Ciúmes proibidos

✯ANDREW WALDORF✯

Me sinto sufocado depois da conversa com Agnês. Não sei o que deu na minha cabeça por querer falar daquele assunto sem coerência alguma.

Agnês sabe ser uma criança birrenta nos momentos em que precisa de alguma coisa. Quando quer se transforma em uma mulher de  atitude que me deixa perplexo.

Eu estaria mentindo se dissesse que sufoquei todos os meus desejos e sentimentos durante esses anos. 

Mas tinha amenizado. O meu desejo e ciúmes por ela estavam adormecidos e eu jurei que não voltariam tão cedo... Queria mesmo que fosse assim.

Sempre acabamos nos aproximando e percebendo que só temos um ao outro. Quando o clima fica pesado e os olhares começam a surgir, nos afastamos novamente até esperar a poeira baixar.

Já pensei em contar para minha mãe, mas ela me levaria ao psiquiatra e tentaria fazer minha "doença" sumir. Sei que isso realmente é errado, de todos os sentidos. Mas não preciso de um médico ou da minha família para me julgar e dizer o quanto isso é bizarro e nojento.

Só que… ninguém a conhece como eu, igualmente ninguém me conhece tão bem quanto Agnês. É horrível pensar que meu corpo deseja o dela. Não consigo nem me olhar no espelho quando esse sentimento se mostra mais forte.

Quando tínhamos dezesseis anos, fomos na festa de uma universidade. Sempre fui convidado para coisas desse tipo, mesmo não entrando em nenhuma faculdade. Aylla como sempre, preferiu ficar em casa trancada no quarto e assistindo séries.

Agnês ficou incomodada com os olhares famintos e se aproximou de mim, não queria me deixar sair de perto dela. 

Então toda vez que algum garoto perguntava quem era eu dizia que era minha namorada. Quando eles se afastavam, nós começávamos a rir da mentira idiota que eu havia inventado. 

Não sei exatamente em que momento foi ou quem não foi, mas um dos garotos mais velhos ficou duvidando e pediu para eu beijar ela mesmo já que éramos namorados. 

Até hoje eu não sei por que eu a beijei sem hesitar. Nem estava tão bêbado assim e, Agnês não tinha bebido uma gota de álcool. Talvez foi o momento, ou o garoto que me deixou extremamente irritado insinuando que eu estava mentindo… eu deveria ter contado a verdade ou apenas partido para uma luta corporal com o idiota.

Só sei que eu não conseguia parar. Nós estávamos fora de controle. Sem pensar nas pessoas, laços sanguíneos ou consequências. Seus lábios eram macios e viciantes, como se naquele momento tivéssemos nos encaixado. 

Foi a pior merda que eu já fiz na minha vida!

Agnês me ignorou por semanas e sempre arrumava alguma desculpa para não ficar pro jantar ou café da manhã. 

Foi nessa época que tudo começou, eu precisava dela novamente. Precisava sentir aquele alvoroço de borboletas no estômago e o encaixe perfeito. O pior é que ainda tenhos os mesmos pensamentos, desejos que estão me enlouquecendo aos poucos. Eu só posso ser amaldiçoado, não é possível!

— Andrew, eu vou sair e não precisa me esperar acordado. — Levanto as sobrancelhas e olho Aylla de cima a baixo. — Nem vem que não tem! 

— Eu não ia falar nada — digo, Aylla me observa com um sorriso no canto dos lábios. — Só… não aceita bebida de estranhos e usa proteção — murmuro voltando a comer as pipocas e olhar o filme de terror.

— Claro! Pra Aylla sempre é tudo mais fácil... — resmunga Agnês, colocando meus pés em seu colo e se afundando ao meu lado no sofá. 

— É que eu sou a preferida. Aceita, amada — brinca mandando beijinhos para nós e logo batendo a porta. 

Na verdade, se Aylla soubesse meus motivos para não deixar Agnês tão livre assim… ela com certeza surtaria e contaria para os nossos pais. Nem eu sei os motivos, só não quero vê-la com qualquer idiota por aí e, eu me encaixo nesse padrão.

— Que nojo! Não tinha outro filme? — Dou uma risada ao ver seu semblante retorcido em uma careta. 

— Ninguém mandou você sentar aqui, agora fica caladinha e assiste.

Agnês fica emburrada nos primeiros momentos, mas logo acaba cedendo e olhando o filme junto. Fico inquieto ao seu lado, sem me mover ou desviar o olhar da televisão. Meus pensamentos estão bem longes e eu claramente não estou prestando atenção no filme.

— Que horas vai ser a festa? — pergunto olhando para a tela do celular e vendo que faltava dez minutos para às 23h. 

— Em meia hora. Por quê? Não vai me deixar aqui sozinha, não é? — Sua voz sai arrastada e manhosa. Agnês está quase suplicando para que eu fique em casa e, eu vou ficar. Mas gosto de vê-la implorar.

— Estou cansado de festas, acho que vou sair com a… — Nenhum nome vem à minha mente no momento. — São tantas — concluo com um sorriso convencido, a vendo empurrar bruscamente meus pés para longe dela.

Revira os olhos com as minhas risadas e se vira para mim. Engatinhando cautelosa na minha direção, fazendo meu coração disparar e eu travar. 

— O que foi? — pergunta com o rosto perto do meu. Não consigo organizar meus pensamentos e desejos em tê-la tão perto. 

Se ela soubesse o quando sinto vontade de beijá-la, jamais se aproximaria tanto assim. Não tenho autocontrole quando se trata de Agnês e, isso me dá medo.

— Pensei que você fosse mais esperto, Waldorf. — Se afasta bruscamente com um sorriso amplo e vitorioso. 

Levantando do sofá em um pulo e balançando no ar meu celular. 

— Sua… Sua diabinha! — exclamo indo em sua direção e tentando pegar o celular. — Devolve Agnês! Eu tenho o dobro do seu tamanho. 

— Quanto exagero! Vai ficar em casa hoje? — questiona ainda com as mãos atrás das costas, segurando o aparelho. 

Dou um passo a frente e ela recua com um sorriso ladino e uma sobrancelha erguida.

— Não vou, nem adianta me ameaçar. Agora devolve meu celular! 

Agnês faz o que eu já temia. Coloca o celular entre os seios e me encara com um ar debochado. Essa garota vai acabar fodendo com a minha sanidade mental!

— Vai ficar em casa, Andrew? — pergunta, cruzando os braços. Deixando exposto o decote em "V" na sua regata rosa. 

Engulo em seco e balanço a cabeça em concordância. Se ela não fosse minha irmã eu teria pegado sem hesitar essa merda de celular… e essa garota também.

— Ótimo! Então me ajuda a arrumar as coisas — abre um sorriso falso e passa por mim. Deixa o celular em cima do sofá e some do meu campo de vista.

Agnês está tentando me tirar do sério. Ela está conseguindo. Tudo o que controlei durante três anos, implora para sair e deixar a merda toda acontecer.

Assim que terminamos de arrumar as coisas, já foram chegando vários colegas e amigos deles. Mania que convidado tem de convidar alguém.

— Ela te convenceu então. — Olho para o dono da voz e reviro os olhos ao ver Bryan. — Aposto que se jogou no chão e fez birra.

— Bem pior que isso — sorrio forçado e termino de tomar a cerveja que já estava esquentando.

Vejo uma líder de torcida e Agnês conversando, logo Bryan e Edu se aproximando e puxando assunto. Eles não cansam de ficar atrás dela como… cachorros correm atrás de seus rabos!

Agnês ao notar meu olhar, sorri debochada e cochicha alguma coisa no ouvido de Bryan. Ela adora me provocar, me fazer perder o controle e sempre acabar quebrando a cara de algum idiota.

Mas dessa vez vai ser diferente! Eu não vou mais aceitar suas provocações e crises de infantilidade. Já estamos quase adultos, não podemos continuar agindo como duas crianças. 

Bryan sussurra de volta e Agnês faz que não com a cabeça. Abrindo um sorriso amarelo e tentando voltar a conversar com a morena que já estava aos beijos com Edu.

Merda eu preciso ir lá! Posso ver de longe seu desconforto quando Bryan beija seu rosto tão perto de seus lábios.

— Oi! Eu sou a Lívia, acho que você...

— Só um minuto, princesa — resmungo colocando a latinha em suas mãos e passando por ela. — Algum problema, Gonzales?

Pergunto puxando o braço de Agnês das suas mãos e passando meu braço por cima de seus ombros.

— Sua irmã fica se fazendo de difícil, mas pode deixar que eu vou dar um jeito nela, se é que me entende… — Diz com um sorriso largo, me fazendo perder o controle por toda a malícia existente em sua voz. 

O derrubo e sigo a desferir socos em seu rosto, vendo que sua boca já estava sangrando.

— ANDREW! JÁ CHEGA! — ignoro os gritos de Agnês e a rodinha que se formou e começou a nos gravar.

Bryan me acerta um soco em cheio no meu olho, fazendo a maçã do rosto cortar de imediato.

Sinto me tirarem de cima do Gonzales e me afastarem dele. 

— Se encostar um dedo na minha irmã, eu vou acabar com a sua vida! — esbravejo chutando sua barriga e o vendo grunhir de dor. — O showzinho acabou, pessoal! 

— Andrew, que merda seu otário! — resmunga vendo o sangue escorrer da minha maçã do rosto. Meu olho provavelmente já está vermelho e logo ficará roxo. — Vem comigo! — Agnês me puxa pela mão, ainda irritada e bufando.

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