A galeria no Quartier Latin estava cheia, mas o mundo de Clarice parecia andar em câmera lenta. O cheiro de vinho branco, o murmúrio das conversas, as luzes refletindo nas molduras — tudo acontecia ao redor, mas o foco dela estava em um só ponto.
Ele.
Leonardo Dante Navarro.
O CEO frio que agora parecia outra coisa. Outra pessoa. Ou talvez só alguém despido da armadura.
Ele não a chamava com gestos. Não precisava. Clarice sentia sua presença como quem sente uma nota grave na música: sutil, mas impossível de ignorar.
Ela circulava entre os convidados com naturalidade ensaiada, mas por dentro, tudo pulsava. Era a primeira vez que mostrava ao mundo quem era sem se esconder. As telas eram suas cicatrizes abertas — mas agora, belas.
— Você está calma — disse uma voz próxima. Era Sophie, a curadora da galeria.
— Por fora, sim. Por dentro… — Clarice sorriu. — Ainda estou me acostumando com a ideia de que isso tudo é real.
— E aquele ali? — Sophie apontou discretamente com os olhos. — Acha qu