Capítulo 2 - A Chegada

__Senhorita Açucena! Senhorita Açucena!

Aquela voz tão perto. Era a aeromoça dizendo que faltavam duas horas para o avião pousar e se não queria algo para comer. Acabei aceitando um lanche à base de frango e um suco de laranja.

Pela janela, vi o quanto Doha havia mudado. Cintilante. Muito diferente.

Nos últimos três anos, tudo aconteceu muito rápido na minha vida.

De repente, estagiária numa multinacional. Trabalhando e fazendo Pós-graduação e assim, foram três anos conversando pela internet ou pelo celular com o meu pai e Rafiq. E eles, por diversos motivos, não poderiam vim ao Brasil.

A porta se abre. Vejo um senhor de terno azul marinho, alto e com o cabelo grisalho procurando certamente por mim. Não resisto. Sou mais brasileira do que árabe e adoro abraços.

__ Said! Said! __Saio correndo e o abraço bem forte. Apesar de saber que não é certo demonstrar carinho em público. Lembro que não estou no Brasil.

Ele me olha e fala. __Pequena Melissa! Você não tem jeito!

Said fica todo vermelho. Ele é mais do que um motorista. É amigo da minha família.

Olho para um lado e para o outro e não vejo aqueles que tanto amo.

Não vejo meu pai e nem meu irmão.

Said, disse que eles estão num compromisso.__Nossa Said! São oito horas?

Dormi bastante no avião. Foi bom ter vindo de primeira classe dessa vez. Descansada. Tomar um banho e encontrar meus amores.

Quando estamos saindo, Said pará e aponta para os meus cabelos e logo entendo. Coloco hijab. Perto carro está Hani.

Só não o abracei, porque Said já tinha me avisado. Hani entendeu e piscou o olho.

O trajeto até a nossa casa, durou em torno de uma hora e aproveito para conversar com Said e Hani para saber com estão todos.

Vendo os novos edifícios, noto que Said e Hani trocam olhares chamando a minha atenção.

__Menina Melissa! É verdade que só ficará enquanto estiver fazendo o mestrado? Said esperando a minha resposta.

Pensei em menti.

__É verdade! Sinto-me mais brasileira e cumpri com tudo que prometi ao meu pai. Estudei, obedeci, mesmo estando longe dos costumes do meu país de nascimento. Vou viver um dia de cada vez.

__ Açucena! Estou feliz em vê-la de novo.

A casa continua a mesma, com as flores que possuem o meu nome no jardim e o pé de Ipê, que tanto gosto. Ipê-Amarelo.

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