Capítulo IV

O prédio da Jones Publicidade era grande, tinha cerca de 10 andares e Maggie me disse que cada andar era um setor diferente. Haviam 2 andares que era alugado para outras empresas e o restante era da Jones.

Caminhei até o balcão.

— Bom dia, sou Maria Eduarda de Albuquerque e vim para a entrevista com o...

— Senhor Jones? — Ela complementou minha frase.

A recepcionista era muito bonita, me deixando um pouco intimidada com sua beleza. Era ruiva, tinha os cabelos na cintura e olhos claros, um azul bem peculiar e sua pele, tão branca quanto uma folha de papel. Sua simpatia me fez sorrir, não aparentava ter mais do que 20 anos.

— Só vou precisar do seu documento para fazer um pré-cadastro no sistema, para liberar sua entrada. — Entreguei o documento a ela, Maggie já havia subido para trabalhar.

Estava tão nervosa que mal lembrava se havia se despedido de mim.

— Olha aqui, por gentileza? — Disse a moça da recepção, me entregando o documento e apontando uma câmera pequena para o meu rosto. — É para a identificação. — Informou com um pequeno sorriso.

— Tudo bem. — Sorri.

— Me chamo Rebecca, mas pode me chamar de Becca e prazer, Maria Eduarda. — Estendeu a mão para me cumprimentar, a cumprimentei de volta. — Pode me acompanhar. — Me entregou um crachá e seguiu em direção a catraca do prédio, passei o crachá pelo ponto de acesso e entrei assim que ouvi o bipe. Becca foi em direção ao elevador aberto e entrou selecionando 7º andar no painel. — Você mora perto? — Ela perguntou enquanto olhava o visor, mostrando os andares.

— Moro com minha melhor amiga; Maggie e que inclusive trabalha aqui.

— A você é a famosa Madu então? Maggie não para de falar em você. — Ela sorriu. — Moro no mesmo prédio dela, no 12º andar. Poderíamos sair juntas qualquer dia desses, assim aproveito para te apresentar a cidade. Tem muita gente bonita por aqui. — Ne cutucou com o cotovelo rindo, me fazendo rir também era contagiante. Iríamos nos tornar boas amigas e era bom me sentir familiarizada com o local. — Chegamos, vou te deixar aqui. As recepcionistas já sabem que chegou, já avisei e é só você se apresentar. — Ela me deu um beijo no rosto. — Boa sorte.

— Obrigada, vou precisar mesmo. — Ri sem graça indo até a recepção.

Por um momento pensei estar numa agência de modelos, todas ali eram lindas, me deixando deslocada como se não pertencesse àquele lugar.

Haviam duas moças na recepção que conversavam entre si. Uma era loira com os cabelos até a cintura, parecido com o da Becca, mas todo enrolado. A segunda tinha o cabelo castanho-claro, parecido com o meu, com algumas ondas

— Bom dia! Eu sou a Maria Eduarda. — Me apresentei.

Uma delas me mediu até a cintura e percebi que minha simpatia não iria conquista-la.

— Crachá? — Ela estendeu a mão esperando o crachá. Entreguei e ela o bipou em algum lugar fora da minha visão, me devolvendo em seguida. — Só esperar, ele já vai te receber. — Ela voltou a conversar com a loira, me ignorando por completo, fui até as poltronas que ficavam localizadas próximo à recepção e me sentei. 

— Maria Eduarda de Albuquerque? — Escutei alguém chamando meu nome, me levantei e esperei a pessoa aparecer.

— É só seguir reto, é na primeira porta a direita. — A recepcionista loira informou esboçando um sorriso reconfortante, voltando a atenção para a amiga, que não parava de falar.

"Santo Deus! Como fala!"

— Obrigada. — Segui até a porta que ela me informou e batendo nela em seguida.

— Pode entrar! — Abri a porta meio hesitante.

Um homem — provavelmente meu chefe — estava de costa para a porta, parado em frente a uma parede de vidro. Estava com os braços para trás, com postura militar, exalando autoridade. Tentei não demonstrar a intimidação.

— Bom dia, Maria Eduarda! Sente-se.

Sentei na cadeira de frente para a sua mesa, cruzei as pernas e coloquei minha bolsa no colo, cruzando as mãos em cima dela.

— Bom dia senhor Caleb, tudo bem? Muito obrigada por me receber. — Ele finalmente se virou para mim e pude reparar melhor.

Estava todo de social, com exceção da gravata que não estava em seu pescoço, a camisa tinha os 2 primeiros botões abertos e o terno também estava aberto, ele colocou as mãos nos bolsos da frente e ficou me observando. Sua barba estava baixa, bem feita e desenhada, seus olhos — que notei serem azuis — continuavam me observando, eram facilmente confundidos com um oceano, de tão azul e sua boca, era tão bem desenhada. O olhar fixo e penetrante em mim começou a me incomodar e o silêncio da sala desconfortante, não ajudava em nada.

— Tudo bem. — Até que enfim ele desviou o olhar, estava começando a sentir minhas bochechas esquentarem. Tirei meu currículo para entregar a ele. — Não precisa de currículo, já tenho suas informações comigo.

Ué! Como ele conseguiu?

— Sua amiga me passou algumas informações e o restante consegui através da sua faculdade. Sempre pesquisamos sobre prováveis funcionários, caso haja interesse, chamamos para uma entrevista, do contrário descartamos. Afinal, não posso desperdiçar tempo com pessoas sem qualificações adequadas para a empresa.

Estava começando a ficar com medo dele.

Fazia jus a descrição da Maggie, bem intimidador. E nada que me intimidasse, me agradava. Ele se sentou na cadeira e abriu a gaveta, pegando nas mãos alguns papéis, que deduzi serem o meu currículo.

— Vi que você se formou a pouco tempo com honra e mérito. — Ele observava as informações enquanto rodava com a cadeira, de um lado para o outro. — A melhor da turma, estagiou numa empresa até que conhecida no ramo. Possui inglês intermediário e mora próximo à empresa, isso já conta muito ao seu favor, precisamos de pessoas totalmente focadas no trabalho que possua horários flexíveis para trabalhar. Precisamos de foco e nossos funcionários almejam crescimento por aqui. — Ele colocou o currículo em cima da mesa e finalmente olhou para mim. — Não estamos no 'top' 5 das melhores empresas de Publicidade por nada e queremos continuar assim. Para isso, não podemos ter pessoas que pensem baixo na equipe. Por que a Jones, Maria Eduarda?

— Porque é uma das melhores empresas de Publicidade e propaganda. — Respondi com firmeza e descruzei as mãos, na tentativa de diminuir o nervosismo. — Porque aqui quero crescer profissionalmente, aprender com os melhores e mostrar para a empresa que posso agregar com todos. Porque aqui foi onde escolhi para recomeçar a vida. — Ele se levantou, dando a volta na mesa e parando na minha frente, apoiando as mãos na madeira e me observando enquanto falava.

Aquilo me intimidou ainda mais aumentando meus batimentos cardíacos. Minha vontade era de sair correndo daquela sala, mas me contive.

— Compreendo... Espero que você mostre para a Jones que é muito além de mero rosto bonito, aqui precisamos de competência e prezamos pelo bom uso do intelecto. Bom... — Ele juntou às duas mãos, colocando-as sob o colo. — Vamos ao cargo! A vaga já lhe foi informada, será minha assistente e diferente da Maggie terá mais contato comigo, já que a parte de campanha sou eu o responsável. —

Ele retornou a sua cadeira, abrindo a gaveta a procura de algo.

Achei fofo o vinco que formou entre suas sobrancelhas, pela sua concentração.

— Esses são seus aparelhos de trabalho. — Colocou um notebook e um smartphone em cima da mesa. — Aqui na Jones não seguimos o horário comercial como jornada de trabalho. Tem dias que temos horário para entrar, mas não temos hora para sair. Sempre sou o último a sair e terá dias que você também. Pode ser que te ligue aos finais de semana para me auxiliar com algo, ou depois do expediente e já vou deixar avisado que não gosto de ser ignorado! Então exijo a todos os funcionários na empresa que atendam as minhas ligações, compreendeu Maria Eduarda? — Assenti. — Toda hora extra será muito bem remunerada, ou caso queira, damos folgas no lugar também. Muitas pessoas não aguentam a pressão de trabalhar comigo e sei que sou alguém extremamente difícil de trabalhar. Prezo extremamente pelo profissional, não gosto de conversa paralela e não misturo o trabalho com o pessoal. Se você conseguir seguir tudo isso creio que vamos conseguir nos suportar, com respeito e cordialidade.

Bem que a Maggie falou que ele não era alguém muito fácil de lidar e ela não estava de brincadeira.

— Seja bem vinda a Jones Publicidade! Passe no 3° andar para preencher a papelada admissional e se orientar em com todo o restante. Começa amanhã as 8h em ponto e chegue no horário!

—Está bem! Obrigada Senhor Caleb. — Ele se levantou e deu a volta na mesa. — Até amanhã. — Esticou o braço e se despediu com um aperto de mão firme, segui em direção ao RH.

Enquanto descia até o 3° andar, percebi que teria muita dor de cabeça e teria que aprender a conviver com mais um homem autoritário na vida e por experiência própria, isso não acabaria bem!

Quem está na chuva é pra se molhar, Maria Eduarda. Agora aguenta o tranco!

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