra seus dentes que podem me rasgar ao meio, e eu sinto minha garganta começar a fechar. Só metade do corpo dentro do carro.

Eu encaro o lobo sem saber o que fazer, ele é enorme, não tem como confundi-lo com um cachorro. Ele não tem nada de calmo e amoroso, ele é um predador pronto para matar.

– Você é um bom menino. – Eu sussurro engolindo em seco ainda o olhando. Ele mexe a cabeça peluda na minha direção, como se estivesse me analisando.

– Não sou comida. Não tenho um gosto bom. – Eu falo para ele, pensando que assim poderia distraí-lo e fugir. Mas sei que será impossível, ele é um predador natural. E eu fecho os olhos e respiro fundo.  – Só faça rápido.

– Pelo o gosto que tive de você. A única coisa que posso pensar é a perfeição, – Derek diz, e eu abro meus olhos e o encontro nu no lugar que devia está o lobo. – e não vai ser rápido gatinha.

– Onde está o lobo? – eu perguntei olhando para sua mão que está na minha perna.

– Dentro de mim.  – Ele diz e para provar seu ponto, ele leva a outra mão até meu queixo e me faz olhar em seus olhos e eu vejo muda de azuis para amarelados.

– Você é um lobo. – eu digo assustada. É tudo que posso sentir.

– Foi o que disse, Lorena. – Ele fala sorrindo, e beijou  meus lábios antes de voltar a sua atenção para ligar o carro e dar partida.

– Você matou aquelas caras.

– Matei e queria matar novamente, eles queriam fazer coisas horríveis com você – ele fala irritado aumentando a velocidade do carro.

 – Você os matou. Você é um lobo. – Eu falo parecendo um disco arranhado.

– Você já disse isso. – Ele diz sorrindo e eu não sei o que sentir. Essa noite foi tão louca. Isso é real. Não pode ser.

Eu o olho ainda sem acreditar que ele pode virar um lobo, mas eu vi com os meus olhos. E isso não pode ser mentira, a não ser que eu esteja em outra dimensão, ou pior morta. Só isso explicaria o que está acontecendo.

– Estou morta? Em coma? Drogada? – Eu me perguntei baixinho.

– Nenhuma das opções. Você só está em choque. – Ele diz sorrindo e eu mexo a cabeça.

– Pra onde está me levando? – eu me foco a coisas normais.

– Para casa. – Ele responde.

– Isso não significa nada para mim. – Eu comento.

– Mas vai significar. – Ele fala irritado.

Eu não falo nada e olho para fora da janela, e tento me localizar pelos os prédios que vejo, mas nada vem à minha mente.

Nada. Nadinha mesmo, não sei quem sou além de Lorena.

Mantenho meu foco na janela, pois não quero voltar a minha atenção para ele e olhar seu corpo nu, ele é tão bonito parece um modelo, todo músculos. Mas é um conjunto que o faz ser um Deus grego.

– Como fui parar naquele lugar? – Eu falo depois de vários minutos em silêncio, estava tentando colocar as coisas em ordem na minha cabeça.

– Você foi sequestrada. – Ele diz irritado como se só de lembrar disso o fizesse perder a cabeça.

– Por que alguém iria me sequestrar? – Eu falei confusa.

– Porque você era uma vampira, e eles queriam fazer experiências com você. E eles de alguma forma conseguiram transformar você em humana. – Ele diz. E eu luto para acreditar no que ele estava dizendo. Mas fica mais fácil quando o vi na sua forma loba.

– Como queria me lembrar. – Digo com melancolia.

– Você vai. Se não lembrar, vamos construir novas memórias para você. Juntos. – Ele diz levando uma mão até minha perna e aperta de leve. E depois começa a se vestir, fico triste por ele cobrir seu corpo. Mas mudando o foco da minha mente, tento conversar.

– Vampiros e lobos não deviam ser inimigos ou algo assim. – Eu brinco olhando para sua mão. Ele riu.

– Mas houve um tempo que foram. Hoje vivemos em paz. – Derek fala ainda rindo e eu percebo que começo a gostar de sua risada. Ele sempre pareceu tão sério. Até mesmo quando estava me beijando.

– Como nos conhecemos? – Perguntei.

– No trabalho, eu estava disfarçado em missão, quando senti seu cheiro e soube que era minha. É minha. – Ele explica sorrindo e eu vejo seus olhos mudarem quando ele diz a última parte e depois volta sua atenção para a estrada.

– Como terminamos casados? Não sei como agir com esse seu modo de homem das cavernas. – Eu admito.

– Não nos casamos. Mas vamos. – Derek falou olhando pelo espelho retrovisor e xingou.

– Mas você disse que você era meu marido. –  Lembro a ele confusa.

– Não sou ainda, mas vou ser. Mentir para te tirar de lá. – Ele admite aumentando a velocidade do carro.

– Você mentiu. – Eu repito o que ele disse e tento entender o que meu coração está sentindo com ele não sendo meu marido.

– Odiei fazer isso. Mas saiba que nós vamos nos casar. Não precisa ficar triste, gatinha. – Ele diz virando o carro na curva, e eu me assusto.

– Eu não estou triste! Não vou me casar com você! – Eu digo irritado com toda sua ousadia.

–Vai. Nem que esteja amarrada no altar. – Ele diz olhando para mim com os olhos semicerrados.

– Seu louco. – Eu grito quando ele freia e depois pega a arma que está no chão do carro e sai.

Eu estou pronta para sair atrás dele, mas olho para o espelho retrovisor e vejo ele para no meio da estrada e mira, e é então que notei um motoqueiro vindo atrás de nós.

Com um tiro certeiro o Derek acaba eliminando ele, e vejo sua moto cair junto com ele parando alguns sentimentos de Derek, e ainda está com arma em punho mirando em dois carros pretos vindo em sua direção.

O pavor toma conta de mim, ele pode ser atropelado. E como na outra vez ele atira, e estoura um dos pneus da frente e o carro para. E outro bate. E Derek volta para o nosso carro e dá partida.

Eu abro a boca para discutir com seu modo imprudente, mas algo bate no carro e tudo fica escuro.

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