Nos Braços do Sheik
Nos Braços do Sheik
Por: Keitlin Raiane De Paula Cheves
Capítulo 1

      Nem por um segundo Lucy se deixou enganar pelo vago resplendor verde que via diante de seus olhos. Era só uma miragem. Tinha lido tudo o que tinha alcançado em suas mãos sobre o deserto de Ramal Hamrah e as miragens.

      Tal como pensava, em uns minutos a visão se desvaneceu diante dela. Mas nem sequer uma miragem era suficiente para distrair a sua precipitada carreira através das areias do deserto, decidida a enfrentar o homem que a tinha traído.

      Depois de lançar um olhar ao sistema de navegação por satélite, ajustou a direção e logo se obrigou a relaxar as mãos obstinadas ao volante.

      Aparte das montanhas, mais altas e claras nesse lugar longe da costa, não havia nada mais que ver. Não havia vegetação, exceto uns arbustos ocasionais talheres de pó, bolinhas de cor na imensa paisagem seca e vazia. Inclusive protegida pelos óculos de sol, sentia os olhos secos e ardentes como se estivessem cheios de areia.

Lucy os fechou só um breve instante, mas foi um tremendo engano. Sem aviso, o jipe se inclinou bruscamente para frente jogando-a com tal violência contra o cinto de segurança que soltou o volante. Antes que pudesse reagir, uma das rodas dianteiras se chocou algo tão duro que o veículo se inclinou para um lado e logo uma roda traseira também golpeou contra o que parecia uma rocha invisível. Depois de oscilar uns segundos, o veículo terminou por tombar.

Depois de uns minutos que lhe pareceram uma eternidade, aturdida e confusa, Lucy abriu os olhos para ouvir uma lenta destilação. «Pode ser o líquido de freios», pensou. Mas muito em breve o aroma de gasolina chegou até suas narinas.

Nesse instante ficou consciente de que se encontrava em um veículo derrubado e lutou por desprender do cinto. O aroma de gasolina era cada vez mais intenso. Presa do pânico tentou girar o corpo para abrir a fivela do cinto, mas seus dedos suados não conseguiam alcançá-la.

— Fique quieta, já alcancei o cinto.

Lucy conseguiu escutar as palavras que logo que penetraram em seu cérebro porque, atordoada como estava, debatia-se freneticamente, consciente do aroma que apenas lhe permitia respirar.

— Não se mova!

Não foram as feições de falcão do homem nem a severidade de seu tom que a deixou imobilizada. Foi à brilhante lâmina de uma faca tão perto de sua garganta que quase conseguiu senti-la na pele.

O terror foi mais intenso do que pôde suportar e Lucy perdeu os sentidos.

Hanif Al-Khatib amaldiçoou a mulher que estava presa no jipe enquanto cortava o cinto com a faca. Quando conseguiu, com grande esforço a tirou pela janela do carro, tomou-a em seus braços e correu com toda pressa para o cavalo que o esperava não tão longe do veículo. Depois de colocá-la no cavalo, montou na sela sem deixar de sentir o intenso aroma que se apoderava do ar quente. Não havia tempo para gentilezas, assim com um braço a rodeou sem olhar para o seu corpo e, com as rédeas em uma mão, animou seu cavalo a correr rapidamente. Quando se produziu a explosão, ainda estava o suficientemente perto para sentir no rosto a onda de calor produzido pelas chamas. Era tão intensa que o próprio calor do deserto lhe pareceu bastante mais suave.

Finalmente quando Lucy voltou a si, pôde sentir que alguém a sustentava e lhe falava brandamente. A zona de seu cérebro que ainda funcionava lhe assegurou que estava a salvo.

Nada a não ser uma emergência poderia ter induzido Hanif a pôr um pé em um hospital. Odiava-os.

O hospital era um recinto onde se alojava a morte. Repentinamente, o velho sentimento de culpa voltou a martelar em seu cérebro.

Zahir, seu ajudante, fez todo o possível por mantê-lo afastado da sala de emergências, inclusive tentou persuadir que ficasse no deserto, assegurando que ele poderia dar conta da situação.

Hanif não duvidava de sua eficiência, mas queria estar seguro de que a mulher receberia a melhor atenção médica. Além disso, inquietava-lhe o fato de que uma estrangeira se aventurar a dirigir sozinha e a toda velocidade pelo deserto e suspeitava de que se tratou de algo mais que um acidente. No hospital ninguém reparou nele porque não trocou a roupa coberta de pó depois de um dia de caçada nem o keffiyeh que lhe cobria a metade do rosto.

A última coisa que desejava era chamar a atenção dos meios de comunicação.

Hanif valorava muito sua intimidade e, se a imprensa se inteirava de que o filho do emir tinha levado uma estrangeira no hospital, desencadeariam os comentários. Então optou por delegar a Zahir os trâmites da hospitalização e o contato direto com o pessoal médico. Como se tinha mantido à margem, todos pensaram que era um homem anônimo que tinha conseguido salvar a uma jovem acidentada.

Estava ansioso para partir quanto antes porque a chegada ao hospital de um helicóptero com o emblema do emirado muito em breve daria o que falar.

Hanif se retirou da janela quando Zahir entrou na sala de espera.

— Como está?

— Sofreu um leve traumatismo, mas estão fazendo outros exames para tirar as dúvidas. Felizmente, as feridas da cabeça são superficiais.

— É um alívio, porque no helicóptero não conseguiu voltar a si.

— O mais sério é uma entorse no tornozelo e muitas contusões por causa dos golpes que recebeu ao derrubar o jipe. Acredito que para você pôde ter sido pior, excelência.

— Simplesmente fui o primeiro a chegar porque me encontrava mais perto.

— Ninguém teria arriscado tanto, excelência. Essa mulher deve a vida a você.

— Vão deixá-la internada?

— Dizem que não será necessário. Só precisa descansar alguns dias. Já disse ao piloto que estamos preparados para partir.

Hanif tinha completado com seu dever e, já que a mulher não corria perigo e que se recuperaria totalmente, já não tinha nada mais a fazer ali. Entretanto, não deixava de pensar em sua fragilidade enquanto lutava desesperadamente por livrar do cinto de segurança, presa no jipe derrubado.

— Comunicou-se com a agência Bouheira Tours? Entraram em contato com sua família? Sabe se tiver alguém que cuide dela e logo se encarregue de levá-la para casa?

Zahir clareou a garganta.

— Não se preocupe excelência. Já fez tudo o que estava em sua mão. Temos que partir quanto antes porque já começaram a correr rumores no hospital.

— Tenta calar as suas bocas, Zahir. Limite-se a declarar que um dos participantes de uma partida de caça encontrou a jovem, que um membro de meu pessoal ordenou que lhe emprestasse ajuda e que eu não participava da caçada.

— Farei o que ordena.

— Quem é ela? Trabalha para a empresa de viagens? Ou é outra surfista da areia que acredita que o deserto é seu pátio de jogos pessoal?

Hanif decidiu que se esqueceria da estrangeira se sua suspeita estivesse certa.

Zahir, seu jovem e inexperiente primo, vacilou por um instante antes de falar. Hanif se sentou em uma cadeira e, com um gesto imperceptível embora tão imperioso que nem sequer um familiar tão próximo como ele poderia ignorar, convidou-lhe a informar sobre a verdadeira situação.

Zahir engoliu a saliva.

— Bouheira Tours não sabe quem é a estrangeira. Não trabalha para eles e negaram categoricamente que fosse uma cliente. Pelo resto, não aparece nenhuma mulher nos grupos que reservaram lugar para esta semana. Entretanto, quis deixar claro de que conduzia um veículo da empresa porque o logotipo aparecia em um dos lados: «Surfe nas dunas do deserto».

— Com quem falou?

— Com a senhorita Sanderson, diretora comercial. Neste momento, Steve Mason, o dono da empresa, encontra-se na zona leste do país como guia de um grupo de arqueólogos que vieram a estudar os antigos sistemas de irrigação.

— Se a jovem tentava unir-se a eles, está claro que se afastou muito para o norte.

— Pode que se perdeu — sugeriu Zahir.

— Mas esses veículos têm sistema de navegação por satélite.

— O caso é que a senhorita Sanderson me assegurou que não falta nenhum veículo e acrescentou que também há outras empresas que organizam viagens pelo deserto.

— Quando assegura que a paciente está protegida, quer dizer que o hospital informará a sua embaixada para que se faça cargo dos gastos de hospitalização e de sua posterior repatriação? Está claro que se e quando ela possa provar sua identidade. E isso levará um tempo porque quase todos seus pertences se incendiaram com o veículo. Enquanto isso, quem se responsabilizará por ela?

— Salvaste-lhe a vida, não? Fez tudo o que pôde.

— Ao contrário, Zahir. Precisamente porque lhe salvei a vida sou responsável por ela. Quem é? Como se chama?

— É cidadã britânica e se chama Lucy Forrester.

— Disse para onde se dirigia?

— Não, estava confusa e desorientada.

— E o médico diz que pode lhe dar alta nesse estado? Falarei com ele pessoalmente.

— Senhor! É meu dever insistir…

Hanif se afastou pelo corredor sem ouvir o rogo de Zahir, que se apressou a segui-lo.

— Onde está o médico?

— Chamaram-no para atender outra emergência.

— E ela?

— Encontra-se na sala de recuperação. A última porta à esquerda.

O aspecto do Lucy era pior do que Hanif tinha imaginado.

Ainda recordava o instante em que se acidentou, os longos cabelos sobre os ombros, o viço de seu rosto, a brancura de sua pele e seus imensos olhos cinza.

Nos braços tinha vários cortes pequenos já suturados, feias contusões, abrasões e sangue seco entre os cabelos. O tornozelo direito estava engessado até o joelho. Não havia dúvida de que os médicos só tinham tido tempo de limpar e curar as feridas, nada mais.

A jovem parecia exausta e nesse momento repousava com os olhos fechados. Mas de repente os abriu e outra vez ele percebeu o medo em seu olhar. Sem pensar duas vezes, tomou a mão.

— Fique calma, Lucy. Está tudo bem, está a salvo.

Então o medo se converteu em insegurança e logo em algo mais complexo que comoveu a Hanif.

— Salvou-me a vida — balbuciou entre os lábios inchados ao mesmo tempo em que tentava levantar-se.

— Não, não. Fique quieta e descanse.

— Eu pensei que… eu pensei…

Estava muito claro o que Lucy Forrester tinha pensado. Hanif lhe inspirava temor, embora não a culpou por isso. Tinha sofrido uma crise histérica e não houve tempo para explicações, só para tirá-la de um veículo a ponto de explodir em chamas.

Hanif lhe soltou a mão e se inclinou ligeiramente; uma cortesia que não estava destinada a outras mulheres mais que a sua mãe e a sua avó.

— Sou Hanif Al-Khatib. Tem amigos em Ramal Hamrah? Há alguém a quem pode chamar?

Ela vacilou um instante.

— Eu… Não, ninguém.

«Minta, mas não importa», pensou Hanif.

— Então minha casa está ao seu dispor até que se recupere e possa continuar sua viagem.

Um dos olhos estava muito inflamado para mantê-lo aberto, mas o outro refletiu suas dúvidas.

— Por que faz isso?

— Porque um viajante em apuros sempre encontrará ajuda e refúgio em meu país-declarou. A verdade era que ele mesmo não tinha sabor de ciência certa. A única coisa que sabia era que não a tinha salvado de uma morte segura para deixá-la abandonada a incerta compaixão de sua embaixada. Com ele estaria mais cômoda e segura. Então se voltou para Zahir —. Está arrumado. Se encarregue dos trâmites.

— Mas excelência…

Hanif o silenciou com o olhar.

— Consiga roupa adequada para a senhorita Forrester e que uma enfermeira venha a limpá-la.

— Todos estão atendendo a emergência, assim demorarão um momento em voltar.

Lucy viu que seu samaritano se despedia do outro homem com impaciência antes de voltar-se para um pequeno armário de que tirou uma bacia de aço inoxidável que encheu de água e um pacote de algodão.

— Não sou enfermeiro, mas tentarei fazer com que se sinta mais confortável.

— Não, não precisa.

— Sim, precisa sim. Zahir demorará um pouco em tramitar os papéis da alta — disse ao mesmo tempo em que tomava uma mão tremente.

— Dói?

— Não.

Então empapou uma parte de algodão e com muita suavidade começou a lhe tirar o sangue seco dos dedos como se fosse uma criatura muito frágil. Um tremor e indefinível inquietação invadiram Lucy, que deixou escapar uma exclamação abafada. Hanif levantou os olhos.

— Não é nada — murmurou com dificuldade enquanto limpava a outra mão e começava com os braços. Fez lentamente, como se o tempo não contasse para nada. Logo trocou a água da bacia.

— Água limpa para o rosto. Está muito quente? — Perguntou ao ver que estremecia quando tocou a bochecha com o algodão empapado.

— Não, está tudo bem — murmurou com um nó na garganta —. É só que…

Era só que a lavagem de cérebro de sua avó lhe tinha deixado sequelas indeléveis. Só as garotas más permitiam que os homens as tocassem. Embora soubesse que era um engano, inclusive com Steve a mais leve intimidade tinha sido um desafio para ela. Mas ele nunca a tinha pressionado, mas tinha assegurado que sua inocência lhe parecia encantadora, que o fazia sentir-se semelhante ao primeiro homem do mundo.

Sim, era inocente, porque ninguém tão idiota poderia haver-se conformado com essa explicação. Entretanto, estava segura do que sentia nesse momento era diferente, que nada tinha que ver com as admoestações de sua avó, embora esse raciocínio não lhe fizesse sentir melhor e lutou contra as lágrimas de raiva, remorso e desamparo; uma mescla de emoções difícil de definir.

— Me diga se dói — disse Hanif ao mesmo tempo em que retirava com suavidade uma mecha de cabelos que estava em seu rosto —. Agora vou tirar o sangue seco desta zona do crânio. Advirto-lhe que doerá um pouco — acrescentou enquanto esfregava quase com ternura a zona danificada.

— Faz com muita suavidade.

Levantou os longos cabelos e emaranhados para limpar a nuca e Lucy desejou ter podido lavar o cabelo.

— Mais tarde. Amanhã o lavarei — disse como se lhe tivesse adivinhado o pensamento.

— Shukran. Obrigado.

Lucy tinha comprado um curso audiovisual com o propósito de aprender algo de árabe antes de reunir-se com Steve. Não queria ser uma carga para ele, uma companheira sempre silenciosa e inútil.

Hanif Al-Khatib lhe sorriu pela primeira vez e Lucy pensou que era um homem muito sério.

— Afwan, Lucy.

«Significa «de nada» e o diz com sinceridade», disse para si mesma a jovem pensando que em toda sua vida ninguém a tinha tratado com tanta consideração. E de repente sentiu que lhe seria impossível reter as lágrimas, mas não chorou a pesar do nó que sentia na garganta. Fazia muito tempo que tinha aprendido que as lágrimas eram inúteis. Entretanto, apesar de seus esforços, a bondade daquele homem conseguiu romper as barreiras e, envergonhada, piscou com força para evitar o pranto.

— Dói, Lucy?

— Não.

Hanif lhe enxugou uma lágrima que escorria pelo rosto.

— Não há necessidade de sofrer. Avise-me se doer.

— Não, é só que me deram uma injeção. Estou sonolenta.

— Então durma, assim a viagem será mais fácil para você. Já acabamos. Voltarei em um momento.

— Muito bem.

— Espero que não se importe em ficar com isto — disse Hanif quando voltou para o quarto minutos mais tarde.

Depois de ajudá-la a se levantar, passou-lhe pelos braços as mangas de uma vestimenta folgada e suave. Lucy não tinha nada que objetar ao que esse homem fizesse, embora carecesse da energia suficiente para dizê-lo em voz alta.

— Como ela está? — Perguntou Zahir.

Hanif o tinha deixado em Rumaillah com o encargo de investigar algo mais a respeito de Lucy. Nesse momento se encontravam na sala de estar da suíte onde descansava sua convidada.

— A senhorita Forrester ainda dorme — respondeu Hanif.

— É o melhor.

— Talvez. Ainda está sob o efeito dos sedativos que lhe administraram no hospital. O que descobriu em Rumaillah? Conseguiu alguma informação na embaixada?

— Decidi que antes de ir à embaixada seria melhor investigar por minha conta quais foram seus movimentos. Se quer saber minha opinião, há algo escuro em tudo isto.

— Não tenho dúvida de que essa foi à razão pela que tentou me dissuadir de trazê-la aqui.

— É meu dever.

— Seu dever é me tirar de minhas reflexões Zahir, me levar a expedições de caça e informar a meu pai quando encontrar em disposição de reassumir meus deveres públicos.

— Me preocupo com você.

— Por isso permito que fique comigo. Bom, me fale de Lucy Forrester.

— Chegou ontem pela manhã em um voo de Londres. O funcionário do escritório de imigração se lembra perfeitamente porque seu cabelo chamava muito a atenção.

Hanif não duvidou. Seus cabelos eram de um tom loiro cinza e lhe caíam até a cintura.

— Continua.

— No formulário de entrada aparecia sua direção na Inglaterra e um número de telefone. Chamei a esse número e ninguém respondeu. Sua direção em Ramal Hamrah é o hotel Gerdimah, mas embora tivesse reservado um quarto, nunca se registrou.

— Alguém foi procurá-la no aeroporto ou tomou um táxi?

— Estou esperando informação dos agentes de segurança do aeroporto.

— E o que me diz do veículo que conduzia? Teve oportunidade de se aproximar do lugar do acidente?

— Enviei um rebocador, mas quando chegou ao lugar o carro tinha desaparecido.

— Não pode ter desaparecido no ar, Zahir.

— Não, senhor.

— Ninguém mais que a diretora da Bouheira Tours estava a par do ocorrido. Pode me repetir o que disse quando falou com ela?

— Só disse que um dos veículos da empresa tinha sofrido um acidente e se calcinou no deserto. Ficou muito impressionada. Logo me pediu que o descrevesse e lhe desse sua localização exata. Quando o fiz, insistiu em que estava enganado, que o veículo não pertencia à empresa. Logo lhe perguntei se a senhorita Forrester pertencia ao pessoal da agência ou se era uma turista que tinha reservado um lugar com eles. Respondeu que nunca tinha ouvido falar dela.

— Disse-lhe que a senhorita Forrester tinha ficado ferida?

— Não me perguntou isso e considerei oportuno não dar detalhes.

— Muito bem, não o faça. Enquanto isso, tenta averiguar algo mais sobre essa agencia de viagens e quem a dirige. E acima de tudo, Zahir, seja discreto.

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