Capítulo Seis

Acordei com o meu celular tocando e queria matar o filho da puta que ousa me acordar às onze horas da madrugada, mas ao olhar para tela, vejo que é o mesmo número que o Victor me mandou mensagem e automaticamente sorrio.

Se ele está me ligando, é porque sente saudades de mim, certo?

Decido não atender, porque primeiro queria falar com a Letícia sobre o que ela acha de eu ir visitar o meu ex namorado na cadeia.

Querendo ou não, minha irmã já tem uma grande experiência com esse lance de ir fazer visitas íntimas para presidiário e talvez, só talvez, saiba me dar um bom conselho sobre o que devo fazer.

Suspiro profundamente e me espreguiço na cama e logo em seguida, me levanto e vou até o banheiro.

Ao me olhar no espelho, percebo que estou com olheiras bastante aparentes embaixo dos meus olhos.

Isso é o que se ganha em se apaixonar por um bandido. Além de chifres, ainda fico acabadinha igual a Joyce. Saudades de quando eu dormia mais de oito horas por dia, porque agora só consigo pegar realmente no sono pela manhã ou se tomar um remédio para dormir.

Primeiro lavo meu rosto e depois escovo os meus dentes.  Tiro meu pijama e entro no box e por algum motivo, lembro do Victor e começo a chorar. As lágrimas escorrem pelo meu rosto sem pedir licença.

Ele foi tão cretino comigo e eu ainda penso nele em quase todos os momentos dessa vida miserável. Penso em como ele está na prisão, se está comendo direito, se está conseguindo tomar banho, se tem roupa limpa... Eu me odeio por ser tão idiota e ainda me preocupar com esse homem.

Por que Deus me fez tão burra?

Eu deveria estar curtindo a minha vida e não chorando por causa de um cara que me traiu.

Giro o registro do chuveiro e deixo a água morna cair sobre o meu corpo nu, me fazendo relaxar durante uns minutos e o choro cessa.

Eu preciso esquecer o Victor. Eu sei disso. Mas também preciso ser mulher o suficiente para encara-lo, pelo menos uma vez, e dizer que chegou ao fim, que não vou perdoar seu erro. Ou caso contrário, vou ser sempre "estar no nome dele" e vou ficar impedida de conhecer outras rolas, tipo a do Fábio.

— Se afogou, cunhadinha? - ouço a voz do Cobra, do outro lado da porta, e saio dos meus pensamentos negativos sobre o Victor.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa com o Victor? - pergunto, angustiada.

— A gente só quer fazer uma orgia. Sai logo daí, Minotaura. Meu pau já tá batendo na testa. - KJ responde, em um tom de voz brincalhão.

— Oxe, está tendo uma festa no meu quarto com esse tanto de gente aí? - pergunto rindo.

Me apresso em terminar de tomar banho, me enrolo em uma toalha branca e saio do banheiro, encontrando o KJ e o Cobra no meu quarto.

KJ me olha dos pés a cabeça e por alguns instantes, seu olhar para no meu e pela primeira vez, acho que ele sentiu tesão em mim.

— Não, não e não. Para de secar a mina, porra. Isso já rolou uma vez e não vou deixar rolar de novo, papo reto. - Cobra dá um soco no ombro do KJ, que parece se tocar do que estava fazendo e desvia seu olhar do meu. -Vacilão.

— Foi mal, Isa. Às vezes, a cabeça de baixo fala mais alto que a cabeça de cima.

— Tudo bem, KJ. - respondo sem graça. — Mas afinal, o que vocês querem comigo?

— O Victor quer que tu vá na visita dele. - Cobra fala e senta-se na beira da cama. — Sei que tu não quer, mas...

— Eu vou sim! - respondo, o interrompendo e ele me olha incrédulo.

— Ah, mas não vai mesmo! Eu não vou deixar a minha irmãzinha passar por essa humilhação, jamais. - Letícia entra no quarto, nos surpreendendo e eu sabia que ia ser difícil convencê-la.

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