Xavier era primo de Ayron, e os dois não podiam ser mais diferentes. Aylla percebeu isso desde o primeiro encontro. Às vezes, Ayron sumia sem aviso, deixando-a sozinha com Xavier. Talvez confiasse demais no primo.
Mas aquilo não mudava a sensação sufocante. Aquela vida não era a que Aylla escolhera. Sentia falta do hospital, do barulho das crianças, da sensação de ter um propósito. Ali, era apenas um objeto caro numa gaiola dourada: acordava, respirava sob vigilância, e voltava a dormir.
Naquela manhã, deixou Ivi com a babá uma mulher contratada por Ayron especialmente para cuidar da filha, e decidiu andar um pouco. Precisava respirar.
A casa era um labirinto. Acabou se perdendo nos corredores silenciosos. Quando pensou em pedir ajuda a algum funcionário, viu uma porta entreaberta. Empurrou-a.
Era uma biblioteca. Uma sala enorme, com paredes cobertas de livros até o teto. Por um instante, Aylla esqueceu onde estava. Tocou as lombadas, abriu um livro. Inspirou o cheiro de páginas anti