Só posso estar doida! Eu conheço esses passos, calmos e pesados. Um sapato de couro falsificado. Parece andar como se soubesse que eu não conseguiria fugir, não, não pode ser. Só desta vez me diga que é apenas um pesadelo, mas se for um pesadelo, terá fim?! Sinto as batidas do meu coração, rápidas e descompensadas, minha respiração lenta como se estivesse processando minuciosamente o que aqueles passos significavam, e no entanto o som parecia diferente, algo mais peculiar, mais amedrontador, era como um filme com trilha sonora assustadora, mas era algo pior, eu não costumava me assustar vendo filmes de terror, mas isso... era um barulho aterrorizante, assustador, terrível e no entanto era o eco do meu medo. Era eu gritando socorro mesmo que ninguém me pudesse salvar e talvez fosse isso que me aterrorizava, saber que nunca ninguém saberia que eu estava ali e precisava de socorro, mas ainda sim eu gritava por socorro, não porque esperava alguém me salvar, mas sim porque era aterrorizante ouvir o eco da minha voz humilhada, destruída e acabada, mas esse era meu pedido de socorro.
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