Capítulo 2

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

O dia amanheceu, levanto-me e dirijo-me ao wc onde encontro Luena prestes a terminar a maquilhagem. Entro para o chuveiro e levanto a cabeça deixando então a água levar todo aborrecimento da noite passada.

- A Íris está melhor, hoje vou levá-la aos meus pais – diz-me a Luena – sou capaz de chegar ligeiramente tarde, Laura chegou de viagem para férias e já sabes como ela funciona.

- Claro, sem problemas, eu sei que quando se trata da nossa filha tens todo cuidado e atenção então estarei tranquilo. Sou capaz de sair tarde da Castiel de igual modo, a inauguração de uma filial em Bruxelas tem roubado muito as minhas atenções e as de Ivan. – Digo.

- Está bem, vou verificar se dona Rita ajeitou a mala da bebe e darei a ela o dia de folga, espero que não te importes.

- Longe de mim. – Digo.

Saio do chuveiro e visto-me então para mais um dia de trabalho.

Tomo o pequeno almoço rapidamente e dou um beijo na testa da minha princesa que estava linda adornada com um lenço colorido na cabeça agarrando minimamente os seus volumosos cabelos aos caracóis, dentro de um vestidinho rosa e uns sapatinhos a combinar com o enfeite do cabelo, eu babo por essa menina. É a única que consegue em poucos segundos desfazer esse meu ser duro e implacável.

Saio do elevador e estou no corredor do meu escritório, quanto mais aproximo-me, mais alta torna-se a voz de Ivan.

- Marlene, será que Tony Stark ainda demora? Tenho mais coisas a fazer, como imaginar-te a minha frente dentro de um biquíni amarelo numa praia deserta, só eu e tu – diz o Ivan a minha secretária.

- Senhor Ivan, dessa forma fico sem saber o que dizer – diz tímida e visivelmente envergonhada ao notar a minha presença – senhor Castiel, quer que eu pegue alguma coisa para comer?

- Tomei o pequeno almoço hoje Marlene, não te preocupes. Ivan. – Digo olhando para ele e o mesmo percebe que deve seguir-me até a sala.

- Só eu e tu baby. – Diz ao fechar lentamente a porta do meu escritório. – Bom dia meu amor! Bem-disposto para ler e assinar mais papelada?

- O teu astral enjoa-me, são 9h da manhã Ivan, nem sei ainda qual o meu nome exatamente. – Respondo.

- Para isso basta saíres e leres o nome que está na porta, ou a falta de sexo matinal afetou a tua capacidade cognitiva e já não consegues ler? Diz-me irónico.

- O que fazes em meu escritório mesmo? – Pergunto.

- Claro que vim irritar-te, o que mais farei a essa hora? Hoje tenho julgamentos apenas na parte da tarde e alguns casos para analisar, fora isso sou todo para ti, não digas a mula burra ou ela morre de ciúmes, aliás eu sou um ser irresistível. – Responde-me com o seu sorrisinho irónico.

- Somente a minha secretária acha isso. – Respondo.

- Esqueceste de mencionar a Micaela, sabias que ela terá consulta de ginecologia segunda-feira? – Pergunta-me irónico.

- Tens cinco segundos para sair da minha sala – digo enquanto levanto um enfeite de plástico que tenho na mesa e entre risos ele sai disparado e fecha a porta. – Finalmente sossego.

Chamada on

- Marlene, traga-me por favor a papelada por se analisar e as correspondências do acordo com as empresas de Nicolas.

- Dois minutos e trago senhor Omar, deseja mais alguma coisa? – Questiona-me.

- É tudo. – Digo e desligo em seguida.

Com as costas relaxadas em minha cadeira, analiso alguns contratos e autorizo transações.

Dou uma breve olhada ao processo de expansão da empresa para Bruxelas e sorrio satisfeito com o êxito do projeto. Pelo menos a minha vida profissional está no auge e tenho garantido que assim continuará até após a minha morte. Quase consigo imaginar Íris ocupando o meu lugar com a personalidade forte que ela já demonstra ter.

Eu sei que babo pela minha filha, mas, ela foi de longe o melhor que já aconteceu em toda minha vida.

Desde a minha adolescência que sou conhecido como sendo o Castiel fechado. Nunca estive aberto para novas amizades e desde sempre tive uma postura implacável, até certo ponto ajudou-me bastante na construção daquilo que hoje sou e tenho. Ao invés de palavras eu prefiro falar com o olhar que a maioria diz ser intimidador e ver-me sorrir é quase impossível sem Íris por perto.

Sou diariamente criticado pela minha família e amigos, porém, é o meu ser e nada poderão fazer, somente aceitar e respeitar.

Olho para o relógio e marcam 12:40pm, é incrível como o tempo passa dentro deste escritório. Saio para o almoço e decido ir ao restaurante onde levei os rapazes a almoçar no dia anterior.

Estaciono o carro a três minutos do mesmo e, vou caminhado. Paro para retirar o telemóvel do bolso da calça que trago vestida e sem querer vou contra alguém no meio da multidão.

- Só pode ser o meu dia de azar. – Ouço a rapariga dizer – tu outra vez? – Questiona espantada.

- Graziela? – Questiono levantando-a e tirando os óculos de sol da cara. – Peço desculpas, não queria …

- Não faz mal, pelo menos estamos quites, numa espécie de dejá vu. – Diz com um tímido sorriso, o mais bonito que já vi.

- Estás de saída? – Pergunto.

- Sim, acabo de sair da universidade e vou agora para casa – Responde-me.

- Almoça comigo? – Pergunto meio apreensivo pela resposta – sob forma de um pedido de desculpas, não aceito não como resposta.

Por breves segundos, meio pensativa, abre e fecha a boca no mesmo instante, cruzes eu podia ficar a apreciar a beleza dessa mulher por horas.

- Está bem, eu almoço. – Diz com um sorriso. – Apenas um almoço.

- Apenas um almoço. – digo com um sorriso meio aberto.

Chegamos então ao Avilla”s e não posso deixar de notar o seu espanto pelo restaurante que fica localizado no último andar do hotel com o mesmo nome e dá-nos uma vista maravilhosa sobre a Bahia de Luanda.

- Eu não terei dinheiro para pagar uma refeição aqui, a entrada deve ser o que gasto semanalmente para comer. – Diz-me com um olhar apreensivo. – Podemos ir a outro sítio, conheço alguns.

- O almoço faz parte do meu pedido de desculpas, logo não tens de preocupar-te com nada, desfruta. – Digo numa tentativa de acalmá-la.

Após fazermos os nossos pedidos, dou por mim a olhar para ela enquanto a mesma mostra-se vislumbrada com tudo em sua volta, como se para ela fosse novidade. Analisa todo e qualquer detalhe minuciosamente, torna-se meio engraçado e giro de se ver.

Ao menos hoje consigo olhar melhor para ela e é inevitável não reparar nessa pele negra brilhante como se tivesse passado óleo a poucos minutos, os seus lábios rosados parecem ter sido desenhados a lápis e pude ver as curvas de seu corpo por conta da saia justa até aos joelhos que a mesma trouxe vestida com o cabelo outra vez amarrado num mais elaborado coque. Nada deslumbrante e caro, porém, perfeito.

-Então senhor Omar, como é ser CEO de uma das maiores empresas do país? – Pergunta-me numa tentativa de desviar o meu olhar.

- As mesmas chatices diárias, reuniões, papelada, papelada, reuniões, noites curtas, por aí fora. – Respondo.

- Percebo, solteiro deve ser ainda mais complicado, vejo que não tem aliança. Algum compromisso?

- De momento o meu maior compromisso é ouvir-te e acho que já não quero ter outro. – Respondo meio agradecido por ter deixado a aliança no carro mais uma vez. – Então e tu? Algo mais que a universidade?

- Não – diz-me num sorriso tímido e quase quero pular de alegria por essa resposta – de momento a minha prioridade é a universidade e sinceramente não tenho tempo para pensar em homens.

- Normalmente esse tipo de pensamentos surgem em consequência de vivencias pouco agradáveis, é o teu caso? – digo bebericando o champanhe que tenho na taça.

- Basicamente, mas não quero falar sobre isso, falemos sobre outras coisas – diz-me visivelmente incomodada com o assunto e decido desconversar.

Perco-me então em suas conversas e sinto-me como já não me sentia a muito tempo, com vontade de falar e de saber mais sobre ela, aliás quero saber tudo sobre ela.

- Meu Deus senhor Omar já são 16:00h, não estou a atrasá-lo para o trabalho? Questiona-me preocupada.

- Não te preocupes que acabo de mandar a minha secretaria cancelar as reuniões que tinha marcadas para hoje – respondo.

- Não lhe vou trazer problemas? – Questiona-me.

- Eu sou o CEO meu amor, quem deve achar que tem algum problema são as pessoas com as quais eu quis reunir – tranquilizo.

- Menos mal, mas agora eu preciso ir para casa, a minha irmã mais nova já deve ter chegado e eu preciso preparar o jantar dela. – Diz-me.

- A tua mãe não pode fazer isso por ti? – Questiono.

- Se estivesse viva, faria com todo gosto. – Responde-me descontraída.

- Lamento muito, eu não sabia, eu levo-te para casa. – Digo.

- É muito gentil senhor Omar, mas entrar com o senhor para o meu bairro ficará mal para si e para mim, as pessoas não pensam coisas boas sobre as outras. – Responde.

- Não sei se já notaste em meu olhar, mas eu normalmente estou nem aí para o que as pessoas acham, e isso não mudará tão cedo, seria como pôr em causa a educação que recebi da minha mãe. Não deixarei uma senhorita andar de táxi quando eu posso levá-la para casa.

– Declaro – E pela última vez, ficarei chateado se voltares a tratar-me por senhor.

Rendida as minhas palavras, caminhamos até o meu carro e ela pede-me para tocar a sua playlist, confesso que gostei, gostei ainda mais das músicas que ela cantava animada, porém, a medida que nos aproximávamos de sua casa, num bairro humilde, notei que o sorriso em seu semblante desaparecia. - É aqui. – Diz-me ríspida. – Obrigada pela boleia e pelo almoço, foi muito agradável passar tempo consigo.

- Hey – chamo-a antes de sair do carro – posso ficar com o número do teu telemóvel? – Pergunto receoso e vejo um breve sorriso.

- Aqui tens. – Deu-me num papel rapidamente rasgado. – Gostei muito de passar o dia consigo senho… Omar, desculpa.

- Até a próxima princesa – digo piscando o olho – foi um enorme prazer.

Dou então partida e decido ir para casa fazer algo que não faço a anos… começar uma nova série, pela Graziela recomendada, claro!

Abro a porta de casa e cumprimento dona Flávia, que se mostra espantada pelo meu regresso precoce a casa.

Vou até a sala de estar e ligo a tv procurando então por uma das séries. É inevitável não pensar em Graziela.

Sua voz, palavras… tudo nela é tão delicado… num brusco movimento corro ao meu casaco já dentro do closet e retiro o papel por ela dado e envio uma mensagem.

Volto a sentar-me no sofá e aguardo ansiosamente pela resposta… como um adolescente. Um tolo e encantado adolescente.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados