NARRADO POR RAVI
O grande dia — parte 3
“O jantar com o diabo”
Chegamos no local marcado com a cara limpa e o coração sujo.
23h em ponto.
Galpão da zona portuária.
Luz de mercúrio falhando no teto.
Portão velho aberto como boca de rato esperando banquete.
Lá dentro, os três engravatados.
Os mesmos.
Filhos da puta do charuto, do sotaque europeu e do sorriso falso. Só que agora, mais sérios. Mais calados. Rosto tenso. A prepotência... remendada com medo.
Juninho ficou dois passos atrás de mim, braço solto, mas a mão pronta. A pistola no coldre, o olhar de cão farejando emboscada.
— “Estão prontos?” — perguntou o careca.
— “Pra matar, sempre.” — respondi. — “E pra morrer, se for o caso.”
O do terno cinza tentou sorrir. Deu errado.
Na mesa, o mapa completo do bunker. Não era PDF, não era print de satélite. Era planta original, com marcações feitas à mão. Linhas vermelhas circulando as rotas. Círculo grosso no ponto mais fundo.
— “O Don tá aqui.” — disse o do charuto. — “Sala subterrânea.