2. O preço

Jordan parecia se divertir com minhas palavras e olhou para os seus amigos que estavam a suas costas. 

"Achei que tivesse lhe dado uma impressão melhor aquele dia." ele cruzou os braços e os outros se afastaram, deixando-nos sós. 

"Muitas coisas aconteceram depois daquele dia." falei me levantando para não parecer tão frágil perto dele.

"Vocês humanos tem a péssima mania de querer justificar tudo." ele parecia entediado com as minhas palavras e segurei seu braço atraindo sua atenção para mim.

De alguma forma ele percebeu que eu não era mais a mesma. Meus cabelos já não eram tão cumpridos e minha expressão não era tão confiante. 

"Diga o que quer de uma vez e vá embora." falou seco, perdendo a paciência comigo.

"Vamos para outro lugar, por favor." supliquei tentando fazê-lo entender a urgência que eu sentia.

"Greyson?" ele olhou para o garçom atrás de nós que lhe entregou uma chave prateada. "Por aqui." andamos até o fundo do bar onde uma pequena porta se escondia. Ele a destrancou e me deu passagem. 

Ao entrar na sala, percebi que ali era um escritório pequeno. Com uma mesa estreita e uma poltrona grande. No canto um sofá de couro marrom finalizava a decoração.

"Não me diga que só veio aqui para conversar." Jordan estava colado as minhas costas com seu nariz em meus cabelos. Sua mão direita estava em minha barriga, colando meu corpo ao seu.

Me afastei tentando manter a atração enorme que eu ainda sentia por ele.

"Não posso." falei me virando para ele e vendo seu semblante ficar contrariado.

"Então fale de uma vez o que quer e vá embora." Sua resposta me deixou irritada, mas tentei conter as palavras que se formavam em minha garganta.

"Preciso de sua ajuda." falei de uma vez. Analisei seu rosto e me irritei ainda mais com a expressão de deboche.

"Achei que você tinha dinheiro." ele passou por mim e se soltou na poltrona se virando de frente para mim.

"O que eu preciso o dinheiro não compra." falei mordendo o lábio para não chorar em sua frente. " Se fosse isso, eu nunca viria te procurar." falei com raiva.

"Não sei como posso ser útil." ele cruzou as mãos na mesa me encarando.

Tirei meu celular do bolso e abri em uma foto. Nela estava eu e Benjamim em seu aniversário de um ano. Pousei o celular na mesa e empurrei em sua direção.

"Ele precisa da sua ajuda." Jordan olhou para a foto sem entender nada e depois me olhou, como se as peças começassem a se encaixar.

"Você está querendo dizer que esse filhote é meu?" meu sangue ferveu ao ouvir ele chamar meu filho de filhote. O que ele estava pensando ao se referir ao Ben assim.

"Dobre a língua seu idiota. Não chame meu filho dessa forma." bati a mão com força na mesa e um sorriso cruel apareceu em seus lábios.

"Não acho que ele seja meu." reforçou empurrando o celular de volta para mim e se encostando novamente na poltrona.

"Você não tem que achar, eu tenho certeza e isso me basta." ele se levantou apoiando as mãos na mesa e ficando cara a cara comigo.

"Se não precisa de dinheiro, o que quer?" me afastei pegando o celular novamente e pulando para outra foto, uma onde Benjamin estava internado com tubos presos em seu nariz e sondas em seu corpo. Novamente empurrei o celular para ele.

"Meu sangue não é compatível." ele pegou o celular nas mãos e analisou aquela foto com mais atenção do que antes. "Ele tem uma leucemia rara, os médicos não sabem dizer o que é." seus olhos se voltaram para mim. "Meu filho está morrendo e você é o único que pode salvá-lo." 

Jordan pousou o celular na mesa e se afastou pensando sobre minhas últimas palavras.

"Se quiser cobrar, ou fazer qualquer acordo, eu estou disposta. Eu faço o que você quiser, só salve o meu filho." Ele se virou olhando novamente para o celular ainda pensativo.

"Como pode ter certeza que ele é meu?" aquelas palavras me irritaram, mas eu precisava que ele me entendesse.

"Eu nunca mais estive com homem algum, depois daquela noite." ele se virou completamente para mim. "Assim que descobri a gravidez, eu fiz de tudo por ele. Não tenho interesse em mais nada desde que Ben adoeceu."

"E só pensou em me contar sobre a existência dessa criança agora? Parece um pouco ilógico. Vou pensar." falou dando de ombros e indo em direção a porta.

"Pensar?!" falei em choque.

"Acha mesmo que vou acreditar em suas palavras, humana? Farei minha própria investigação, caso ele seja mesmo meu filho, eu o ajudarei." ele abriu a porta, mas passei a sua frente e a fechei.

"Não acredita em minhas palavras?" falei em choque, me encostando na porta para evitar que ele saísse.

"Não." ele falou aproximando seu rosto do meu. "Não acredito em humanos." ele me farejou e algo despertou seu interesse. "Seu cheiro também mudou." ele emitiu um estralo com o maxilar. "Como não percebi." ele parecia ter ficado mais irritado.

"Jordan, por favor." me ajoelhei a sua frente. "Por favor, eu não sei mais o que fazer." levantei meu rosto para encará-lo e um ar de superioridade se instalou no ar. "Eu faço o que você quiser." falei com a voz embargada.

"Levante-se, humana fraca." ele se afastou me deixando tombar para frente com força. "Eu disse que irei avaliar a situação por minha conta. Me mande os exames do garoto que levarei para um médico de minha confiança e se, entendeu? Se esse garoto for meu filho, farei o que for necessário." me levantei tentando segurar o choro. "Mas com certeza isso terá um preço." meus olhos se conectaram ao dele.

"Que preço?" falei sabendo que não gostaria de sua resposta.

"Se esse garoto for meu filho, ele será criado por mim." meu queixo caiu no mesmo instante. "Você é fraca demais para treiná-lo." fiquei em choque com suas palavras.

"Ele não é um cachorro para ser treinado." bufei irritada indo em sua direção.

"Mas é filho de um Alpha e deve ser treinado como tal."

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