NARRADO POR RAVI

O grande dia – parte 1

O céu amanheceu com a cara da guerra.

Nublado, pesado, aquele tom cinza que não é chuva nem sol — é só prenúncio. É como se até Deus soubesse que hoje o inferno ia engolir alguém.

Tava de pé antes do despertador. O corpo nem cansado… só alerta. Jade ainda dormia. Deitada de lado, abraçada no travesseiro, com o rosto sereno de quem carregava a fé de dois no peito. A Joice, no quarto ao lado, ressonava baixinho.

Pensei em não ir. Por dois segundos.

Dois segundos longos. Dois segundos covardes.

Mas lembrei do que aqueles filhos da puta disseram.

Da boca suja citando o nome da minha filha.

Da ameaça que veio disfarçada de proposta.

E quando isso vem… o Ravi morre.

Quem levanta sou eu.

O Don.

Vesti o preto. Camisa colada, coldre no corpo, coturno firme. A pistola no lado, a lâmina no outro. Abri o cofre. Peguei os papéis. Queimei tudo o que não importava mais. A partir de agora, não tinha mais documento. Só sangue, nome e história.

Às 7