Verdade ou Desafio

✯AGNÊS WALDORF✯

Estou explodindo de raiva pelo teatrinho de segundos atrás. 

Sinto vontade de matar Bryan, e Andrew também. Eu tinha tudo sobre controle. Se meu irmão não fosse tão explosivo e idiota, perceberia.

— Senta aí que eu já volto — anuncio, empurrando Andrew em direção à cama. 

Entro no quarto dos meus pais e pego um kit de primeiro socorros. Se minha mãe ver que meu irmão se machucou vai começar a incomodar e vai descobrir que eu passei por uma de suas regras. 

Vejo Andrew deitado na minha cama e reviro os olhos. Empurro seus pés para o lado e me sento perto dele.

— Aprendeu alguma coisa com as aulas que a mamãe te deu? — debocha, me vendo passar o algodão com água oxigenada no seu rosto.

— Aprendi que vai arder se eu colocar álcool... — resmungo abrindo a garrafa e lhe dando um sorriso sarcástico.

— Por que tá fazendo isso, Agnês? — Termino o curativo e o encaro confusa. 

— Porque você é meu irmão, e... — penso um pouco. Qual outro motivo eu teria? — Mamãe vai brigar comigo se ver que você se machucou e descobrir sobre a festa — minto.

— Claro, a festa! — Revira os olhos, e se acomoda mais na minha cama. 

— Deixa de ser chato, Andrew. Não posso querer fazer algo legal por você? 

— Isso não é bem o seu estilo. — Agora é a minha vez de revirar os olhos. Levanto arrumando as coisas e me preparando para sair do quarto. — Vai voltar lá pra baixo? — questiona segurando meu pulso.

— Preciso arrumar a bagunça — Minha voz sai baixa quando volto a encará-lo. Merda, por que ele tinha que me olhar desse jeito? — Vai me ajudar ou não? — questiono puxando meu braço e mantendo a minha postura indiferente.

— Se o Gonzalez estiver lá... — se levanta, ficando na minha frente. — Eu vou terminar de quebrar a cara dele. 

Não consigo dizer nada, só ficar olhando para ele. Posso sentir sua respiração no meu rosto, fazendo meu coração acelerar.

Andrew passa por mim e sai do quarto. 

Eu odeio tudo isso, todos esses pensamentos e confusões que surgem quando estou com ele. 

— Sono tornato, amore mio  — A voz de Aylla anunciando estar de volta faz eu olhar para porta e ver seu sorriso amplo. 

— Falando em italiano? Mal sabe falar inglês — brinco e ela revira os olhos.

— Vitória está me ensinando italiano — diz e encara os pés, tentando não demonstrar que ficou ruborizada. — Precisamos animar aquela festa antes que minha convidada e os outros comecem a ir embora. — Segura na minha mão e me puxa rápido para fora do quarto.

Pensei que todos já tivessem ido embora, mas pelo jeito, ficaram algumas pessoas.

— Ei! Vamos fazer verdade ou desafio? — Aylla puxa Vitória, mostrando onde ela deve se sentar. 

— Isso é coisa de criança, Aylla — resmunga Andrew segurando uma bolsa de gelo contra o olho roxo. 

— Como se fôssemos adultos... — cantarola com ironia, pegando uma garrafa vazia e se sentando ao meu lado.

Em poucos segundos, o restante se junta, fazendo uma rodinha e olhando atentamente para Aylla, que falava as instruções do jogo infantil.

— Primeiro os nomes dos três aí, se apresenta, ruivinha — pede olhando para uma garota, que sorri e inclina o corpo para frente. 

— Sou Lívia, eu sou nova na escola e aceitei o convite para poder me enturmar. — Ela olha para mim e sorri, um sorriso que nem consigo explicar. Como se ela já me conhecesse há anos.

— E eu sou o Taylor, essa é minha irmã, Sther. Acho que todos já nos conhecem bem — anuncia o garoto moreno, que vestia uma jaqueta de couro e tinha algumas tatuagens no pescoço e mãos. O tipo garoto problema que eu me lembro de ter visto pelos corredores da escola.

Sther é uma cobra que está sempre no pé de Andrew... Ou pendurada no pescoço dele, como hoje mais cedo.

Edu, Andrew, Aylla, Lívia, Taylor, Sther, Vitória e eu... Só espero que isso não vá longe demais.

— Que comecem os jogos! — O entusiasmo de Aylla me faz revirar os olhos. Estou jogando quase que a contra gosto, e não sou a única.

As perguntas e verdades são constrangedoras demais, Aylla e Vitória estão dando gargalhadas enquanto Andrew está com um sorriso divertido desenhado nos lábios.

— Edu para o Andrew — avisa minha irmã. 

Olho para os dois e Andrew parece estar suplicando para o amigo não perguntar algo idiota ou fazer um desafio impossível.

— Andrew... — Sorri sacana e encara meu irmão — Verdade ou desafio? — pergunta, e antes que ele responda, Edu começa a falar novamente. — Já sei que vai escolher verdade, então... Já quis transar com alguém que está tá aqui? 

Isso é a coisa mais idiota que um bando de adolescente está fazendo. Ninguém escolhe desafio porque sabe que somos imaturos demais e o desafio vai ser beijar alguém dessa rodinha.

O que Edu está esperando? Andrew é um galinha e provavelmente já ficou com Vitória e Sther, a próxima vítima com certeza é a Lívia.

— Hãm... — olha para mim com um sorriso malicioso. Isso fez meu corpo se arrepiar instantaneamente. — É, eu acho que sim. 

Desvia o olhar para Sther e eu reviro meus olhos. Não sei porque em algum momento pensei que ele... Isso é loucura! 

— O que? Andrew Waldorf ainda não comeu Miami toda? Essa é nova — debocha Taylor, arrumando o colarinho da jaqueta.

— Algumas são mais difíceis que outras — resmunga e logo todos começam a rir, menos eu. 

— Já pensou que você pode não fazer o tipo de algumas? — Dou ênfase na palavra e vejo que agora todos me encaram. 

— Duvido muito. — Entrelaça seus dedos e inclina o corpo, me observando com um sorriso divertido. —  Eu faço o tipo de qualquer garota. 

— Quase nem é iludido... — resmungo com ironia. Olhando para minhas unhas, fingindo ignorar sua existência.

Infelizmente, não posso dizer que Andrew está errado. Porque eu que sou sua irmã, nunca encontrei um garoto mais bonito — arrogante e irritante — do que ele. 

Afinal, quem resistiria à isso? Seus cabelos bagunçados ficam perfeitos, igual seus olhos quando decidem mudar de cor ao anoitecer. Seu corpo definido e seu perfume também são uma perdição. 

— Lívia para Agnês — Encaro a garota e seu sorriso cresce.

— Desafio — respondo antes que ela abra a boca e faça a pergunta monótona.

— Humm... Eu desafio você a beijar o... — Olha para os três garotos. — Andrew. 

Sinto meu coração parar de bater por alguns segundos. Essa garota tem algum problema mental? 

— Você tá louca? Ele é meu irmão! 

— Ah, sério? — pergunta surpresa. — Como eu disse, sou nova na escola e eu não sabia disso. 

Como não sabia? Eu sou a garota mais popular da escola e na sala de estar tem um quadro gigante com um foto da família. Ela está tentando me tirar do sério mesmo, só pode!

— Claro! — ironizo. — Você apenas é lerda e não associou os sobrenomes. 

— Agnês, ela já disse que é nova e está tentando se enturmar. — Meu rosto fica vermelho de raiva quando meu irmão defende a idiota ruiva que finge estar super magoada.

— Okay, então beija alguém que você queira — diz por fim, encerrando o assunto anterior.

Por que sempre colocam beijo no meio? Que me fizessem comer pimenta ou qualquer coisa do tipo.

Edu me olhava ansioso, quase saindo do lugar para que eu escolhesse ele. 

Reviro os olhos, resmungando e bufando por ter que escolher entre os dois que não fazem nem um pouco o meu estilo.

Me inclino na direção de Taylor e seguro o colarinho de sua jaqueta, o puxando para mim e unindo nossos lábios, antes que ele diga alguma coisa ou tente me afastar. 

Quando me dou conta, sua língua já está dentro da minha boca e suas mãos no meu rosto.

— Já chega, Agnês! — exclama Andrew com a voz alterada.

Sorrio satisfeita e me separo de Taylor. Atingi meu objetivo mais rápido do que pensei.

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