— Hanif…
Ao ver que Hanif espremia o papel até convertê-lo em uma bola e logo jogava longe de si, com grande sobressalto Lucy passou o braço pelos ombros de Ameerah que se refugiou nas dobras de sua túnica.
— Hanif, era só um desenho. Ela é pequena, não pode compreender.
— Mas você sim. Sentou-se junto a ela e a incentivou a fazê-lo — replicou antes de precipitar-se para a porta —. Me deixe passar, Lucy.
— Aonde vai?
— Ao deserto. A um lugar tão vazio como eu. Um lugar onde o ar não cheira, onde a areia varre tudo, onde não há lembranças.
Em uns segundos se afastou pelo amplo corredor, a fina capa de cabelo de camelo que lhe cobria os ombros flutuando em torno de sua figura alta e magra.
Lucy tentou segui-lo.
— Isso não é certo. Suas lembranças sempre o acompanharão em qualquer lugar que esteja! — Gritou. Hanif continuou seu caminho como se não a ouvisse —. As boas e as más lembranças. Eles fazem parte de você, completam sua maneira de
— Não vá, Lucy. Fique aqui.Hanif estava de joelhos junto a ela, e não podia ignorar o que lhe pedia. Oferecia-lhe a cidadela e ela desejava aceitá-la, ficar com ele e com tudo o que lhe oferecia.Quando a beijou, sua resposta tinha sido instintiva, sem considerar o que estava bem ou mal, sem pensar nas consequências. Em seus braços não precisava pensar.Inclusive o contato das mãos que apertavam a sua era suficiente para apagar os pensamentos racionais de sua mente, uma tentação que superava tudo o que tivesse podia imaginar.Mas tinha que pensar.E não só por ela, também por ele.Já tinha cometido um engano terrível. Tinha tentado viver como se tivesse tido dezoito anos, desesperadamente obstinada a uma fantasia própria de uma colegial quando na realidade era uma mulher que teria que ter aprendido há muito tempo que a vida não era um conto de fadas. Mas não tinha aprendido nada. Não tinha tido uma vida própria. Não tinha possibilidade
Lucy tinha se hospedado na casa de Milly enquanto agilizavam seus documentos. Tinha conhecido à mãe de Hanif, a sua avó, e foi objeto de toda classe de cortesias.Perguntava-se se eles teriam alguma idéia de suas dificuldades no país e do muito que Hanif fazia por ela.Não pôde perguntar pessoalmente porque não a via desde que a tinha deixado aos cuidados de Jamilla. Segundo a irmã, Hanif passava todo o tempo com seu pai.—Estão discutindo sobre o futuro de Hanif — lhe informou.— Futuro?Lucy sabia que não era assunto dela, mas não pôde deixar de perguntar.— Reatou sua carreira diplomática. Irá como enviado especial às Nações Unidas para participar da comissão contra a pobreza no mundo.— À sede das Nações Unidas em Nova Iorque? E Ameerah?— Irá com ele — respondeu Milly com um sorriso.Lucy sentiu um grande alívio. Teria sido muito fácil para ele deixá-la com sua avó.— Deve estar muito cont
— Está certa disso?Lucy se endireitou, decidida a não se render à dor de costas que a tinha mantido acordada toda a noite, e atormentado toda a manhã. Nada, nem sequer a chegada iminente de seu primeiro bebê a ia privar do momento mágico em que lhe entregariam seu título.— Não poderá suportar a cerimônia inteira. Durante o jantar possivelmente terá que ir ao banho a toda pressa.— Colocaram-me junto ao corredor, de modo que poderei tomar os descansos que preciso. Seriamente que me encontro bem, Hanif — lhe assegurou. Seu querido marido parecia tão ansioso que estendeu a mão para lhe acariciar o braço—. Só me diga que este ridículo chapéu está bem-posto e logo vá sentar-te.— Está perfeito. Está perfeita. Se for muito pode se levantar e passear um pouco. Todo mundo entenderá.— Hanif!Hanif a beijou e logo, ao ver que não poderia fazer nada mais, reuniu-se com sua mãe e com os outros familiares que esperavam com orgulho o
Em primeiro lugar: Ao meu Deus, pelo dom da leitura e escrita....Aos meus familiares, em especial aos meus pais, irmão e meu esposo. Mesmo ele (o maridão) sabendo que não é fácil aguentar os meus surtos com os personagens, ele sempre está ao meu lado, me apoiando e amparando.Cada leitor que me dá a oportunidade de entrar em sua casa, em sua vida com os meus livros. Saibam que eu agradeço pelo simples fato de cada um existir, pois sem vocês, eu não seria nada!Agradeço de coração, as meninas do grupo Help literário... Hoje se eu faço o sucesso na Amazon, é graças a elas, que me apoiaram, me empurraram para Amazon.Agradeço de coração a Adriana Borges minha mãe Literária, que puxa a minha orelha e não me deixa desistir....A minha beta (além de ser prima) ela é mais que uma beta/revisora, ela é um anjo Te amo Ketulin Daiane....Agradeço as minhas capistas AnaBatman e Gysa Rocha que são as melhores em capas e banners.... Sou grata pela ajuda,
Nem por um segundo Lucy se deixou enganar pelo vago resplendor verde que via diante de seus olhos. Era só uma miragem. Tinha lido tudo o que tinha alcançado em suas mãos sobre o deserto de Ramal Hamrah e as miragens. Tal como pensava, em uns minutos a visão se desvaneceu diante dela. Mas nem sequer uma miragem era suficiente para distrair a sua precipitada carreira através das areias do deserto, decidida a enfrentar o homem que a tinha traído. Depois de lançar um olhar ao sistema de navegação por satélite, ajustou a direção e logo se obrigou a relaxar as mãos obstinadas ao volante. Aparte das montanhas, mais altas e claras nesse lugar longe da costa, não havia nada mais que ver. Não havia vegetação, e
O quarto era fresco e confortável. A luz se filtrava através de cristais brilhantes como joias em tons lápis-lazúli, vermelho e esmeralda. A Lucy pareceu que se encontrava em uma gruta no fundo do mar, em uma cama muito confortável.Voltou a dormir e, quando despertou de novo, a luz era mais brilhante e as cores ainda estavam ali. Embora logo que podia abrir os olhos, distinguiu as lentejoulas de faiscantes cores sobre o lençol branco.Embora formoso, era estranho, e Lucy tentou sentar-se na cama para olhar a seu redor. Mas um golpe de dor em todo o corpo, embora mais intenso em uma mão e no ombro, deixou-a imobilizada. E foi então quando ouviu a voz que já lhe era familiar.— Não se mova, Lucy Forrester. Aqui está a salvo.A salvo? O que tinha ocorrido? Onde estava?Lucy se esforçou por levantar a cabeça e olhar a alta figura inclinada sob
Lucy rejeitou os calmantes que lhe ofereceu. Apesar da negativa, Hanif pôs na mesinha duas cápsulas junto a um copo de água se por acaso mudasse de ideia. Antes de retirar-se do quarto deixou uma campainha para que chamasse em caso de necessidade. Lucy teve que admitir que estava exausta e não só por causa de seu estado físico.Sofria de insônia desde que lhe tinha chegado as contas do segundo cartão de crédito. Quando lhe chegou o do primeiro cartão imaginou que se tratava de um engano, enviou um correio eletrônico para Steve e lhe assegurou que se encarregaria de esclarecer o problema. Mas o segundo cartão, dois dias mais tarde, terminou por convencer de que o engano só tinha sido dele.Precisava pensar, decidir o que ia fazer e quanto devia contar a Hanif Al-Khatib. Não queria lhe causar problemas, mas tampouco gostava de comparecer perante as autoridades, porque o teria que fazer quando ele se inteirasse da verdade.Através de Internet se inf
— Lucy? — Chamou Hanif e ela se obrigou a olhá-lo —. Comeu bem? — Perguntou. Incapaz de responder ela assentiu com a cabeça —. Então lavarei o seu cabelo.— Talvez a babá de Ameerah pudesse me ajudar.— A babá de Ameerah?— Eu a vi ontem quando procurava a sua filha.— Agora compreendo — murmurou com um fulgor perigoso no olhar —. Você pensa que menti ao dizer que não havia mulheres em minha casa? — Perguntou. O silêncio de Lucy foi eloquente —. Por que teria que fazê-lo?Muito envergonhada para olhá-lo, simplesmente negou com a cabeça. Por cima da mesa, Hanif levantou seu queixo com um dedo obrigando-a a encontrar seu olhar.Lucy não moveu um músculo quando os olhos do homem se fixaram em que a bata que levava sobre a camisola se abriu um pouco sem que ela se dessa conta.— Pensa que sou um depredador que arrasta à vítima a sua guarida para dar um festim a gosto?— Não! — Negou ela, embora suas palavras contradiziam a forma em que sua