Capítulo Três

Fomos de carro até a boca de fumo para pegar o malote e para o meu azar quem estava lá era o Cobra. 

Mano, logo o Cobra, o cachorrinho da Letícia, mais conhecido como o meu cunhado querido. Óbvio que ele ia surtar com o fato de eu querer ir com o KJ para entregar o malote pro Fábio.

— Sério mesmo? Vocês perderam a noção do perigo ou o quê? Tu jura que eu vou deixar você levar a Isabella nesse corre, KJ? Mas nunca. - Cobra afirma. — Se alguma coisa acontecer com essa menina, a Letícia corta o meu pau fora. 

— Não vai acontecer nada, brother. A Isabella já foi em umas missões escondidas com o Victor. - KJ mente e eu aceno com a cabeça afirmativamente. 

Uma mentirinha de vez em quando, não faz mal a ninguém, não é mesmo?

— O Victor vai perder o pau assim que a Letícia souber que ele te levou para fazer coisas ilegais. - meu cunhado fala me encarando com a cara fechada e balançando a cabeça negativamente e eu solto uma gargalhada nervosa.

— Se duvidar, a própria Isabella corta o pau do Victor e ainda fatia em pedacinhos. - Kj fala rindo e o Cobra fica com uma expressão facial como se tivesse sentindo a dor do membro dele sendo fatiada.

— Não tenha dúvidas que eu faria isso e com muito gosto. - confirmo sua teoria com um sorriso sombrio no rosto.

— Então tá. Falando sério, podem ir, mas se a Letícia souber que vocês foram juntos nesse corre, vocês vão falar que eu não sabia de porra nenhuma, porque se sobrar pro meu lado, eu mato os dois. - Cobra ameaça.

Era hilário ver como a minha irmã conseguiu dominar ele e hoje em dia, os dois têm um relacionamento amoroso bem saudável. Só o ciúme e possessividade que continuam nos mesmos níveis de antigamente, mas isso é em ambos.

A Letícia mal pode ver alguém olhando para o Cobra, que já pula no pescoço dele e o beija, independente do local que estão, para deixar bem claro que ele tem dona. Se adianta? Não muito, porque tem mulher que além de puta, é talarica pra caralho. Porém, ao contrário do Victor, o Cobra é fiel e nem se interessa por outra garota que não seja a namorada dele. Sorte a dela, porque eu ainda sinto dores do peso dos meus chifres que o meu ex namorado colocou na minha cabeça.

— Relaxa. Ela não vai saber. - falo, tentando o acalmar.

— É o KJ, Isa. Ele mesmo vai falar a verdade sem a Letícia perguntar, porque esse filho da mãe não sabe esconder nada dela. Né, X-9 do caralho? - Cobra fala com raiva e eu olho para os dois sem entender ao que ele está se referindo.

— Já pedi desculpas por aquela mancada, cara. - KJ responde e me puxa pelo braço para fora dali. 

— Ué, gente. Do que vocês estavam falando lá dentro? - pergunto, super curiosa, assim que saímos da boca.

— Nada demais. Isso já faz um tempão. O Cobra que é rancoroso demais. - KJ responde e eu decido não insistir na pergunta, mesmo querendo saber o que havia acontecido. 

Entramos em um carro diferente do que tínhamos ido para praia, em total silêncio e o KJ dá partida. 

— Eu estou com fome. Podemos parar para comer? Meu estômago está roncando. - reclamo, depois de alguns minutos.

— A gente come depois de entregar o malote. - ele responde simples e eu reviro os olhos.

— Fazer coisas ilegais não é nada divertido, KJ. 

— Oxe, tu achava que íamos para um festival de pizza? - ele pergunta rindo. 

— Não, mas sinto que vou morrer se não comer nos próximos vinte minutos. - exagero no drama. 

— Pega um chocolate aí no porta luvas, come e cala a boca, Minotaura.

— Nossa senhora, quanta delicadeza da sua parte, meu rei. Tudo bom contigo? - pergunto em tom de brincadeira e abrindo o porta luvas para procurar o chocolate, mas o que encontro é uma carteirinha no nome de Joyce Cardoso para fazer visitas íntimas para o Victor. 

Não acredito nisso. Logo a Joyce, Victor? Essa menina sempre rondou ele. Vivia me copiando, tentando ser eu, como se isso fosse fazer o meu namorado notar ela.

Juro que se eu cortasse meu cabelo no zero, no outro dia, a garota também estava careca. Cheguei até pensar em falar que comia merda só para ver ela comendo. 

Mas nunca me rebaixei ao nível subterrâneo dela, porque é aquele ditado que a Letícia sempre fala "o ícone cria e o lixo copia". 

— Achou a barra de chocolate? - KJ pergunta e tira atenção da estrada para olhar para mim e me ver com a carteirinha da Joyce nas minhas mãos. — Porra, eu não acredito que deixaram isso aí.

— Você ajudou ele nisso, KJ? - o questiono completamente indignada.

— Claro que não, Isabella. O Victor pediu para outro parça fazer essa parada ai, eu não tenho nada a ver com isso. 

— Está no seu carro, garoto. Você acha que sou idiota? 

— Esse carro não é só meu. A gente usa para as missões. O cara deve ter esquecido aí. Eu nunca ia trair a sua confiança. - KJ se defende.

— Mas você sabia, certo?

— Tinha noção que isso aconteceria, mas não queria ser o porta voz da notícia ruim. Desculpa ter deixado tu descobrir dessa forma. - ele se desculpa.

— Tudo bem. No fundo, eu também sabia que isso aconteceria. O Victor não ia ficar meses preso sem transar com alguém. - bufo em frustração. 

— A Joyce nunca vai chegar aos seus pés. Ele só escolheu ela para te afetar, porque sabe que você odeia essa rata. 

— E eu só queria deixar claro que não odeio ela gratuitamente, KJ. Eu tentei ao máximo relevar todas as atitudes dela, mas até a minha biografia do Instagram essa garota copiou. Só não colocou que namorava, porque nem os namoros virtuais dela duram muito tempo.

— Eu sei. Sou homem, mas não sou burro. Todo mundo percebeu que ela tentava ser igual a você para chegar perto do Victor. - KJ me tranquiliza.

— Quem passou vergonha foi ela, porque assim como só existe um RBD que é o mexicano, só existe uma Isabella Oliveira. - completo e nós dois rimos.

— Chegamos. - meu amigo avisa e só assim percebo que já estamos no nosso destino.

Saímos do carro, sem o malote, porque o KJ disse que tínhamos que ter certeza que a barra estava limpa para antes de fazer o pagamento dos policiais e fomos andando até uma casa verde, com portão preto e com uma faixada nada chamativa. 

Traficantes sabem serem inteligentes e disfarçar quando precisam.

KJ toca campainha e logo o Fábio, o policial gostoso, aparece com um outro homem e ambos me olham com desejo dos pés a cabeça. 

— Nem pensem nisso. O Cobra mata os dois. - KJ fala e eu sorrio sem graça, mas a verdade é que estava adorando a situação. 

Espero que o KJ comente com o Victor como sou desejada por outros homens e que ele perdeu um mulherão da porra. 

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