NARRADO POR RAVI
A hora do silêncio entre irmãos antes do estrondo final.
Já era quase nove da manhã quando a gente se afastou daquele esgoto disfarçado de reunião.
Juninho e eu caminhamos entre os containers, em direção à parte mais isolada do cais. O vento batia forte, levantando poeira velha e cheiro de ferrugem. O céu ainda carregado, igual coração de quem sabe que a morte pode vir hoje com CPF e endereço certo.
Paramos num canto, encostados num paredão descascado. Eu acendi um cigarro. Juninho só ficou ali, em pé, me olhando com aquele olhar de quem já viveu o bastante pra não acreditar em redenção, mas segue tentando.
— “É isso mesmo que tu quer, Ravi?” — ele soltou, calmo, mas com peso.
Soltei a fumaça devagar.
— “Eles ameaçaram minha filha.”
— “Eu sei.”
— “Falaram da Jade… da Joice. Como se fossem carta na mesa. Como se eu fosse blefe.”
Juninho balançou a cabeça. Cruzou os braços, mas manteve os olhos em mim.
— “Tu podia fugir, cara. Tu e elas. Sumir. Começar tudo d