capítulo 112

NARRADO POR RAVI

A hora do silêncio entre irmãos antes do estrondo final.

Já era quase nove da manhã quando a gente se afastou daquele esgoto disfarçado de reunião.

Juninho e eu caminhamos entre os containers, em direção à parte mais isolada do cais. O vento batia forte, levantando poeira velha e cheiro de ferrugem. O céu ainda carregado, igual coração de quem sabe que a morte pode vir hoje com CPF e endereço certo.

Paramos num canto, encostados num paredão descascado. Eu acendi um cigarro. Juninho só ficou ali, em pé, me olhando com aquele olhar de quem já viveu o bastante pra não acreditar em redenção, mas segue tentando.

— “É isso mesmo que tu quer, Ravi?” — ele soltou, calmo, mas com peso.

Soltei a fumaça devagar.

— “Eles ameaçaram minha filha.”

— “Eu sei.”

— “Falaram da Jade… da Joice. Como se fossem carta na mesa. Como se eu fosse blefe.”

Juninho balançou a cabeça. Cruzou os braços, mas manteve os olhos em mim.

— “Tu podia fugir, cara. Tu e elas. Sumir. Começar tudo d
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